Trump critica ataques da Rússia a Kiev e faz pedido direto para Putin encerrar a guerra

Internacional
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou os bombardeios da Rússia na capital da Ucrânia, Kiev, na madrugada desta quinta-feira, 24, fazendo um pedido direto ao presidente russo, Vladimir Putin, para encerrar a guerra. "Não foi necessário, e aconteceu em um momento horrível. Vladimir, PARE! Cinco mil soldados por semana estão morrendo. Vamos concluir esse acordo de paz!", escreveu o republicano, na Truth Social.

 

Uma crítica direta de Trump sobre Putin é incomum. Desde o início das negociações, o presidente norte-americano defendeu que há interesse da contraparte russa em conquistar a paz na região, apesar de reiterados alertas do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e de autoridade europeias.

 

No período da madrugada, a Rússia atacou Kiev por horas com drones e mísseis balísticos, matando pelo menos nove pessoas e deixando outras 70 feridas, no ataque mais mortal à capital ucraniana desde julho do ano passado.

 

Zelensky adiou sua viagem oficial na África do Sul e voltou para o país. O presidente ucraniano lembro a repórteres que aceitou o cessar-fogo proposto pelos EUA 44 dias atrás para negociar um acordo de paz, mas que a Rússia ainda continua seus ataques.

 

A chefe de Relações Exteriores da União Europeia (UE), Kaja Kallas, disse que o ataque ressaltou que o principal obstáculo para o fim da guerra é a Rússia. "Enquanto alegava buscar a paz, a Rússia lançou um ataque aéreo mortal contra Kiev", escreveu ela nas redes sociais. "Isso não é uma busca pela paz, é uma zombaria dela."

 

*Com informações da Associated Press

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O ministro Luiz Fux divergiu da maioria da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal sobre a decisão de impor restrições ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) - inclusive a obrigação de usar tornozeleira eletrônica. Em cinco páginas, o ministro avalia que "a decisão pode se revestir de julgamento antecipado" e alega restrição à "liberdade de expressão".

Em outros capítulos das ações penais do 8 de Janeiro, Fux divergiu de Alexandre de Moraes, mas pontualmente, sempre seguindo o relator. Desta vez, ele fustigou a linha adotada por Moraes e declarou seu desacordo total às imposições a Bolsonaro. Fux destacou que a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República "não apresentaram provas novas e concretas" de tentativa de fuga do ex-presidente.

Segundo o ministro, "a amplitude das medidas impostas restringe desproporcionalmente direitos fundamentais, como a liberdade de ir e vir e a liberdade de expressão e comunicação, sem que tenha havido a demonstração contemporânea, concreta e individualizada dos requisitos que legalmente autorizariam a imposição dessas cautelares".

Fux destaca que, apesar das alegações da Polícia Federal sobre tentativas de obstrução do julgamento de Bolsonaro a partir de sanções do governo Trump, "questões econômicas devem ser resolvidas nos âmbitos políticos e diplomáticos próprios, como vem procedendo Sua Excelência o Presidente da República, coadjuvado pelo Congresso Nacional".

Em seu voto, Fux pontua ainda que o STF "tem demonstrado de forma inequívoca a sua independência e a sua impermeabilidade às pressões dos setores que manifestam desagrado com as suas decisões".

"Premissa de que poderia haver qualquer influência no julgamento da Ação Penal esbarra no fundamento básico de que o Poder Judiciário detém independência judicial. Juízes julgam conforme a sua livre convicção, em análise dos elementos fáticos e jurídicos constantes de cada caso."

O ministro também afirmou que "parte das medidas cautelares impostas, consistente no impedimento prévio e abstrato de utilização dos meios de comunicação indicados na decisão (todas as redes sociais), confronta-se com a cláusula pétrea da liberdade de expressão".

Na sexta-feira, 18, Moraes encaminhou a decisão que impôs medidas restritivas ao ex-presidente para o referendo da Primeira Turma. Em menos de 24 horas, os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia apresentaram voto e formaram maioria para manter a decisão de Moraes.

