Tailândia e Camboja concordam com cessar-fogo 'imediato e incondicional', diz Malásia

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A Tailândia e o Camboja concordaram com um cessar-fogo "imediato e incondicional" em um avanço significativo para resolver os confrontos na fronteira, que entraram no quinto dia, disse o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, nesta segunda-feira, 28.

 

Ibrahim, que presidiu as negociações como chefe do bloco regional da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean, na sigla em inglês), afirmou que ambos os lados chegaram a um entendimento comum para tomar medidas para retornar à normalidade após o que ele chamou de "discussões francas".

 

O primeiro-ministro cambojano, Hun Manet, e o primeiro-ministro interino tailandês, Phumtham Wechayachai, concordaram com um "cessar-fogo imediato e incondicional" a partir da meia-noite desta terça-feira, 29, no horário local, disse Ibrahim ao ler uma declaração conjunta.

 

"Este é um primeiro passo vital para a redução da tensão e a restauração da paz e da segurança", afirmou o primeiro-ministro da Malásia.

 

Reconstrução da confiança

 

Militares e autoridades de ambos os lados também realizarão reuniões para amenizar as tensões na fronteira, disse ele. Os ministros das Relações Exteriores e da Defesa da Malásia, Camboja e Tailândia foram instruídos a "desenvolver um mecanismo detalhado" para implementar e monitorar o cessar-fogo, a fim de garantir uma paz duradoura, acrescentou.

 

Hun Manet e Wechayachai elogiaram o resultado da reunião e apertaram as mãos no final da breve entrevista coletiva. O primeiro-ministro cambojano disse que espera que as relações bilaterais possam voltar ao normal em breve, para que cerca de 300 mil moradores evacuados de ambos os lados possam voltar para casa. É "hora de começar a reconstruir a confiança e a cooperação entre a Tailândia e o Camboja", disse ele. Já Phumtham disse que o resultado refletia "o desejo da Tailândia por uma resolução pacífica".

 

"Sinto falta da minha casa"

 

Os combates eclodiram na última quinta-feira, 24, depois que uma explosão de mina terrestre ao longo da fronteira feriu cinco soldados tailandeses. Ambos os lados se culparam mutuamente pelo início dos confrontos, que mataram pelo menos 35 pessoas e deslocaram mais de 260 mil pessoas de ambos os lados. Os dois países chamaram de volta seus embaixadores e a Tailândia fechou todas as passagens de fronteira com o Camboja, com exceção dos trabalhadores cambojanos imigrantes que voltavam para casa.

 

A reunião na Malásia ocorreu após pressão direta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que alertou que os EUA podem não prosseguir com acordos comerciais com nenhum dos dois países se as hostilidades continuarem. A declaração conjunta afirmou que os EUA são coorganizadores das negociações, com a participação da China. Os embaixadores da China e dos EUA na Malásia participaram da reunião, que durou mais de duas horas.

 

A violência marca um raro caso de confronto militar aberto entre os Estados-membros da Asean, um bloco regional de 10 nações que se orgulha de sua política de não agressão, diálogo pacífico e cooperação econômica.

 

Os deslocados de ambos os lados da fronteira rezaram anteriormente por um acordo de cessar-fogo. Em um abrigo de evacuação na província de Siem Reap, no Camboja, longe da fronteira, Ron Mao, de 56 anos, disse que ela e sua família fugiram de sua casa a um quilômetro da linha de frente quando os combates eclodiram na quinta-feira. Eles se refugiaram em um abrigo, mas se mudaram novamente para outro campo mais distante depois de ouvir bombardeios de artilharia.

 

"Não quero ver esta guerra acontecer. É muito difícil e não quero ficar fugindo assim", disse ela. "Quando soube que nosso primeiro-ministro foi negociar a paz, fiquei muito feliz, pois espero que cheguem a um acordo o mais rápido possível, para que eu e meus filhos possamos voltar para casa o mais rápido possível."

 

Os deslocados tailandeses ecoaram o sentimento. "Imploro ao governo. Quero que isso acabe rapidamente", disse a agricultora Nakorn Jomkamsing, de 63 anos, em um campo de evacuação em Surin, que abriga mais de 6 mil pessoas. "Quero viver em paz. Sinto falta da minha casa, dos meus animais de estimação, dos meus porcos, cães e galinhas", disse a mulher.

