Musk quer fechar agência de ajuda humanitária dos EUA

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O futuro da agência de ajuda humanitária dos EUA (Usaid) vem provocando divergências dentro do governo americano. Elon Musk, responsável pelos gastos públicos, disse que o objetivo é fechar as portas da organização que fornece 40% da ajuda humanitária do mundo. Mas o secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou que ela passará a operar sob o guarda-chuva do Departamento de Estado.

 

No domingo, 2, Musk chamou a Usaid de "organização criminosa" e acusou a agência de estar envolvida "em trabalhos sujos da CIA", na "censura da internet" e de ser usada pela "esquerda radical" para financiar partidos políticos e a mídia esquerdista em todo o mundo".

 

Nesta segunda-feira, 3, ele voltou à carga. "Conversei detalhadamente com Trump, e ele concordou que deveríamos encerrar o projeto", escreveu Musk no X. "Na verdade, conversei com ele algumas vezes e perguntei: 'Você tem certeza?'. E a resposta foi sim. Portanto, estamos fechando a Usaid."

 

No entanto, em El Salvador, onde está em viagem oficial, Rubio deu uma visão diferente do futuro da agência, afirmando que assumiu o controle da Usaid para "alinhá-la" com as prioridades de Trump. "Nosso objetivo era entrar e alinhar nossa ajuda externa ao interesse nacional", disse. "Se você for de missão em missão e de embaixada em embaixada, em todo o mundo, verá que, em muitos casos, a Usaid está envolvida em programas que vão contra o que estamos tentando fazer."

 

Direção

 

Rubio acusou os funcionários da Usaid de decidirem por conta própria que eles são uma instituição de caridade global separada do interesse nacional ou do dinheiro pago pelo contribuinte americano. "Esse tipo de nível de insubordinação impossibilita a realização de qualquer tipo de análise madura e séria", afirmou.

 

No início da noite, ainda em El Salvador, Rubio nomeou Pete Marocco, diretor de assistência externa do Departamento de Estado, para administrar as operações da Usaid, declarando que Marocco "iniciaria a revisão e a possível reorganização das atividades da agência para maximizar a eficiência e alinhar as operações com o interesse nacional".

 

A agência administra US$ 43 bilhões em alimentos, ajuda humanitária e outros tipos de projetos, incluindo programas de água potável e fornecimento de medicamentos, para cerca de 130 países. Ao todo, os gastos com a agência representam menos de 1% do orçamento federal. Desde que foi criada, há 60 anos, a Usaid recebe orientação de política externa do Departamento de Estado, mas opera independentemente.

 

No domingo, 2, os funcionários da Usaid foram informados por e-mail que não deveriam se apresentar ao trabalho ontem. Congressistas e agentes humanitários relataram no fim de semana que algumas das placas na sede da agência foram removidas. O site da Usaid foi retirado do ar.

 

Segundo colaboradores, o governo afastou dois membros do alto escalão da Usaid (John Voorhees, diretor de segurança, e Brian McGill, seu assistente), no sábado, depois que eles se recusaram a permitir que representantes de Musk tivessem acesso a áreas restritas da agência. O chefe de gabinete da organização, Matt Hopson, nomeado pelo próprio Trump, que havia começado a trabalhar dias atrás, renunciou.

 

Impacto

 

O porta-voz das Nações Unidas, Stéphane Dujarric, disse ontem que as mudanças teriam um impacto imediato sobre as operações humanitárias da ONU. Três congressistas democratas, Don Beyer, Chris Van Hollen e Jamie Raskin, todos representantes de áreas dos subúrbios de Washington, onde vive a maioria dos que trabalham na Usaid, estiveram na sede da agência e prometeram entrar na Justiça para garantir o emprego dos funcionários. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse, hoje, durante painel da Expert XP 2025 que não haverá um racha na direita brasileira na disputa eleitoral de 2026. Segundo ele, Jair Bolsonaro participará da construção dessa candidatura, seja como cabeça de chapa, seja como articulador. O ex-presidente está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"A União faz a força. A boa notícia é que temos um grupo que tem o caminho para o Brasil que passa pela reforma administrativa e pela desvinculação das receitas. O projeto nacional está acima de todas as vaidades. O Brasil merece isso, é um País que está vocacionado para dar certo e pode explorar os seus diferenciais competitivos", disse. "E se engana que haverá um racha na direita. E se engana quem acredita que Bolsonaro não estará no processo, seja como candidato ou na articulação."

Ele participou de um painel na Expert XP ao lado dos governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Paraná, Ratinho Jr. (Partido Social Democrático - PSD). Todos foram ovacionados pela plateia.

Caiado, por sua vez, disse que a direita precisa de mais nomes na disputa de 2026 e não deve centralizar a escolha em um só candidato. Segundo ele, se isso acontecer, o governo federal, junto com o Partido dos Trabalhadores (PT), terá uma capacidade destrutiva com o uso da máquina pública.