Os ministros acompanharam o relator no entendimento de que Bolsonaro e um dos seus filhos, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), agiram de forma coordenada para obstruir o julgamento da ação penal da trama golpista na qual o ex-presidente é réu.

Na decisão em que impôs restrições a Bolsonaro, Moraes destacou que pai e filho lideram uma campanha para "embaraçar a ação penal que tramita nesta Suprema Corte, bem como solicitar junto a chefe de Estado de nação estrangeira (EUA) medidas visando interferir ilicitamente no regular curso do processo judicial, de modo a resultar em pressão social em face das autoridades brasileiras, com flagrante atentado à soberania nacional".

Fux decidiu esperar até os últimos minutos para se manifestar sobre o caso. O regimento interno da Corte prevê que, caso um ministro não apresente o voto no plenário virtual em tempo hábil, ele seja computado como ausente.

A expectativa sobre o voto do ministro aumentou após o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciar, na sexta-feira, a suspensão do visto americano de Moraes e de mais sete magistrados da Corte com forma de retaliação. Segundo apurou o Estadão, Fux, André Mendonça e Kassio Nunes Marques foram os únicos integrantes do tribunal poupados da medida.

Julgamento

Pouco mais de uma hora depois de entrar em votação virtual, a maioria da Primeira Turma já havia batido o martelo, acolhendo plenamente os argumentos de Moraes. Em 13 páginas, Dino concordou com o relator sobre a "possibilidade concreta de fuga" de Bolsonaro para os EUA, como havia alertado a PGR em parecer.

Logo depois, Zanin, presidente do colegiado, também seguiu Moraes e fechou maioria sobre a questão.

Cármen Lúcia também se manifestou em voto que seguiu o entendimento da maioria. Em seis páginas, a ministra considerou "adequada a adoção das providências definidas" por Moraes.

Desde o início da ação do golpe, com 31 réus - entre eles Bolsonaro, ex-ministros de seu governo e generais -, a Primeira Turma tem endossado as decisões de Moraes, de forma unânime, inclusive a imposição de medidas cautelares até o recebimento das denúncias da Procuradoria-Geral da República.

Fux é o único que tem se colocado como contraponto a Moraes.

Divergências

As divergências entre os ministros tiveram início no julgamento sobre a aceitação da denúncia contra os acusados de liderar o plano de golpe para manter Bolsonaro no poder após a derrota na eleição de 2022.

A denúncia foi acatada por unanimidade, mas Fux fez ressalvas pontuais e sinalizou que pode acolher, ainda que parcialmente, teses dos réus no julgamento do mérito do processo.

Ele indicou, por exemplo, que é contra punir a tentativa de golpe como um crime consumado e defendeu que é preciso diferenciar atos preparatórios da execução.

Ainda, em contraponto aos colegas, demonstrou ressalvas à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Fux também considerou que os processos deveriam ser remetidos para julgamento na primeira instância ou no plenário do STF.

Depois disso, ele defendeu uma pena de um ano e seis meses para a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, bolsonarista que pichou com batom a frase "Perdeu, mané" na estátua da Justiça, em frente ao prédio da Corte, durante os atos do 8 de Janeiro.

Fux considerou exagerada a dosimetria proposta por Moraes, que votou para condenar Débora a 14 anos de prisão em regime inicial fechado. Prevaleceu o voto de Moraes.

A divergência de Fux levou o relator a apresentar um complemento ao voto no plenário virtual da Primeira Turma para rebater o colega. Moraes disse que a situação da cabeleireira "não apresenta diferenças significativas" em relação aos 470 réus já condenados pelo STF por envolvimento nos atos golpistas.

Mesmo estando em recesso, duas comissões da Câmara dos Deputados estarão em atividade nesta terça-feira, 22, para fazer a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que acompanhará as sessões. Os colegiados de Segurança Pública e de Relações Exteriores - ambos presididos por parlamentares do PL - farão sessão para votar moções de repúdio a Bolsonaro.

