Autoridades alemãs receberam denúncias em 2023 sobre suspeito do ataque em Magdeburgo

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Autoridades da Alemanha receberam denúncias no ano passado sobre o homem suspeito de conduzir um ataque com carro em um mercado de Natal na última sexta-feira, 20. O atropelamento deixou cinco pessoas mortas e mais de 200 feridas, incluindo 40 em estado crítico.

O chefe do Departamento Federal de Polícia Criminal, Holger Münch, disse em uma entrevista à emissora alemã ZDF no sábado, 21, que seu departamento recebeu uma denúncia da Arábia Saudita em novembro de 2023, o que levou as autoridades a lançar "medidas investigativas apropriadas".

"O homem também publicou um grande número de posts na internet. Ele também teve contato com várias autoridades, fez insultos e até ameaças. No entanto, não se sabe se ele cometeu atos de violência", disse Munch.

O homem, que está sob custódia durante as investigações, foi identificado como um médico saudita que chegou ao país europeu em 2006 e tinha visto de residente permanente. Ele não teve seu nome revelado oficialmente, mas alguns meios de comunicação da Alemanha o identificaram como Taleb A., um especialista em psiquiatria e psicoterapia.

O Escritório Federal de Migração e Refugiados também disse no sábado, na rede social X, que recebeu uma denúncia sobre o suspeito na metade do ano passado.

"Isso foi levado a sério, como todas as outras inúmeras dicas", disse o escritório. Mas também observou que não é uma autoridade investigativa e que encaminhou as informações às autoridades responsáveis. Não deu mais detalhes.

Autoridades dizem que ele não se encaixa no perfil comum de autores de ataques extremistas. Nas redes sociais, ele se descreve como um ex-muçulmano altamente crítico do islamismo e em muitas postagens expressou apoio ao partido de extrema direita anti-imigranção Alternativa para Alemanha (AfD). Ele disse que os avisos, no entanto, mostraram-se muito pouco específicos.

O Conselho Central de Ex-Muçulmanos disse em um comunicado que o suspeito os "aterrorizou" por anos e expressou choque com o ataque.

"Ele aparentemente compartilhava crenças do espectro de extrema direita da AfD e acreditava em uma conspiração em larga escala visando islamizar a Alemanha. Suas ideias delirantes foram tão longe que ele assumiu que até mesmo organizações críticas ao islamismo faziam parte da conspiração islâmica", disse a declaração.

O suspeito foi levado na noite de sábado perante um juiz, que a portas fechadas ordenou que ele fosse mantido sob custódia sob alegações de assassinato e tentativa de assassinato. Ele está enfrentando uma possível acusação.

O horror desencadeado pelo episódio torna provável que a migração continue sendo uma questão chave à medida que o país se encaminha para uma eleição antecipada em 23 de fevereiro. Um ataque mortal com faca por um suposto extremista islâmico da Síria em Solingen em agosto colocou a questão no topo da agenda e levou o governo do chanceler Olaf Scholz a reforçar as medidas de segurança nas fronteiras./Associated Press.

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O subsecretário de Diplomacia Pública dos Estados Unidos, Darren Beattie, fez uma ameaça aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de seu X (antigo Twitter) nesta quarta-feira, 6. Compartilhando publicação do Departamento de Estado dos EUA - órgão equivalente ao Itamaraty - que condena a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ele pediu para que outros magistrados não apoiem Alexandre de Moraes.

"Os aliados de Moraes na Suprema Corte e em outros lugares são fortemente aconselhados a não auxiliar ou encorajar o comportamento sancionado de Moraes", escreveu o funcionário de alto escalão dos EUA.

Beattie ainda definiu Moraes como "o principal arquiteto do complexo de censura e perseguição direcionado a Bolsonaro e seus apoiadores" e afirmou que "os flagrantes abusos de direitos humanos cometidos por Moraes lhe renderam uma sanção Global Magnitsky do presidente Trump".

O ministro foi alvo de sanções via Lei Magnistsky. O dispositivo americano impede Moraes de acessar o país, de movimentar bens nos Estados Unidos e de ter acesso a serviços de empresas americanas. Até o momento, a norma só tinha sido usada para punir violadores de direitos humanos, ditadores e criminosos.

O objetivo do governo dos EUA, ao aplicar as sanções, era interferir no julgamento que investiga a participação de Jair Bolsonaro na tentativa de golpe de Estado.

