Como o papa Francisco impediu que cardeal condenado por desvio participasse do conclave

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O cardeal italiano Giovanni Angelo Becciu, condenado por desvio de verbas e despojado de seus privilégios pelo papa Francisco, comunicou nesta terça-feira, 29, sua decisão de "obedecer" à decisão da Igreja Católica de vetá-lo do conclave que elegerá o próximo pontífice.

A mudança de postura ocorre após o cardeal Pietro Parolin apresentar a Becciu dois documentos assinados pelo pontífice argentino que confirmavam o veto. Uma primeira carta datava de 2023 e a outra do mês passado, segundo informou o jornal Domani.

"Tendo no coração o bem da Igreja, à qual servi e continuarei servindo com fidelidade e amor, bem como para contribuir para a comunhão e serenidade do conclave, decidi obedecer, como sempre fiz", disse o cardeal em um comunicado enviado à AFP por seu advogado. Ele nega as acusações.

Becciu, de 76 anos, foi uma das figuras mais poderosas do Vaticano, assessor de Francisco e chegou a ser considerado papável antes de vir a público um escândalo de corrupção que envolvia a compra de uma propriedade em Londres com dinheiro da Igreja Católica.

Polêmica ao querer participar do conclave

Becciu retornou ao noticiário após a morte do papa Francisco. No dia 22 de abril, ele declarou que o papa não "o expulsou" do conclave.

Após sua queda em 2020, ele havia dito que não participaria de nenhum futuro conclave. Mas, nos últimos dias, afirmou que tinha o direito de entrar na Capela Sistina com os outros cardeais. E passou a argumentar que era seu dever participar do conclave que começa em 7 de maio. Apesar de não estar na lista oficial de eleitores, ele ainda tem o título de cardeal e participa das reuniões preparatórias do conclave.

A queda de Becciu veio no meio de uma série de reformas promovidas por Francisco destinadas a limpar as notoriamente obscuras finanças do Vaticano. Foi condenado a cinco anos e meio de prisão por fraude em operações financeiras da Santa Sé. É o mais alto cargo da Igreja Católica que compareceu perante o Tribunal Penal Vaticano, a justiça civil desta cidade-estado.

O caso se concentrou na compra de um edifício de luxo em Londres que manchou a imagem da Igreja Católica e destacou o uso imprudente do Óbolo de São Pedro, a grande coleta anual de doações destinadas às ações de caridade do papa. Isso também gerou perdas substanciais nas finanças do Vaticano.

Becciu era, então, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. O papa o fez renunciar e retirou seus privilégios de cardeal em 2020. Antes, foi o número dois da Secretaria de Estado, entre 2011 e 2018, cinco anos sob Parolin, considerado por muitos como o principal candidato ao papado.

Ele ganhou destaque e poder sob o conservador papa Bento XVI e está muito ligado à velha guarda conservadora do Vaticano. Embora inicialmente tenha se tornado um conselheiro próximo do papa Francisco, a subsequente queda de Becciu nas mãos do próprio Francisco pode sugerir que ele votaria por alguém disposto a desfazer algumas das atuais reformas.

Aos 76 anos, Becciu está abaixo do limite de idade de 80 e tecnicamente elegível para votar, mas as estatísticas oficiais do Vaticano o listam como "não eleitor".

O documento do Vaticano que regula um conclave, conhecido pelo seu nome em latim Universi Dominici Gregis, estabelece os critérios para os eleitores, deixando claro que cardeais com menos de 80 anos têm o direito de eleger o papa, exceto aqueles que foram "depostos canonicamente ou que com o consentimento do Pontífice Romano renunciaram ao cardinalato". Acrescenta que, após a morte de um papa, "o Colégio dos Cardeais não pode readmiti-los ou reabilitá-los".

Nunca houve clareza sobre o que exatamente Becciu renunciou ou como: a declaração de uma linha emitida pela sala de imprensa do Vaticano em 24 de setembro de 2020, disse apenas que Francisco havia aceitado a renúncia de Becciu como prefeito da Congregação para as Causas dos Santos "e seus direitos relacionados ao cardinalato". Não há indicação de que ele tenha sido sancionado canonicamente.

Após forçar a renúncia de Becciu, Francisco visitou Becciu em algumas ocasiões e permitiu que ele participasse da vida do Vaticano. Mas Francisco também mudou a lei do Vaticano para permitir que o tribunal criminal do estado da cidade o processasse.

Enquanto isso, continuaram as perguntas sobre a integridade do julgamento que condenou Becciu e outros oito. Durante os procedimentos, o tribunal ouviu que Francisco interveio várias vezes em nome dos promotores e que a principal testemunha da acusação contra Becciu foi treinada e manipulada por terceiros. (Com agências internacionais).