Na Comissão de Segurança, o requerimento tem a assinatura de membros do colegiado e é encabeçada pelo líder da oposição, Zucco (PL-RS).

"Esta comissão entende como legítimo e necessário manifestar solidariedade formal ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, em respeito ao princípio da presunção de inocência, ao devido processo legal e à proteção dos direitos fundamentais", justificou.

Na Comissão de Relações Exteriores, há dois requerimentos: um do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e outro do deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), vice-líder da oposição.

Sóstenes disse que apresentou o requerimento porque Bolsonaro "recuperou o País da tragédia ao longo de 14 anos de gestões petistas. Ele então elenca 16 feitos "faraônicos" do ex-presidente.

Ainda há uma indefinição até mesmo por onde seria feita a sessão. O corredor das comissões da Câmara está passando por obras durante essas duas semanas de recesso. A Comissão de Segurança já conseguiu agendar uma sala - já a de Relações Exteriores não definiu uma sala.

Deputados bolsonaristas vieram a Brasília nesta semana mesmo após o início do recesso parlamentar - ocorrido na última sexta-feira, 17, para discutir com o ex-presidente reações ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou medidas restritivas ao ex-presidente.

A estratégia inicial consistia em pedir a retomada da atividade legislativa na Câmara e no Senado Federal. O pleito acabou frustrado após Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente, decidirem por manter o recesso de duas semanas.

Como alternativa, foi pensada essa sessão emergencial nas duas comissões e a formação de comissões para discutir estratégias de comunicação e organizar manifestações.

Após o recesso, no Senado, o plano é colocar em pauta o impeachment de Moraes; na Câmara, o objetivo é aprovar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) do fim do foro privilegiado e a anistia aos presos do 8 de Janeiro.

Como mostrou o Estadão, a estratégia de votar moções de louvor já é costumeira nos dois colegiados. Dados mostram que a Comissão de Segurança Pública dedicou, entre 2023 e 2025, um terço de propostas votadas para louvar ou elogiar alguém.

O presidente da comissão de Segurança, Paulo Bilynskyj (PL-SP) disse que o colegiado é "referência entre os colegiados da Casa" e a aprovação de requerimentos e moções é "um instrumento legítimo e essencial para que parlamentares se posicionem oficialmente sobre temas relevantes para o País".

O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) respondeu a carta aberta enviada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nesta segunda-feira, 21. A pasta argumentou que, diferente do que o MST argumenta, não há lentidão na redistribuição de terras e negou falta de incentivo à agricultura familiar. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

"Ao contrário do que diz a carta do MST, a reforma agrária no Brasil retomou o ritmo dos dois primeiros governos do presidente Lula", declara o MDA, presidido pelo ministro Paulo Teixeira. A pasta ainda complementa: "a meta é criar 30 mil novos lotes ainda em 2025 e 60 mil até o final do mandato, o que representa metade de todas as 120 mil famílias acampadas em todo o Brasil".

O MST, no entanto, afirma que "400 mil famílias assentadas seguem à espera de políticas públicas que existem, mas não chegam à base". Na carta aberta, o movimento social questionava o governo após seu apoio nas eleições de 2022. "Após mais de três anos de governo Lula, a reforma agrária continua paralisada e as famílias acampadas e assentadas se perguntam: Lula, cadê a reforma agrária?".

"Respeitamos o papel dos movimentos sociais de reivindicar mas a verdade é que o governo Lula 3 caminha para bater recordes históricos na reforma agrária", responde o MDA para as acusações de lentidão.

Tarifaço

O MST ainda faz referência à sobretaxa de 50% sobre os produtos nacionais imposta pelo presidente americano, Donald Trump. O movimento aproveita a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com foco em soberania nacional e afirma: "soberania nacional só é possível com soberania alimentar. E a soberania alimentar se constrói com a agricultura familiar camponesa e com a reforma agrária".

Em carta divulgada em janeiro, o MST já tinha cobrado o assentamento de 100 mil famílias que seguiam acampadas pelo País. O movimento invadiu 11 propriedades em abril deste ano, cobrando mais velocidade no assentamento de famílias.