Saiba quais são as brechas na lei sobre redes sociais e o que dificulta a regulação

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Os recentes embates entre o bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes reacenderam a discussão sobre a internet ser ou não uma "terra sem lei" no Brasil. De um lado, o empresário criticou a restrição de perfis no X e chegou a dizer que não cumpriria decisões judiciais. Em reação, Moraes incluiu Musk no inquérito das milícias digitais, afirmando que "as redes sociais não são terra de ninguém". Especialistas ouvidos pelo Estadão apontam fragilidades no ordenamento jurídico brasileiro que abrem brechas para esse tipo de impasse entre big techs e o Poder Judiciário.

Jonas Valente, integrante da organização Direito à Comunicação e Democracia e da Coalizão Direitos na Rede, elenca pelo menos seis brechas nas regulamentações existentes. São elas:

- Falta de obrigações às redes sociais tanto de combate a riscos sistêmicos quanto medidas emergenciais em situações de graves riscos;

- Falta de obrigações de transparência para que autoridades possam acompanhar o que elas fazem ou não fazem e tomar providências;

- Falta de garantias de liberdade de expressão e devido processo aos usuários;

- Falta de um modelo de instituições regulatórias participativo;

- Responsabilização das redes sociais em casos objetivos (como quando elas recebem dinheiro por conteúdos que geram danos a terceiros, por exemplo);

- Sanções claras para guiar o Judiciário em suas decisões.

Jonas afirma que já há leis que regulam o ambiente digital, como o Marco Civil da Internet, a Lei Geral de Proteção de Dados, entre outras disposições, mas é importante pontuar que há um vácuo sobre tipos de obrigações ainda não previstos em lei, e isso tem aberto espaço para a atuação do Judiciário.

Em questões que versam sobre quais conteúdos devem ser retirados do ar, por exemplo, a maioria das plataformas segue seus próprios parâmetros e políticas. Segundo Caio Vieira Machado, pesquisador em Harvard e diretor-executivo do Instituto Vero, não há uma lei que regulamente de forma clara as bases legais para moderação de conteúdo e suspensão de contas, somente jurisprudência para casos em que crimes já foram cometidos.

"Quando a gente fala de um crime é bem fácil, porque a Justiça pode emitir uma ordem para que aquela prática seja prevenida ou para a proteção de direitos. Já a moderação de conteúdo passa por o que é flagrantemente ilegal e por coisas mais cinzentas, em que a gente não tem uma certeza clara naquele momento", afirma.

Legislação atual

A legislação atual sobre a regulação do uso da internet no País, em vigor desde 2014, prevê que as plataformas digitais não podem ser responsabilizadas por conteúdos de terceiros. O artigo 19 do Marco Civil da Internet entende que elas servem para conectar diferentes pessoas, que têm a possibilidade de compartilhar conteúdo de forma livre.

A única exceção, comenta João Victor Archegas, coordenador do grupo de pesquisa em constitucionalismo digital e moderação de conteúdo ModeraLab e pesquisador sênior do ITS Rio, é quando existe alguma decisão judicial que entende que aquele conteúdo é ilegal, ou seja, que causa um dano a outra pessoa, e aí se determina judicialmente pela exclusão do conteúdo. "A partir daquele momento, se a plataforma não o remover, ela passa a ser responsável por eventuais danos causados pelo conteúdo", afirma.

Para ele, a discussão sobre o Projeto de Lei 2630/2020, popularmente conhecido como PL das Fake News, atualiza o ordenamento jurídico em questões que ainda não eram relevantes em 2014, quando o Marco Regulatório foi promulgado - como práticas de deep fake, por exemplo - e estabelece três eixos: responsabilização, transparência e fiscalização.

O projeto tramita pelo Congresso desde 2020. Iniciativa do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), a proposta foi aprovada em menos de dois meses no Senado, mas desde 2021 segue na Câmara, atualmente sem previsão de votação. Mesmo após o embate entre Musk e Moraes neste final de semana, líderes partidários da Câmara, tanto do Centrão, quanto da esquerda, veem poucas chances de o projeto de lei das fake news ser votado no curto prazo.