"Temos uma ansiedade em achar que vai ter uma convergência no primeiro turno. Temos de reconhecer que o único político da direita que mobilizou as bases foi o Bolsonaro. Hoje, temos o Tarcísio, eu que sou lá de Goiás, tem o Ratinho... e todos temos uma área de influência. Se sairmos em separado, vamos dar a máquina pública para o PT que terá uma capacidade destrutiva", disse. "O que não estão imaginando é que temos três candidatos e não terão como nos atingir a todos nós. Um vai chegar no segundo turno e vai ganhar as eleições."

Para Ratinho Jr., a direita brasileira conta com bons nomes para concorrer à eleição presidencial de 2026.

"O ponto positivo nesse espectro ideológico é que hoje temos bons quadros. Mas, existe um processo partidário em que cada um precisa tomar uma posição e buscar o seu candidato e isso é bom, o debate fortalece a democracia. Não tenho dúvida que aquele que representar a direita terá a competência de juntar todo esse time em favor do Brasil."

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu neste sábado, 26, dois pilares para a economia brasileira a partir de 2026: a reforma administrativa e a desvinculação de receitas.

"O Congresso topa essa agenda? Topa se tiver liderança", defendeu Tarcísio. Ele participou de painel na Expert XP ao lado dos governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Paraná, Ratinho Jr. (Partido Social Democrático - PSD).

De acordo com o governador de São Paulo, o Estado dá um "grande exemplo para o Brasil" à medida que os Poderes trabalham de forma independente e em harmonia em suas agendas. "Explicamos cada ação do governo e conseguimos avançar nas reformas que propomos", afirmou, sobre a relação com os deputados estaduais. "Os parlamentares são protagonistas das ações do governo de São Paulo", destacou.

Ao comentar as dificuldades do presidencialismo, diante do avanço do Congresso sobre a execução orçamentária, Caiado disse que o presidente precisa ter um mandato para "enfrentar e resolver os problemas" e que ele é pré-candidato pensando nisso.

"Se eu for presidente, vou exercer o presidencialismo, sou eu que vou mandar no Orçamento", afirmou. "Função do Congresso é legislar e acompanhar o orçamento, e não ser o seu gestor."

Caiado criticou ainda o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizendo que ele faz parte do "baixo clero" e que não é consultado em decisões importantes.

Já Ratinho Jr. defendeu o controle das contas públicas e disse que o Brasil está em um momento difícil. "Quem não cuida das contas públicas não cuida das pessoas", declarou.

Em referência à realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) em Belém, no fim do ano, ele alegou que os recursos gastos pelo governo com o evento climático dariam para pavimentar "100% das ruas de 500 cidades do Brasil".

O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes considerou que deputados bolsonaristas que acamparam em frente ao prédio da Corte nesta sexta-feira, 26, reivindicaram o exercício dos direitos de reunião e manifestação com o "confessado propósito de repetir os ilegais e golpistas acampamentos realizados na frente dos quartéis do Exército, para subverter a ordem democrática e inviabilizar o funcionamento das instituições republicanas" - em especial o STF.

A decisão foi proferida no bojo do inquérito das fake news. No início do despacho, Moraes cita um perfil no X que foi citado no inquérito. O perfil em questão fez uma publicação, às 19h35 de ontem, dizendo: "está pegando tração na praça dos três poderes, mais barracas chegando".

"Não há outra interpretação a ser extraída da tentativa de repetição da ilegal ocupação de vias públicas a acampamentos golpistas realizados na frente do Exército brasileiro e das condutas golpistas lamentáveis praticadas na Praça dos Três Poderes no 8/1/2023", registrou o ministro no despacho em que determinou a retirada dos parlamentares da Praça dos Três Poderes. Os deputados deixaram o local ainda no fim da noite de ontem.

A decisão atendeu um pedido do Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, que viu risco concreto à ordem pública, em especial diante do julgamento, pelo STF, da ação penal do golpe. O PGR destacou como o processo trata de "movimentos que, no passado recente, resultaram em episódios de descontrole institucional e radicalização política, como os ocorridos em 8 de janeiro de 2023".

Na visão do chefe de Gonet, a permanência dos bolsonaristas no acampamento era "potencialmente deletéria à tranquilidade social" e à regularidade do processo penal.

No despacho, Moraes afirmou que a democracia foi "gravemente atacada" com os atos golpistas de 8 de janeiro, destacando que um dos principais fatores para tanto foi a "omissão de autoridades públicas que permitiram os ilegais acampamentos golpistas em frente aos quartéis do Exército".

"Não se negocia o Estado Democrático de Direito e não é razoável a repetição do lamentável erro anterior de permitir a organização de criminosos acampamentos golpistas livremente", destacou o ministro.

"A Praça dos Três Poderes é área de segurança e não será permitido que, apoiadores de diversos réus, que estão sendo processados e serão julgados no segundo semestre desse ano pelo Supremo Tribunal Federal, organizem novos acampamentos ilegais para coagir os Ministros de nossa Suprema Corte, na tentativa de obstrução à Justiça", completou.