Frágil progresso no combate às mortes maternas é ameaçado com cortes dos EUA na saúde, diz OMS

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O mundo registrou uma leve redução na mortalidade materna nos últimos anos, mas o progresso está em risco diante do corte de recursos dos Estados Unidos, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira, 7, Dia Mundial da Saúde. Ao menos 5,8 mil projetos na área da saúde apoiados pelo País tiveram seu financiamento encerrado desde o início da gestão de Donald Trump.

O relatório da OMS mostra que, entre 2016 e 2023, a taxa média anual de redução de mortalidade materna global foi de 1,6% ao ano. O ritmo é considerado lento. Para alcançar a meta de 70 mortes por 100 mil nascidos vivos até 2030, seria necessária uma queda de quase 15% por ano.

O relatório reúne dados de 2000 a 2023, organizados em dois recortes: de 2000 a 2015, correspondente à vigência dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), e de 2016 a 2023, que marca o início do período dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Um dos principais compromissos dos ODS é justamente reduzir a Razão de Mortalidade Materna (RMM).

Ao longo de todo o período, a RMM global diminuiu 40%. Os números passaram de 328 para 197 mortes por 100 mil nascidos vivos. Rossana Francisco, presidente da Comissão de Mortalidade Materna da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), no entanto, ressalta que o número não é motivo de comemoração.

"Quando olhamos de 2000 a 2023, há uma redução de 40%, mas quando se faz um recorte de 2016 a 2023, a redução é muito pequena. Não há o que comemorar. No recorte dos 24 anos, a taxa média anual de redução foi de 2,2%, mas de 2016 a 2023 foi de 1,6%. Estamos vivendo um momento de estagnação nos índices de morte materna", destaca.

Para Rossana, a estagnação pode estar ligada tanto a questões políticas quanto sociais e econômicas. "Os governos não têm colocado a questão da redução da morte materna como uma prioridade, apesar de terem assumido a meta da OMS de chegar a 2030 com 70 mortes por 100 mil nascidos vivos", critica ela, que também é professora titular de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora de Obstetrícia do Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr).

Desafio do Brasil

O Brasil é um dos países em que a estagnação é perceptível. O País passou de 69 mortes por 100 mil nascidos vivos, em 2000, para 67, em 2023. "As principais causas de morte materna no Brasil são hipertensão, hemorragia e infecção. Existe pouco investimento em gestação de alto risco", ressalta Rossana. "Precisamos de pessoas qualificadas e de ambulatórios. Hoje, a gestante compete com toda a rede de urgência e emergência por um leito".

"O desafio do Brasil é transformar projetos em políticas públicas. Ainda falta uma política consistente", adiciona.

Um ponto de destaque são as desigualdades regionais. Segundo dados da OOBr, em 2022, a região Norte tinha os índices mais alarmantes do País, com Roraima registrando uma RMM de 160,4 a cada 100 mil nascidos vivos. Santa Catarina apresentava o melhor resultado, com uma razão de 31,4.

As desigualdades também são percebidas em nível global. A África Subsaariana concentra cerca de 70% das mortes maternas globais e apresenta uma RMM de 454, sendo a única região classificada com "alta" RMM. Em contraste, a Austrália e a Nova Zelândia apresentam os menores índices, com uma RMM estimada de 3.

Cortes no financiamento

O relatório foi publicado em meio a cortes no financiamento humanitário. As medidas, segundo a OMS, já impactam o atendimento de saúde em várias regiões, forçando países a reduzir serviços essenciais para a saúde materna, neonatal e infantil.

Nas últimas semanas, os Estados Unidos encerraram o apoio financeiro a programas de planejamento familiar em países em desenvolvimento. A medida impede que cerca de 50 milhões de mulheres tenham acesso a métodos contraceptivos.

Esses cortes, conforme a OMS, causaram o fechamento de unidades de saúde, a perda de profissionais e a interrupção no fornecimento de medicamentos e insumos vitais, como tratamentos para hemorragia, pré-eclâmpsia e malária - todas causas importantes de mortes maternas.

Em 2023, último ano com dados disponíveis, os Estados Unidos foram responsáveis por cerca de 40% do financiamento governamental destinado a programas de planejamento familiar em 31 países em desenvolvimento - aproximadamente US$ 600 milhões, segundo a KFF, uma organização especializada em pesquisa em saúde.

"Quando uma mãe morre durante a gravidez ou o parto, a vida do bebê também está em risco. Muitas vezes, ambos são perdidos por causas que sabemos como evitar", destacou a diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Catherine Russell, em comunicado à imprensa.

