Signal: senadores republicanos pedem investigação sobre divulgação de informações confidenciais

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Senadores do Partido Republicano pediram na quarta-feira, 26, a abertura de uma investigação sobre a divulgação de informações confidenciais de planos de ataques contra os Houthis, no Iêmen, por meio do aplicativo Signal. Os senadores temem que a falta de uma averiguação da conversa entre membros do gabinete de Trump possa ter grandes consequências políticas para os republicanos.

O senador republicano Roger Wicker, presidente do Comitê de Serviços Armados do Senado, afirmou que o seu comitê irá investigar o vazamento. O Comitê de Inteligência do Senado, que é presidido pelo republicano Tom Cotton, também irá averiguar a falha de segurança.

A senadora republicana Lisa Murkowski apontou que se oficiais do governo Joe Biden tivessem cometido um erro semelhante, os republicanos do Congresso iriam investigar a situação de forma extensiva. "É do interesse de todos saber se essas conversas estão acontecendo em um ambiente seguro".

Entenda o caso

Na segunda-feira, 24, o editor-chefe da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg revelou em uma reportagem que foi incluído por engano em um grupo do aplicativo de mensagem Signal - similar ao WhatsApp e ao Telegram, mas com mais segurança - com autoridades do alto escalão do governo Trump que discutiam os ataques aos rebeldes Houthis, do Iêmen.

As conversas, com informações sensíveis sobre os planos militares dos Estados Unidos, reuniram, entre outros o vice-presidente J.D. Vance, o secretário de Estado Marco Rubio e o secretário de Defesa Pete Hegseth e abriram um debate sobre o descuido com informações sigilosas na alta cúpula do governo.

Segundo o relato publicado na The Atlantic, Jeffrey Goldberg recebeu o pedido de conexão de uma pessoa identificada como Michael Waltz. Esse é o nome do Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos.

Dois dias depois de aceitar a solicitação, ele foi incluído no grupo chamado "Houthi PC small group" em aparente referência a principals committee (reuniões com integrantes do gabinete e funcionários do alto escalão da segurança nacional). O chat, dizia mensagem enviada por Michael Waltz, havia sido criado para "coordenação sobre os Houthis".

Nos dias que antecederam o ataque no Iêmen, o usuário identificado como J.D. Vance se mostrou reticente sobre a ofensiva. Ele disse que o governo estaria "cometendo um erro" e argumentou que a via atingida pelos ataques dos rebeldes era mais importante para a Europa do que para os Estados Unidos. "Há um risco real de que o público não compreenda isso ou por que é necessário", escreveu. "Não tenho certeza se o presidente está ciente de quão inconsistente isso é com sua mensagem sobre a Europa".

A conta identificada como Pete Hegseth disse que entendia as preocupações de Vance, mas insistiu na ofensiva. Ele concordou que a comunicação seria difícil porque "ninguém sabe quem são os houthis" então seria preciso focar nas falhas do governo Joe Biden em deter os rebeldes e no apoio do Irã.

"Estamos preparados para executar e, se eu tivesse um voto final de "sim" ou "não", acredito que deveríamos fazê-lo. Isso não tem a ver com os houthis. Eu vejo isso como duas coisas: 1) Restaurar a liberdade de navegação, um interesse nacional fundamental; e 2) Restabelecer a dissuasão, que Biden destruiu", concluiu Hegseth.

Em artigo publicado na segunda-feira, o editor disse ter ficado com receio de que o grupo fosse falso, parte de alguma campanha de desinformação. Até que os bombardeios detalhados no chat foram de fato lançados pelos Estados Unidos. "Eu tinha fortes dúvidas de que esse grupo fosse real, porque não podia acreditar que a liderança da segurança nacional dos Estados Unidos se comunicaria pelo Signal sobre planos de guerra iminentes", escreveu Jeffrey Goldberg.

Novas informações

Na quarta-feira, 26, a revista The Atlantic publicou uma série de novas mensagens entre os membros do gabinete de Trump. A revista inicialmente havia retido detalhes dos planos de guerra, justificando que as informações eram sensíveis e poderiam prejudicar tropas americanas no exterior. Mas os comentários de oficiais republicanos, que negaram que planos de guerra haviam sido compartilhados, fizeram a publicação mudar de ideia.

As novas mensagens, que incluem capturas de tela do bate-papo completo, deixam claro que o secretário de Defesa, Pete Hegseth, compartilhou detalhes específicos sobre o momento dos lançamentos de porta-aviões dos EUA.