Para Archegas, no entanto, mesmo se o PL das Fake News já estivesse valendo como lei, não impediria que o embate protagonizado por Musk e Moraes ocorresse. "Isso não muda a natureza do problema que é uma relação entre Estado e plataformas digitais. Essas big techs estão se desprendendo da órbita gravitacional do Estado. Os instrumentos regulatórios clássicos que o Estado tem à sua disposição, como responsabilização, imposição de deveres, fiscalização, entre outros, já não dão mais conta do problema porque essas plataformas atuam no plano transnacional e muitas vezes entram em conflito com o Estado, inclusive desafiando essas decisões."

Dificuldade de regulamentar

Para o especialista em Direito Digital e coordenador do curso de Direito da ESPM, Marcelo Crespo, a principal dificuldade de melhor regulamentar o ambiente digital no Brasil, atualmente, é o lobby dessas grandes plataformas.

"Também não acho que a alteração deva ser de qualquer jeito, e simplesmente responsabilizar as empresas a qualquer custo. Mas, sem dúvida nenhuma, eu acredito que esse modelo estabelecido pelo Marco Civil em 2014 está datado e precisa ser atualizado".

Outro ponto é o frequente argumento de que a regulamentação se choca com a liberdade de expressão, o que dá ares polêmicos para a discussão e é refutado pelos especialistas. "A liberdade de expressão no Brasil não é um conceito individual, mas sim jurídico. Eu não posso ser racista, eu não posso ser preconceituoso, caluniar, difamar, apresentar acusações sem ter provas, tanto no ambiente virtual como fora dele", comenta o professor.

No embate entre Musk e Moraes, Caio Machado afirma que, de um lado, o ministro tem tentado conter ameaças à democracia, mas com ausência de uma base legal clara para isso, enquanto do outro, o bilionário contesta essas medidas e capitaliza a agenda política.

"A pergunta que tem que estar presente nesse debate é se Musk deveria ter o direito de tratar a plataforma como o quintal da casa dele, porque a plataforma é uma empresa privada, mas com serviço de interesse público, de comunicação. O que ele tem feito, diferente das outras redes sociais, é tratar isso como um espaço estritamente dele, desbloqueando contas quando interessa, bloqueando quando interessa", questiona o professor.

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Lexa relembrou as dificuldades de sua gravidez que levaram à morte da filha Sofia, do relacionamento com o ator Ricardo Vianna. Durante participação no Conversa com Bial, a cantora detalhou o quadro de pré-eclâmpsia precoce - a forma mais grave da doença - que levou à falência progressiva de seus órgãos.

"O processo final da UTI, quando fui ter o parto da minha filha, os meus órgãos começaram a entrar em falência. Porque eu estava chegando no meu limite para tentar tê-la na minha barriga", relatou.

Segundo ela, os médicos insistiram em priorizar sua vida: "Temos que salvar a árvore. Óbvio que vamos tentar salvar o fruto, mas a gente precisa salvar a árvore". Mesmo em meio ao risco, a maior preocupação de Lexa era Sofia. "Ficava em pânico porque eu queria que salvassem a minha filha, mas não tinha muito o que fazer."

O diagnóstico da pré-eclâmpsia precoce foi descoberto inesperadamente, durante um exame de rotina. Ao notar alterações no biomarcador, a médica recomendou internação imediata. "Eu disse: 'Só estou sentindo a minha mão dormente'. Entendi que, de uma hora para outra, acabou, o neném entra em sofrimento. Eu e o bebê estávamos em risco de vida altíssimo", relembrou.

Lexa foi internada com 23 semanas e sabia que não sairia do hospital sem passar pelo parto. A bebê nasceu prematura, com 25 semanas, e morreu três dias depois.

Ao falar sobre o luto, a cantora destacou o papel do companheiro no processo e como muitas mulheres lidam com essa dor sozinhas. "Não tem como superar um filho, é insuperável. Você aprende a conviver com essa dor. E é muito importante ter um parceiro do nosso lado. O Ricardo foi um grande parceiro, mas têm mulheres que não tem um grande parceiro do seu lado e tem que lidar com isso sozinhas."

