Biden condiciona apoio militar a Israel: 'se entrarem em Rafah, não fornecerei armas'

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou que deixará de fornecer projéteis de artilharia e outras armas ofensivas para Israel se o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu lançar uma ofensiva em larga escala em Rafah, na Faixa de Gaza. É a primeira vez em sete meses de guerra que ele impõe publicamente condições para o apoio militar de Washington a Tel-Aviv.

 

"Deixei claro que se eles entrarem - ainda não entraram em Rafah - não fornecerei as armas que foram usadas historicamente para lidar com Rafah", disse à rede americana CNN, que divulgou trechos da entrevista na noite desta quarta-feira, 8.

 

Biden considerou que as ações lançadas por Israel estão focadas na passagem de Rafah, na região de fronteira - o que causa problemas com o Egito -, mas que a linha vermelha seria uma ofensiva em áreas densamente povoadas. A cidade abriga mais de 1 milhão de palestinos deslocados pelo conflito.

 

"Deixei claro a Bibi e ao gabinete de guerra que eles não vão ter o nosso apoio se de fato atacarem estes centros populacionais", disse Biden referindo-se ao apelido do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu. "É simplesmente errado. Não fornecerei armas e projéteis de artilharia."

 

O presidente enfatizou, no entanto, que continuaria apoiando com armas defensivas como interceptadores de mísseis para o Domo de Ferro, sistema desenvolvido pelos EUA para proteger Israel de ataques dos inimigos regionais como o Irã.

 

A entrevista foi divulgada depois que o Secretário de Defesa Lloyd Austin admitiu a retenção, na semana passada, de 3.500 bombas que seriam enviadas a Israel por preocupações com a operação em Rafah. Questionado sobre a decisão, Biden reconheceu que armas americanas mataram palestinos inocentes: "Civis foram mortos na Faixa de Gaza como consequência dessas bombas."

 

O presidente enfrenta crescente pressão dentro dos Estados Unidos pelo apoio até então irrestrito a Israel durante a guerra em Gaza. O conflito foi desencadeado pelo ataque terrorista do Hamas, que matou 1,2 mil pessoas e levou cerca de 250 como reféns. Do lado palestino, o número de mortos passa de 34 mil, segundo o ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.

Principal aliado de Israel, os Estados Unidos vinham alertando para o drama humanitário no enclave palestino e fizeram repetidos apelos contra a invasão da cidade de Rafah. Israel, por outro lado, afirma que a cidade, na fronteira com o Egito, é o último reduto importante do Hamas e que a operação é necessária para eliminar o grupo terrorista.

 

As ações de Israel nos últimos dias elevaram as preocupações com a anunciada invasão em larga escalda. Na segunda-feira, o Exército ordenou o deslocamento de 100 mil pessoas e disse ter atingido alvos do Hamas na cidade. Na terça, as forças israelenses tomaram a passagem de Rafah, na fronteira entre o Egito e Gaza, bloqueando um dos principais acessos para ajuda humanitária no enclave.

 

Biden e seus principais aliados têm concentrados os esforços nas negociações por um cessar-fogo, mediado com apoio do Egito e Catar. Diplomatas e pessoas familiarizadas com as discussões, contudo, afirmam que as chances de se alcançar um acordo estão diminuindo. (Com agências internacionais).

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O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, emitiu um ofício circular interno que proíbe os parlamentares filiados à legenda de prestarem apoio a pré-candidatos de outros partidos nas eleições municipais deste ano. No texto, Valdemar afirma que aqueles que descumprirem as normas estarão sujeitos à instauração de processo ético-disciplinar. O documento data do dia 8 de maio.

O líder do PL expõe no ofício que identificou "diversas mensagens de apoio sendo gravadas em prol a candidatos de outras agremiações partidárias, o que acaba por gerar desinformação junto ao eleitorado local, além de prejudicar os pré-candidatos do Partido Liberal".

Fontes do partido relataram à reportagem que a circular foi emitida para frear qualquer tentativa de validar candidatos de outras legendas, mesmo de forma velada. Foram narrados episódios de apoio de parlamentares a oponentes do PL em cidades como Angra dos Reis e Cabo Frio, ambas no Rio de Janeiro.

