'Plano de Paz' de Zelenski termina em Davos sem resoluções claras sobre caminho a ser seguido

Internacional
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O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, expressou satisfação pela reunião sobre a chamada Fórmula de Paz ucraniana, realizada na véspera do Fórum Econômico Mundial, que começou nesta segunda-feira, 15, em Davos, Suíça, embora as negociações tenham terminado sem nenhuma resolução clara de qual caminho deverá ser seguido. Participaram da reunião assessores de chefes de Estado e de governo de mais de 80 países do chamado Sul Global. A reunião contou com a participação com o assessor de assuntos internacionais do Planalto, Celso Amorim.

 

"Esta é a quarta reunião desse tipo e é extremamente importante que cada uma delas reúna mais participantes", declarou o chefe de Estado ucraniano, destacando a presença de representantes de países da América Latina, África, Ásia e Oceania, juntamente com enviados dos aliados da Ucrânia na Europa e América do Norte.

 

O ministro suíço das Relações Exteriores, Ignazio Cassis, que copresidiu a reunião, criticou a ausência da Rússia e afirmou que esse tipo de encontro deve conseguir "incluir a participação russa nas conversas internacionais para chegar a um acordo que ponha fim à guerra".

 

"Precisamos, de uma forma ou de outra, encontrar uma forma de incluir a Rússia. Não haverá paz se a Rússia não puder falar", acrescentou. "Mas isso não significa que devamos esperar (…) que a Rússia faça alguma coisa. A cada minuto, dezenas de civis na Ucrânia são mortos ou feridos", alertou o ministro suíço.

 

Entre as questões discutidas, Zelenski referiu-se especificamente ao regresso das crianças ucranianas deportadas dos territórios ocupados para a Rússia. Tratou-se também sobre uma eventual retirada russa, um caminho para a justiça, segurança ambiental e, em última análise, como a guerra poderia ser declarada encerrada. Entretanto, nenhuma resolução concreta foi alcançada.

 

A Fórmula de Paz ucraniana é um documento de dez pontos elaborado por Kiev para restaurar a integridade territorial e a segurança do país e de seus habitantes após a invasão russa. Cada ponto propõe que os países o apoiem para alcançar um objetivo, incluindo a retirada das tropas russas, o restabelecimento da segurança energética e nuclear na região, ou a segurança alimentar.

 

Cassis disse que o plano deve servir como um "ponto de partida" para uma possível paz, destacando a necessidade de reduzir a intensidade do conflito. Ele afirmou que o objetivo das conversas era se preparar para o momento em que a Rússia pudesse se juntar à discussão de paz. "Por enquanto, é ilusório pensar que a Rússia responderia positivamente a um convite", acrescentou ele, "mas esse não é o objetivo" da conferência de Davos.

 

O ministro suíço reconheceu "muitos desafios" e os negociadores estavam trabalhando para "modular" os detalhes da fórmula de paz para torná-la mais viável como um esboço para o caminho a seguir. Ele afirmou que nem Ucrânia nem Rússia estavam dispostas a fazer concessões territoriais.

 

Ataques

 

As forças russas recentemente intensificaram os ataques de mísseis e drones que pressionaram os recursos de defesa aérea da Ucrânia, deixando o país vulnerável na guerra de quase 23 meses, a menos que consiga garantir mais suprimentos de armas. "A guerra está longe de acabar e a paz ainda está longe de ser vislumbrada", disse o Departamento de Relações Exteriores suíço em um comunicado prévio às negociações de domingo. Com agências internacionais.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou nesta quarta-feira, 7, dois trechos da lei que torna crime hediondo assassinato e lesão corporal de autoridades do Judiciário que abriam brecha para reduzir a transparência dos salários dessas categorias, conforme revelado pelo Estadão.

A proposta aprovada no Congresso, de seis páginas, sobre o reforço na segurança de magistrados e punições mais rígidas para atentados contra esses agentes, também previa a alteração da Lei Geral da Proteção de Dados (LGPD) para que a divulgação de "dados pessoais" das autoridades "sempre" levasse "em consideração o risco inerente ao desempenho de suas atribuições".

De acordo com especialistas em transparência no poder público, a redação abria margem para que instituições restringissem, limitassem ou vetassem o acesso a informações dos contracheques de magistrados, procuradores, defensores públicos e oficiais de justiça sob a justificativa de que os dados são pessoais e colocam em risco a integridade desses servidores quando divulgados.

No último dia 23, um grupo formado por 12 instituições da sociedade civil enviou uma carta a Lula pedindo o veto aos trechos. As organizações afirmaram no documento que, embora o projeto tivesse "disposições meritórias" voltadas a proteger os agentes públicos, "constituem um 'jabuti' legislativo cuja finalidade real é criar obstáculos à transparência sobre a remuneração de membros do Poder Judiciário e do Ministério Público".

O texto foi aprovado na Câmara no dia 8 de abril e seguiu para sanção do presidente no último dia 15. O relator do texto na Casa Baixa foi o deputado Rubens Júnior (PT-AM), que disse não ter feito alterações na versão recebida do Senado. Na Casa vizinha, o relator foi o senador Weverton Rocha (PDT-MA), que, procurado, não respondeu aos questionamentos sobre os motivos da restrição do acesso a informações públicas de membros do Judiciário e Ministério Público.