Ela também contou que, ao saber da morte da filha, quis apagar todas as fotos de Sofia das redes sociais. A decisão veio depois pegá-la no colo pela primeira vez, após a bebê ter tido duas paradas cardíacas. "Ali eu já sabia: 'Pega a Sofia agora porque ela não vai resistir mais'. Peguei minha filha pela primeira vez, peguei para sentir o pesinho dela, e olhei para cada detalhe dela. Virei as costas, deixei minha filha para trás, e disse: 'Eu não quero ver mais nada!' Nesse momento que você perde, você não quer ver ninguém", relatou.

Mas foi a mãe da cantora, Darling, quem insistiu em guardar algumas lembranças de Sofia. Mais tarde, Lexa reconheceu a importância de preservar as memórias: "Dou graças a Deus por minha mãe ter guardado a touquinha. Isso hoje me aquece o coração."

Para lidar com o luto, ela escreveu a canção Você e Eu, que considera um abraço na filha. A música também a ajudou a encontrar forças para retomar a carreira aos poucos. "Que seja o início de um novo recomeço, agora com uma mulher mais forte, mais certa da vida", concluiu.

Lady Gaga deixou um último recado sobre sua estadia no Brasil, no Livro de Ouro do Copacabana Palace, hotel em que ficou hospedada para o show do último sábado, 3, realizado no Rio de Janeiro.

"Copacabana, obrigada por esse momento que nunca esqueceremos. Apreciamos sua gentileza e sentiremos sua falta e a de todas as pessoas do Brasil. Com amor, Lady Gaga", diz a mensagem.

O noivo da cantora, Michael Polansky, também assinou o livro, segundo a postagem das redes sociais do hotel.

Essa não foi a primeira dedicatória da "Mother Monster" para os fãs: Lady Gaga postou uma série de fotos em seu Instagram sobre a apresentação histórica para o público de 2,1 milhões de pessoas.

O Livro de Ouro é considerado um documento histórico, e existe desde 1923. Com assinaturas de Bob Marley, Orson Welles, Walt Disney e Santos Dumont, ele celebra a importância do Copacabana Palace para a cidade do Rio de Janeiro.

Madonna, que integrou o Todo Mundo no Rio em 2024, também deixou um recado no Livro de Ouro. Ela agradeceu pela hospedagem e também comentou sobre a vista para o mar.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

Pela segunda vez em dois anos, a inteligência artificial levou Katy Perry ao MET Gala. Durante a edição de 2025 do evento, que aconteceu em Nova York na última segunda-feira, 5, fotos da cantora com um look preto começaram a circular nas redes, apesar de ela não estar nem no mesmo estado da noite de gala.

Em seu Instagram, Perry confirmou que não foi ao MET Gala e que as fotos foram produzidas por IA. "Estou na turnê de Lifetimes (vejo vocês em Houston amanhã na vida real!)", escreveu ela na legenda. "P.S.: este ano eu estava com a minha mãe, então ela está a salvo dos robôs, mas estou rezando por vocês", concluiu a cantora, fazendo referência à vez em que fotos produzidas por computador enganaram sua mãe, Mary Perry, durante a edição de 2024 do MET Gala.

Além de suas "fotos" no tapete vermelho, Perry também compartilhou alguns comentários de fãs que acreditaram nas imagens. "Quem cria os visuais de IA da Katy Perry arrasa toda vez", escreveu um usuário do X, antigo Twitter. "Se eu tivesse um centavo para cada vez que um look da Katy Perry no MET Gala criado por IA viralizasse, eu teria dois centavos, o que não é muito, mas é estranho que tenha acontecido duas vezes", postou outro.

"Estou tão brava que caí nessa", disse uma usuária do TikTok. "IA é perigosa demais, cara. Essa é a segunda vez que eu caí nessa."

Mesmo sem Perry, o MET Gala 2025 contou com a presença de várias estrelas. Zendaya, Demi Moore, Sabrina Carpenter, Serena Williams, Cynthia Erivo, Lewis Hamilton e mais famosos compareceram ao evento, trajando looks elegantes e posando para fotos no tapete vermelho.