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

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O cantor Roberto Carlos foi o convidado pela TV Globo para abrir o Show 60 anos, que comemorou o aniversário da emissora na noite de segunda-feira, 28, em uma arena de shows na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Roberto cantou Emoções e Eu Quero Apenas, ao vivo, com sua inconfundível afinação.

O que pouca gente percebeu é que, após a transmissão do evento, a Globo passou uma chamada no estilo 'o que vem por aí' e, entre as atrações anunciadas, estava 'Roberto Carlos em Gramado'.

O Estadão questionou a assessoria do cantor se o anúncio indica a renovação de contrato de Roberto com a Globo - o vínculo venceu em 31 de março deste ano. De acordo com a assessoria de Roberto, a renovação está em "95% acertada, faltando apenas alguns detalhes" para o martelo final. A reportagem também perguntou à TV Globo sobre o assunto, mas não obteve resposta.

Sobre o especial de fim de ano ser gravado em Gramado, cidade da serra gaúcha, a equipe do cantor afirma que as conversas são muito preliminares ainda. "Foi apenas uma ideia que alguém deu", diz a assessoria. A decisão se dará mais para frente, no segundo semestre, quando o cantor e a emissora vão discutir o formato e o local de gravação do especial.

No Show 60 anos, Roberto se sentiu à vontade. Além de ser muito aplaudido, foi paparicado pelos artistas nos bastidores. Recebeu e tirou fotos com vários deles, como Cauã Reymond, Fafá de Belém e Fábio Jr. O cantor deixou o local por volta de duas horas da manhã, quase uma hora após o final do show.

Roberto Carlos fez seu primeiro especial na TV Globo em 1974 e, nesses mais de 50 anos, só deixou de apresentá-lo por duas ocasiões, quando sua mulher, Maria Rita, morreu, e durante a pandemia. Aos 84 anos, Roberto segue em plena atividade. Em maio, fará uma longa turnê pelo México. Na volta, se apresenta em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, entre outras cidades.

Cauã Reymond publicou nas redes sociais uma foto ao lado de Fábio Porchat e Tatá Werneck durante o show comemorativo dos 60 anos da TV Globo.

"Que noite incrível e especial pra @tvglobo, pra mim e pro Brasil! Um show de emoção, humor, esporte, afeto. Feliz demais pelos 60 anos dessa emissora que está no imaginário e na história de todo mundo", escreveu o ator na legenda. Confira aqui.

O registro foi publicado horas depois de uma esquete protagonizada por Tatá, Porchat e Paulo Vieira no palco do evento.

Durante a apresentação, os humoristas fizeram piadas sobre as polêmicas dos bastidores do remake de Vale Tudo.

No número cômico, Tatá menciona rapidamente os "bastidores de Vale Tudo", e Paulo emenda: "Não fala tocando, não fala tocando. Abaixa o braço, tá com um cecê de seis braços". Fábio rebate: "Pelo amor de Deus, é a minha masculinidade". Tatá completa: "Que masculinidade, Fábio?".

Nas redes sociais, internautas rapidamente interpretaram a brincadeira como uma referência aos rumores de tensão entre Cauã Reymond e Bella Campos durante as gravações da novela.

Segundo relatos, Bella teria reclamado do comportamento do ator nos bastidores. A Globo não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas o tema ganhou destaque nos comentários online após a exibição do especial.

Bruno Gagliasso comentou publicamente pela primeira vez sobre a invasão de sua casa, registrada no início de abril.

Em conversa com a imprensa durante o evento de 60 anos da TV Globo, o ator afirmou, segundo a colunista Fábia Oliveira: "Rapaz, invadiram, mas deu tudo certo".

O caso ganhou repercussão nas redes sociais após o relato de Giovanna Ewbank. A apresentadora, que estava em casa com os filhos, contou que uma desconhecida entrou na residência da família, sentou-se no sofá da sala e chegou a pedir um abraço.

Segundo Giovanna, a mulher conseguiu acessar o imóvel depois que uma funcionária a confundiu com uma conhecida da família.

Próximos projetos

Além de comentar o ocorrido, Bruno Gagliasso falou sobre seus 20 anos de carreira e destacou o personagem Edu, da série Dupla Identidade, como um dos papéis mais marcantes de sua trajetória.

"Fiz personagens que guardo pro resto da minha vida, que me fizeram crescer como ser humano. Ficar 20 anos fazendo personagens que dialogam com a sociedade só me enriquece como ser humano e como ator", afirmou.

Sobre os próximos passos na carreira, o ator brincou: "Quem sabe fazer o remake de A Viagem, aproveitar que estou com esse cabelo e fazer o Alexandre (Guilherme Fontes)".