Tropas de Israel deixam área-chave de Gaza como parte de cessar-fogo

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As Forças Armadas de Israel se retiraram neste domingo, 9, de um estratégico corredor que divide a Faixa de Gaza, deixando quase todo o norte do território, conforme exigido por um tênue cessar-fogo com o Hamas. A retirada é essencial para o avanço de novas negociações para um acordo mais duradouro.

A saída dos militares do corredor Netzarim ocorreu enquanto o governo israelense enviava uma delegação ao Catar no fim de semana para discutir o próximo grupo de reféns israelenses e prisioneiros palestinos a serem libertados durante a fase inicial do acordo de trégua, que entrou em vigor no mês passado e continua vigente.

Em uma declaração ontem, os militares israelenses disseram que as tropas estavam "implementando o acordo" para deixar o corredor e permitir que centenas de milhares de palestinos continuassem retornando para casa no norte de Gaza. O Hamas também confirmou a saída das tropas israelenses, afirmando em uma declaração que foi "uma vitória da vontade do nosso povo".

Com a retirada, a presença de tropas israelenses em Gaza está agora limitada a uma pequena faixa de terra no sul, perto da fronteira com o Egito, e a uma zona-tampão ao longo da fronteira israelense.

O Ministério do Interior de Gaza, controlado pelo Hamas, alertou ontem aos palestinos que estão retornando que seus veículos ainda poderiam ser inspecionados por empresas de segurança estrangeiras para evitar que armas fossem transferidas do sul.

"Pedimos aos cidadãos que sejam cuidadosos e cumpram a movimentação de acordo com o mecanismo atualmente permitido para sua segurança", disse o Ministério do Interior em um comunicado.

O Exército israelense ordenou uma retirada em massa do norte de Gaza nos primeiros dias da guerra e patrulhou o corredor, em parte para impedir que os palestinos retornassem. As tropas israelenses já haviam se retirado parcialmente do corredor Netzarim no mês passado, deixando combatentes estrangeiros para preencher o vazio.

FASES DO ACORDO

A retirada completa do corredor foi exigida pela primeira fase de 42 dias do acordo de cessar-fogo - que agora está na metade - e necessária para avançar para a próxima etapa e encerrar totalmente a guerra em Gaza.

Novas armadilhas significativas para chegar a um acordo para a próxima fase - que poderia envolver uma retirada militar israelense completa de toda a Faixa de Gaza - surgiram na semana passada, depois que o presidente Donald Trump disse que os EUA poderiam assumir o controle de Gaza e transformá-la na "Rivera do Oriente Médio" ao realocar seus residentes palestinos.

As negociações sobre a segunda fase, que visam à libertação de mais reféns e à retirada completa de Israel de Gaza, deveriam começar em 3 de fevereiro. Mas Israel e o Hamas parecem ter feito pouco progresso, mesmo com as forças israelenses se retirando de um corredor.

Israel enviou uma delegação ao Catar, um mediador-chave nas negociações entre as partes, mas a missão incluía autoridades de baixo escalão, levantando especulações de que não levará a um avanço.

A chance de um acordo mais duradouro é incerta. Israel disse que não concordará com uma retirada completa de Gaza até que as capacidades militares e políticas do Hamas sejam eliminadas. O Hamas, por sua vez, diz que não entregará os últimos reféns até que Israel remova todas as tropas.

REFÉNS

A cena da libertação de três reféns israelenses no dia anterior, aparentemente mais magros e pálidos, fazendo declarações de agradecimentos aos terroristas do Hamas sob ameaça de armas, aumentou a pressão sobre o governo israelense para a extensão da fase atual do acordo.

As famílias dos reféns restantes disseram que o tempo está se esgotando, pois alguns sobreviventes descreveram estar descalços e acorrentados.

"Não podemos deixar os reféns permanecerem lá. Não há outra maneira. Estou apelando ao gabinete", disse Ella Ben Ami, filha de um refém libertado anteontem, acrescentando que agora entende que a situação dos capturados é muito pior do que se imaginava.

PLANO DE TRUMP

Enquanto isso, Netanyahu, que estava nos EUA, onde se encontrou com Trump, elogiou o controvertido plano do republicano de remover os palestinos de Gaza e afirmou que seu país fará o trabalho.

"Acho que a proposta do presidente Trump é a primeira ideia nova em anos e tem o potencial de mudar tudo em Gaza", disse Netanyahu em entrevista veiculada anteontem na Fox News. "Tudo o que Trump está dizendo é: 'quero abrir o portão e dar a eles a opção de se mudarem temporariamente enquanto reconstruímos o local fisicamente'. Trump nunca disse que quer que as tropas americanas façam o trabalho. Adivinhe? Nós faremos o trabalho".

Para o premiê, o problema da proposta é encontrar países que concordem em receber a população palestina, de cerca de 2 milhões de pessoas. Os vizinhos Egito e Jordânia já rechaçaram a ideia. Netanyahu acrescentou que, para serem autorizados a retornar, os palestinos deveriam "repudiar o terrorismo".

A proposta de Trump foi anunciada ao lado do próprio Netanyahu em Washington na semana passada. O plano foi amplamente criticado, tanto por aliados quanto por adversários dos EUA, como uma limpeza étnica. Para a população palestina, uma tentativa de retirá-los de Gaza evoca memórias do que chamam de Nakba (palavra em árabe que em português significa tragédia), como se referem ao deslocamento forçado durante a criação de Israel em 1948. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), protocolou um requerimento à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa solicitando o encaminhamento imediato do processo de perda do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP) à Mesa Diretora da Casa.