"Os cortes no financiamento global para serviços de saúde estão colocando mais gestantes em risco, especialmente em contextos vulneráveis, limitando seu acesso a cuidados essenciais. O mundo precisa investir com urgência em parteiras, enfermeiros e agentes comunitários de saúde para garantir que cada mãe e bebê tenham a chance de sobreviver e prosperar", acrescentou.

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A morte de Ozzy Osbourne, anunciada na última terça-feira, 22, provocou uma forte comoção entre fãs e artistas ao redor do mundo, e também se refletiu nas plataformas de streaming. No Spotify, os números da discografia do cantor britânico e de sua histórica banda, o Black Sabbath, tiveram um crescimento expressivo nos últimos dias.

Como artista solo, Ozzy saltou de 12,4 milhões para 18,7 milhões de ouvintes mensais na plataforma. Já o Black Sabbath, grupo que ajudou a definir o heavy metal nas décadas de 1970 e 1980, passou de 19,8 milhões para 24,6 milhões de ouvintes.

Além do aumento geral de público, faixas emblemáticas de Osbourne registraram picos de execução. Crazy Train, um de seus maiores sucessos, acumulou 8 milhões de reproduções desde o anúncio da morte, chegando a 809 milhões de streams no total. A balada Mama, I'm Coming Home cresceu em 7,2 milhões, alcançando quase 245 milhões, enquanto No More Tears somou mais 7 milhões, ultrapassando 266 milhões de execuções.

No caso do Black Sabbath, os números também impressionam. Paranoid, talvez a faixa mais emblemática da banda, foi ouvida 9,3 milhões de vezes apenas nos últimos dias, alcançando 1,38 bilhão de streams. Iron Man teve um salto de cerca de 6 milhões, totalizando mais de 587 milhões, e War Pigs ganhou cerca de 5 milhões de novas execuções, ultrapassando 384 milhões.

A morte de Ozzy ocorreu poucas semanas após o show de despedida Back to the Beginning, realizado em Birmingham, na Inglaterra, cidade natal da banda. A apresentação marcou a reunião final de Osbourne com os membros do Black Sabbath e encerrou, de forma simbólica, uma das trajetórias mais influentes do rock mundial.

Na manhã deste sábado, 26, Gilberto Gil e Flora Gil usaram as redes sociais para prestar homenagens à cantora Preta Gil, filha do cantor com Sandra Gadelha, que morreu aos 50 anos no último domingo, 20. O velório da artista foi realizado ontem, 25, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, seguido da cerimônia de cremação no Cemitério da Penitência, no bairro do Caju.

Gilberto Gil compartilhou imagens em que aparece tocando o rosto da filha, visivelmente emocionado. "Até os próximos 50 bilhões de anos… Onde houver alegria e amor, haverá Preta", escreveu.

Flora Gil, que foi madrasta da cantora, escreveu: "Pra sempre dentro do meu coração. Te amarei eternamente", disse ela.

Velório e cremação

O tom de despedida marcou a cerimônia no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde familiares, amigos e artistas estiveram reunidos para celebrar a vida e a trajetória da cantora.

A cerimônia de cremação de Preta se encerrou por volta das 17h de ontem, no Cemitério e Crematório da Penitência, no Caju, Zona Portuário do Rio. A opção de cremação foi um pedido da cantora à família. A cerimônia foi restrita a familiares e amigos íntimos da cantora.

A cantora Preta Gil, que morreu aos 50 anos no último domingo, 20, seguirá sendo homenageada por familiares, amigos e admiradores em missas de sétimo dia marcadas para este sábado, 26, e segunda-feira, 28.

As celebrações religiosas ocorrerão em Salvador e no Rio de Janeiro.

Neste sábado, às 16h, será realizada a primeira missa no Santuário Santa Dulce dos Pobres, na capital baiana. O local escolhido é o mesmo que recebeu apoio da artista nos últimos meses, e a cerimônia foi anunciada pela apresentadora Rita Batista, durante o programa É de Casa.

A assessoria da família afirmou ao Estadão que, no Rio de Janeiro, a missa está marcada para segunda-feira, às 19h, na Igreja de Santa Mônica, no bairro do Leblon, em cerimônia aberta ao público.

Velório e cremação

A cerimônia de cremação de Preta Gil se encerrou por volta das 17h de sexta-feira, 25, no Cemitério e Crematório da Penitência, no Caju, Zona Portuário do Rio.

A opção de cremação foi um pedido de Preta à família. O corpo dela foi levado até o cemitério em cortejo em um carro do Corpo de Bombeiros e passou pelo chamado Circuito de Carnaval de Rua Preta Gil.

A cerimônia foi restrita a familiares e amigos íntimos da cantora.

Mais cedo, parentes e amigos participaram de uma última despedida à cantora, que foi velada no Theatro Municipal. A cerimônia foi aberta ao público das 9h às 13h.