 

A fronteira de 800 quilômetros entre a Tailândia e o Camboja é disputada há décadas, mas os confrontos anteriores foram limitados e breves. As últimas tensões eclodiram em maio, quando um soldado cambojano foi morto em um confronto que criou uma ruptura diplomática e agitou a política interna da Tailândia. (Com informações da Associated Press)

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O general Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres, afirmou ao Supremo Tribunal Federal, nesta segunda-feira, 28, que não teve participação na trama golpista em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Durante seu depoimento no âmbito da denúncia contra o núcleo 3 - formado por militares que teriam articulado o plano para manter Bolsonaro no poder e impedir a posse de Lula na Presidência -, Theóphilo afirmou que "não tinha poder, autoridade, nem tropa" e que mantinha a lealdade ao então comandante do Exército, general Freire Gomes, que não aderiu.

A Procuradoria-Geral da República acusa Theóphilo de ter se reunido com Bolsonaro logo após a derrota eleitoral em 2022. O general teria se colocado à disposição para coordenar as forças militares e executar a ruptura institucional, caso Bolsonaro assinasse o decreto de golpe. O militar, que era membro do Alto Comando do Exército, afirma que a denúncia "carece de lógica".

Theóphilo confirmou a reunião, mas afirmou que o encontro foi um "monólogo" de Bolsonaro, em que ele teria feito um desabafo, com críticas ao resultado das eleições. "Bolsonaro reclamou do processo eleitoral". Segundo ele, o então comandante do Exército, general Freire Gomes, sabia do encontro, e declarou: "Eu não tinha a menor intimidade com o presidente", afirmou Theófilo.

"Não me foi apresentado nenhum documento, nem me foi proposta nenhuma medida ilegal ou inconstitucional", afirmou o general.

Na audiência, Theóphilo leu um discurso negando as acusações da PGR. Ele chegou a ser advertido pelo juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, que conduz os interrogatórios, de que deveria ser breve e que estaria adiantando as alegações finais da defesa.

A defesa do militar alegou que o texto lido por ele foi um 'exercício de autodefesa escrito por sua própria iniciativa'.

"O presidente não me apresentou documento, nada. Foi um desabafo que ele fez. Se não foi assim, por que ele não destituiu o comandante do Exército e me pôs no lugar? É algo que não faz sentido na lógica dos eventos", sustentou Theófilo.

O general afirmou que não "leu, participou ou viu" a minuta do decreto golpista.

O Ministério Público Federal denunciou quatro desembargadores e dois juízes de primeiro grau do Tribunal de Justiça do Maranhão e mais 23 investigados na Operação 18 minutos - inquérito da Polícia Federal que desmontou suposto esquema de corrupção e liberação relâmpago de alvarás. A Procuradoria estima que o desvio chegou a R$ 50 milhões.

O Estadão pediu manifestação do Tribunal, o que não havia ocorrido até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

Segundo a denúncia, os desembargadores Antonio Pacheco Guerreiro Júnior, Luiz Gonzaga Almeida Filho, Marcelino Everton Chaves e Nelma Celeste Sousa Silva Sarney Costa - cunhada do ex-presidente José Sarney - e os juízes Alice de Souza Rocha e Cristiano Simas de Souza operavam suposto esquema de venda de sentenças com o conluio de políticos, servidores e advogados.

Além dos desembargadores e dos juízes, são acusados treze advogados, três ex-assessores do Tribunal, um ex-deputado federal e o prefeito Fred Campos (PSB) de Paço do Lumiar, município localizado na região metropolitana de São Luís. A reportagem pediu manifestação do gabinete do prefeito.

A informação sobre a denúncia do MPF foi divulgada inicialmente no site jurídico Direito e Ordem e confirmada pelo Estadão. A Procuradoria alega que os magistrados articularam com advogados pagamentos de honorários milionários em prejuízo do Banco do Nordeste.

A investigação da PF foi iniciada a partir da análise do Relatório de Inteligência Financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) número 48451.

O documento apontou diversas "movimentações suspeitas" decorrentes de saques de alvará judicial no montante de R$ 14 milhões, expedido no bojo de um processo judicial "possivelmente fraudulento", envolvendo o grupo de magistrados.

A operação da PF foi batizada 18 Minutos porque esse foi o tempo que decorreu entre uma autorização judicial e o levantamento de grande soma junto ao banco.

Segundo a Procuradoria-Geral da República, as conclusões da acusação foram formadas a partir do conjunto probatório reunido nos autos, não apenas no relatório final da PF.

Uma comitiva de oito senadores brasileiros está nos Estados Unidos para tentar negociar o tarifaço anunciado pelo presidente Donald Trump, que passa a valer a partir de sexta-feira, 1º de agosto.

Os parlamentares se reúnem com representantes do setor privado em Washington, capital do país. Ainda não há encontros confirmados com autoridades do governo americano.

A comitiva de senadores reúne filiados do PT ao PL, unindo membros da base do governo e da oposição à gestão federal.