"Já tínhamos o entendimento e deduzido o pedido, em conformidade com o acórdão condenatório, no sentido de que o trânsito em julgado impõe a suspensão imediata de seus direitos políticos, nos termos do artigo 15, III, da Constituição Federal, a ser declarada pela Mesa, contudo, houve a remessa à Comissão de Constituição e Justiça, em trâmite anômalo e ilegal", escreveu o deputado.

A defesa da deputada no processo de cassação foi apresentada no começo deste mês. O processo é relatado pelo deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), que deve apresentar relatório pedindo a cassação ou não da deputada.

Mesmo condenada e agora presa, Zambelli segue com seu mandato parlamentar enquanto a Câmara não deliberar sobre a cassação ou até que se configure o número de faltas não justificadas previsto pela Constituição.

Cabe à Mesa Diretora iniciar o procedimento com base na condenação criminal. A praxe do presidente da Casa, entretanto, tem sido levar o tema à votação no plenário.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que aguarda manifestações oficiais do Ministério da Justiça e do governo italiano sobre a prisão da deputada.

Zambelli foi presa na Itália nesta terça-feira, 29. Ela estava foragida desde junho, quando saiu do Brasil dias após ser condenada a dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O nome da deputada constava na lista de difusão vermelha da Interpol.

Segundo apurou o Estadão com investigadores, a deputada foi localizada pelo adido da Polícia Federal (PF) em Roma, que trabalha na embaixada, em conjunto com as autoridades italianas.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que aguarda manifestações oficiais do Ministério da Justiça e do governo italiano sobre a prisão da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP).

Motta ainda destacou a Casa legislativa não tem poder para decidir sobre a prisão da parlamentar, podendo apenas avaliar a cassação dela. Nesta terça, o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ), protocolou um requerimento à Comissão de Constituição e Justiça da Casa solicitando o encaminhamento imediato do processo de perda do mandato da deputada à Mesa Diretora da Casa.

Em publicação feita no X (ex-Twitter), o presidente da Câmara disse que soube da detenção de Zambelli pela imprensa e conversou com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que passou informações preliminares.

"Importante lembrar que as providências que cabem à Câmara já estão sendo adotadas, por meio da Representação que tramita na CCJC (sigla da Comissão de Constituição e Justiça), em obediência ao regimento e à Constituição. Não cabe à Casa deliberar sobre a prisão - apenas sobre a perda de mandato", disse.

A CCJ instaurou no fim da segunda-feira o prazo para Carla Zambelli apresentar a defesa e indicar provas no processo que cassa o seu mandato parlamentar, aberto por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).

A defesa da deputada foi apresentada no começo deste mês de julho. Agora caberá ao relator, Diego Garcia (Republicanos-PR), apresentar um relatório pedindo a cassação ou não da deputada.

Depois da votação na CCJ, deputados decidem isso no plenário da Câmara. São necessários, no mínimo, 257 votos para cassar o mandato de Zambelli.

A parlamentar foi condenada a dez anos de prisão pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Zambelli está foragida na Itália, país que tem cidadania, e é alvo de uma mandado de prisão definitiva de autoria do ministro Alexandre de Moraes.

O deputado italiano de esquerda Angelo Bonelli, do Partido Europa Verde, diz ter encontrado a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) em Roma, e fornecido o endereço dela na capital italiana à polícia nacional. A parlamentar foi presa no país europeu nesta terça-feira, 29.

"Carla Zambelli está em um apartamento, em Roma. Forneci o endereço à polícia, neste momento a polícia está identificando Zambelli", escreveu o deputado em seu perfil do X (antigo Twitter).

Segundo apurou o Estadão com investigadores, a deputada foi localizada pelo adido da Polícia Federal (PF) em Roma, que trabalha na embaixada, em conjunto com as autoridades italianas.

Bonelli tem 62 anos e é ativista ambiental. Em 2022, se tornou presidente da Aliança Verde-Esquerda, coligação que faz oposição ao governo da primeira-ministra Giorgia Meloni.

O deputado vinha defendendo publicamente a extradição de Zambelli, após a deputada ser declarada foragida das autoridades brasileiras.

No início de junho, Bonelli pressionou o governo da Itália, questionando ao ministro das Relações Exteriores e da Cooperação Internacional, ao ministro do Interior e ao ministro da Justiça, sobre a permanência de Zambelli no país.

No documento, o italiano questionou "que medidas urgentes os ministros interrogados pretendem adotar, no âmbito de suas competências, para cumprir as disposições da Lei n.º 144 de 1991 sobre extradições, especificamente no caso Zambelli?".

Dias antes, o deputado oficiou o governo italiano pedindo "medidas urgentes" para extradição e revogação da dupla cidadania da deputada.

Bonelli afirmou, em entrevista à Globonews, que a deputada foi localizada por volta das 18h (horário local), no bairro Aurélio, em Roma. O deputado informou ao chefe da polícia italiana que, segundo ele, confirmou duas horas depois que Zambelli havia sido encontrada em um apartamento.

Nas publicações do italiano nas redes, afirmando ter informado o endereço de Zambelli às autoridades italianos, uma enxurrada de brasileiros foi agradecer ao deputado.

"Vamos providenciar pra esse querido um CPF, carteirinha do SUS, uma caipirinha, um chinelo havaianas e uma cadeira na praia :)", escreveu uma usuária do Instagram. "Dia 29 de julho, dia de Angelo Bonelli!", escreveu outro internauta.