Os eleitores do Estado de São Paulo preferem eleger a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) ou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) no lugar de dar mais um mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ano que vem. Segundo o novo levantamento da Paraná Pesquisas divulgado nesta quarta-feira, 7, o petista só venceria entre os eleitores paulistas em um cenário em que nenhum dos nomes da direita citados anteriormente concorresse ao pleito.

Quando Michelle é o principal nome da direita, a ex-primeira-dama vence Lula por 35,8% das intenções de voto, contra 29,2% do presidente. Na sequência, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) é mencionado por 10,8% dos eleitores paulistas. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), tem 5,8%, e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), 3,9%. Na lanterna, aparece o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), com 0,5% das menções.

Como mostrou o Estadão, entre os 18 chefes de Executivos estaduais que não poderão disputar a reeleição, uma vez que já estão em seu segundo mandato, 13 já demonstraram vontade de se lançar a cargos no Senado Federal ou na Presidência da República.

Em outro cenário estimulado, em que o nome dos possíveis concorrentes são apresentados aos entrevistados e sem o nome de Michelle, é o governador de São Paulo quem sai na frente. Tarcísio venceria de Lula por 38,6% ante 29,1%. Na sequência aparecem os mesmos nomes do cenário anterior, com pequenas diferenças numéricas.

Em outro levantamento divulgado nesta terça-feira, 6, a Paraná Pesquisas mostrou que Tarcísio seria reeleito com folga para mais um mandato no Palácio dos Bandeirantes, se as eleições fossem hoje. O próprio governador afirma que sua intenção é concorrer à reeleição em São Paulo em 2026, embora seja um dos principais nomes para herdar o capital político de Jair Bolsonaro (PL), que segue se colocando como candidato.

O levantamento também testa um cenário estimulado com o nome de Bolsonaro, em que ele vence Lula por 42,6% ante 29,1%. O ex-presidente, no entanto, está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030 e as chances de reverter a inelegibilidade são mínimas.

A única hipótese da pesquisa em que Lula venceria entre os eleitores paulistas seria quando nem Michelle nem Tarcísio estão entre os candidatos. Nesse caso, é o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), quem fica atrás de Lula, com 29,6% para o petista e 17,8% para o governador.

A pesquisa entrevistou 1.700 eleitores, em 85 municípios paulistas, entre os dias 1.º e 4 de maio. A margem de erro é de 2,4 pontos porcentuais, e o índice de confiança de 95%.

O novo ministro das Comunicações, Frederico Siqueira, disse que fará uma gestão de continuidade das políticas antes lideradas por Juscelino Filho. Em cerimônia de transmissão de cargo, exaltou a condução de seu antecessor. "Será um grande desafio suceder o ministro", disse no discurso em que também elogiou e agradeceu o União Brasil, partido de Juscelino responsável pela indicação de Frederico.

No palco com outros ministros, inclusive do alto escalão, como a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, o novo ministro das Comunicações disse que precisa de apoio "para fazer entregas em linha com o anseio da população". Para Frederico Siqueira, a agenda da pasta "pode contribuir muito mais para o governo e com o presidente Lula".

Da agenda de projetos, disse que seguirá estimulando a expansão da rede de internet 5G e iniciar concretamente a implantação da TV 3.0. "Minha trajetória foi pautada com muita dedicação e foco nos resultados, conquistando aqueles que acreditaram nos nossos sonhos e ambições. Irei trabalhar no Ministério da mesma forma, com muita dedicação, fazendo uma gestão humanizada."

O novo ministro disse que considera a internet uma "condição de infraestrutura básica de desenvolvimento do País" para o acesso à educação, à saúde, ao trabalho e para o pleno exercício da cidadania. "Por isso, o Ministério das Comunicações precisa estar sempre em sintonia com as políticas públicas que priorizam os mais vulneráveis. Entendemos que investimentos em tecnologia melhoram a gestão pública, os indicadores sociais e a qualidade de vida das pessoas", afirmou.

Em coletiva de imprensa, quando perguntado sobre possíveis alterações na equipe, disse que, a princípio, pretende manter o mesmo time. Sobre a estrutura dos Correios, que está no guarda-chuva de seu ministério, afirmou que ainda não teve tempo de se debruçar sobre o tema. Já sobre seu diálogo com Lula, disse que o presidente pediu foco em dar continuidade às políticas de inclusão digital.

Juscelino Filho

O ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho discursou no início da cerimônia. Tendo entregado o cargo após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar denúncia contra ele por desvio de emendas parlamentares, Juscelino disse que deixa a pasta com a certeza de que cumpriu seu papel. "Agradeço ao presidente Lula, mais uma vez, a cada brasileiro e brasileira que acreditou no nosso trabalho."

Ao final do discurso, Juscelino Filho desejou boa sorte a Frederico. "Ele foi, sem dúvida alguma, uma escolha muito acertada, pois é um dos profissionais mais preparados e capacitados para enfrentar essa missão", afirmou.

Além de Gleisi, estavam presentes o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil, Paulo Teixeira, o ministro do GSI, Marcos Amaro, o ministro dos Transportes, Renan Filho, a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, e o ministro da Defesa, José Múcio. Entre as ausências percebidas, o presidente do União Brasil, Antonio de Rueda, justificou ao próprio novo ministro das Comunicações que fez uma cirurgia na terça-feira, 6, e não pôde estar presente.