No chat do grupo, Hegseth publicou vários detalhes sobre o ataque iminente, usando linguagem militar e expondo quando uma "janela de ataque" começa, onde um "alvo terrorista" estava localizado, os elementos de tempo em torno do ataque e quando várias armas e aeronaves seriam usadas no ataque.

Audiência

A diretora de inteligência dos EUA, Tulsi Gabbard, e o chefe da CIA, John Ratcliffe, enfrentaram nesta quarta-feira, 26, mais questionamentos sobre como o editor-chefe da revista The Atlantic foi adicionado a um chat no qual ataques militares americanos ao Iêmen eram debatidos. Em uma audiência no Senado, democratas acusaram as duas autoridades de mentir sobre as mensagens e pediram a renúncia do secretário de Defesa, Pete Hegseth.

Ratcliffe disse que os trechos divulgadas do chat nesta quarta-feira provam que ele não compartilhou informações confidenciais lá. "Minhas respostas não mudaram", disse. "Usei um canal apropriado para comunicar informações confidenciais. Era permitido fazer isso. Não transferi nenhuma informação confidencial."

Gabbard, a diretora de inteligência nacional, também reiterou a afirmação de que nenhuma informação confidencial foi compartilhada nos chats do Signal. "Não houve fontes, métodos, locais ou planos de guerra que foram compartilhados", ela disse.

Mas democratas no Comitê de Inteligência do Senado rejeitaram as afirmações de Tulsi e Ratcliffe de que nenhum material confidencial foi incluído no chat. Eles também mencionaram as mensagens de chat divulgadas na íntegra pelo The Atlantic nesta quarta-feira como evidência de que a exposição poderia ter comprometido o sucesso da missão ou colocado em risco a vida de membros do serviço dos EUA. (Com agências internacionais).

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A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) elogiou a postura do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), por votar contra as medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo ministro Alexandre de Moraes. Em seu perfil no Instagram, na terça-feira, 22, Michelle fez um trocadilho com o nome do único ministro a votar contra as determinações: "Fux está sendo um facho de 'lux' no STF?!". A maioria da Primeiro Turma confirmou as restrições.

Fux divergiu da maioria da Primeira Turma do Supremo sobre a decisão de impor restrições, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente. Em cinco páginas, o ministro avaliou que "a decisão pode se revestir de julgamento antecipado" e mencionou restrição à "liberdade de expressão".

Fux afirmou que "a amplitude das medidas impostas" é desproporcional aos direitos do réu, como a liberdade de ir e vir e a liberdade de expressão. Para o ministro, os requisitos que embasariam a imposição de medidas do tipo não foram demonstrados na conduta de Jair Bolsonaro.

O ministro não concordou com a avaliação dos demais magistrados de que o ex-presidente apresentava risco de fuga. Fux também não viu indícios de que Bolsonaro articulou sanções ao País com autoridades estrangeiras, tentando coagir o curso do processo que responde na Corte por tentativa de golpe de Estado. Além disso, o ministro não concordou com a restrição de acesso às redes entendendo que restringe de forma desproporcional a liberdade de expressão de Bolsonaro.

Fux apresentou seu voto nesta segunda-feira, 21. A Primeira Turma já havia formado maioria para manter as cautelares desde sexta. O placar foi de 4 a 1. Moraes foi seguido por Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino. A sessão ocorreu no plenário virtual, modalidade de votação em que os ministros emitem seus votos de forma eletrônica.

O magistrado decidiu esperar até os últimos minutos para se manifestar sobre o caso. O regimento interno da Corte prevê que, caso um ministro não apresente o voto no plenário virtual em tempo hábil, ele seja computado como ausente.

Esta não é a primeira vez que Michelle elogia Luiz Fux. No julgamento de Débora Rodrigues dos Santos, que ficou conhecida por desenhar com batom a frase "Perdeu, mané" na estátua da Justiça, Moraes defendeu pena de 14 anos de prisão. Em paralelo, Fux sugeriu a pena de ano e seis meses. A posição de Moraes saiu vitoriosa, mas a postura de Fux rendeu elogio da ex-primeira-dama.

"Não podemos desistir da nossa nação, nós somos cristãos, acreditamos em Deus, acreditamos que o sol da justiça vai voltar no nosso Brasil. Porque a balança só pende para um lado?", disse Michelle em discurso durante um ato pró-anistia, em Brasília. "Aqui, um agradecimento ao ministro Luiz Fux, que foi sensato em seu voto em favor de Débora. Muito obrigada", concluiu.

