“A cultura é a alma de um povo”, diz Margareth Menezes em sessão solene pelos 40 anos do MinC

Cultura
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ACâmara dos Deputados realizou, ontem (9), uma sessão solene em celebração aos 40 anos de criação do Ministério da Cultura (MinC). A cerimônia contou com a presença da ministra Margareth Menezes, que compôs a mesa a convite da deputada federal Lídice da Mata, autora da iniciativa.

“Com grande alegria e com forte senso de responsabilidade, é nessa sessão solene na qual o parlamento brasileiro reconhece e celebra os 40 anos do Ministério da Cultura do Brasil. Nessa data histórica e simbólica, sobretudo, necessária para que reafirmamos os valores estratégicos da cultura, na construção da nação democrática, justa e soberana”, disse a deputada durante a abertura dos trabalhos.

“A criação do Ministério da Cultura do Brasil foi resultado de um processo coletivo que envolveu não apenas a iniciativa de uma única pessoa, mas um conjunto de atores sociais, culturais e políticos que lutaram pela valorização da cultura em um contexto de redemocratização do país após um longo período de repressão sob a ditadura”, afirmou a ministra Margareth Menezes.

Ela reforçou o papel da cultura como direito fundamental previsto na Constituição de 1988 e fez referência ao artigo 215, que assegura a liberdade de expressão e a promoção das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras.

“A cultura é a alma de um povo. Um povo que abandona sua cultura para viver a cultura alheia torna-se um fantoche. A existência de um ministério que coordena políticas culturais que garantem os diversos modos de ser e estar no mundo é o primeiro ato de reconstrução democrática nos anos 1980”, enfatizou.

A titular da Cultura listou alguns dos avanços conquistados no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como a regulamentação do Sistema Nacional de Cultura, o chamado SUS da Cultura, o novo Marco Regulatório do Fomento, os 20 anos da Política Cultura Viva, a maior política cultural de base comunitária do Brasil, e obras de diversos CEUs das Artes que estavam parados no Brasil.

“Os fazedores, fazedoras, trabalhadores e trabalhadoras da cultura, representantes da sociedade civil que ao longo desses 40 anos de história do nosso Ministério da Cultura foram guardiães, protetores, defensores e multiplicadores dessa potência extraordinária e transformadora que é a cultura. Também aos parlamentares, e ao presidente da República que reconhece o valor da cultura”, completou.

A deputada Benedita da Silva, 1ª vice-presidente da Comissão de Cultura da Câmara, também compôs a mesa e destacou o papel do Estado na defesa da cultura nacional. Para ela, a soberania cultural exige o fortalecimento das instituições culturais e o respeito à diversidade.

“A soberania cultural exige que o Estado defenda nossa narrativa, desde os saberes ancestrais dos povos originários até as diversas manifestações da cultura contemporânea. É por meio desse compromisso que o MinC reafirma sua missão: fortalecer a identidade, preservar a memória e garantir que as expressões culturais do Brasil permaneçam autênticas, plurais e acessíveis a todos os brasileiros”, afirmou.

“Quando a gente fala em 40 anos de MinC, também é preciso pensar em como seria o Brasil sem o Ministério da Cultura”, questionou a deputada Jandira Feghali, 2ª vice-presidente da Comissão de Cultura.

A mesa da sessão solene foi composta também pelos deputados Tarcísio Motta e Marcelo Queiroz; e o ex-ministro da Cultura Juca Ferreira, que esteve à frente da pasta de julho de 2008 a dezembro de 2010 e de janeiro de 2015 a maio de 2016.

O presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), João Jorge Rodrigues, pontuou o papel fundamental da entidade em criar diversidade, protagonismo e inovação na cultura negra.

“A Fundação Cultural Palmares está viva, está de novo existindo e procurando coisas novas. Uma cultura de um país com 103 milhões de pessoas de origem africana não pode passar despercebida pelo MinC, pelos agentes da cultura e por essa casa. É preciso proteger, incentivar e lidar com isso”, disse.

