Rússia lança 315 drones contra a Ucrânia; Zelenski fala em 'um dos maiores ataques contra Kiev'

Internacional
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Com ondas de drones e mísseis, a Rússia atacou duas cidades ucranianas na manhã desta terça-feira, 10, deixando duas pessoas mortas e pelo menos 13 feridas, informaram autoridades da Ucrânia.

 

O presidente Volodmir Zelenski, em uma declaração online, chamou o ataque de "um dos maiores" na guerra que já dura mais de três anos, dizendo que as forças de Moscou dispararam mais de 315 drones e sete mísseis contra o país durante a noite.

 

"Os ataques com mísseis russos e com Shahed são mais barulhentos do que os esforços dos Estados Unidos e de outros países ao redor do mundo para forçar a Rússia à paz", escreveu Zelenski, pedindo "ações concretas" dos Estados Unidos e da Europa em resposta ao ataque.

 

Uma maternidade e prédios residenciais no centro da cidade portuária de Odessa, no sul do país, foram danificados no ataque, informou o chefe regional, Oleh Kiper.

 

Duas pessoas morreram e nove ficaram feridas na cidade, de acordo com um comunicado do Ministério Público regional.

 

Quatro pessoas ficaram feridas no ataque à capital, disse o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko.

 

Os novos ataques ocorreram horas após Moscou ter lançado quase 500 drones contra a Ucrânia, no maior bombardeio noturno com drones nos três anos de guerra. Autoridades ucranianas e ocidentais aguardavam uma resposta russa ao audacioso ataque de drones da Ucrânia em 1º de junho contra bases aéreas russas distantes.

 

Aeroportos fechados na Rússia

 

Mais cedo, os aeroportos que atendem a capital da Rússia, Moscou e a segunda maior cidade do país, São Petersburgo, foram fechados por causa de um ataque com drones ucranianos, segundo o governo russo.

 

De acordo com agências de notícias estatais, ao menos 102 drones ucranianos foram abatidos em um intervalo de duas horas. Não há registros de estragos ou feridos.

 

A agência de aviação civil da Rússia, Rosaviatsia, interrompeu temporariamente os voos nos quatro principais aeroportos que atendem Moscou, no Aeroporto Pulkovo de São Petersburgo, e também em aeroportos de outras nove cidades, como medida de segurança, informou no Telegram.

 

Os voos em Moscou e em algumas outras cidades foram retomados na manhã de terça-feira, mas as restrições ainda estavam em vigor em São Petersburgo às 1h30, no horário de Brasília.

 

Nesta segunda-feira, 9, um assessor do presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou uma "guerra nuclear" caso a Ucrânia e a Otan tentem reaver os territórios ucranianos ocupados pelas tropas russas.

 

Vladimir Medinski, que também lidera a delegação russa nas negociações diretas com a Ucrânia pelo fim do conflito, disse que seria "o fim do mundo" caso não haja a assinatura de uma "paz verdadeira" para encerrar a guerra na Ucrânia.

 

"Se o conflito for interrompido na linha de frente e não houver um acordo de paz real - apenas um cessar-fogo - então isso vai se transformar, sabe, como aquela região disputada entre Armênia e Azerbaijão, o Carabaque", disse Medinski.

 

"Depois de algum tempo, a Ucrânia, junto com a Otan e seus aliados, entrará na aliança, tentará retomar o território, e isso será o fim do planeta - será uma guerra nuclear."

 

Medinski não deixou claro o que quis dizer com "paz verdadeira". No entanto, a Rússia tem sido irredutível em suas condições para o fim do conflito: entre a série de requisições, quer para si os territórios ocupados por suas tropas, que representam cerca de 20% da Ucrânia.

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O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) protocolou nesta terça-feira, 15, um requerimento na Câmara dos Deputados para ouvir o diplomata Gabriel Escobar, encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos.

Boulos quer esclarecimentos sobre as tarifas de até 50% a produtos brasileiros, anunciada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e sobre reuniões com autoridades fora da diplomacia oficial, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Após o anúncio de Trump, no dia 9 de junho, sobre a aplicação de tarifas de até 50% a produtos brasileiros, Tarcísio afirmou ter se reunido com Gabriel Escobar, em Brasília, para "abrir diálogo com as empresas paulistas" sobre a medida.

