Mortes de crianças e adolescentes em ações policiais mais que dobram em SP, mostra estudo

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O número de mortes de crianças e adolescentes por intervenções policiais no Estado de São Paulo cresceu 120% entre 2022 e 2024, conforme estudo realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e encomendado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

O relatório, que utiliza dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) e do Ministério Público, aponta que o aumento coincide com a flexibilização do uso das câmeras corporais em fardas e redução das políticas de controle de uso da força.

Em nota, a SSP disse não compactuar "com desvios de conduta ou excessos por parte seus agentes, punindo com absoluto rigor todas as ocorrências dessa natureza". Desde 2023, acrescenta a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), mais de 550 policiais foram presos e 364 demitidos ou expulsos.

A pasta também disse que a atual gestão ampliou em 18,5% o número de bodycams. Os novos dispositivos, ainda em fase de teste, entretanto, não terão gravação ininterrupta. "Todo policial em patrulhamento deverá acionar a câmera sempre que se deparar com uma situação de interesse da segurança pública", diz a SSP.

No recorde de crianças entre 10 e 14 anos, o Estado passou de uma morte em 2022, para quatro em 2024. Já na faixa 15 aos 19 anos, os registros passaram de 34 para 73. Isso significa 77 vítimas dessas duas faixas etárias no ano passado, aumento de 120% em relação a 2022, quando foram registradas 35 mortes de menores de 19 anos. Não há registros de mortes de menores de 10 anos na série histórica analisada.

- A morte decorrente de intervenção policial considera apenas casos de resistência a abordagem policial durante um flagrante, legítima defesa do policial e/ou quando é provocada para cessar uma agressão injusta, ou seja, se o suspeito estava colocando em risco a vida de outra pessoa.

O estudo aponta que, considerando todas as crianças e os adolescentes vítimas de mortes violentas em 2024, 34% foram mortos por policiais, isto é, um em cada três. Em 2022, esse percentual era de 24%. Entre adultos, a proporção passou de 9% para 18% no mesmo período.

Além disso, as crianças e os adolescentes negros são 3,7 vezes mais vítimas do que os brancos. A taxa de letalidade na faixa etária até 19 anos foi de 1,22 para cada 100 mil negros. Já entre os brancos da mesma idade, o índice ficou em 0,33.

"Esse cenário reforça a necessidade urgente de investirmos em políticas públicas de segurança que protejam, de fato, a vida de meninos e meninas, e que garantam prioridade na investigação e responsabilização dos culpados", afirma Adriana Alvarenga, chefe do escritório do Unicef em São Paulo.

O quadro é ainda mais grave diante da subnotificação de idade, segundo Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Para ela, a falta de dados básicos, como a idade da vítima, demonstra falta de detalhamento e interesse em investigar esse tipo de caso, além de comprometer a análise do cenário. Do total de registros de morte por intervenção policial, 20% não tem a informação etária.

"Como a gente vai mensurar o tamanho exato do problema? Sabemos que a adolescência é a idade da transgressão, que é muito desafiadora. Essa relação com a polícia, os pais, os professores é problemática. Precisamos de políticas específicas voltadas para interação com esse público", diz a especialista.

Afrouxamento nas medidas de controle do uso da força

O total de mortes provocadas por policiais militares em serviço vinha caindo desde 2020, quando foi implementado o programa Olho Vivo, de uso das câmeras corporais gravando ininterruptamente a ação policial, na gestão João Dória (então PSDB). Mesmo depois do período de maior isolamento social causado pela pandemia o Estado passou de 716 casos em 2019 para 256 em 2022.

Mas desde 2023, quando Tarcísio assumiu o Estado com um discurso de flexibilização do uso das câmeras corporais e alterações em políticas de controle de uso da força, o número voltou a subir. Em 2024, foram 649 mortes provocadas por policiais em serviço, aumento de 153,5% ante 2022.

"O policial fica mais preocupado com o cumprimento do protocolo se ele acha que está sendo observado e se o controle do uso da força é prioridade política. Por exemplo, da época do Dória, ele não pôs somente as câmeras. Ele trocou comando geral e implantou outros mecanismos de controle, como condições de mitigação de risco, aquisição de equipamentos menos letais - as tasers - e fortaleceu mecanismos de controle interno. Tinha toda uma política estruturada de controle do uso da força", diz Samira.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança, é preciso manter a gravação ininterrupta das câmeras corporais e, ao mesmo tempo, fazer avaliações de impacto por meio de atores independentes, ter um sistema simples de compartilhamento das imagens com a Justiça sempre que forem necessárias para produção de provas e auditar rotineiramente as gravações.

