Beryl ganha força ao se aproximar do Caribe e especialistas falam em 'perigo extremo'

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O furacão Beryl deve se transformar numa poderosa tempestade de categoria 4, à medida que se aproxima do sudeste do Caribe, onde as autoridades se preparam para a chegada da tormenta e pedem para que as pessoas busquem abrigos seguros.

Os avisos de furacão estão em vigor para Barbados, Santa Lúcia, Granada e São Vicente e Granadinas. Espera-se que o centro do Beryl passe a cerca de 112 quilômetros a sul de Barbados na segunda-feira, 1º, de manhã, disse Sabu Best, diretor do serviço meteorológico de Barbados.

"Esta é uma situação muito séria se desenvolvendo para as Ilhas Windward", avisou o Centro Nacional de Furacões em Miami, que disse que Beryl estava "previsto para trazer ventos e tempestades com risco de vida".

O Beryl transformou-se num furacão de categoria 3 na manhã deste domingo, 30, tornando-se o primeiro grande furacão a leste das Pequenas Antilhas de que há registo em junho, segundo Philip Klotzbach, investigador de furacões da Universidade do Estado do Colorado.

"O Beryl é um furacão extremamente perigoso e raro para esta altura do ano nesta zona", afirmou. "O Beryl já é um furacão histórico e ainda não chegou".

O furacão Ivan, em 2004, foi o último furacão mais forte a atingir o sudeste do Caribe, causando castástrofes em Granada como uma tempestade de categoria 3. "Portanto, trata-se de uma ameaça séria, uma ameaça muito séria", disse Lowry sobre o Beryl.

Depois de passar por Barbados na segunda-feira cedo, o furacão deve entrar no Mar do Caribe como um grande furacão em direção à Jamaica. Prevê-se que enfraqueça no meio da semana e atinja o México na sequência.

Os meteorologistas alertaram para a possibilidade de uma tempestade com risco de vida nas áreas onde o Beryl atingirá a costa, com muita chuva em Barbados e nas ilhas vizinhas.

Havia longas filas nas estações de serviço e nas mercearias de Barbados e de outras ilhas, formadas por pessoas que se preparavam para a chegada da tempestade que bateu recordes e se intensificou rapidamente, passando de uma tempestade tropical na sexta-feira para um furacão de categoria 1 no sábado.

O Beryl está ganhando força por causa do aquecimento das águas profundas no Oceano Atlântico. Segundo Brian McNoldy, investigador de meteorologia tropical da Universidade de Miami, o mar está com a mais elevada temperatura de que há registo para esta época do ano, e estão agora mais quentes do que estariam no pico da época dos furacões, em setembro.

O Beryl marca o ponto mais a leste onde se formou um furacão no Atlântico tropical em junho, batendo um recorde estabelecido em 1933, de acordo com Philip Klotzbach, investigador de furacões da Universidade do Estado do Colorado. Se os ventos do Beryl atingirem 125 milhas por hora será a segunda tempestade mais rápida do Atlântico de que há registo, ultrapassando o Audrey em 1957, disse ele.

"Temos de nos manter vigilantes", afirmou a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, num discurso neste sábado. "Não queremos pôr em risco a vida de ninguém".

Os líderes do Caribe estavam se preparando não só para o Beryl, mas também para um conjunto de tempestades que se seguem ao furacão.

"Não baixem a guarda", disse Mottley.

Beryl é a segunda tempestade nomeada no que se prevê ser uma temporada de furacões acima da média, que vai de 1º de junho a 30 de novembro no Atlântico. No início deste mês, a tempestade tropical Alberto atingiu o nordeste do México com fortes chuvas que resultaram em quatro mortes.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica prevê que a época de furacões de 2024 deverá ser muito superior à média, com 17 a 25 tempestades designadas. As previsões apontam para a ocorrência de 13 furacões e quatro grandes furacões.

Uma época média de furacões no Atlântico produz 14 tempestades, sete das quais furacões e três grandes furacões.

