Militares rejeitam posse de vice e apoiam presidente do Equador

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As Forças Armadas e a Polícia Nacional do Equador rejeitaram no fim de semana a ideia de apoiar a posse da vice-presidente, Verónica Abad. Os militares disseram que defendem a Constituição e seguirão as determinações do presidente, Daniel Noboa, que foi obrigado a se deixar o cargo para disputar a reeleição.

 

"É dever da Polícia Nacional respeitar a lei", disse a direção da instituição, em comunicado em que defende os últimos decretos do presidente. O comando das Forças Armadas repetiu o mesmo argumento, afirmando que Verónica não pode reivindicar o cargo de presidente.

 

A campanha começou oficialmente neste domingo, 5, com 16 candidatos presidenciais. A raiz de mais uma crise política, no entanto, está no rompimento entre Noboa e Verónica, uma briga ainda mal explicada e cercada de mistério, que se transformou em uma disputa pelo poder.

 

Noboa, um empresário rico de 37 anos, foi eleito em 2023 para terminar o mandato de Guillermo Lasso, conservador que dissolveu o governo e deixou o cargo em meio a acusações de corrupção. Verónica era sua vice, mas os dois nunca se entenderam. Em tentativa de afastá-la da política interna, o presidente a indicou para missões esdrúxulas: "enviada especial" a Israel e depois "conselheira" da Embaixada do Equador na Turquia.

 

Verónica chegou a desembarcar em Tel-Aviv, mas não apareceu para o trabalho em Ancara, o que serviu de pretexto para acusá-la de "ato de indisciplina" e suspendê-la de suas funções.

 

Queda de braço

 

Enquanto isso, Noboa nomeou outra vice, a secretária do Planejamento, Sariha Moya, que durou menos de três meses no cargo. No sábado, 4, ela renunciou, alegando problemas de saúde, e o presidente indicou como vice outra aliada, Cynthia Gellibert.

 

Ainda no sábado, Verónica afirmou em vídeo que, a partir de 5 de janeiro (domingo), assumiria temporariamente a presidência. "Assumirei a presidência constitucional da República do Equador por mandato expresso da lei", disse, em referência ao fato de Noboa se lançar candidato.

 

Falta grave

 

A Constituição do Equador obriga os presidentes que optem por buscar a reeleição a pedir licença do cargo para fazer campanha. No entanto, a lei não deixa claro se o procedimento é igual no caso de Noboa, que está terminando o mandato de outro presidente - no caso, de Guillermo Lasso.

 

Segundo o constitucionalista André Benavides, Noboa é obrigado a pedir licença e, caso não o faça, cometeria uma "falta grave", que pode resultar na perda de direitos políticos e terá de ser resolvida pelo Tribunal Contencioso Eleitoral. "Enquanto não houver uma ausência temporária do presidente, ou seja, o pedido de licença, Verónica não pode assumir", disse Benavides.

 

Mas há quem discorde - principalmente dentro do governo. "Não é obrigatório que o presidente tire licença. Não existe uma norma expressa que estabeleça que ele deva pedir licença", afirmou o chefe de gabinete, José de la Gasca.

 

Noboa não se pronunciou sobre o anúncio de Verónica, mas já acusou sua vice de ser "desleal e de tramar, por várias vezes, um "golpe de Estado". Ontem, ao abrir sua campanha, ele usou o mesmo tom. "O governo não se renderá a golpistas", disse.

 

Ela o classifica como misógino e autoritário. Em agosto, Verónica chegou a apresentar à Justiça Eleitoral uma queixa contra o presidente, sob a alegação de que Noboa teria cometido "violência política de gênero" contra ela.

 

Ontem, o palácio presidencial de Carondelet e o edifício da vice-presidência amanheceram cercados por forças de segurança, para impedir que Verónica tivesse acesso aos dois locais. A entrada do prédio onde ela trabalha foi coberta com folhas de papel impressas com cópias do decreto presidencial que determinou a apresentação de Verónica à embaixada equatoriana na Turquia.

 

Eleição

 

O primeiro turno da eleição presidencial está marcado para dia 9 de fevereiro. Vence quem obtiver maioria dos votos ou mais de 40% com 10 pontos de vantagem sobre o segundo colocado. Se houver necessidade de segundo turno, a votação será dia 13 de abril.