E o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, salientou que o ministério renasce no momento em que nasceu a democracia, passando por momentos muito importantes, mas difíceis também. E aqui a gente não pode deixar de citar essas interrupções.

“A nossa alegria de ver todos os avanços conquistados aqui nessa casa, as leis aprovadas, a lei Paulo Gustavo, as normas que vão reorganizando o nosso sistema e as nossas políticas. E isso é o que temos pela frente. Nós vamos finalizar esse ciclo de governo com legados importantes, alguns já consolidados e outros em processo”, disse.

O ato solene ocorreu no Plenário Ulysses Guimarães e reuniu representantes do Sistema MinC como o secretário-executivo Márcio Tavares; o secretário executivo Adjunto, Cassius Rosa; a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, Márcia Rollemberg; o secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, Henilton Menezes; a secretária de Economia Criativa, Cláudia Leitão; e a secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga. Além deles, a presidenta do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Fernanda Castro.

Independência da Bahia

Antes da cerimônia dos 40 anos do MinC, a ministra compôs a mesa da sessão solene, no mesmo Plenário Ulysses Guimarães, em homenagem aos 202 anos da Independência da Bahia, celebrada em 2 de julho.

A data marca a vitória definitiva das forças brasileiras sobre as tropas portuguesas no território baiano, consolidando a independência do Brasil em relação a Portugal.

“Celebrar o 2 de julho, nesta casa da democracia e do povo brasileiro, no terceiro mandato do nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é celebrar e honrar a memória de todas as pessoas que foram essenciais para a independência de nosso país. As contribuições inegáveis da população afrodescendente e da população indígena: a independência de nosso país foi conquistada com o sangue, o suor de muitas pessoas, mas especialmente com as habilidades, com a altivez, honradez, os saberes e tecnologias do povo negro e do povo indígena”, destacou.

Participaram da mesa, as deputadas Alice Portugal e Lídice da Mata, ambas requerentes; o governador do estado da Bahia, Jerônimo Rodrigues; e a professora Tatiana Velloso, primeira-dama do Estado da Bahia.

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Em meio a um cenário de otimismo cauteloso, o turismo brasileiro vive um novo momento em 2025. Impulsionado pela valorização do turismo sustentável, pelas viagens de experiência e pela alta do dólar, que favorece o turismo doméstico, o setor registra uma recuperação robusta e cheia de oportunidades.

Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o faturamento do setor cresceu 8,5% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre os destaques estão o Nordeste e o Centro-Oeste, que têm atraído visitantes em busca de ecoturismo, cultura regional e gastronomia típica.

A força do turismo interno

Com o dólar oscilando acima dos R$ 5,50, muitos brasileiros estão optando por conhecer melhor o próprio país. Destinos como Jalapão (TO), Chapada Diamantina (BA) e Alter do Chão (PA) estão no topo das buscas, segundo dados recentes da plataforma de viagens Booking.com.

“Estamos percebendo um novo perfil de turista, mais consciente e interessado em experiências autênticas, longe das multidões e com maior contato com a natureza”, afirma Paula Rezende, diretora de marketing de uma agência de viagens especializada em roteiros personalizados.

Turismo sustentável em alta

Outro destaque de 2025 é o crescimento do turismo sustentável. Projetos de hospedagem ecológica, trilhas com guias locais capacitados e parcerias com comunidades tradicionais estão se tornando diferenciais importantes na hora de escolher um destino.

A cidade de Bonito (MS), por exemplo, implementou um sistema de controle de visitantes em suas principais atrações naturais, equilibrando preservação ambiental e geração de renda para a população local.

Tecnologia e inteligência artificial como aliadas

A tecnologia também tem papel de protagonista na retomada do setor. Aplicativos de roteiros personalizados, guias virtuais com inteligência artificial e o uso de realidade aumentada em museus e atrações têm melhorado a experiência dos turistas e ajudado a descentralizar o fluxo de visitantes.