No requerimento enviado à Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, Boulos mencionou o encontro do diplomata com o governador e pediu que fossem prestados esclarecimentos sobre as "recentes tratativas do governo norte-americano com autoridades brasileiras que não integram formalmente a estrutura diplomática nacional - a exemplo do governador do Estado de São Paulo, senhor Tarcísio de Freitas".

Boulos também afirmou que a presença de Escobar na comissão é "oportuna e necessária" para falar em nome do país, visto que os Estados Unidos não nomeou um novo embaixador após a saída de Elizabeth Frawley Bagley do Brasil, em janeiro deste ano.

"O debate público sobre esses impactos deve ser transparente, técnico e institucional, especialmente no âmbito da comissão responsável por avaliar medidas de repercussão tributária e financeira", disse Boulos no requerimento.

A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil criticou a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e se referiu à Corte como "Supremo Tribunal de Moraes" em publicação no X (antigo Twitter) nesta segunda-feira, 14.

A mensagem, em português, é sobre declarações do subsecretário norte-americano para Diplomacia Pública, Darren Beattie, assessor de Marco Rubio, sobre a imposição de tarifas de 50% a produtos brasileiros.

Procurado pelo Estadão, o STF não quis se manifestar.

Nas publicações, Beattie e a Embaixada dos EUA afirmam que Donald Trump anunciou o "tarifaço" ao Brasil em resposta ao tratamento da Justiça ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), à liberdade de expressão e ao comércio norte-americano.

"Esses ataques são vergonhosos e desrespeitam as tradições democráticas do Brasil. As declarações do presidente Trump são claras. Estamos acompanhando de perto a situação", afirma a Embaixada.

Além da imposição das tarifas, nesta terça-feira, 15, o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) iniciou uma investigação sobre o Brasil, nos termos da Seção 301 da Lei de Comércio de 1974.

A investigação tem por objetivo determinar "se atos, políticas e práticas do governo brasileiro são irracionais ou discriminatórios e oneram ou restringem o comércio dos EUA", diz o documento divulgado pelo órgão.

Nas justificativas para a abertura da investigação, o governo americano cita alguns pontos que considera prejudiciais à atuação das empresas americanas. Entre eles, estão a questão da propriedade intelectual, existência de tarifas preferenciais para outros países, taxas mais altas para o etanol americano, desmatamento ilegal e até mesmo o Pix.

O ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, disse que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) se equivocou ao tentar negociar a sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros nos EUA com representantes norte-americanos. A declaração foi ao site Metrópoles nesta quarta-feira, 16.

"A preocupação do governador Tarcísio é legítima. Ele tem direito de buscar todas as alternativas para defender o interesse do povo paulista [...]. Eu acredito que ele está batendo na porta errada, ele deveria procurar a porta do presidente Lula e do vice-presidente Alckmin, que tem a competência constitucional para tratar da questão", declarou Messias.

Para Messias, os esforços de Tarcísio, que se encontrou com o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, não devem ter efeito. "Sinceramente, essa coisa de diplomacia subnacional não funciona. Isso é algo que não tem vez diante de um cenário grave como esse", pondera.

O advogado-geral da união defende o protagonismo de Lula e Alckmin na negociação e diz que teme que Tarcísio "acabe prejudicando o País com essa interferência", por mais que essa não seja a intenção do político.

Na visão de Messias, o governador de São Paulo deveria se colocar à disposição do governo federal "para construir algo que ajude o governo de São Paulo".

Messias ainda diz que Lula promove uma negociação com tranquilidade, sobriedade e diálogo e que o presidente é o "comandante que leva o barco devagar sobre forte nevoeiro", citando a canção Argumento, de Paulinho da Viola.

Direita também criticou negociação de Tarcísio

Aliados de direita de Tarcísio, como deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também criticaram os gestos do governador paulista. O filho do ex-presidente chegou a afirmar que o governador praticava "subserviência servil as elites" ao tentar negociar. Jair Bolsonaro, por outro lado, afirmou que Eduardo "não é tão maduro" e tentou pacificar a disputa.

Eduardo, que se auto exilou nos EUA, pede por sanções estrangeiras para que o Brasil anistie Jair Bolsonaro e os demais acusados de articular a trama golpista para mantê-lo no poder após as eleições de 2022. Para o deputado licenciado, a negociação de Tarcísio atrapalha o plano.

Um levantamento feito pela AP Exata mostrou até mesmo que o governador foi mais atacado pela própria direita do que pela esquerda em suas tentativas de reverter a taxação.