"Diante do exposto, a Comissão Executiva Nacional do Partido Liberal, recomenda e orienta seus senadores, deputados federais e deputados estaduais a observarem as manifestações de apoiamento gravadas por V.Exas., evitando assim que sejam levadas a efeito mensagens de apoio a candidatos de outros partidos políticos, priorizando exclusivamente que tais mensagens sejam destinadas apenas aos pré-candidatos do Partido Liberal nas eleições municipais de 2024", diz documento.

Como mostrou o Estadão, a bancada do PL na Câmara é recordista no número de pré-candidatos nas eleições deste ano. Dos 96 deputados do PL, 23 afirmaram que são pré-candidatos a algum Executivo municipal. O Estadão ouviu os 513 deputados e 81 senadores entre os dias 19 de fevereiro e 11 de março. No total, 96 deputados e senadores afirmaram que devem concorrer ao cargo de prefeito.

Um dos favoritos para suceder Paulo Pimenta no comando da Secretaria de Comunicação Social (Secom) é o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), que tenta ganhar protagonismo com ações de ajuda humanitária ao Rio Grande do Sul (RS). O petista, que também é cotado para a presidência do PT, fez momentos de "dobradinha" com a primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, na comunicação das ações do governo e ainda articulou campanhas de arrecadação de doações com empresários araraquarenses.

Além de tentar ganhar projeção com ações de apoio ao Estado afetado pelas enchentes, Edinho conquistou destaque nas redes sociais de Janja, com quem viajou no dia 8 de maio, na condição de integrante da comitiva ministerial de ação humanitária aos gaúchos. Edinho foi procurado pelo Estadão para comentar as ações em prol do Rio Grande do Sul, mas não retornou o contato.

A primeira-dama publicou três vídeos ao lado do prefeito nos quais destaca a compra e distribuição de purificadores de água para abrigos no Rio Grande Sul. Em entrevista ao podcast Meio Tempo, da FGV-Rio, Edinho revelou ter recebido da primeira-dama a missão de negociar a compra dos purificadores com um empresário da cidade de São Carlos, que é vizinha de Araraquara.

"A Janja me ligou pedindo que eu me localizasse na cidade vizinha à Araraquara, que é São Carlos, uma empresa que produz purificadores. Claro, eu passei o final de semana todo e localizamos essa empresa e eu pedi que o empresário não vendesse mais nenhum purificador porque havia um esforço grande para que nós pudéssemos comprar rapidamente aqueles purificadores e eles fossem transportados para o Rio Grande do Sul", disse Edinho.

O atendimento ao chamado de Janja, além de ajudar as vítimas das enchentes, se transformou em vídeos curtos nas redes sociais que reuniram cerca de 1,5 milhões de visualizações cada. Em uma das publicações, a primeira-dama posa ao lado de Edinho no avião que transportava a comitiva ministerial para o Rio Grande do Sul e destaca a importância dos purificadores na ação humanitária promovida pelo Palácio do Planalto. "A gente não costuma fazer vídeos dentro do avião presidencial. Esse é o KC-30, o avião do presidente da República, e hoje ele está carregado", destacou Janja ao lado de Edinho.

Edinho pode ficar à frente do PT ou assumir Secom de Lula

Edson Antonio da Silva tem 58 anos, é formado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e se filiou ao PT na década de 1980. Pela sigla, foi prefeito de Araraquara de 2001 a 2008 e de 2017 em diante. Como está em seu segundo mandato consecutivo, Edinho não poderá concorrer à reeleição, mas seu destaque nas redes da primeira-dama podem significar força para disputar outras posições no mundo político.

Como Paulo Pimenta pode ficar à frente da autoridade federal no Estado afetado pelas enchentes até o final do ano, a sucessão pelo comando do braço de comunicação da Presidência está em aberto. Edinho é favorito para assumir a pasta, que ele já chefiou entre 2015 e 2016. Ao mesmo tempo, o prefeito de Araraquara também tem o nome encampado para suceder a deputada federal Gleisi Hoffmann na presidência do PT, contando inclusive com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A sigla elegerá um novo gestor em 2025, mas, segundo o estatuto petista, se Edinho estiver em um cargo no Executivo federal, ele não poderá ocupar o comando do partido.

Além de comandar o Executivo de Araraquara por quatro mandatos, Edinho presidiu o PT paulista, foi deputado estadual de 2011 a 2015 e, de março de 2015 a maio de 2016, chefiou a Secretaria de Comunicação Social da então presidente Dilma Rousseff (PT).

