“A recriação do Comitê é um passo fundamental para afirmarmos a necessidade da preservação do nosso patrimônio cultural”, diz Margareth Menezes

Cultura
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A ministra da Cultura, Margareth Menezes, assinou junto aos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Esther Dweck (Gestão e Inovação), a portaria que oficializa a recriação do Comitê Nacional do Brasil para o Programa Memória do Mundo da Unesco. A cerimônia foi realizada no Palácio Itamaraty, em Brasília, nesta quarta-feira (18).  

“A recriação do Comitê Nacional é um passo fundamental para afirmarmos a necessidade da preservação do nosso patrimônio cultural. Um exemplo do compromisso do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em valorizar e promover a memória e o nosso patrimônio documental, que são fundamentais para a construção de um país verdadeiramente democrático e justo para todas as pessoas”, declarou.  

Consolidando o esforço interministerial, a assinatura do documento reafirma a preocupação das Pastas na defesa da história e identidade do povo brasileiro.  

“Os objetivos principais do programa são claros e ambiciosos ao assegurar a preservação do patrimônio documental de significância mundial por meio de técnicas apropriadas e facilitar o acesso universal a esses acervos e ampliar o conhecimento sobre sua existência e relevância”, relatou o ministro Mauro Vieira.  

O compromisso com a memória e o futuro, colocando o Brasil em papel de destaque no mundo, foi defendido por Esther Dweck.  

“Quero parabenizar a diretora do Arquivo Nacional pela condução deste projeto e pela determinação em reposicionar o Brasil no cenário internacional, reafirmando o nosso protagonismo nas ações de memória e histórias promovidas pela Unesco. Essa presença representou a conexão do Brasil com as discussões globais sobre a preservação documental e o compromisso com a troca de experiências internacionais”, disse.  

Sessões Temáticas

Durante o evento foram realizadas ainda duas sessões temáticas relacionadas ao Programa Memória do Mundo com representantes de instituições do estado brasileiro.  

O diretor do Museu Imperial de Petrópolis, Maurício Vicente Ferreira Jr., falou da satisfação da entidade diante dessa retomada, na Sessão Memória: histórias do Programa Memória do Mundo no Brasil.  

“O Brasil hoje soma 44 inscrições no Registro Regional e 11 no Registro Internacional. Entendemos que o momento representa não apenas a retomada do nosso desafio de tornar o patrimônio documental brasileiro mais divulgado, melhor preservado e acessível a todos, mas também o aprofundamento da nossa tarefa, contribuindo para sensibilizar a sociedade brasileira em favor do alcance de uma verdadeira consciência preservacionista, capaz de identificar, conhecer, salvaguardar e divulgar o patrimônio documental que expressa a memória coletiva de todos os brasileiros”.  

Durante a Sessão Presente: reconstrução do Comitê Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo, o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass considerou promover a popularização da memória apresentando o Brasil aos próprios brasileiros.  

“Com base nessa diretriz de reparação histórica, de flexibilização dos nossos métodos de generosidade e acolhimento, que toda essa proposta da memória do mundo e que o Brasil tem muito a dizer sobre isso, porque o mundo está aqui, possamos somar esforços, reunindo mais capacidade e mais inteligência para poder operacionalizar e traduzir isso para algo popular”, defendeu Grass.  

“Somos um país que possui uma história rica, diversa e plural, expressa em documentos e arquivos que nos conectam ao nosso passado, nos enraízam no presente, e são faróis de esperança para um futuro mais justo e inclusivo”, acrescentou a titular da Cultura.  

Também estiveram presentes, o diretor do Instituto Guimarães Rosa, embaixador Marco Antonio Nakata; a diretora-geral do Arquivo Nacional, Ana Flávia Magalhães Pinto e o servidor, Carlos Augusto Silva Ditadi; além dos representantes do Acervo Educador Paulo Freire, Angela Biz Antunes e do Acervo Documental e Iconográfico de Abdias Nascimento, Elisa Larkin Nascimento.

Programa Memória do Mundo da Unesco

O Programa Memória do Mundo da Unesco foi criado em 1992, com o objetivo de assegurar a preservação do patrimônio documental de significância mundial. O Comitê Nacional do programa, encerrado em 2019 e agora recriado, tem a função de selecionar documentos e coleções para que sejam encaminhados aos registros do Programa Memória do Mundo em seus três níveis: nacional, regional e mundial.  

O Comitê será composto por 19 representantes de órgãos do Executivo, Legislativo e Judiciário, além de governos estaduais, municipais e da sociedade civil. A secretaria-executiva do Comitê ficará a cargo do Arquivo Nacional do Ministério da Gestão e Inovação, atualmente sob direção da historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto. A gestora pediu que todos possam fazer uma reflexão acerca do que pode ser feito com a recomposição do Comitê Nacional do Brasil.  

“É importante que nós entendamos o papel da memória para a edificação de um mundo em que a vida possa ser vivida com dignidade, respeito, livre de perspectivas de silenciamento e esquecimento criminoso. Porque sabemos que é da natureza humana não só lembrar, mas também esquecer. Mas que o esquecimento não seja produto de projetos de genocídio, suicídio e necromemória”, ponderou.

