Rebeldes capturam 4 cidades na Síria e novas frentes de guerra são abertas

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Rebeldes sírios entraram em conflito com militares e capturaram quatro novas cidades no centro da Síria nesta terça-feira, 3. Liderados pela milícia Hayat Tahrir al-Sham (HTS), os combatentes se aproximam de Hama, a quarta maior cidade do país, enquanto outras frentes de guerra são abertas no leste.

A HTS, uma milícia islâmica salafista, anunciou a morte de cerca 50 soldados nos combates e a captura das cidades de Halfaya, Taybat al-Imam, Maardis e Soran. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, um monitor de guerra baseado no Reino Unido, confirmou que a tomada dos locais.

Com a conquista, os rebeldes do HTS estão a cerca de 10 quilômetros de Hama, no centro do país. "Estamos indo na direção de Hama, a cidade, e depois disso, se Deus quiser, para Homs, e depois para Damasco (capital) e o resto da Síria será libertado novamente com a vontade de Deus", disse Abu Abdo al Hamawi, membro do HTS.

Segundo a agência de notícias estatal Sana, as tropas do presidente Bashar al-Assad estão reforçando os postos na província de Hama, onde fica a cidade de mesmo nome, para evitar o avanço dos grupos. Intensos ataques aéreos sírios e russos, que apoia o governo de Assad, foram relatados na área.

Os combates no país se intensificaram desde o ataque surpresa dos rebeldes na semana passada, que findou com a captura de Aleppo. A queda da segunda maior cidade síria foi a maior ofensiva em anos na guerra civil do país, que iniciou em 2011 em protesto contra o governo de Bashar al-Assad e estava em baixa intensidade desde 2020. Mais de 500 mil pessoas morreram vítimas da guerra nos últimos 13 anos.

O avanço da milícia HTS sobre Aleppo também insurgiu outros grupos rebeldes no país e abriu novas frentes de combate. No leste da Síria, outra milícia, denominada Forças Democráticas Síria, liderada por curdos, disse ter capturado sete aldeias que estavam sob o controle de milícias aliadas de Assad. A alegação é negada pela mídia estatal síria, que diz que o controle continua com os aliados.

Segundo duas fontes ouvidas pela agência de notícia Reuters, os combates nessa região contaram com apoio dos Estados Unidos, que opera contra o Estado Islâmico na Síria e conta com um número pequeno de tropas no país.

Repercussão regional

Com os novos conflitos, os líderes do Oriente Médio se mobilizam para tentar evitar uma na região, assolada pelas guerras de Israel na Faixa de Gaza e no Líbano. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse ao primeiro-ministro do Iraque, Mohammed Shia al-Sudani, que manter a paz na Síria e garantir a segurança dos civis eram as prioridades do país.

A Turquia apoia parte dos grupos rebeldes, mas mantém oposição às Forças Democráticas Sírias por causa da maioria curda. A organização é considerada terrorista e uma ameaça à segurança turca. De acordo com Erdogan, o país está atento e quer impedir que a organização explore a situação.

Hakan Fidan, ministro das Relações Exteriores da Turquia, disse que o avanço rápido dos rebeldes na Síria mostra que o presidente sírio deve se reconciliar com seu próprio povo e manter conversas com a oposição.

Assad e autoridades do governo dizem que todos os grupos armados em partes da Síria controladas pela oposição são terroristas e rejeitaram qualquer solução política com eles. (COM INFORMAÇÕES DA AP)

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O subsecretário de Diplomacia Pública dos Estados Unidos, Darren Beattie, fez uma ameaça aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de seu X (antigo Twitter) nesta quarta-feira, 6. Compartilhando publicação do Departamento de Estado dos EUA - órgão equivalente ao Itamaraty - que condena a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ele pediu para que outros magistrados não apoiem Alexandre de Moraes.

"Os aliados de Moraes na Suprema Corte e em outros lugares são fortemente aconselhados a não auxiliar ou encorajar o comportamento sancionado de Moraes", escreveu o funcionário de alto escalão dos EUA.

Beattie ainda definiu Moraes como "o principal arquiteto do complexo de censura e perseguição direcionado a Bolsonaro e seus apoiadores" e afirmou que "os flagrantes abusos de direitos humanos cometidos por Moraes lhe renderam uma sanção Global Magnitsky do presidente Trump".

O ministro foi alvo de sanções via Lei Magnistsky. O dispositivo americano impede Moraes de acessar o país, de movimentar bens nos Estados Unidos e de ter acesso a serviços de empresas americanas. Até o momento, a norma só tinha sido usada para punir violadores de direitos humanos, ditadores e criminosos.