“A integração de ferramentas tecnológicas permite que o turista tenha mais autonomia, segurança e acesso a informações atualizadas em tempo real”, destaca Rafael Oliveira, pesquisador em turismo digital da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Perspectivas para o futuro

O cenário para o turismo em 2025 é promissor, mas requer atenção à qualificação da mão de obra, infraestrutura de acesso e políticas públicas de incentivo ao turismo sustentável.

Com a chegada do segundo semestre, o setor se prepara para a alta temporada e aposta na diversificação de roteiros e no fortalecimento do turismo de base comunitária como pilares de um crescimento duradouro.

O ano de 2025 está sendo generoso para quem busca por uma brecha no calendário para viajar. Isso porque há quatro feriados prolongados e oito pontos facultativos nacionais, que é quando as empresas podem ou não liberar os funcionários. O primeiro prolongado aconteceu em abril, mas durante todo o ano há oportunidades para viajar, e os roteiros de turismo sustentável vem ganhando espaço na agenda do brasileiro. Além de serem opções responsáveis e que se preocupam com o meio ambiente, quem os realiza também ganha ao se conectar com a natureza.

O ecoturismo cresce cerca de 20% todos os anos no Brasil, de acordo com o Brasilturis. Um dos motivos pela escolha da modalidade são os benefícios, principalmente ao bem estar mental e na conexão com si mesmo. É comprovado que a exposição à natureza diminui o estresse, regulando os níveis de cortisol no corpo e baixando a pressão arterial. A rotina do dia a dia faz com que seja difícil parar para contemplar um fim de tarde, o cair da chuva, o cantar dos pássaros ou pisar na grama e, assim, esquecemos o quão bom esse contato pode fazer. 

“Viagens em meio a natureza são como uma terapia em meio a um mundo digital, cheio de telas e obrigações profissionais. O ecoturismo vem se tornando um estilo de vida para aqueles que priorizam qualidade de vida, na qual saúde física e mental são inegociáveis”, ressalta Cecília Fortunatti, cofundadora da VaiViver - Ecoturismo e Aventura. 

Para quem busca uma pausa da rotina agitada das cidades, a VaiViver — iniciativa voltada para viagens com propósito — criou roteiros com saídas exclusivas durante os feriados prolongados. Em maio, no Dia do Trabalho (01), acontecem as primeiras expedições para explorar mais de 150 cachoeiras escondidas no coração da Serra da Canastra, em Delfinópolis (MG). Já em junho, durante o feriado de Corpus Christi, o destino é Nobres (MT), no coração do cerrado mato-grossense. 

Foco na experiência

Buscando mais do que apenas um destino, e sim vivências transformadoras em meio à natureza, Sandra de Araujo Rodrigues, de 53 anos, decidiu romper barreiras pessoais e encontrou na VaiViver a segurança e o acolhimento necessários para viajar sozinha pela primeira vez. Após o divórcio e em busca de um novo ciclo de vida, ela escolheu a Chapada dos Guimarães como ponto de partida para essa jornada. Lá, além de se reconectar consigo mesma, fez amizades e viveu momentos que marcaram sua trajetória. Foi nessa viagem que surgiu o convite para comemorar seu aniversário, em 2022, na Chapada das Mesas — uma experiência que, segundo ela, mudou sua vida. “Você tem noção do que foi iniciar um novo ciclo na Chapada das Mesas? Foi simplesmente emocionante”, conta.

A experiência com a VaiViver foi um ponto central na jornada de transformação de Sandra. Desde o início, ela se sentiu segura e amparada para explorar atividades que jamais imaginou realizar — como tirolesa e passeios por cachoeiras, mesmo sem saber nadar. “Pode ter certeza que o meu ciclo, que se iniciou naquele período, foi um dos mais lindos que eu tive”, relembra. Segundo ela, o cuidado e o suporte da equipe fizeram toda a diferença: “É uma das empresas que dá mais segurança, principalmente para a mulher que viaja sozinha. Quando ela fala assim: ‘quero que você só se preocupe em fazer a mala’, é exatamente isso”, complementa.  