 

Noboa lidera as pesquisas, com cerca de 33% das intenções de voto, de acordo com a última sondagem, do instituto Comunicaliza, divulgada em 29 de dezembro. Em segundo lugar vem Luisa González, aliada do ex-presidente Rafael Correa, com 29%. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado, 2, mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem agora vantagem de seis pontos porcentuais sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está atualmente inelegível, no cenário eleitoral para a disputa presidencial de 2026.

Lula lidera com 39% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 33% no primeiro turno. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

Com o filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro (PL), Lula marca 39% e o deputado, 20%. Com o filho mais velho de Bolsonaro, Flávio, o petista registra 40%, enquanto o senador tem 18%.

No cenário de disputa com Michelle Bolsonaro, por sua vez, a ex-primeira-dama tem 24% de intenções de voto na primeira etapa do pleito. Já Lula tem 39%.

Em eventual disputa com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o presidente lidera com 38% a 21%. O cenário muda um pouco quando o petista é desconsiderado na corrida pela reeleição.

Contra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), Tarcísio empata - ambos marcam 23% de intenção de voto. Já com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), Tarcísio fica na igualdade técnica, com 24% do ex-governador paulista contra 22%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

A pesquisa foi realizada nos dias 29 e 30 de julho, com 2.004 eleitores em 130 municípios.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Advocacia-Geral da União (AGU) inclua no pedido de extradição da deputada Carla Zambelli (PL-SP) ao governo da Itália a ação penal em que a parlamentar é ré por perseguição armada nas eleições de 2022.

Condenada a dez anos de prisão por participação no ataque hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2022, Zambelli deve ser condenada em mais um processo. O caso estava suspenso desde março por pedido de vista do ministro Nunes Marques, mas o Supremo já formou maioria pela condenação. Na sexta-feira, 1, Nunes Marques liberou a retomada do julgamento.

A ação ainda em curso foi aberta após a deputada ser filmada sacando uma arma e apontado para um homem no meio da rua em São Paulo. Inicialmente, ela alegou que o homem a teria agredido, o que foi desmentido pelos investigadores.

Após a condenação no caso CNJ, Zambelli decidiu fugir do País. Seu nome foi incluído na lista vermelha da Interpol e autoridades brasileiras passaram a trabalhar por sua prisão. Após quase dois meses foragida, ela foi presa na Itália na última terça-feira, 29.

A deputada terá seu caso analisado pela justiça italiana. A parlamentar passou por audiência de custódia na sexta-feira, 1º, e continuará presa enquanto aguarda a decisão sobre o pedido de extradição. Durante a audiência, ela disse ser inocente, alegou ser alvo de perseguição política e afirmou que não pretende retornar ao Brasil.

A defesa de Zambelli manifestou o desejo de ter o caso do CNJ julgado novamente na Itália, país do qual ela tem cidadania, pedindo a rejeição da extradição. A previsão é de que o processo seja finalizado dentro de pelo menos um ano.

A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue com reprovação de 40% e aprovação de 29%, segundo pesquisa Datafolha divulgada há pouco. O levantamento foi feito com 2.004 eleitores de 130 cidades do País, entre os dias 29 e 30 de julho, durante a escalada das tensões na guerra comercial com o presidente americano Donald Trump.

Havia expectativa sobre os ganhos de imagem para o petista, mas houve manutenção da avaliação de "ruim/péssimo", enquanto a de "ótimo/bom" oscilou de 28% para 29% na rodada anterior da pesquisa. A avaliação do governo como "regular" teve variação de 31% para 29% e 1% dos entrevistados não deu opinião.

A pesquisa mostra que Lula segue com maior desaprovação com o eleitorado de classe média baixa (62%), mais rico (57%), evangélico (55%), sulista (51%), mais instruído (49%) e com idade entre 35 e 44 anos (48%).

De acordo com o Datafolha, a esta altura do mandato, o ex-presidente Jair Bolsonaro apresentava taxas piores. Após dois anos e oito meses de governo, Bolsonaro tinha 24% de aprovação e 51% de reprovação.

A pesquisa divulgada hoje também mostra que 50% dos eleitores desaprovam o trabalho de Lula no Executivo Federal e 46% aprovam, em estabilidade estatística em relação ao levantamento de junho, segundo o Datafolha.