Cheiro de carne podre: terceira flor-cadáver floresce na Austrália em três meses

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Uma rara flor com um odor semelhante ao de carne podre desabrochou na capital australiana, sendo a terceira ocorrência no país em apenas três meses. Este exemplar de flor-cadáver (Amorphophallus titanum) floresceu pela primeira vez em seus 15 anos nos Jardins Botânicos Nacionais da Austrália, em Canberra, no sábado, 8, e começou a fechar nesta segunda-feira, 10, segundo funcionários do local.

Outra floração ocorreu brevemente nos Jardins Botânicos Reais de Sydney no final de janeiro, atraindo 20 mil admiradores. Um número semelhante de visitantes compareceu para ver outra floração nos Jardins Botânicos de Geelong, ao sudoeste de Melbourne, em novembro.

O que é uma flor-cadáver?

A flor-cadáver, conhecida como bunga bangkai em sua terra natal, a Indonésia, é endêmica das florestas tropicais do oeste de Sumatra. Ela floresce apenas por alguns dias a cada 7 a 10 anos em seu habitat natural. Seu odor fétido atrai polinizadores como moscas.

Estima-se que existam apenas 300 dessas plantas na natureza e menos de 1.000 no total, incluindo as cultivadas.

Por que três floresceram na Austrália em poucos meses?

A gerente interina do viveiro em Canberra, Carol Dale, disse que não há uma explicação clara para essa sequência de florações na Austrália.

Uma flor se forma quando a planta armazena energia suficiente em seu tubérculo subterrâneo, conhecido como cormo. "Uma das teorias é que muitas dessas plantas têm idades semelhantes e simplesmente acumularam carboidratos suficientes no cormo para finalmente florescer", disse Dale. "Todas as plantas na Austrália estão sendo cultivadas em condições diferentes, então é incomum que estejam florescendo ao mesmo tempo."

Dale explicou que Canberra, Sydney e Geelong possuem climas distintos, além de diferentes métodos de fertilização e manejo das plantas.

'Ânsia de vômito'

Dale disse que, após 15 anos sem florescimento, ela havia concluído que Canberra - onde ocasionalmente neva - não era o lugar ideal para uma flor-cadáver prosperar.

"Ela está em nossa coleção há um pouco mais de tempo do que normalmente levaria para florescer pela primeira vez, então simplesmente achamos que não tínhamos as condições certas aqui em Canberra", disse Dale. "Então sim, foi uma surpresa - uma surpresa muito agradável."

A flor começou a abrir no sábado por volta do meio-dia, e seu cheiro pútrido rapidamente se intensificou. "No sábado à noite, o cheiro estava incrivelmente forte. Podíamos senti-lo do outro lado da rua. Definitivamente era de dar ânsia de vômito", contou Dale.

Devido ao espaço limitado na estufa, o público interessado em ver a flor de 1,35 m foi controlado por um sistema de ingressos, restringindo a visitação a algumas centenas de pessoas. Os visitantes descreveram o cheiro como semelhante a uma mistura de animais mortos, ovos podres, meias suadas, esgoto e lixo.

Dale afirmou que o pior já havia passado na segunda-feira. "Coletamos o pólen há cerca de uma hora e, quando estamos bem próximos da planta, ainda há aquele cheiro de carne podre", disse ela.

Em outra categoria

Um levantamento da Quaest mostra que a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dividiu-se em menções favoráveis e contrárias ao decreto do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo a pesquisa, 53% das menções ao episódio nas redes foram favoráveis à prisão, enquanto 47% foram contra.

O volume de menções passou de 1,16 milhão, segundo o levantamento, em uma média de 51 mil menções por hora, totalizando mais de 401 mil autores únicos. A Quaest realizou a coleta dos dados às 21h desta segunda-feira, 4.

Além do maior volume de menções, as publicações favoráveis à prisão domiciliar do ex-presidente apresentaram maior engajamento e fragmentação, o que indica, segundo a pesquisa, uma reação mais orgânica.

Moraes decretou a prisão domiciliar de Bolsonaro devido ao reiterado descumprimento de medidas cautelares. Desde 18 de julho, o ex-presidente está submetido a cinco medidas cautelares, entre as quais proibição de uso de redes sociais, inclusive por intermédio de terceiros. Neste domingo, 3, Bolsonaro apareceu em um vídeo publicado no perfil do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A publicação foi removida. Antes, o ex-presidente já havia descumprido a cautelar ao discursar a apoiadores na Câmara.