Opções para o Dia do Trabalho

A VaiViver oferece um roteiro de quatro dias para a cidade, que é ideal para quem busca uma imersão profunda no ecoturismo. Iniciando na quinta-feira (01), o grupo se reúne em São Paulo (SP), na estação Vergueiro com a equipe e segue direto para a pousada. A aventura começa na sexta-feira, após um típico café mineiro, com pão de queijo e café quentinho. 

Para os amantes de queijo, o roteiro contempla uma parada em diversas queijarias premiadas para provar o queijo canastra e conhecer um pouco mais da região. Os viajantes ainda adentram o Parque Nacional da Serra da Canastra, recebendo as boas energias da água sagrada e conhecendo a biodiversidade local. O destino é uma opção repleta de belezas naturais e trilhas, indicadas para iniciantes no esporte e com nível de preparação baixo. Ao total, são aproximadamente 12 km de trilhas divididos durante o roteiro, mas sem grandes desníveis. 

Quem escolhe Delfinópolis como destino conhece ainda o Condomínio de Pedra, Vale da Gurita, Complexo do Ouro e do Claro e lindas cachoeiras, como a Cachoeira do Tombo, da Gruta e Tenebroso. Está incluído no roteiro todos os passeios e tickets de entrada, transfer ida e volta da sua cidade de origem em ônibus semi leito, transfer em 4x4 para os passeios na Serra, ônibus rural, hospedagem em pousada em Delfinópolis - próxima ao centrinho e barzinhos -, e as principais refeições com típicos cafés e almoços mineiros. 

 

Com uma rica herança africana presente na cultura, na história e na gastronomia, o Rio de Janeiro foi eleito o Melhor Destino Nacional de Afroturismo durante a 3ª edição do Prêmio Afroturismo, realizada nesta segunda-feira (14.04), em São Paulo. O anúncio foi feito na World Travel Market Latin America (WTM-LA) - um dos mais relevantes eventos globais do setor turístico. A premiação é promovida pela plataforma Guia Negro, que tem a valorização das raízes afro-brasileiras como um de seus pilares estratégicos.

A escolha do Rio reforça o papel da cidade na valorização da cultura afro e no fortalecimento de experiências turísticas ligadas à ancestralidade. Entre os roteiros destacados pelo júri estão a Pequena África, na região portuária, e o bairro de Madureira – trajetos que resgatam e celebram a contribuição da população negra na formação da identidade carioca.

Outro reconhecimento importante foi para o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), localizado na Gamboa. Inaugurado em 2021, o espaço foi premiado como a Melhor Atração Turística do segmento, sendo descrito pelos jurados como um “local de resistência”, dedicado à preservação, promoção e celebração da cultura afro-brasileira, por meio de exposições, rodas de conversa e atividades culturais.

A premiação também reconheceu outros esforços que impulsionam o afroturismo no Brasil. São Luís (MA) foi destaque pelos investimentos no setor, recebendo o título de Destaque Guia Negro. A turismóloga Thaís Rosa Pinheiro, fundadora da agência Conectando Territórios e consultora do Ministério do Turismo, foi eleita a melhor profissional do segmento. 

ROTAS NEGRAS - O fortalecimento do Afroturismo também se reflete nas políticas públicas voltadas para a promoção internacional do Brasil. Como parte desse esforço, o Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério da Igualdade Racial e outros órgãos do Governo Federal, lançou o Programa Rotas Negras.

A iniciativa tem como objetivo fomentar experiências turísticas que valorizem a ancestralidade africana em diferentes territórios – urbanos e rurais –, impulsionando oportunidades de inclusão e protagonismo para as populações negras. Com foco na economia criativa, circular e sustentável, o programa também visa fortalecer os destinos turísticos de matriz afro-brasileira presentes no Mapa do Turismo.

Além disso, o Rotas Negras prevê ações voltadas à educação e sensibilização dos turistas sobre a história e a cultura afro-brasileira, à capacitação de comunidades locais na gestão dos seus produtos turísticos e ao enfrentamento de estereótipos, contribuindo para a autoestima das populações envolvidas.