Além de já ter experiência na área, Edinho também é cotado para suceder Pimenta na Secom por manter um bom relacionamento com o presidente Lula. Em 8 de janeiro do ano passado, enquanto vândalos depredavam as sedes dos Três Poderes em Brasília (DF), o presidente estava em uma visita em Araraquara, afetada, à época, por fortes chuvas. Com o ataque na capital federal, a prefeitura da cidade do interior paulista foi transformada, de improviso, em gabinete de crise. Foi do gabinete de Edinho que Lula despachou durante os ataques.

Foi o próprio Edinho quem atribui a Janja o conselho que convenceu o presidente a não assinar um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para conter os vândalos em Brasília. Segundo o prefeito de Araraquara, a primeira-dama disse a Lula que assinar a GLO seria "entregar aos militares". Diante do aviso, a alternativa escolhida foi a assinatura de um decreto de intervenção federal, sob o comando de Ricardo Cappelli, então secretário-executivo do Ministério da Justiça.

Prefeito busca protagonismo em ajuda ao RS

Edinho está coordenando ações de ajuda humanitária ao Rio Grande do Sul que podem ajudar a cacifá-lo como sucessor na Secom ou dar força para a disputa na eleição interna do PT,

Além de projetos no âmbito municipal, como o transporte de donativos e mantimentos, ele viajou para o Estado em crise com Janja, onde estiveram ao longo da semana passada. A primeira-dama e o prefeito publicaram registros dessa viagem em suas redes sociais. Edinho também tem auxiliado Janja com a comunicação nas redes e ela, por sua vez, dá destaque ao prefeito em seus perfis.

Edinho participou da entrega de 200 purificadores de água às terras gaúchas, uma iniciativa do governo federal que contou com o apoio de doações da sociedade civil.

Ao comentar sobre o caso nas redes sociais, Edinho afirmou que se tratava de retribuir, em nome de Araraquara, a solidariedade recebida quando a cidade paulista foi afetada por fortes chuvas, na virada de 2022 para 2023. Janja, por sua vez, destacou os esforços de Edinho na iniciativa.

Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a decisão individual do ministro Kassio Nunes Marques que negou salvo-conduto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito do golpe.

Um advogado bolsonarista, que não tem procuração para atuar em nome do ex-presidente, deu entrada em um habeas corpus para tentar impedir uma eventual prisão de Bolsonaro. "Alguns, não poucos, dizem que (a prisão) é só uma questão de tempo", alegou ao STF.

O processo foi distribuído ao gabinete de Kassio Nunes Marques, primeiro ministro indicado por Bolsonaro ao STF, em 2020. Para o ministro, não há provas de constrangimento ilegal ou de qualquer outra irregularidade "evidente" na investigação contra o ex-presidente.

Outro argumento usado para justificar a decisão foi o de que Bolsonaro não manifestou "interesse ou ciência" sobre a iniciativa, ou seja, não houve consulta aos advogados que efetivamente representam o ex-presidente.

"A legitimidade universal do habeas corpus deve ser vista de maneira subsidiária, sob o risco de prejuízo do próprio paciente, que pode se ver tolhido na sua livre escolha da defesa técnica, bem assim ter afetada a elaboração de sua estratégia processual em razão desta impetração."

O advogado recorreu, mas Nunes Marques manteve a decisão e submeteu o processo para julgamento no plenário virtual do STF, assim os demais ministros puderam se manifestar. Nessa modalidade, não há debate em tempo real. Os ministros registram os votos em uma plataforma online, em votação assíncrona.

O ministro André Mendonça, que também chegou ao tribunal por indicação de Bolsonaro, em 2021, foi contra o salvo-conduto. Ele não apresentou voto escrito. O placar terminou unânime. Apenas o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito do golpe, se declarou impedido e não participou da votação.

O advogado Djalma Lacerda, de Campinas (SP), está por trás do habeas corpus. Ele tem apresentado pedidos em série ao STF para beneficiar o ex-presidente e seus aliados. A lista inclui pedidos de liberdade para os presos do 8 de Janeiro, para o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e para os ex-deputados Roberto Jefferson e Daniel Silveira.

Esse não é um movimento isolado. Outras iniciativas "extraoficiais", ou seja, perseguidas sem consulta aos advogados constituídos, chegaram ao Supremo Tribunal Federal. Em fevereiro, a defesa de Bolsonaro precisou acionar o STF para que um desses habeas corpus preventivos fosse desconsiderado.