Os dados mostram que mesmo em batalhões que utilizam câmera corporal, houve aumento de mortes causadas por intervenção policial. "O discurso político e institucional deslegitima essa ferramenta. Os policiais não estão utilizando; não existem sanções aos que não utilizam. E no momento que abolir a gravação ininterrupta, aí não vai ter mesmo nenhuma evidência", continua Samira.

Um levantamento feito pela Defensoria Pública do Estado e consultado para a elaboração do estudo do Fórum mostra que a PM paulista não forneceu resposta para 48,3% dos casos em que houve solicitação de imagens das câmeras corporais entre julho e novembro de 2024.

No caso das ocorrências respondidas, em apenas 100 casos foi possível realizar a análise das imagens, o que equivale a 21,9% do total de casos solicitados.

A atual proposta do governo do Estado é implementar câmeras corporais que são acionadas pelo próprio policial ou por uma equipe remota assim que os agentes saem para uma operação. A justificativa é otimizar a capacidade de processamento e armazenamento de todas as imagens gravadas.

"O uso dos equipamentos segue regras rígidas, e qualquer agente que descumpri-las estará sujeito às sanções cabíveis", diz a SSP. "As instituições policiais mantêm programas robustos de treinamento e formação profissional, além de comissões especializadas na mitigação de riscos, que atuam na identificação de não conformidades e no aprimoramento de procedimentos operacionais."

O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou em dezembro de 2024 que a PM de São Paulo utilize as câmeras em grandes operações e incursões em favelas com gravação ininterrupta. O governo recorreu da decisão e conseguiu um prazo maior para detalhar a proposta. Em fevereiro deste ano, a PM se reuniu com o ministro para apresentar o funcionamento dos novos equipamentos. Ainda não há uma decisão definitiva por parte do STF.

O estudo ainda aponta a redução em 46% no número de Conselhos de Disciplina - responsáveis por julgar praças que cometeram infrações ou crimes - e em 12,1% de processos administrativos disciplinares de 2022 para 2024 como possíveis motivos para o aumento da letalidade policial.

A quantidade de sindicâncias e Inquéritos Policiais Militares (IPMs) também caiu e, em 2024, foi o menor dos últimos oito anos. Em adicional, desde junho, a Corregedoria da PM passou a depender de autorização do Subcomandante-Geral da corporação para afastar policiais envolvidos em casos de atentado às instituições, ao Estado ou aos direitos humanos, impactando na agilidade das decisões.

Por que o caso Ryan não consta nos dados?

Alguns casos de violência policial chocaram o País nos últimos anos, como a morte de Ryan Santos, de 4 anos, atingido por disparo de arma de fogo durante ação da Polícia Militar em Santos em novembro de 2024. Na semana passada, um laudo pericial anexado ao inquérito policial sobre o caso indicou que o projétil que acertou o menino era de arma utilizada pela Polícia Militar.

A ocorrência, porém, ainda não teve registro por tipo de morte e por isso não consta como morte por intervenção policial. O inquérito cita "eventual delito de homicídio relacionado ao uso de força letal ou eventual legítima defesa" e não foi concluído.

Segundo Samira, casos que envolvem bala perdida geralmente são assumidos como homicídio - que pode ser doloso (com intenção) ou culposo (sem intenção de matar). "Ele (o policial) assumiu o risco de matar quem estava na rua", afirma.

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Julia Roberts, George Clooney, Emma Stone e Dwayne Johnson são apenas algumas das celebridades com filmes na edição deste ano do Festival de Veneza, que anunciou na terça, 22, a lista de produções indicadas para sua 82. ª edição, entre os dias 27 de agosto e 6 de setembro. Kim Novak e Werner Herzog serão os homenageados do ano.

Yorgos Lanthimos e Stone estão de volta a Veneza com Bugonia e Jang Joon-hwan com Save the Green Planet!. Clooney retorna em Jay Kelly, de Noah Baumbach, no qual vive um ator em viagem pela Europa com seu empresário (Adam Sandler).