Nelsinho Trad (PSD-MS)

Nelsinho Trad é o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Foi vereador de Campo Grande (1993-2003), deputado estadual do Mato Grosso do Sul (2003-2005) e prefeito da capital estadual por dois mandatos consecutivos (2005-2013).

Em 2014, candidatou-se ao governo sul-mato-grossense, mas foi derrotado ainda no primeiro turno. É primo de Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde durante o governo de Jair Bolsonaro. Em 2018, elegeu-se senador pelo PTB. No início de 2019, deixou a sigla e filiou-se ao PSD.

Tereza Cristina (PP-MS)

Além de Trad, o Mato Grosso do Sul é representado na comitiva pela senadora Tereza Cristina, vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Entre 2007 e 2014, durante a gestão do governador André Puccinelli (MDB), Tereza foi secretária de Desenvolvimento Agrário do Mato Grosso do Sul. Em 2014, elegeu-se deputada federal pelo PSB. Na eleição seguinte, foi reeleita ao cargo pelo Democratas.

Em 2019, no início de seu segundo mandato na Câmara, licenciou-se para assumir o Ministério da Agricultura do governo Bolsonaro. Permaneceu na pasta até março de 2022, deixando o posto para concorrer ao Senado pelo PP. Elegeu-se com 829.149 votos, 60,8% dos votos válidos, desbancando outro ex-ministro de Bolsonaro na disputa, Luiz Henrique Mandetta.

Jaques Wagner (PT-BA)

Jaques Wagner é líder do governo Lula no Senado e foi governador da Bahia entre 2007 e 2015. É um dos mais influentes quadros do PT, tendo sido ministro do Trabalho (2003-2004), das Relações Institucionais (2005-2006), da Defesa (2015) e da Casa Civil (2015-2016) durante as gestões federais petistas.

Entre 2017 e 2018, foi secretário do governo baiano. Elegeu-se senador com 4.253.331 votos, 35,7% dos votos válidos.

Fernando Farias (MDB-AL)

Fernando Farias é um empresário do setor agrícola que integrou a chapa de senador de Renan Filho (MDB) em 2022. O filho de Renan Calheiros (MDB) elegeu-se ao Senado com 845.988 votos, 56,2% dos votos válidos.

Em janeiro de 2023, Renan Filho licenciou-se do cargo para assumir o Ministério dos Transportes do governo Lula. Desde então, Farias exerce o mandato de senador. O empresário não exerceu cargos públicos nem participou de eleições antes de 2022.

Marcos Pontes (PL-SP)

Marcos Pontes foi ministro da Ciência e Tecnologia durante o governo Bolsonaro (2019-2022). Elegeu-se ao Senado por São Paulo com 10.714.913 votos, 49,7% dos votos válidos. Em 2014, candidatou-se a deputado federal pelo PSB, mas não foi eleito. Em 2018, integrou a chapa eleita de Major Olímpio ao Senado.

Pontes é vice-líder do bloco Vanguarda, que reúne a oposição ao governo Lula no Senado, e representa o Estado de São Paulo na comitiva, o mais prejudicado pelas tarifas anunciadas por Trump.

Rogério Carvalho (PT-SE)

Rogério Carvalho é médico e senador pelo PT de Sergipe desde 2019. Elegeu-se ao cargo em 2018 com 300.247 votos, 16,4% dos votos válidos.

Antes, foi deputado estadual (2007-2011), secretário estadual de Saúde (2007-2010), deputado federal (2011-2015). Em 2022, perdeu a disputa pelo governo de Sergipe para Fábio Mitidieri, do PSD, por 51,7% a 48,3% dos votos válidos. É líder do PT no Senado e integra a Mesa Diretora da Casa como primeiro-secretário.

Esperidião Amin (PP-SC)

Espiridião Amin está em seu segundo mandato como senador de Santa Catarina e integra a Comissão de Relações Exteriores do Senado. Antes do mandato atual, iniciado em 2019, foi senador catarinense entre 1991 e 1999. Entre 2011 e 2019, foi deputado federal por Santa Catarina.

Foi governador do Estado por dois mandatos (1983-1987 e 1999-2003) e comandou a capital estadual em duas ocasiões (1975-1978 e 1989-1990). É marido de Ângela Amin, prefeita de Florianópolis por dois mandatos consecutivos (1997-2004).

Carlos Viana (Podemos-MG)

Carlos Viana é membro da Comissão de Relações Exteriores do Senado e líder do Podemos na Casa. É apresentador de televisão e elegeu-se senador em 2018 pelo extinto PHS com 3.568.658 votos, 20,2% dos votos válidos.

Em 2022, tentou o governo mineiro pelo PL, mas não foi eleito. Em 2024, pelo Podemos, tentou a prefeitura de Belo Horizonte, mas foi derrotado com 1% dos votos válidos.