Em outra categoria

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes manifestou ceticismo quanto ao avanço da proposta que visa revisar as penas dos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro, além de defender que a responsabilidade pelo julgamento do caso permaneça com o Judiciário. A declaração foi feita na segunda-feira, 5, durante um evento promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), realizado na Espanha.

"Acho fundamental que esse crime fique entregue aos tribunais. A eventual condenação ou absolvição dos responsáveis por esse episódio todo. Demos passos significativos. Até pouco tempo, falávamos que só os executores tinham sido atingidos. Agora, percebemos que também a cúpula desse movimento foi atingida", afirmou o decano do STF.

Gilmar Mendes declarou que a Corte se "orientou pelo dever de ação que decorre da Constituição" ao julgar os envolvidos nos atos do 8 de Janeiro e afirmou que o Supremo agiu em defesa da democracia.

"Nós poderíamos estar aqui, muitos de nós, contando a história de um golpe. Mas estamos aqui, ao contrário, com uma história constitucional de resistir a uma tendência autoritária, totalitária", disse Gilmar.

Também presente no seminário, o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, disse que as sanções não devem ser desfeitas por "capricho político". O chefe da PF afirmou que as investigações conduzidas pela corporação identificaram não apenas os autores diretos das ações, mas também planos envolvendo homicídios e ataques à ordem democrática.

"São situações muito graves e que não podem simplesmente ser apagadas por capricho político. A minha posição, e é pública, é contrária ao processo de anistia, e as pessoas têm que ser responsabilizadas pelos graves crimes que cometeram", declarou o chefe da PF.

Já o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que abriu os discursos no evento, preferiu não emitir opinião sobre a possível anistia, argumentando que o tema ainda está em análise tanto no Judiciário quanto no Legislativo.

O evento, sediado na Universidade Complutense de Madri, abordou temas relacionados à segurança jurídica e à jurisdição constitucional. O seminário ocorreu na capital espanhola e contou com ingressos comercializados ao custo de R$ 9 mil.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) comemorou nesta terça-feira, 6, a decisão do ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), de autorizar advogados a participarem da sessão com seus celulares.

A Primeira Turma do STF decide nesta terça se recebe ou não a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os sete acusados do "núcleo de desinformação" do plano de golpe.

A OAB chegou a orientar advogados a boicotarem a sessão se a ordem para entregar os aparelhos fosse mantida, assim como ocorreu no último julgamento do golpe. Os celulares foram colocados em sacos plásticos e lacrados pela equipe do STF.

Em nota, o presidente da OAB, Beto Simonetti, afirma que o recuo demonstra que "o diálogo prevaleceu". Ele esteve com Zanin na semana passada para conversar sobre o assunto.

"Com a decisão, o ministro prestigiou o respeito às prerrogativas profissionais", comenta Beto Simonetti.

O presidente da OAB afirma ainda que mantém o "compromisso de atuar em todas as instâncias e órgãos para proteger o livre exercício da advocacia e coibir qualquer tentativa de violação de prerrogativas".

O STF proíbe que as sessões das turmas e do plenário sejam fotografadas e filmadas pela plateia. Segundo o tribunal, a regra foi burlada no julgamento do recebimento da primeira denúncia do plano de golpe, que colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados no banco dos réus. Por isso, o uso de celulares por advogados e jornalistas foi proibido na sessão seguinte, que também tinha relação com o inquérito do golpe.

Além disso, o ex-assessor da Presidência Filipe Garcia Martins, um dos denunciados, estava proibido de captar e divulgar imagens do julgamento e de aparecer nas filmagens.

Ao ser questionado pela OAB, Zanin informou que determinou a lacração dos celulares com base no poder de polícia do presidente da Primeira Turma, "após consenso entre os integrantes do colegiado, diante de questões específicas daquele julgamento".

"A providência foi pontual visou e buscou observar a liturgia da Suprema Corte, o bom andamento da sessão e o cumprimento da decisão do ministro relator, que vedou o uso da imagem de um dos denunciados presentes naquela sessão", informou o ministro.