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) passou mal após ser informado da prisão domiciliar de seu pai, Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a assessoria do vereador, ele foi atendido na noite desta segunda-feira, 4, em um hospital na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Como mostrou mais cedo o Estadão/Broadcast, o vereador mantém em seu perfil no X (antigo Twitter) foto do seu pai discursando via telefone para manifestantes bolsonaristas que se reuniram na praia de Copacabana no domingo, 3. A postagem foi citada pelo ministro do STF, na decisão que comunicou a prisão domiciliar do ex-presidente.

Moraes concluiu que Bolsonaro violou a medida cautelar que o proibia de usar as redes sociais, inclusive por meio de terceiros, ao participar remotamente de manifestações contra o STF no último fim de semana. O ex-presidente discursou em Copacabana pelo celular do filho Flávio Bolsonaro e teve a imagem pelo celular exibida também em São Paulo pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), além da postagem de Carlos Bolsonaro.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira, 4, a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por violação de medidas cautelares inicialmente previstas pela Corte. Além disso, Moraes determinou a apreensão dos celulares de posse do ex-presidente, que é réu em ação penal acusado de liderar um plano de golpe de Estado no País após a eleição de 2022. O ministro apontou descumprimento deliberado por Bolsonaro das medidas restritivas, a última vez durante os atos por anistia realizados no domingo passado, 3.

Conforme mostrou o Estadão, durante a manifestação realizada em Copacabana, o ex-presidente discursou por meio de um contato pelo telefone com seu filho, o deputado federal Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que publicou um vídeo da declaração em suas redes sociais. No ato em São Paulo, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) mostrou Bolsonaro em uma videochamada. Moraes havia determinado que Bolsonaro não poderia usar as redes, mesmo por meio de terceiros.

Na decisão o ministro afirmou que "agindo ilicitamente, o réu Jair Messias Bolsonaro se dirigiu aos manifestantes reunidos em Copacabana, no Rio de Janeiro, produzindo dolosa e conscientemente material pré-fabricado para seus partidários continuarem a tentar coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça, tanto que, o telefonema com seu filho, Flávio Nantes Bolsonaro, foi publicado na plataforma Instagram".

O ministro também disse que "o réu Jair Messias Bolsonaro realizou ligação telefônica, por chamada de vídeo, com seu apoiador político e deputado federal Nikolas Ferreira, demonstrando o desrespeito a decisão proferida por esta Suprema Corte, em razão do claro objetivo de endossar o tema da manifestação de ataques ao STF", escreveu Moraes.

Para o ministro, houve uma "atuação coordenada dos filhos de Jair Messias Bolsonaro a partir de mensagens de ataques ao Supremo Tribunal Federal, com o evidente intuito de interferir no julgamento da AP 2.668/DF (ação penal do golpe)".

A decisão destaca que "réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares - pela segunda vez - deve sofrer as consequências legais".

Garagem

A Polícia Federal foi enviada à casa de Bolsonaro, em Brasília, e confirmou que foram cumpridos os mandados de prisão domiciliar e busca e apreensão. O Estadão apurou que um telefone do ex-presidente foi apreendido.

A equipe da Polícia Federal não precisou entrar na casa de Bolsonaro para cumprir os mandados. Os policiais abordaram o ex-presidente quando ele estava chegando na garagem de sua casa, dentro do condomínio. Na ação, a PF comunicou a ordem de prisão domiciliar e informou a necessidade de apreensão do aparelho celular de Bolsonaro. De acordo com os investigadores, o ex-presidente entregou o telefone ainda na rua, em frente à garagem de sua casa.

Moraes determinou a proibição de visitas a Bolsonaro, salvo dos advogados do ex-presidente e com procuração nos autos, além de outras pessoas previamente autorizadas pelo Supremo. E também vetou o uso de celular, diretamente ou por meio de terceiros.

Além disso, ficam mantidas a proibição de manter contatos com embaixadores ou quaisquer autoridades estrangeiras, bem como com os demais réus e investigados nas diversas ações penais relacionadas aos processos do golpe e à investigação sobre obstrução de Justiça e a utilização de redes sociais, inclusive por meio de terceiros.