Concorrem ainda: Frankenstein, de Guillermo del Toro; o drama esportivo de Benny Safdie, The Smashing Machine, com Dwayne Johnson; e The Wizard of the Kremlin, de Olivier Assayas, no qual Jude Law é Vladimir Putin; A House of Dynamite, de Kathryn Bigelow, thriller sobre iminente ataque de mísseis aos EUA, com Idris Elba; e Father Mother Sister Brother, de Jim Jarmusch, com Cate Blanchett.

Muitos mestres também estão na lista: Park Chan-wook, com No Other Choice; László Nemes, com Orphan; e François Ozon, com O Estrangeiro, adaptação do livro de Albert Camus. Um dos títulos que devem causar impacto é The Voice of Hind Rajab, de Kaouther Ben Hania, sobre a morte de uma presa em carro sob fogo israelense no norte de Gaza.

Fora de competição

After the Hunt, de Luca Guadagnino, um thriller sobre denúncia de violência sexual em uma universidade americana, será lançado fora de competição, marcando a estreia de Julia Roberts no festival. In the Hand of Dante, de Julian Schnabel, com Al Pacino e Martin Scorsese, também será exibido fora de competição.

O festival será aberto com La Grazia, de Paolo Sorrentino, estrelando Toni Servillo e Anna Ferzetti. Alexander Payne presidirá o júri da competição principal, que também inclui a atriz Fernanda Torres e os diretores Cristian Mungiu, Mohammad Rasoulof e Maura Delpero.

Veneza se estabeleceu como uma plataforma sólida para aspirantes ao Oscar, com vencedores de melhor filme, incluindo A Forma da Água, Spotlight: Segredos Revelados, Nomadland e Birdman. A edição do ano passado teve vários filmes vencedores do Oscar, incluindo O Brutalista, de Brady Corbet, e Ainda Estou Aqui, de Walter Salles.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ozzy Osbourne, lenda do rock que fez história com o Black Sabbath e na carreira solo, morreu aos 76 anos. A informação foi confirmada ontem, 22, pela família nas redes sociais do artista. "É com mais tristeza do que meras palavras podem expressar que informamos que nosso amado Ozzy Osbourne faleceu esta manhã", diz o comunicado. "Ele estava com sua família e cercado de amor. Pedimos a todos que respeitem a privacidade da nossa família neste momento."

A causa da morte não foi divulgada, embora Osbourne tenha enfrentado vários problemas de saúde nos últimos anos, como a doença de Parkinson. Em 2020, ele também revelou que tinha enfisema, uma doença pulmonar causada pelo tabagismo. Além de fumar, o roqueiro abusou de álcool, drogas e medicamentos durante a maior parte de sua vida adulta.

Conhecido como Príncipe das Trevas, John Michael "Ozzy" Osbourne nasceu em 1948, em Birmingham. Ao ouvir o primeiro sucesso dos Beatles, aos 14 anos, ele se tornou fã da banda e creditou à canção de 1963 She Loves You a inspiração por ter se tornado músico.

Osbourne ganhou fama como vocalista da banda de heavy metal Black Sabbath, com a qual ajudou a definir o gênero. Com mais de 100 milhões de discos vendidos na carreira, ele foi introduzido ao Rock and Roll Hall of Fame como membro do Black Sabbath (2006) e como artista solo (2024).

Osbourne integrou o Black Sabbath - com Tony Iommi (guitarra), Bill Ward (bateria) e Geezer Butler (baixo) - desde sua formação, em 1968, até 1979, quando foi demitido devido ao abuso de álcool e drogas. Com a banda, gravou álbuns considerados fundamentais para o metal, como Black Sabbath (1970), Paranoid (1970), Master of Reality (1971) e Sabbath Bloody Sabbath (1973).

O nome da banda surgiu quando Ozzy e Iommi passaram em frente a um cinema no qual passava o filme de terror As Três Máscaras do Terror (Black Sabbath, no título em inglês), e pensaram: "As pessoas pagam para ver isso? Para sentir medo? Pode ser que dê certo". Eles adotaram o nome e passaram a compor músicas sobre morte e temas similares.

O álbum de estreia homônimo do Sabbath foi considerado o "big bang do heavy metal". O trabalho saiu durante o auge da Guerra do Vietnã e estragou a festa hippie, revelando ameaça e presságio. A capa do disco mostrava uma figura assustadora contra uma paisagem desolada. A música era forte, densa e raivosa, e marcou uma mudança no rock n' roll.