Logo após a sessão em que os celulares foram confiscados, o tribunal foi procurado pelo Estadão e informou que a restrição havia sido pontual e que não havia previsão de a regra ser mantida em outros julgamentos.

Leia a íntegra da nota da OAB:

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) parabeniza o ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, por ter retirado a exigência de que os advogados lacrem seus celulares para participar da sessão. O diálogo prevaleceu e, com a decisão, o ministro prestigiou o respeito às prerrogativas profissionais, de acordo com o Estatuto da Advocacia (Lei 9.806/94) e com a Constituição Federal.

A OAB destaca que a comunicação respeitosa e o compromisso com a legalidade fortalecem a relação entre as instituições e garantem a segurança jurídica. Mantemos nosso compromisso de atuar em todas as instâncias e órgãos para proteger o livre exercício da advocacia e coibir qualquer tentativa de violação de prerrogativas. A defesa da profissão é compromisso permanente e inegociável da entidade.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira, 6, para a Primeira Turma receber denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os sete acusados do "núcleo de desinformação" do plano de golpe.

Como relator, Moraes abriu os votos na Primeira Turma do STF. O ministro rebateu as defesas e argumentou que as acusações precisam ser analisadas no contexto do plano de golpe.

"O núcleo de desinformação tem essa importância: tentar transformar mentira em uma dúvida na sociedade em relação à democracia, às instituições, à Justiça Eleitoral", contextualizou o ministro.

Moraes destacou, por exemplo, que as fake news supostamente disseminadas pelo "núcleo de desinformação" coincidem com declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em discursos públicos e lives, o que na avaliação do ministro demonstra uma atuação coordenada.

"Não se trata da acusação de que 'ah, uma pessoa simplesmente repassou uma notícia para outra'. O que a denúncia traz é o núcleo atuando em conformidade estratégica com outros núcleos, cada um dentro das suas tarefas nessa organização criminosa", complementou o ministro.

Neste grupo, estão sete denunciados que, segundo a PGR, ficaram responsáveis por "operações estratégicas de desinformação" e ataques ao sistema eleitoral e a instituições e autoridades.

As defesas buscaram descolar os denunciados das lideranças do plano de golpe. Em sustentação oral na tribuna da Primeira Turma do STF, os advogados dos sete acusados alegaram que seus clientes não tinham poder decisório nem influência suficiente para contribuir para o 8 de Janeiro.

Para o ministro, os denunciados do "núcleo de desinformação" do golpe contribuíram, "em maior ou menor extensão", para o plano golpista.

"Toda a estrutura do núcleo político, cuja denúncia já foi recebida, instrumentalizou as duas ordens pelo núcleo de desinformação, como narra a denúncia", defendeu Moraes.

Moraes é o relator das ações do plano de golpe.

O ministro também fez referência ao relatório da Polícia Federal no inquérito das milícias digitais, que apontou uma "atuação orquestrada" de bolsonaristas para promover ataques e fake news com o objetivo de ganhar projeção política e de lucrar com a monetização de notícias falsas nas redes sociais.

"Havia núcleo de produção, divulgação e financiamento de notícias fraudulentas e o núcleo político. Esses fatos são comprovados", disse Moraes.

Ele afirmou que o grupo se valeu do mesmo "modus operandi das milícias digitais" para jogar uma parcela da população contra o Poder Judiciário e o sistema eleitoral. "Não se pode relativizar a força, que pode ser uma força maléfica, das redes sociais."

Veja quem são os denunciados do 'núcleo de desinformação' do golpe:

- Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército

- Ângelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército

- Carlos César Moretzsohn Rocha, ex-presidente do Instituto Voto Legal;

- Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército e ex-servidor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);

- Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel do Exército;

- Marcelo Araújo Bormevet, policial federal e ex-servidor da Abin;

- Reginaldo Vieira de Abreu, coronel do Exército.