O objetivo do governo dos EUA, ao aplicar as sanções, era interferir no julgamento que investiga a participação de Jair Bolsonaro na tentativa de golpe de Estado.

Anteriormente, Beattie já tinha definido a taxação de 50% sobre produtos nacionais pelos EUA como "consequências há muito esperadas à Suprema Corte de Moraes e ao governo Lula por seus ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio americano".

Além de Moraes, o governo dos EUA também aplicou sanções a outros sete ministros do STF, cassando os vistos americanos dos magistrados. O tarifaço sobre produtos nacionais também foi uma forma de pressionar o Brasil, por meio de coerção econômica, a interromper o julgamento de Bolsonaro.

As sanções dos Estados Unidos contra o Brasil são conduzidas a pedido do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se autoexilou nos EUA e de lá articula ataques contra o País e autoridades nacionais com o objetivo de pressionar a concessão de uma anistia para os condenados pela tentativa de golpe de Estado, incluindo seu pai.

A deputada bolsonarista Julia Zanatta (PL-SC) entrou no plenário da Câmara dos Deputados na noite desta quarta-feira, 6, com a filha de quatro meses no colo, em meio à expectativa de que o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), reocupe sua cadeira na Mesa. A parlamentar já havia gravado um vídeo participando da obstrução da oposição em prol do ex-presidente Jair Bolsonaro, com a bebê do colo e sentada na cadeira de Motta.

O presidente convocou uma sessão para as 20h30 e indicou que deputados que tentarem impedi-lo de abrir a sessão podem ser suspensos por seis meses. Líderes indicaram ainda que há a possibilidade de a Polícia Legislativa ser acionada para desocupar a mesa em último caso.

O clima da Câmara é de tensão ante à expectativa de Motta reassumir sua cadeira na Mesa do plenário, que está ocupada por bolsonaristas desde terça-feira, 5. Enquanto o presidente da Casa já indicou que deputados que tentarem impedi-lo de abrir sessão convocada para as 20h30 podem ser suspensos por seis meses, bolsonaristas dizem que vão resistir à desocupação.

Parte da tensão se deve à possibilidade, em último caso, de ação da Polícia Legislativa. A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) chegou a indicar que pediu às parlamentares de oposição que saíssem da Mesa da Câmara, permanecendo em plenário para a obstrução, justamente ante essa possibilidade.

Por ora, somente deputados podem entrar no plenário. Enquanto isso, assessores e jornalistas aguardam a liberação de entrada no Salão Verde. Há uma indicação de que a entrada só será permitida quando a sessão for iniciada. Se a hipótese se cumprir, a desmobilização ocorreria a portas fechadas.

O líder do PSB no Senado, Cid Gomes (CE), afirmou nesta quarta-feira, 6, que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), pedirá por meio da Advocacia da Casa para que o Supremo Tribunal Federal reconsidere as medidas cautelares contra o senador Marcos do Val (Podemos-ES).

O ministro do STF Alexandre de Moraes impôs a Do Val uma série de determinações na segunda-feira, 4, após o senador driblar uma ordem anterior da Justiça e viajar aos Estados Unidos sem autorização. Além do uso de tornozeleira eletrônica, as medidas incluem recolhimento domiciliar noturno, cancelamento do passaporte diplomático, bloqueio das contas bancárias, cartões e chaves Pix e também do pagamento de salários e verbas de gabinete de Do Val.

Em nota, a defesa de Marcos do Val negou descumprimento de ordem judicial e afirmou que a decisão de Moraes "ultrapassa a razoabilidade". As medidas cautelares irritaram os colegas no Senado, que viram nela uma afronta à Casa.

"(Alcolumbre) optou que vai pedir a revisão. Não se trata de entrar no mérito do Marcos do Val. Pessoalmente, eu acho que se tiverem dois senadores que compreendam que o Marcos do Val tem um exercício normal de mandato, é muito", afirmou Cid a jornalistas após uma reunião entre Alcolumbre e líderes do Senado.

Líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), disse que a medida servirá para que Do Val volte a ter acesso ao seu salário como parlamentar e à cota para exercer mandato.

Os líderes combinaram, em contrapartida ao recuo de Moraes, que a Procuradoria do Senado apresentará um pedido para que Do Val fique seis meses afastado de seu mandato.

"O procurador do Senado pedirá à Mesa que o senador Marcos do Val seja afastado por seis meses do exercício do mandato. A Mesa vai votar", declarou Cid.