Artistas celebram maior Virada Cultural da história de São Paulo com shows marcantes e agradecimentos emocionados

Cultura
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Em um fim de semana marcado por uma maratona artística sem precedentes, São Paulo vive neste ano a maior edição da Virada Cultural de sua história. Com palcos instalados em todas as regiões da cidade, artistas de diferentes estilos se apresentaram para um público diverso, formado por paulistanos, turistas de outros estados e até de outros países. A descentralização e a diversidade foram os grandes destaques de um evento que transformou a capital em um imenso palco a céu aberto. Veja aqui a programação completa.

A cantora Luísa Sonza, que se apresentou no sábado na Brasilândia, Zona Norte, e neste domingo, em Campo Limpo, Zona Sul, celebrou sua participação em dois palcos distintos. “Amanhã é o último. Um beijo para todo mundo. Fico muito feliz de estar aqui, obrigado Virada Cultural pelo convite e obrigado por me deixar fazer esses dois últimos shows, nesses dois lugares. Muito obrigado, Brasilândia!”, disse a artista, emocionada, ao encerrar sua participação no sábado.

Outro destaque foi o cantor João Gomes, que se apresentou neste domingo no M’Boi Mirim, na Zona Sul, e encerra os shows no Anhangabaú, às 18h. “Estou muito feliz por fazer parte da Virada Cultural, com a galera toda presente. A gente rodar São Paulo e ver essa alegria, todos curtindo os shows, o que há de melhor, fico muito orgulhoso por fazer parte disso”, declarou.

O palco montado no Vale do Anhangabaú, no Centro da capital, recebeu grandes nomes da música logo nas primeiras horas da Virada. Após a apresentação da Orquestra Sinfônica Heliópolis, Simoninha e Luciana Mello deram a largada no sábado. Em seguida, o cantor Belo emocionou o público com seu show e aproveitou para exaltar o caráter popular do evento. “A Virada Cultural é uma festa do povo e quero parabenizar o prefeito Ricardo Nunes. Como paulistano, sou um cara que sempre viveu nas periferias. Acho que a Virada é extremamente essencial para levar arte e cultura, além de empregar tanta gente numa cidade tão potente como São Paulo.”

“Sou aqui de São Paulo e sou muito grato por todo o amor e carinho que recebo. Aqui é combustível para que eu sempre esteja na mídia, levando a minha música. A Virada Cultural é uma festa do povo e para o povo. Uma festa maravilhosa e agradeço por estar aqui nessa noite” disse Belo.

Luciana Mello ainda destacou a importância da gratuidade. “Eu adoro fazer a Virada Cultural. Fico muito feliz quando tem esses shows de graça para a população, pra quem quiser ver. São Paulo é esse polo cultural gigantesco, com todo tipo de apresentação pra todo mundo. Se eu pudesse, estaria todos os anos na Virada.”

“Foi uma honra estar aqui na Virada e tocar aqui em São Paulo, esse lugar tão lindo”, disse o cantor Silva ao encerrar as apresentações no Anhangabaú, na noite de sábado.

Na Zona Norte, o cantor e compositor Toni Garrido subiu ao palco Freguesia/Brasilândia às 19h30 do sábado, agitando o público com a canção "Pensamento". “O nome aqui hoje é diversidade, alegria, troca, muita coisa para se ver. As pessoas saíram de casa a fim de deixar o dia melhor. Um marco, uma comemoração, de uma grande Virada”, resumiu.

No Ipiranga, Zona Sul, quem levou energia para o palco foi o rapper Xamã, que vibrou com a oportunidade de se apresentar em um novo território. “Acho incrível essa oportunidade de tocar em palcos novos. Às vezes, o ingresso é caro. É uma oportunidade e tanto de trazer o artista para dentro do seu bairro. Estou muito feliz de tocar e me apresentar para a galera”, afirmou.

Nas primeiras horas do domingo, o palco do Choro, no Centro, foi o cenário de uma comemoração especial: o flautista e saxofonista João Poleto celebrou seus 60 anos com um show ao nascer do sol. “Começamos com o sol nascendo, aquecendo os corações do público. Foi bem linda a apresentação. O choro é a música instrumental mais importante do Brasil, é a primeira música urbana do país. Ela é de 1840, é uma coisa impressionante. E é um tesouro nosso que é admirado no mundo inteiro e faz parte da nossa cultura popular”, declarou.

Já no palco do Anhangabaú, a cantora Liniker disse que esse será seu “show de estádio” e mandou uma mensagem especial para a plateia, que lotou o Vale desde as primeiras horas deste domingo para ver a apresentação. “Hoje é um dia histórico. Estou vivendo momentos que jamais pensei viver. São dez anos de carreira e saber que estamos todos aqui pela mesma música, a mesma música que me fez ter coragem para fazer o que eu faço há dez anos, é muito especial.”

Para o secretário municipal de Cultura, Totó Parente, esta edição ficará na história pela sua abrangência e diversidade: “Todos os palcos, no Centro e na periferia, lotados de pessoas, a cidade inteira com muitas atrações. É uma Virada diversa, que atende a periferia, o Centro e é a maior festa cultural do Hemisfério Sul. Uma festa multicultural, com cinema, música, literatura, levando a cultura para quem mais precisa.”