Anteriormente, Beattie já tinha definido a taxação de 50% sobre produtos nacionais pelos EUA como "consequências há muito esperadas à Suprema Corte de Moraes e ao governo Lula por seus ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio americano".

Além de Moraes, o governo dos EUA também aplicou sanções a outros sete ministros do STF, cassando os vistos americanos dos magistrados. O tarifaço sobre produtos nacionais também foi uma forma de pressionar o Brasil, por meio de coerção econômica, a interromper o julgamento de Bolsonaro.

As sanções dos Estados Unidos contra o Brasil são conduzidas a pedido do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se autoexilou nos EUA e de lá articula ataques contra o País e autoridades nacionais com o objetivo de pressionar a concessão de uma anistia para os condenados pela tentativa de golpe de Estado, incluindo seu pai.

A deputada bolsonarista Julia Zanatta (PL-SC) entrou no plenário da Câmara dos Deputados na noite desta quarta-feira, 6, com a filha de quatro meses no colo, em meio à expectativa de que o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), reocupe sua cadeira na Mesa. A parlamentar já havia gravado um vídeo participando da obstrução da oposição em prol do ex-presidente Jair Bolsonaro, com a bebê do colo e sentada na cadeira de Motta.

O presidente convocou uma sessão para as 20h30 e indicou que deputados que tentarem impedi-lo de abrir a sessão podem ser suspensos por seis meses. Líderes indicaram ainda que há a possibilidade de a Polícia Legislativa ser acionada para desocupar a mesa em último caso.

O clima da Câmara é de tensão ante à expectativa de Motta reassumir sua cadeira na Mesa do plenário, que está ocupada por bolsonaristas desde terça-feira, 5. Enquanto o presidente da Casa já indicou que deputados que tentarem impedi-lo de abrir sessão convocada para as 20h30 podem ser suspensos por seis meses, bolsonaristas dizem que vão resistir à desocupação.

Parte da tensão se deve à possibilidade, em último caso, de ação da Polícia Legislativa. A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) chegou a indicar que pediu às parlamentares de oposição que saíssem da Mesa da Câmara, permanecendo em plenário para a obstrução, justamente ante essa possibilidade.

Por ora, somente deputados podem entrar no plenário. Enquanto isso, assessores e jornalistas aguardam a liberação de entrada no Salão Verde. Há uma indicação de que a entrada só será permitida quando a sessão for iniciada. Se a hipótese se cumprir, a desmobilização ocorreria a portas fechadas.

O líder do PSB no Senado, Cid Gomes (CE), afirmou nesta quarta-feira, 6, que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), pedirá por meio da Advocacia da Casa para que o Supremo Tribunal Federal reconsidere as medidas cautelares contra o senador Marcos do Val (Podemos-ES).

O ministro do STF Alexandre de Moraes impôs a Do Val uma série de determinações na segunda-feira, 4, após o senador driblar uma ordem anterior da Justiça e viajar aos Estados Unidos sem autorização. Além do uso de tornozeleira eletrônica, as medidas incluem recolhimento domiciliar noturno, cancelamento do passaporte diplomático, bloqueio das contas bancárias, cartões e chaves Pix e também do pagamento de salários e verbas de gabinete de Do Val.

Em nota, a defesa de Marcos do Val negou descumprimento de ordem judicial e afirmou que a decisão de Moraes "ultrapassa a razoabilidade". As medidas cautelares irritaram os colegas no Senado, que viram nela uma afronta à Casa.

"(Alcolumbre) optou que vai pedir a revisão. Não se trata de entrar no mérito do Marcos do Val. Pessoalmente, eu acho que se tiverem dois senadores que compreendam que o Marcos do Val tem um exercício normal de mandato, é muito", afirmou Cid a jornalistas após uma reunião entre Alcolumbre e líderes do Senado.

Líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), disse que a medida servirá para que Do Val volte a ter acesso ao seu salário como parlamentar e à cota para exercer mandato.

Os líderes combinaram, em contrapartida ao recuo de Moraes, que a Procuradoria do Senado apresentará um pedido para que Do Val fique seis meses afastado de seu mandato.

"O procurador do Senado pedirá à Mesa que o senador Marcos do Val seja afastado por seis meses do exercício do mandato. A Mesa vai votar", declarou Cid.