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Em meio a um cenário de otimismo cauteloso, o turismo brasileiro vive um novo momento em 2025. Impulsionado pela valorização do turismo sustentável, pelas viagens de experiência e pela alta do dólar, que favorece o turismo doméstico, o setor registra uma recuperação robusta e cheia de oportunidades.

Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o faturamento do setor cresceu 8,5% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre os destaques estão o Nordeste e o Centro-Oeste, que têm atraído visitantes em busca de ecoturismo, cultura regional e gastronomia típica.

A força do turismo interno

Com o dólar oscilando acima dos R$ 5,50, muitos brasileiros estão optando por conhecer melhor o próprio país. Destinos como Jalapão (TO), Chapada Diamantina (BA) e Alter do Chão (PA) estão no topo das buscas, segundo dados recentes da plataforma de viagens Booking.com.

“Estamos percebendo um novo perfil de turista, mais consciente e interessado em experiências autênticas, longe das multidões e com maior contato com a natureza”, afirma Paula Rezende, diretora de marketing de uma agência de viagens especializada em roteiros personalizados.

Turismo sustentável em alta

Outro destaque de 2025 é o crescimento do turismo sustentável. Projetos de hospedagem ecológica, trilhas com guias locais capacitados e parcerias com comunidades tradicionais estão se tornando diferenciais importantes na hora de escolher um destino.

A cidade de Bonito (MS), por exemplo, implementou um sistema de controle de visitantes em suas principais atrações naturais, equilibrando preservação ambiental e geração de renda para a população local.

Tecnologia e inteligência artificial como aliadas

A tecnologia também tem papel de protagonista na retomada do setor. Aplicativos de roteiros personalizados, guias virtuais com inteligência artificial e o uso de realidade aumentada em museus e atrações têm melhorado a experiência dos turistas e ajudado a descentralizar o fluxo de visitantes.

“A integração de ferramentas tecnológicas permite que o turista tenha mais autonomia, segurança e acesso a informações atualizadas em tempo real”, destaca Rafael Oliveira, pesquisador em turismo digital da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Perspectivas para o futuro

O cenário para o turismo em 2025 é promissor, mas requer atenção à qualificação da mão de obra, infraestrutura de acesso e políticas públicas de incentivo ao turismo sustentável.

Com a chegada do segundo semestre, o setor se prepara para a alta temporada e aposta na diversificação de roteiros e no fortalecimento do turismo de base comunitária como pilares de um crescimento duradouro.

O ano de 2025 está sendo generoso para quem busca por uma brecha no calendário para viajar. Isso porque há quatro feriados prolongados e oito pontos facultativos nacionais, que é quando as empresas podem ou não liberar os funcionários. O primeiro prolongado aconteceu em abril, mas durante todo o ano há oportunidades para viajar, e os roteiros de turismo sustentável vem ganhando espaço na agenda do brasileiro. Além de serem opções responsáveis e que se preocupam com o meio ambiente, quem os realiza também ganha ao se conectar com a natureza.

O ecoturismo cresce cerca de 20% todos os anos no Brasil, de acordo com o Brasilturis. Um dos motivos pela escolha da modalidade são os benefícios, principalmente ao bem estar mental e na conexão com si mesmo. É comprovado que a exposição à natureza diminui o estresse, regulando os níveis de cortisol no corpo e baixando a pressão arterial. A rotina do dia a dia faz com que seja difícil parar para contemplar um fim de tarde, o cair da chuva, o cantar dos pássaros ou pisar na grama e, assim, esquecemos o quão bom esse contato pode fazer. 

“Viagens em meio a natureza são como uma terapia em meio a um mundo digital, cheio de telas e obrigações profissionais. O ecoturismo vem se tornando um estilo de vida para aqueles que priorizam qualidade de vida, na qual saúde física e mental são inegociáveis”, ressalta Cecília Fortunatti, cofundadora da VaiViver - Ecoturismo e Aventura. 

Para quem busca uma pausa da rotina agitada das cidades, a VaiViver — iniciativa voltada para viagens com propósito — criou roteiros com saídas exclusivas durante os feriados prolongados. Em maio, no Dia do Trabalho (01), acontecem as primeiras expedições para explorar mais de 150 cachoeiras escondidas no coração da Serra da Canastra, em Delfinópolis (MG). Já em junho, durante o feriado de Corpus Christi, o destino é Nobres (MT), no coração do cerrado mato-grossense. 

Foco na experiência

Buscando mais do que apenas um destino, e sim vivências transformadoras em meio à natureza, Sandra de Araujo Rodrigues, de 53 anos, decidiu romper barreiras pessoais e encontrou na VaiViver a segurança e o acolhimento necessários para viajar sozinha pela primeira vez. Após o divórcio e em busca de um novo ciclo de vida, ela escolheu a Chapada dos Guimarães como ponto de partida para essa jornada. Lá, além de se reconectar consigo mesma, fez amizades e viveu momentos que marcaram sua trajetória. Foi nessa viagem que surgiu o convite para comemorar seu aniversário, em 2022, na Chapada das Mesas — uma experiência que, segundo ela, mudou sua vida. “Você tem noção do que foi iniciar um novo ciclo na Chapada das Mesas? Foi simplesmente emocionante”, conta.