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Em meio a um cenário de otimismo cauteloso, o turismo brasileiro vive um novo momento em 2025. Impulsionado pela valorização do turismo sustentável, pelas viagens de experiência e pela alta do dólar, que favorece o turismo doméstico, o setor registra uma recuperação robusta e cheia de oportunidades.

Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o faturamento do setor cresceu 8,5% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre os destaques estão o Nordeste e o Centro-Oeste, que têm atraído visitantes em busca de ecoturismo, cultura regional e gastronomia típica.

A força do turismo interno

Com o dólar oscilando acima dos R$ 5,50, muitos brasileiros estão optando por conhecer melhor o próprio país. Destinos como Jalapão (TO), Chapada Diamantina (BA) e Alter do Chão (PA) estão no topo das buscas, segundo dados recentes da plataforma de viagens Booking.com.

“Estamos percebendo um novo perfil de turista, mais consciente e interessado em experiências autênticas, longe das multidões e com maior contato com a natureza”, afirma Paula Rezende, diretora de marketing de uma agência de viagens especializada em roteiros personalizados.

Turismo sustentável em alta

Outro destaque de 2025 é o crescimento do turismo sustentável. Projetos de hospedagem ecológica, trilhas com guias locais capacitados e parcerias com comunidades tradicionais estão se tornando diferenciais importantes na hora de escolher um destino.

A cidade de Bonito (MS), por exemplo, implementou um sistema de controle de visitantes em suas principais atrações naturais, equilibrando preservação ambiental e geração de renda para a população local.

Tecnologia e inteligência artificial como aliadas

A tecnologia também tem papel de protagonista na retomada do setor. Aplicativos de roteiros personalizados, guias virtuais com inteligência artificial e o uso de realidade aumentada em museus e atrações têm melhorado a experiência dos turistas e ajudado a descentralizar o fluxo de visitantes.

“A integração de ferramentas tecnológicas permite que o turista tenha mais autonomia, segurança e acesso a informações atualizadas em tempo real”, destaca Rafael Oliveira, pesquisador em turismo digital da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Perspectivas para o futuro

O cenário para o turismo em 2025 é promissor, mas requer atenção à qualificação da mão de obra, infraestrutura de acesso e políticas públicas de incentivo ao turismo sustentável.

Com a chegada do segundo semestre, o setor se prepara para a alta temporada e aposta na diversificação de roteiros e no fortalecimento do turismo de base comunitária como pilares de um crescimento duradouro.

O ano de 2025 está sendo generoso para quem busca por uma brecha no calendário para viajar. Isso porque há quatro feriados prolongados e oito pontos facultativos nacionais, que é quando as empresas podem ou não liberar os funcionários. O primeiro prolongado aconteceu em abril, mas durante todo o ano há oportunidades para viajar, e os roteiros de turismo sustentável vem ganhando espaço na agenda do brasileiro. Além de serem opções responsáveis e que se preocupam com o meio ambiente, quem os realiza também ganha ao se conectar com a natureza.

O ecoturismo cresce cerca de 20% todos os anos no Brasil, de acordo com o Brasilturis. Um dos motivos pela escolha da modalidade são os benefícios, principalmente ao bem estar mental e na conexão com si mesmo. É comprovado que a exposição à natureza diminui o estresse, regulando os níveis de cortisol no corpo e baixando a pressão arterial. A rotina do dia a dia faz com que seja difícil parar para contemplar um fim de tarde, o cair da chuva, o cantar dos pássaros ou pisar na grama e, assim, esquecemos o quão bom esse contato pode fazer. 

“Viagens em meio a natureza são como uma terapia em meio a um mundo digital, cheio de telas e obrigações profissionais. O ecoturismo vem se tornando um estilo de vida para aqueles que priorizam qualidade de vida, na qual saúde física e mental são inegociáveis”, ressalta Cecília Fortunatti, cofundadora da VaiViver - Ecoturismo e Aventura. 

Para quem busca uma pausa da rotina agitada das cidades, a VaiViver — iniciativa voltada para viagens com propósito — criou roteiros com saídas exclusivas durante os feriados prolongados. Em maio, no Dia do Trabalho (01), acontecem as primeiras expedições para explorar mais de 150 cachoeiras escondidas no coração da Serra da Canastra, em Delfinópolis (MG). Já em junho, durante o feriado de Corpus Christi, o destino é Nobres (MT), no coração do cerrado mato-grossense. 

Foco na experiência

Buscando mais do que apenas um destino, e sim vivências transformadoras em meio à natureza, Sandra de Araujo Rodrigues, de 53 anos, decidiu romper barreiras pessoais e encontrou na VaiViver a segurança e o acolhimento necessários para viajar sozinha pela primeira vez. Após o divórcio e em busca de um novo ciclo de vida, ela escolheu a Chapada dos Guimarães como ponto de partida para essa jornada. Lá, além de se reconectar consigo mesma, fez amizades e viveu momentos que marcaram sua trajetória. Foi nessa viagem que surgiu o convite para comemorar seu aniversário, em 2022, na Chapada das Mesas — uma experiência que, segundo ela, mudou sua vida. “Você tem noção do que foi iniciar um novo ciclo na Chapada das Mesas? Foi simplesmente emocionante”, conta.

