Júri inicia deliberações no julgamento de Trump sobre os pagamentos secretos a atriz pornô

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Os jurados do julgamento do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump devem iniciar as deliberações nesta quarta-feira, 29, depois de receberem instruções do juiz sobre a lei e os fatores que podem considerar enquanto se esforçam para chegar a um veredicto no primeiro processo criminal contra um ex-presidente americano.

 

O processo das deliberações ocorre após uma maratona de argumentos finais em que um procurador de Manhattan acusou Trump de tentar "enganar" os eleitores nas eleições presidenciais de 2016, ao participar de esquema de dinheiro secreto destinado a abafar histórias embaraçosas que ele temia que prejudicasse a sua campanha.

 

"Este caso, em sua essência, é sobre uma conspiração e um encobrimento", disse o promotor Joshua Steinglass aos jurados durante as audiências que se estenderam do início da tarde até a noite.

 

O advogado de Trump, Todd Blanche, pelo contrário, classificou a principal testemunha de acusação, o advogado Michael Cohen, como o "craque da mentira", ao proclamar o seu cliente inocente de todas as acusações e pressionar o painel para obter uma absolvição generalizada.

 

Os relatos conflitantes dos advogados, extremamente divergentes nas suas avaliações da credibilidade das testemunhas, da culpabilidade de Trump e da força das provas, ofereceram a ambos os lados uma última oportunidade de marcar pontos com o júri enquanto eles se preparam para embarcar na importante e historicamente sem precedentes tarefa de decidir se vão condenar o presumível candidato presidencial republicano antes das eleições de novembro.

 

Trump enfrenta 34 acusações criminais de falsificação de registros comerciais, acusações puníveis com até quatro anos de prisão. Ele se declarou inocente e negou qualquer irregularidade. Não está claro se os promotores buscariam a prisão em caso de condenação ou se o juiz imporia essa punição.

 

Opções

 

Os jurados terão a opção de condenar Trump por todas as acusações, absolvê-lo de todas as acusações ou emitir um veredicto misto em que ele será considerado culpado de algumas acusações e não de outras. Se chegarem a um impasse após vários dias de deliberações e não conseguirem chegar a um veredicto unânime, o juiz Juan Merchan poderá declarar a anulação do julgamento.

 

O julgamento apresentou alegações de que Trump e seus aliados conspiraram para abafar histórias potencialmente embaraçosas durante a campanha presidencial de 2016 por meio de pagamentos secretos, inclusive a uma ex-ator pornô que alegou que ela e Trump fizeram sexo uma década antes. Seu advogado, Todd Blanche, disse aos jurados que nem a atriz Stormy Daniels nem o advogado de Trump que a pagou, Michael Cohen, são confiáveis.

 

"O presidente Trump é inocente. Ele não cometeu nenhum crime e o promotor público não cumpriu o ônus da prova, ponto final", disse Blanche.

 

Já o procurador procurou resolver possíveis preocupações dos jurados sobre a credibilidade das testemunhas. Trump, por exemplo, disse que ele e Daniels nunca fizeram sexo e atacou repetidamente Cohen como mentiroso.

 

O promotor reconheceu que o relato de Daniels sobre o suposto encontro de 2006 em uma suíte de hotel em Lake Tahoe, que Trump negou, às vezes era "digno de nota", mas ele disse que os detalhes que ela ofereceu - incluindo sobre a decoração e o que ela disse ter visto quando bisbilhotou o kit de higiene de Trump - haviam declarações "que soam verdadeiras".

 

"A história dela é complicada. Isso deixa as pessoas desconfortáveis de ouvir. Provavelmente alguns de vocês se sentem desconfortáveis em ouvir. Mas esse é o ponto", disse Steinglass. Ele disse aos jurados: "Em termos mais simples, Stormy Daniels é o motivo". Trump "estava negociando para calar uma estrela pornô", apontou o promotor.

 

Blanche, que falou primeiro, procurou minimizar as consequências, dizendo que a gravação do "Access Hollywood" não foi um "evento apocalíptico".