Reality show

Após deixar a banda, Ozzy iniciou uma bem-sucedida carreira solo com o disco Blizzard of Ozz (1980), lançando ao todo 13 álbuns de estúdio e emplacando sucessos como Crazy Train, Mr. Crowley, Mama, I'm Coming Home, Bark at the Moon e No More Tears. No final de 1996, Ozzy e sua mulher e empresária Sharon Osbourne promoveram a primeira edição do Ozzfest, onde se apresentaram, entre outros, Sepultura, Slayer, Powerman 5000, Biohazard, Fear Factory e Cellophane. O evento teve várias edições nos anos posteriores, sempre com foco na música pesada. No início dos anos 2000, Osbourne se tornou uma estrela de reality show quando estrelou o programa da MTV The Osbournes ao lado de Sharon e de dois de seus seis filhos: Kelly e Jack.

Em janeiro de 2016, o Black Sabbath lançou oficialmente o último trabalho da banda, o álbum The End, novamente com Osbourne. O disco veio acompanhado de uma turnê mundial. Seu álbum mais recente, Patient Number 9, lançado em 2022, alcançou o 1.º lugar nos charts dos Estados Unidos e 2.º na Inglaterra.

Em sua autobiografia Eu Sou Ozzy, de 2011, ele escreveu: "As pessoas me perguntam como eu ainda estou vivo, e eu não sei o que dizer. Quando eu estava crescendo, se você me colocasse contra uma parede com os outros garotos da minha rua e me perguntasse qual de nós chegaria aos sessenta anos, com cinco filhos e quatro netos e casas em Buckinghamshire e Califórnia, eu não teria apostado dinheiro em mim - de jeito nenhum".

O documentário God Bless Ozzy Osbourne expôs detalhes sobre sua vida e a sua luta para ficar sóbrio. A produção, dirigida por Mike Fleiss e Mike Piscitelli, contou com depoimentos de Tommy Lee, John Frusciante e Paul McCartney.

Despedida

No último dia 5, o músico se despediu dos palcos em uma apresentação histórica com o Black Sabbath na Inglaterra. Sem conseguir ficar de pé por conta de problemas de saúde, trouxe seu visual inspirado nas trevas para o palco em um grande trono feito de couro preto e se esforçou para fazer uma apresentação à altura de sua trajetória.

O trono tinha um crânio de cada lado. E assim ele cantou sucessos como Crazy Train, Iron Man e Paranoid, que encerrou o show. De olhos vidrados, Ozzy pedia à plateia que cantasse junto: "Mais alto! Mais alto!". E lá se foram os últimos versos: "And so, as you hear these words telling you now of my state, I tell ou to enjoy life. I wish I could, but it's too late". Algo como: "E então, enquanto você ouve essas palavras que contam sobre meu estado, te digo para aproveitar a vida. Eu gostaria de poder, mas é tarde demais".

O cantor não fazia um show completo desde 2018, e nenhuma aparição pública desde 2022. Em 2023, ele finalmente anunciou sua aposentadoria definitiva das turnês. Acometido por problemas de saúde, disse pelas redes sociais que iria cancelar todas as apresentações previstas para aquele ano: "Nunca imaginei que meus dias de turnê acabariam dessa forma", disse.

Brasil

A estreia em solo nacional foi em grande estilo. Osbourne foi o primeiro artista a assinar contrato para a primeira edição do festival Rock in Rio, realizado em 1985, no Rio. Levou uma década até que o cantor retornasse ao País, em 1995. A última turnê brasileira foi realizada em 2018, intitulada No More Tours 2, com shows em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A cantora Preta Gil, que morreu aos 50 anos, no último domingo, 20, terá um velório aberto ao público no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A cerimônia será na sexta-feira, 25 de julho, das 9h às 13h, segundo informações divulgadas pela família da artista na noite desta terça-feira, 22.

"Velório de Preta Maria Gadelha Gil Moreira, sexta-feira, 25 de julho, das 9h às 13h: cerimônia aberta ao público no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Celebraremos sua vida, arte e legado", diz a imagem de divulgação da cerimônia.

Mais cedo, Flora Gil, madrasta de Preta e esposa de Gilberto Gil, informou em suas redes sociais que o corpo de Preta segue sem previsão para repatriação. A família ainda resolve trâmites burocráticos para liberar o corpo para o Brasil.

"Informamos que, neste momento, ainda não há previsão para a repatriação do corpo de Preta Gil ao Brasil. Ela será velada na cidade do Rio de Janeiro, onde sua família, amigos e o público poderão prestar suas últimas homenagens", escreveu.