A experiência com a VaiViver foi um ponto central na jornada de transformação de Sandra. Desde o início, ela se sentiu segura e amparada para explorar atividades que jamais imaginou realizar — como tirolesa e passeios por cachoeiras, mesmo sem saber nadar. “Pode ter certeza que o meu ciclo, que se iniciou naquele período, foi um dos mais lindos que eu tive”, relembra. Segundo ela, o cuidado e o suporte da equipe fizeram toda a diferença: “É uma das empresas que dá mais segurança, principalmente para a mulher que viaja sozinha. Quando ela fala assim: ‘quero que você só se preocupe em fazer a mala’, é exatamente isso”, complementa.  

Opções para o Dia do Trabalho

A VaiViver oferece um roteiro de quatro dias para a cidade, que é ideal para quem busca uma imersão profunda no ecoturismo. Iniciando na quinta-feira (01), o grupo se reúne em São Paulo (SP), na estação Vergueiro com a equipe e segue direto para a pousada. A aventura começa na sexta-feira, após um típico café mineiro, com pão de queijo e café quentinho. 

Para os amantes de queijo, o roteiro contempla uma parada em diversas queijarias premiadas para provar o queijo canastra e conhecer um pouco mais da região. Os viajantes ainda adentram o Parque Nacional da Serra da Canastra, recebendo as boas energias da água sagrada e conhecendo a biodiversidade local. O destino é uma opção repleta de belezas naturais e trilhas, indicadas para iniciantes no esporte e com nível de preparação baixo. Ao total, são aproximadamente 12 km de trilhas divididos durante o roteiro, mas sem grandes desníveis. 

Quem escolhe Delfinópolis como destino conhece ainda o Condomínio de Pedra, Vale da Gurita, Complexo do Ouro e do Claro e lindas cachoeiras, como a Cachoeira do Tombo, da Gruta e Tenebroso. Está incluído no roteiro todos os passeios e tickets de entrada, transfer ida e volta da sua cidade de origem em ônibus semi leito, transfer em 4x4 para os passeios na Serra, ônibus rural, hospedagem em pousada em Delfinópolis - próxima ao centrinho e barzinhos -, e as principais refeições com típicos cafés e almoços mineiros. 

 

Com uma rica herança africana presente na cultura, na história e na gastronomia, o Rio de Janeiro foi eleito o Melhor Destino Nacional de Afroturismo durante a 3ª edição do Prêmio Afroturismo, realizada nesta segunda-feira (14.04), em São Paulo. O anúncio foi feito na World Travel Market Latin America (WTM-LA) - um dos mais relevantes eventos globais do setor turístico. A premiação é promovida pela plataforma Guia Negro, que tem a valorização das raízes afro-brasileiras como um de seus pilares estratégicos.

A escolha do Rio reforça o papel da cidade na valorização da cultura afro e no fortalecimento de experiências turísticas ligadas à ancestralidade. Entre os roteiros destacados pelo júri estão a Pequena África, na região portuária, e o bairro de Madureira – trajetos que resgatam e celebram a contribuição da população negra na formação da identidade carioca.

Outro reconhecimento importante foi para o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), localizado na Gamboa. Inaugurado em 2021, o espaço foi premiado como a Melhor Atração Turística do segmento, sendo descrito pelos jurados como um “local de resistência”, dedicado à preservação, promoção e celebração da cultura afro-brasileira, por meio de exposições, rodas de conversa e atividades culturais.

A premiação também reconheceu outros esforços que impulsionam o afroturismo no Brasil. São Luís (MA) foi destaque pelos investimentos no setor, recebendo o título de Destaque Guia Negro. A turismóloga Thaís Rosa Pinheiro, fundadora da agência Conectando Territórios e consultora do Ministério do Turismo, foi eleita a melhor profissional do segmento. 

ROTAS NEGRAS - O fortalecimento do Afroturismo também se reflete nas políticas públicas voltadas para a promoção internacional do Brasil. Como parte desse esforço, o Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério da Igualdade Racial e outros órgãos do Governo Federal, lançou o Programa Rotas Negras.

A iniciativa tem como objetivo fomentar experiências turísticas que valorizem a ancestralidade africana em diferentes territórios – urbanos e rurais –, impulsionando oportunidades de inclusão e protagonismo para as populações negras. Com foco na economia criativa, circular e sustentável, o programa também visa fortalecer os destinos turísticos de matriz afro-brasileira presentes no Mapa do Turismo.

Além disso, o Rotas Negras prevê ações voltadas à educação e sensibilização dos turistas sobre a história e a cultura afro-brasileira, à capacitação de comunidades locais na gestão dos seus produtos turísticos e ao enfrentamento de estereótipos, contribuindo para a autoestima das populações envolvidas.