 

Michael Cohen

 

Steinglass também tentou tranquilizar os jurados de que o caso da promotoria não dependia apenas de Michael Cohen, ex-advogado de Trump que pagou a Daniels US$ 130 mil para que ela não vazasse para a imprensa o seu caso com Trump. Mais tarde, Cohen se declarou culpado de acusações federais por seu papel nos pagamentos, bem como por mentir ao Congresso. Ele foi para a prisão e depois foi solto, mas seu envolvimento direto nas transações fez dele uma testemunha chave no julgamento.

 

"Não se trata de você gostar de Michael Cohen. A questão não é se você deseja abrir um negócio com Michael Cohen. É se ele tem informações úteis e confiáveis para lhe dar sobre o que aconteceu neste caso, e a verdade é que ele estava na melhor posição para saber", afirmou o promotor.

 

Embora o caso apresentasse discussões por vezes sórdidas sobre práticas sexuais e da indústria dos tabloides, as acusações reais dizem respeito a algo decididamente menos chamativo: reembolsos que Trump assinou a Cohen pelos pagamentos.

 

Os reembolsos foram registrados como sendo para despesas legais, o que os procuradores dizem ser um rótulo fraudulento concebido para ocultar o objetivo da transação de dinheiro e para interferir ilicitamente nas eleições de 2016. Os advogados de defesa dizem que Cohen realmente fez um trabalho jurídico substancial para Trump e sua família.

 

No seu discurso de uma hora de duração ao júri, com negativas generalizadas que ecoavam a abordagem de "negar tudo" de Trump, Blanche criticou todos os fundamentos do caso.

 

O advogado de Trump afirmou que Cohen, e não Trump, criou as faturas que foram submetidas à Organização Trump para reembolso, sugerindo, em vez disso, que Trump estava preocupado com a presidência e não com os cheques que estava assinando. E rejeitou a ideia de que o alegado esquema de dinheiro secreto equivalia a uma interferência eleitoral.

 

"Toda campanha neste país é uma conspiração para promover um candidato, um grupo de pessoas que trabalham juntas para ajudar alguém a vencer", disse Blanche.

 

Como esperado, ele reservou seu ataque mais animado para Cohen, com quem se envolveu durante um longo interrogatório.

 

Imitando o termo "GOAT", usado principalmente nos esportes como um acrônimo para "o maior de todos os tempos", Blanche rotulou Cohen de "GLOAT" - o maior mentiroso de todos os tempos - e também chamou Cohen de "a personificação humana da dúvida razoável". Essa linguagem foi intencional porque, para condenar Trump, os jurados devem acreditar que os procuradores provaram o seu caso para além de qualquer dúvida razoável.

 

"Ele mentiu para você repetidamente. Ele mentiu muitas e muitas vezes antes mesmo de conhecê-lo. Seu bem-estar financeiro e pessoal depende deste caso. Ele é tendencioso e motivado para contar uma história que não é verdadeira", disse Blanche, uma referência aos ataques de Cohen nas redes sociais contra Trump e à renda lucrativa que ele obteve de livros e podcasts sobre Trump.

 

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA em www.estadao.com.br/link/estadao-define-politica-de-uso-de-ferramentas-de-inteligencia-artificial-por-seus-jornalistas-veja/ .

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse nesta terça-feira, 6, durante evento com empresários do agronegócio, que a regularização fundiária tem avançado e está sendo tratado como prioridade pelo Estado. Ao referir-se a campanhas de ocupações coordenadas de propriedades rurais, como o "carnaval vermelho", o governador afirmou que em São Paulo só tem "carnaval verde e amarelo".

Mencionando avaliações de que seria impossível realizar a regularização fundiária no Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do Estado de São Paulo, Tarcísio disse que 50% dos assentamentos já estão regularizados. "A gente vem trazendo isso como uma grande prioridade do governo", comentou em discurso feito durante a abertura de fórum realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Após acrescentar que não basta só fazer a regularização fundiária, o governador de São Paulo disse que tem trabalhado para fazer com que a agroindústria trabalhe junto com os assentados.

