Trump descarta a possibilidade de enviar tropas dos EUA para a Ucrânia e pede a Zelenski que seja "flexível" nas negociações

Internacional
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelenski, terá que ser "flexível" nas próximas negociações se quiser alcançar a paz, dentro da qual o inquilino da Casa Branca não contempla em nenhum caso o envio de tropas ao terreno.

Trump disse em uma entrevista à Fox News que vários países europeus já demonstraram sua disposição de enviar forças militares para a Ucrânia, portanto "não será um problema" em termos das garantias de segurança que Zelenski está exigindo.

No entanto, ele deixou claro que os Estados Unidos não se envolverão de forma alguma nessa mobilização. Nos últimos dias, o presidente dos EUA já havia descartado uma possível integração da Ucrânia à OTAN, enquanto esperava para ver como as garantias de segurança se concretizariam.

Quanto a uma possível troca de territórios, Trump ressaltou que "a Ucrânia recuperará sua vida" assim que o conflito terminar e também "muita terra", sem entrar em mais detalhes, embora há apenas dois dias ele tenha dado como certo que Kiev teria que ceder definitivamente a península da Crimeia.

"Esta é uma guerra", acrescentou ele, e "a Rússia tem um exército poderoso, quer as pessoas gostem ou não".

CÚPULA FUTURA

Um dos principais objetivos de Trump agora é organizar uma nova cúpula com a presença de Zelenski e do presidente russo Vladimir Putin. Nesse sentido, ele disse que os dois não precisam se tornar "melhores amigos", mas precisam ceder em algumas de suas exigências.

O líder norte-americano defendeu a organização dessa reunião o mais rápido possível e garantiu que um dos líderes europeus que foi à Casa Branca na segunda-feira sugeriu dar "mais um mês ou dois" antes dessa reunião, algo que ele considera contraproducente.

Europa Press

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Uma das maiores apreensões de dinheiro vivo da Operação Estafeta, que levou ao afastamento do prefeito de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Marcelo Lima (Podemos), ocorreu em endereços ligados ao empresário Caio Henrique Pereira Fabbri, dono da Quality Medical, distribuidora de remédios e material hospitalar que ganhou contratos milionários com a prefeitura. Havia R$ 215 mil na casa dele e R$ 946 mil na sede da empresa.

Em nota, os advogados Wilton Luís da Silva Gomes e Beatriz Alaia Colin, que defendem o empresário, disseram que ele sempre "prezou pela lisura de suas atividades empresariais" e não tem envolvimento com irregularidades (leia a íntegra da manifestação ao final da matéria).

Em depoimento à Polícia Federal, Fabbri alegou que o dinheiro foi juntado ao longo de dois anos com a venda de peças de carro. Segundo o empresário, um de seus hobbies é participar de competições de automobilismo e muitas peças que compra acabam sendo revendidas. As transações, de acordo com o depoimento, ocorrem em espécie. Ele disse não ter recibo nota fiscal das compras nem comprovantes das vendas. Fabbri declarou ainda que guarda o dinheiro em casa porque tem uma casa em reforma e faz pagamentos em espécie aos pedreiros.

O empresário também foi questionado sobre os valores apreendidos na sede da Quality Medical. Segundo Fabbri, a quantia tem como origem pagamentos em espécie "referentes a pequenas vendas". Ele justificou que usa o dinheiro para pagar uma outra obra, de um prédio que está sendo construído com a família, e também comissões de funcionários e fretes. Novamente, alegou não ter comprovação da origem do dinheiro apreendido.

Fabbri disse que "não tem muito controle sobre a declaração desses valores, que teria que ver com a contabilidade", e não soube informar se a quantia foi declarada à Receita.

O empresário foi preso em flagrante na Operação Estafeta e denunciado nesta segunda-feira, 19, por suspeita de corrupção ativa, lavagem e organização criminosa. Ele é réu em outro processo, de improbidade, derivado da Operação Prato Feito, que investigou suspeitas de desvios de verbas da merenda em três Estados.

COM A PALAVRA, A DEFESA DO EMPRESÁRIO

Caio é denunciado, única e ilegalmente, em razão de ser sócio proprietário da empresa Quality Medical - renomada em sua expertise, com quase 20 anos de mercado, possuindo contratos em diversos municípios do Estado de São Paulo. Atualmente, a Quality Medical sequer possui contrato com a Prefeitura de São Bernardo do Campo, sendo que tanto Caio quanto os demais sócios desconhecem os nomes das pessoas envolvidas na Operação, com as quais não possuem qualquer vínculo.

A denúncia apresentada pelo Ministério Público, ao contrário de cumprir o seu papel, deixa mais dúvidas do que respostas. Não logrou pormenorizar um único ato ilícito atribuível a Caio Fabbri - justamente em razão de seu distanciamento dos fatos apurados na operação Estafeta.

Caio sempre prezou pela lisura de suas atividades empresariais e não possui qualquer envolvimento com as práticas ilícitas veiculadas na denúncia - motivo pelo qual a defesa credita sua confiança na Justiça, que deverá absolve-lo sumariamente.

Wilton Luís da Silva Gomes e Beatriz Alaia Colin

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), bateu o martelo e indicará o controlador-geral do Estado, Wagner Rosário, para o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. A indicação sairá no Diário Oficial de quarta-feira, 20, assim como o anúncio do substituto: o controlador-geral de Minas Gerais, Rodrigo Fontenelle, que estava no posto desde o início do governo de Romeu Zema (Novo), em 2019.

