Brasileiros deportados dos EUA relatam agressões em voo

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Os brasileiros deportados dos EUA chegaram a Belo Horizonte na noite de sábado, 25. No desembarque, eles relataram maus-tratos dos agentes americanos, incluindo agressões físicas, exposição ao calor extremo e falta de comida. O Itamaraty disse ontem que as condições do voo violam o acordo de deportação e pretende pedir explicações pelo "tratamento degradante" dado aos brasileiros.

 

"Eu não fui agredido, mas os meninos foram agredidos dentro da aeronave", disse Luis Fernando Costa, um dos deportados. "Eles estavam algemados e os caras meteram o porrete neles sem dó." De acordo com ele, o tratamento foi desumano. Os brasileiros viajaram algemados e não eram liberados nem para ir ao banheiro. O ar-condicionado não funcionou e apenas um salgadinho foi oferecido como comida, apesar do voo de longa distância.

 

Pouso forçado

 

O voo teve de fazer um pouso forçado em Manaus, por problemas técnicos, na sexta-feira. Os deportados relataram que uma das turbinas não funcionava, o que gerou pânico entre os brasileiros, que tentaram sair da aeronave. Os guardas responderam com agressões físicas, usando correntes. "Eles agrediram com chutes. Teve um menino que levou um mata-leão até desmaiar", disse Costa.

 

Os imigrantes brasileiros relatam que a aeronave partiu dos EUA já apresentando problemas técnicos e, na primeira parada, no Panamá, teve dificuldades em ser religada. O ar-condicionado não funcionava, o que fez com que passageiros, entre eles crianças, passassem mal com falta de ar.

 

Vitor Gustavo da Silva disse que foi agredido fisicamente pelos agentes americanos e reclamou que estava muito quente dentro da aeronave. "Eles maltrataram a gente, deixaram a gente algemado a viagem toda. Estava muito calor, havia crianças e mulheres no avião. Eles bateram em pessoas algemadas. Foi muito feio."

 

Protesto

 

O Ministério das Relações Exteriores emitiu uma nota criticando o tratamento dado pelos agentes americanos. "O governo brasileiro considera inaceitável que as condições acordadas com o governo americano não sejam respeitadas", diz a nota do Itamaraty. Procurada, a Embaixada dos EUA em Brasília não respondeu aos pedidos de comentário. (COLABOROU GIORDANNA NEVES)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), defendeu nesta quarta-feira, 30, uma "solução equilibrada" para o tarifaço a produtos brasileiros promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O parlamentar saiu em defesa do Poder Judiciário, "elemento essencial para a preservação da soberania nacional, que é inegociável".

"O Parlamento acompanha de perto cada desdobramento dessa questão, em conjunto com o Executivo e o Judiciário, para assegurar a proteção da nossa economia e a defesa intransigente das instituições democráticas", diz o posicionamento assinado por Davi Alcolumbre. "O caminho da cooperação internacional deve prevalecer, com o objetivo de restabelecer a confiança mútua e manter a histórica parceria entre as duas nações."

Mais cedo na quarta, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), rechaçou a aplicação de sanções contra autoridades do País. Sem fazer referência ao tarifaço de Trump, Motta frisou que a democracia é sustentada pelo Executivo, pelo Legislativo e pelo Judiciário e que estes devem atuar com "independência e harmonia".

O governo Trump incluiu Alexandre de Moraes na lista de sancionados pela Lei Magnitsky nesta quarta-feira. É a primeira autoridade de um país democrático a ser punida com a medida, criada para restringir direitos de violadores graves de direitos humanos, como condenados por tortura, tráfico humano e assassinatos em série.

Horas depois de sancionar Moraes, o governo americano ratificou a imposição de tarifas de 50% às importações do Brasil. Quase 700 produtos foram incluídos como exceção e serão isentos da taxa. Entre as principais mercadores prejudicadas, estão o café e as carnes. Um cálculo preliminar da consultoria Leme Consultores aponta que as 694 exceções da gestão Trump atenuam os efeitos do tarifaço em 41%.

Uma comitiva de senadores desembarcou nos Estados Unidos no início da semana para tentar reverter a imposição das tarifas. Em nota, a comitiva diz que "todas as agendas da delegação foram voltadas à reconstrução do diálogo político" entre os parlamentares dos dois países. Se confirmadas, as taxas passam a valer a partir de 6 de agosto.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, participa nesta quinta-feira, 31, do programa da Ana Maria Braga, na TV Globo. A entrevista ocorre um dia após a oficialização da tarifa de 50% a produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Alckmin afirmou que o governo Lula continua com as negociações com os Estados Unidos e a intenção é aumentar o comércio com o país. "Negociações começam hoje", disse.

"Nós não criamos o problema, mas queremos resolver", afirmou o vice-presidente, destacando que um contato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente dos EUA precisa de uma preparação.

"Vamos trabalhar para preservar empregos, produções e para avançar em mercados", afirmou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a soberania brasileira "aparece em primeiro lugar em nossa Constituição, entre os demais princípios fundamentais" e que ela é que "nos trouxe liberdade e independência". Em publicação no X (antigo Twitter) na manhã desta quinta-feira, 31, Lula disse que é graças à soberania que o País pode "decidir seus rumos, proteger seus recursos, cuidar de seu território e defender seus interesses diante do mundo".

"Sem soberania, o Brasil não existiria. Foi ela que nos trouxe liberdade e independência. E é ela que aparece em primeiro lugar em nossa Constituição, entre os demais princípios fundamentais. Soberania é a autoridade que um povo tem sobre seu próprio destino", disse o presidente. Lula ainda afirmou que a "soberania é, para nós, o direito de construir uma sociedade livre, justa e solidária".

O presidente tem insistido no discurso de defesa da soberania brasileira após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmar a tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil (com uma série de exceções, entre elas o suco de laranja e aeronaves civis) e sancionar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Lula disse que seu governo vem trabalhando "com esse espírito" e apresentando "ações concretas que devolvem dignidade, fortalecem nossa economia e colocam o Brasil, novamente, no caminho da inclusão e do desenvolvimento". O presidente citou em sua publicação, por exemplo, um vídeo em que fala da queda do desemprego e do aumento da renda do trabalhador brasileiro. Também compartilhou um post sobre a saída do Brasil do Mapa da Fome da Organizações das Nações Unidas (ONU).

"Assumimos a atual gestão com muitos desafios: recolocar o Brasil no cenário internacional, reconstruir políticas públicas que haviam sido desmontadas e tirar o País do mapa da fome. Com senso de compromisso e muito trabalho sério, estamos prosperando", disse.

Segundo o presidente, a soberania de um país não significa ele estar distante das demais nações em termos de cooperação. "A soberania deve ser acompanhada pela cooperação internacional. O mundo enfrenta desafios que nenhuma nação vencerá sozinha, como a fome e a mudança do clima. Desafios comuns exigem ações compartilhadas. Por isso, atuamos para fortalecer o multilateralismo", finalizou.