As deficiências de infraestrutura e de falta de irrigação, conforme Tarcísio, estão sendo resolvidas com financiamento. Na esteira da privatização da Sabesp, ressaltou, São Paulo vai dar "a grande virada de chave" com o maior programa de saneamento básico em áreas rurais de sua história. Conforme Tarcísio, graças à atração de capital privado, serão investidos no Estado R$ 70 bilhões em saneamento até 2029.

"Nenhum Estado da federação vai fazer esse esforço, vai fazer o que nós estamos fazendo aqui. E isso, obviamente, já é possível porque a gente está atraindo muito capital privado", declarou Tarcísio, num discurso no qual abordou as oportunidades que se abrem ao Brasil em meio à guerra comercial deflagrada pelo governo americano. "Neste momento, a desorganização global nos abre as portas. Temos o melhor agro do mundo."

O governador disse também que o agronegócio brasileiro, em especial o paulista, será o primeiro a se descarbonizar completamente. O Estado de São Paulo, assinalou, vai ser o primeiro Estado a substituir completamente o diesel, a começar pelas lavouras, que vem empregando mais máquinas e equipamentos movidos a biometano e etanol.

Se as eleições para governador de São Paulo fossem hoje, Tarcísio de Freitas (Republicanos) seria reeleito para mais um mandato no Palácio dos Bandeirantes. Segundo o novo levantamento da Paraná Pesquisas divulgado nesta terça-feira, 6, nos dois cenários em que o atual governador aparece como um dos possíveis candidatos, ele vence com mais de 20 pontos porcentuais de diferença para o segundo colocado. O governador também é o mais citado no cenário espontâneo, em que os nomes não são apresentados ao eleitor.

No primeiro cenário estimulado, Tarcísio tem 42,1% das intenções de voto ante o segundo colocado, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), com 21,1%. Em terceiro, aparece a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que tem ganhado projeção com a campanha pelo fim da escala de trabalho 6x1, com 9,4% das menções.

Na sequência estão o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), com 5,5%, o prefeito tiktoker de Sorocaba (SP) e correligionário de Tarcísio, Rodrigo Manga (Republicanos), com 4,8%, e o ex-prefeito de Santo André Paulo Serra (PSDB), com 4%. O empresário Filipe Sabará (Republicanos), coordenador do plano de governo de Pablo Marçal (PRTB) nas eleições do ano passado pelo comando da capital paulista, aparece com 0,8%. Os que não souberam ou não responderam são 4,1%, e outros 8,2% votariam branco ou anulariam o voto.

Tarcísio afirma que sua intenção é concorrer à reeleição em São Paulo em 2026. Contudo, é um dos principais nomes cotados pela direita para substituir Jair Bolsonaro (PL) na disputa à Presidência. O ex-presidente está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030.

Nas pesquisas de intenção de voto ao Planalto, Tarcísio e a mulher de Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), são os nomes mais fortes para concorrer contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Como mostrou o Estadão, o governador já afirmou em conversas reservadas que não vai se desincompatibilizar em abril do próximo ano (prazo máximo para quem concorrerá nas próximas eleições sair do atual cargo que ocupa) porque não quer perder o controle sobre o próprio destino. Tarcísio avalia não haver garantia de que Bolsonaro indicará um nome para sucedê-lo na eleição de 2026 com tanta antecedência. Mesmo assim, vem marcando presença nas manifestações bolsonaristas e tem colado sua imagem como braço direito do ex-presidente.

Em um segundo cenário, em que Alckmin não é listado, mas sim, o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), as posições permanecem inalteradas, apenas com variações numéricas. Tarcísio mantém a liderança, com 46,5%, e França tem 11,9% das intenções de voto. Há duas semanas, o ministro afirmou que pretende disputar o governo de São Paulo no ano que vem.

Quando Tarcísio não é listado e seu nome dá lugar ao do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), o emedebista também fica à frente de França, com 29,5% ante 16,2%. Já quando nem prefeito nem governador estão entre os nomes disponíveis, França pontua 20,6% das intenções, mas brancos e nulos (ou nenhum candidato) é a maior porcentagem, com 25%. Esse é o único cenário em que presidente nacional do PSD e secretário de Tarcísio, Gilberto Kassab, é listado, e teria o voto de 6,7% dos entrevistados.