As medidas restritivas contra Bolsonaro - entre elas o uso de tornozeleira eletrônica - foram decretadas em 18 de julho, nove dias após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, citar o que chamou de "caça às bruxas" contra Bolsonaro na justificativa para a imposição de uma tarifa de 50% aos produtos exportados pelo Brasil. Na ocasião, a decisão representou uma reação da Corte máxima do País, acusada por Trump de perseguir Bolsonaro na ação penal na qual ele é réu por tentativa de golpe de Estado. A decisão de Moraes foi ratificada logo depois pela maioria do STF.

Essa decisão foi tomada no âmbito de um novo inquérito instaurado na esteira do tarifaço de Trump. A Petição 14129 foi protocolada no STF no dia 11 julho, dois dias após Trump anunciar a taxação, que deve entrar em vigor nos próximos dias. O inquérito foi distribuído por prevenção a Moraes por ter conexão com outros processos sob relatoria do ministro.

"O flagrante desrespeito às medidas cautelares foi tão óbvio que, repita-se, o próprio filho do réu, o senador Flávio Nantes Bolsonaro, decidiu remover a postagem realizada em seu perfil, na rede social Instagram, com a finalidade de omitir a transgressão legal", afirmou o ministro no despacho de ontem.

Segundo a assessoria do STF, esse tipo de decisão cabe ao relator do processo e não precisa ser confirmada pelos colegas da Corte.

Surpresa

A defesa do ex-presidente afirmou, em nota, que foi surpreendida com a decretação de prisão domiciliar, "tendo em vista que o ex-presidente Jair Bolsonaro não descumpriu qualquer medida"

A manifestação é assinada pelos advogados Celso Vilardi, Paulo Amador da Cunha Bueno, Daniel Tesser. O trio sustenta que Bolsonaro "seguiu rigorosamente" a determinação proferida por Moraes em despacho sobre as medidas cautelares. Os advogados destacaram que o despacho registrou que "em momento algum Jair Messias Bolsonaro foi proibido de conceder entrevistas ou proferir discursos em eventos públicos".

"A frase 'Boa tarde, Copacabana. Boa tarde meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos' não pode ser compreendida como descumprimento de medida cautelar, nem como ato criminoso", sustentaram os advogados.

A decretação da prisão domiciliar gerou reação indignada de aliados do ex-presidente. No Congresso, parlamentares bolsonaristas reafirmaram a disposição de pressionar o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para que ele paute o projeto de anistia aos implicados pelo 8 de Janeiro e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para colocar em discussão pedidos de impeachment de Moraes.

O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou à Coluna do Estadão que está "inconformado" com a prisão domiciliar o ex-presidente. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) reagiu à prisão domiciliar do marido citando uma passagem bíblica. "E os céus anunciarão a sua justiça; pois Deus mesmo é o Juiz", escreveu Michelle, em uma publicação temporária no Instagram.

Bolão

Pouco antes de ter a prisão domiciliar decretada, Bolsonaro passou a tarde na sede do PL em Brasília. No local, reuniu-se com aliados, organizou um bolão da Mega-Sena com assessores do partido e acompanhou, pela televisão, a repercussão das manifestações do último domingo.

O Estadão conversou com o deputado estadual Lucas Bove (PL-SP), que esteve com o ex-presidente minutos antes da decisão de Moraes. Segundo o parlamentar, Bolsonaro estava mais sério do que o habitual, mas ainda de bom humor, e não demonstrou sinais de que esperava ser preso. Pelo contrário: estava preocupado em chegar em casa antes das 19h, horário em que começava o recolhimento determinado pelo STF.

Por volta das 17h, o ex-presidente deixou a sede do PL às pressas, relatou o deputado. "Ele falou que não podia vacilar, que precisava sair antes para fazer um caminho diferente e não passar perto de embaixadas."

Minutos depois, veio a decisão de Moraes decretando a prisão domiciliar. Quando Bolsonaro chegava em casa, foi abordado por policiais federais ainda na garagem. Eles o comunicaram da ordem de prisão e apreenderam o celular antes que o ex-presidente entrasse na residência.(COLABORARAM LAVÍNIA KAUCZ, ROSEANN KENNEDY, IANDER PORCELLA E PEPITA ORTEGA)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.