A experiência com a VaiViver foi um ponto central na jornada de transformação de Sandra. Desde o início, ela se sentiu segura e amparada para explorar atividades que jamais imaginou realizar — como tirolesa e passeios por cachoeiras, mesmo sem saber nadar. “Pode ter certeza que o meu ciclo, que se iniciou naquele período, foi um dos mais lindos que eu tive”, relembra. Segundo ela, o cuidado e o suporte da equipe fizeram toda a diferença: “É uma das empresas que dá mais segurança, principalmente para a mulher que viaja sozinha. Quando ela fala assim: ‘quero que você só se preocupe em fazer a mala’, é exatamente isso”, complementa.  

Opções para o Dia do Trabalho

A VaiViver oferece um roteiro de quatro dias para a cidade, que é ideal para quem busca uma imersão profunda no ecoturismo. Iniciando na quinta-feira (01), o grupo se reúne em São Paulo (SP), na estação Vergueiro com a equipe e segue direto para a pousada. A aventura começa na sexta-feira, após um típico café mineiro, com pão de queijo e café quentinho. 

Para os amantes de queijo, o roteiro contempla uma parada em diversas queijarias premiadas para provar o queijo canastra e conhecer um pouco mais da região. Os viajantes ainda adentram o Parque Nacional da Serra da Canastra, recebendo as boas energias da água sagrada e conhecendo a biodiversidade local. O destino é uma opção repleta de belezas naturais e trilhas, indicadas para iniciantes no esporte e com nível de preparação baixo. Ao total, são aproximadamente 12 km de trilhas divididos durante o roteiro, mas sem grandes desníveis. 

Quem escolhe Delfinópolis como destino conhece ainda o Condomínio de Pedra, Vale da Gurita, Complexo do Ouro e do Claro e lindas cachoeiras, como a Cachoeira do Tombo, da Gruta e Tenebroso. Está incluído no roteiro todos os passeios e tickets de entrada, transfer ida e volta da sua cidade de origem em ônibus semi leito, transfer em 4x4 para os passeios na Serra, ônibus rural, hospedagem em pousada em Delfinópolis - próxima ao centrinho e barzinhos -, e as principais refeições com típicos cafés e almoços mineiros. 

 

Com uma rica herança africana presente na cultura, na história e na gastronomia, o Rio de Janeiro foi eleito o Melhor Destino Nacional de Afroturismo durante a 3ª edição do Prêmio Afroturismo, realizada nesta segunda-feira (14.04), em São Paulo. O anúncio foi feito na World Travel Market Latin America (WTM-LA) - um dos mais relevantes eventos globais do setor turístico. A premiação é promovida pela plataforma Guia Negro, que tem a valorização das raízes afro-brasileiras como um de seus pilares estratégicos.

A escolha do Rio reforça o papel da cidade na valorização da cultura afro e no fortalecimento de experiências turísticas ligadas à ancestralidade. Entre os roteiros destacados pelo júri estão a Pequena África, na região portuária, e o bairro de Madureira – trajetos que resgatam e celebram a contribuição da população negra na formação da identidade carioca.

Outro reconhecimento importante foi para o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), localizado na Gamboa. Inaugurado em 2021, o espaço foi premiado como a Melhor Atração Turística do segmento, sendo descrito pelos jurados como um “local de resistência”, dedicado à preservação, promoção e celebração da cultura afro-brasileira, por meio de exposições, rodas de conversa e atividades culturais.

A premiação também reconheceu outros esforços que impulsionam o afroturismo no Brasil. São Luís (MA) foi destaque pelos investimentos no setor, recebendo o título de Destaque Guia Negro. A turismóloga Thaís Rosa Pinheiro, fundadora da agência Conectando Territórios e consultora do Ministério do Turismo, foi eleita a melhor profissional do segmento. 

ROTAS NEGRAS - O fortalecimento do Afroturismo também se reflete nas políticas públicas voltadas para a promoção internacional do Brasil. Como parte desse esforço, o Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério da Igualdade Racial e outros órgãos do Governo Federal, lançou o Programa Rotas Negras.

A iniciativa tem como objetivo fomentar experiências turísticas que valorizem a ancestralidade africana em diferentes territórios – urbanos e rurais –, impulsionando oportunidades de inclusão e protagonismo para as populações negras. Com foco na economia criativa, circular e sustentável, o programa também visa fortalecer os destinos turísticos de matriz afro-brasileira presentes no Mapa do Turismo.

Além disso, o Rotas Negras prevê ações voltadas à educação e sensibilização dos turistas sobre a história e a cultura afro-brasileira, à capacitação de comunidades locais na gestão dos seus produtos turísticos e ao enfrentamento de estereótipos, contribuindo para a autoestima das populações envolvidas.