Cenário espontâneo

No cenário espontâneo da pesquisa, em que os entrevistados devem indicar um nome sem ter acesso a uma lista de possíveis candidatos, Tarcísio aparece com 18,8% das menções. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), tem 1,2%, empatado com o vice-presidente Geraldo Alckmin.

A pesquisa entrevistou 1.700 eleitores, em 85 municípios paulistas, entre os dias 1º e 4 de maio. A margem de erro é de 2,4 pontos porcentuais, e o índice de confiança de 95%.

Aprovação de gestão

A pesquisa também perguntou aos eleitores se aprovam ou desaprovam a administração do governador paulista até o momento. São 66,8% os que dizem aprová-la. Outros 28,9% dizem desaprovar o governo.

O índice pouco variou de acordo com a série histórica da pesquisa, desde novembro do ano passado, quando 68,8% aprovava a gestão de Tarcísio, e 26,7% desaprovava.

Para 49,5%, o trabalho do governador está "ótimo" ou "bom", enquanto 18,4% consideram "ruim" ou "péssimo".

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados deve analisar nesta terça-feira, 6, o pedido que pode levar à suspensão cautelar do mandato e à abertura de um processo de cassação do mandato de Gilvan da Federal (PL-ES). No último dia 1, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), assinou uma representação contra Gilvan pela suposta quebra de decoro parlamentar ao ofender a ministra Gleisi Hoffmann (PT).

"As falas do representado excederam o direito constitucional à liberdade de expressão, caracterizando abuso das prerrogativas parlamentares, além de ofenderem a dignidade da Câmara dos Deputados, de seus membros e de outras autoridades públicas", diz o documento assinado pelo presidente da Câmara.

O documento afirma que Gilvan proferiu manifestações "gravemente ofensivas e difamatórias contra deputada licenciada para ocupar cargo de ministra de Estado [Gleisi], em evidente abuso das prerrogativas parlamentares, o que configura comportamento incompatível com a dignidade do mandato".

Quais os próximos passos?

Primeiro, o Conselho deve avaliar o pedido de suspensão cautelar do mandato do deputado Gilvan, por um período de seis meses. Posteriormente, será iniciado o processo de instrução, que pode resultar na cassação do mandato. Cabe recurso por parte de Gilvan caso a votação vá a plenário.

O local exato da reunião, marcada para às 11 horas, ainda não foi definido. O deputado Ricardo Maia (MDB-BA) foi designado como relator do caso.

Relembre o caso

Durante sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, realizada no dia 29, o deputado proferiu comentários considerados abertamente insultuosos, desrespeitosos e pejorativos em relação à ministra Gleisi. Ainda naquela ocasião, Gilvan também protagonizou um desentendimento com o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido na Câmara.

O documento assinado por Motta argumenta que o deputado do PL ofendeu a ministra ao vinculá-la ao termo "amante", numa referência a uma alcunha que teria sido atribuída à petista em um suposto esquema de favorecimento envolvendo a empresa Odebrecht. Além disso, o parlamentar utilizou a palavra "prostituta" ao fazer tais declarações.

Gilvan fazia referência a chamada "lista da Odebrecht", relacionada à Operação Lava Jato, em 2016. Nessa "super planilha", o nome de Gleisi aparecia entre os de 279 políticos de 22 partidos, sob a suspeita de ter recebido repasses ilegais da construtora.

Dias antes, em discussão na Comissão de Segurança Pública sobre um projeto para desarmar a segurança da Presidência da República, Gilvan da Federal afirmou desejar a morte de Lula.

"Por mim, eu quero mais é que o Lula morra. Eu quero que ele vá para o 'quinto dos inferno' (sic). É um direito meu", disse o deputado federal. "Nem o diabo quer o Lula. É por isso que ele está vivendo aí. Superou o câncer... Tomara que tenha um 'ataque cardíaco'. Porque nem o diabo quer essa desgraça desse presidente que está afundando nosso País. E eu quero mais é que ele morra mesmo. Que andem desarmados. Não quer desarmar cidadão de bem? Que ele ande com seus seguranças desarmados", prosseguiu.

Após a repercussão negativa e pedidos de investigação sobre a conduta do parlamentar, ele pediu desculpas.