As vésperas de partir para os Estados Unidos, a comitiva de senadores da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) quer reabrir "canais de diálogo" após o tarifaço do presidente Donald Trump e elencou seis objetivos principais para a missão. Os senadores terão reuniões com parlamentares democratas e republicanos, empresários e especialistas em comércio.

Entre as prioridades do grupo está a promoção de uma "interlocução direta" entre os Poderes Legislativos de ambos os países, assim como a defesa dos setores produtivos que foram afetadas pelas novas tarifas anunciadas por Trump - especialmente os que tiveram maior impacto, como agropecuária, metalurgia, energia e indústria de transformação.

A comitiva também quer "reforçar a previsibilidade e a segurança jurídica nas relações econômicas bilaterais" e apresentar o "posicionamento institucional do Senado como alternativa propositiva e responsável frente ao atual cenário geopolítico". Há a intenção ainda de prospectar caminhos para a cooperação bilateral em áreas estratégicas como bioenergia, infraestrutura, inovação tecnológica e sustentabilidade.

Na lista de objetivos do grupo consta ainda a missão de "preparar o terreno" para um grupo interparlamentar permanente Brasil-Estados Unidos, que seria voltado à diplomacia econômica e à articulação de medidas legislativas frente a disputas comerciais internacionais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira, 24, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fugiu do País como um "rato" após planejar um golpe de Estado para impedir a posse do petista. Lula afirmou ainda que Bolsonaro pediu ao filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), para ir aos Estados Unidos pedir uma intervenção do presidente americano, Donald Trump. Ele ainda chamou o deputado federal licenciado de "moleque irresponsável".

"O cara que tentou dar um golpe, para não dar posse para mim e não teve vontade de me esperar, fugiu como um rato foge, fez as bobagens que fez, e mandou o filho dele, sair de deputado federal e ir para Washington pedir para que o presidente Trump intervenha no Brasil", afirmou Lula.

O presidente disse ainda que a iniciativa da família Bolsonaro é "falta de caráter e coragem" e declarou que Bolsonaro deve ser punido pelos crimes pelos quais está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "É uma vergonha, isso é uma falta de caráter, é falta de coragem. Fez as 'm...' que fez? Pague pelas 'm..' que fez, e respeite o povo brasileiro", afirmou o presidente.

Lula também comparou a situação atual com o processo condenatório dele na Operação Lava Jato. O presidente disse que recebeu convites para sair do Brasil e pedir asilo a embaixadas, mas preferiu ficar no País. Quando preso, o petista disse que se negou a utilizar tornozeleira eletrônica e ir para a prisão domiciliar.

"Tinha gente que falava assim: 'Lula, vai para o exterior', 'Lula vai para uma embaixada', e eu dizia: 'um cara que não morreu de fome até os cinco anos de idade e sobreviveu, não vai correr, não. Eu vou provar a minha inocência", afirmou o presidente.

Lula ainda afirmou que, se a Justiça decidir, Bolsonaro "vai para o xilindró". "Nem sei como aquele cara chegou a ser tenente do Exército. Se borrou todo. Perdeu as eleições, ficou dentro de casa chorando, chorando: 'Ah, não podemos deixar o Lula tomar posse, não podemos deixar". Preparou um golpe, nós ficamos sabendo, a polícia investigou. Eles mesmo se delataram, agora ele foi indiciado, o procurador-geral pediu a condenação dele e ele vai, sim senhor, se a Justiça decidir, com base nos autos do processo, ele vai para o xilindró."

Lula também mirou no filho de Bolsonaro, Eduardo, ironizando a posição adotada nos Estados Unidos em prol de sanções ao Brasil. "Ele (Bolsonaro) manda o filho para os Estads Unidos. O filho é deputado federal. O filho abandona o mandato de deputado e vai para os Estados Unidos e fica, não sei se perto do filho do Trump, não sei se perto de não sei quem do Trump, fica: 'Solta meu pai, solta meu pai. Ajuda o meu pai, ajuda meu pai'. Coisa de moleque irresponsável, que na hora de falar m... na internet ele não tem responsabilidade", disparou.

Nesta quinta-feira, Lula anunciou medidas interministeriais nas áreas de educação, igualdade racial, direitos humanos e povos indígenas. A cerimônia ocorreu no município de Minas Novas (MG), no Vale do Jequitinhonha.