Ex-ministro da Controladoria-Geral da União no governo Bolsonaro, Rosário foi à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) nesta terça-feira, 19, conversar com os deputados em busca de apoio. Embora a indicação seja do governador, cabe aos parlamentares sabatinarem e aprovarem o nome escolhido por Tarcísio. A expectativa é que não haja dificuldades, pois a base de governo tem ampla maioria no Legislativo.

Segundo aliados, a escolha do governador foi técnica e não levou em conta o futuro eleitoral e político de Tarcísio. Rosário é auditor de carreira na CGU e também chefiou a pasta no governo de Michel Temer (MDB), permanecendo no cargo entre 2017 e 2022.

A outra opção considerada por Tarcísio era indicar o secretário de Casa Civil, Arthur Lima. Nesse desenho, Rosário assumiria a pasta no lugar de Lima. A interlocutores, ele disse que até toparia ir para Casa Civil, desde que houvesse garantias de que não ficaria apenas alguns meses no cargo - se decidir se candidatar a presidente, Tarcísio terá que deixar o Palácio dos Bandeirantes em abril de 2026. O governador afirma que será candidato a reeleição.

Rodrigo Fontenelle, nome escolhido para substituir Wagner, tem um perfil semelhante ao do antecessor. Ele também é auditor de carreira da CGU e foi chefe da Assessoria Especial de Controle Interno do Ministério do Planejamento entre 2016 e 2018.

A vaga no TCE-SP foi aberta porque o presidente do tribunal, Antônio Roque Citadini, decidiu antecipar a aposentadoria, como mostrou o Estadão na segunda-feira, 18. A saída do conselheiro estava prevista inicialmente para o dia 2 de setembro, mas foi adiantada porque ele avalia disputar a eleição para presidente do Corinthians. O pleito está marcado para o dia 25 de agosto.

O PP e União Brasil selaram aliança, nesta terça-feira, 19, com a assinatura que forma a federação partidária entre os dois partidos, chamada União Progressista. No dia da criação, o grupo expôs divisão sobre ser ou não oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Enquanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) disse que a nova federação não é contra ou a favor do governo, os presidentes do União Brasil, Antônio Rueda, e do PP, Ciro Nogueira, disseram o contrário.

A oposição compareceu com volume e discursos críticos a Lula. Do grupo, discursaram o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União) e ainda houve pedido de aplausos para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Presidenciáveis como Tarcísio e Caiado cogitam o apoio da federação. O União Progressista terá a maior bancada na Câmara dos Deputados, com 109 cadeiras e no Senado Federal, com 15 parlamentares.

Além disso, a federação terá o maior número de governadores, no total são sete, e de prefeitos eleitos em 2024: foram 1.383. A federação também terá a maior fatia do fundo eleitoral (R$ 953,8 milhões, segundo valores de 2024) e do fundo partidário (R$ 197,6 milhões).

"A gente pode celebrar a junção de excelentes quadros. Eu como estrangeiro (Tarcísio é do Republicanos) nessa reunião quero dizer parabéns por esse passo e pode ter certeza que o Brasil conta com vocês", disse Tarcísio.

Enquanto Nogueira define o novo grupo como "oposição conservadora", ministros de ambas as legendas mantém os cargos na Esplanada. Caiado ainda cobrou uma posição clara da federação.

"Vamos desembarcar do governo o mais rápido possível", disse Ciro Nogueira.

Outras lideranças até preferem dizer que o União Progressista não é nem governo e nem base. "Não é um movimento de oposição e situação. Foi um movimento de política com 'P' maiúsculo com o olhar voltado para o futuro do Brasil", disse Alcolumbre.

O evento, realizado em Brasília, contou com a presença das principais figuras dos dois partidos e de outras legendas. Vieram, entre os ministros, André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo).

Além desses dois, o União Brasil tem outros dois indicados no governo Lula: Waldez Góes, da Integração, e Frederico Siqueira, da Comunicação. Integrantes do partido defendem que Góes e Siqueira não são exatamente indicações do União Brasil, mas de Alcolumbre.

A nível pessoal, o próprio Fufuca disse que está com Lula. "Meu voto pessoal é dele (Lula)", disse.

Também compareceram, entre outros, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Nenhum petista veio.

Esse é o último passo até a formalização do grupo, a ser feita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Há decisões ainda a serem tomadas rumo à disputa eleitoral em 2026. De um lado, alas do PP defendem maior alinhamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) - já o União tem um pré-candidato para a disputa pela Presidência da República no próximo ano: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado.

O próprio Caiado cobrou uma posição clara da federação. "Partido tem que ter rumo, partido tem que voz clara. É preciso que o partido lance candidato, tenha posição clara e que a posição é derrotar Lula na eleição de 2026. Não tem opção", disse.

Poucos minutos depois, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL) pediu aplausos a Bolsonaro. Maior parte dos políticos presentes aplaudiu.

O cenário de indecisão pode render problemas no futuro em alguns Estados. Em lugares como Bahia ou Paraíba, o PP faz parte da base do governo estadual enquanto o União compõe a oposição e pretende disputar a eleição em 2026.

Essas decisões geralmente são tomadas pelos diretórios estaduais, mas tamanho o impasse, alguns desses diretórios ficarão vagos - caso da própria Paraíba.

O estatuto definido em convenção definiu que, em caso de conflito, a decisão em torno das candidaturas majoritárias estaduais será submetida a decisão do diretório nacional.

Mesmo o diretório nacional passa por uma disputa de forças - neste ano, a presidência será dividida entre os presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do União, Antônio Rueda.

Alguns deputados federais e estaduais admitiram ao Estadão que podem abandonar a federação a depender de como ficará a questão em seus Estados.

Sem definição, líderes do partido dizem que esperam até a janela partidária (período em que políticos podem trocar de partido sem perder o mandato), em abril de 2026, para fechar questão sobre o tema.