Descanso também é treino: médicos veem pausa da Data Fifa com efeito positivo nos clubes

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Pela quarta e penúltima vez no ano, a Data Fifa interrompe as principais competições em todo o mundo; na Europa, para a disputa das Eliminatórias da Copa do Mundo, e na América do Sul e outros continentes, para amistosos internacionais - caso do Brasil, por exemplo.

Na seis principais ligas europeias (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha, França e Portugal), os torneios terminaram no último domingo, dia 5, e só retorna a partir dos dias 17 ou 18; na Liga Portuguesa, somente no dia 24.

"Nós aproveitamos a Data Fifa para descansar um pouco a cabeça, mas o corpo continua em movimento. Mesmo nos dias de folga, seguimos uma rotina de treinos leves, controle de sono e alimentação. É um momento importante para recuperar as energias, mas também para voltar melhor preparado para a sequência da temporada", afirma o zagueiro Vitor Reis, ex-Palmeiras e Manchester City e atualmente um dos destaques da La Liga pelo Girona.

Assim como em outras vezes quando isso ocorreu durante a temporada, as comissões técnicas dos clubes costumam dar de dois a cinco dias de folga aos elencos, a depender da quantidade de dias disponíveis no calendário. Fato este que resulta em uma série de críticas de torcedores, principalmente das equipes que já foram eliminadas de algumas das competições vigentes ou que estão nas últimas posições de suas respectivas disputas.

Por outro lado, executivos do esporte e especialistas em medicina esportiva consideram que esses momentos de descanso são fundamentais não apenas pela questão física, mas também mental, já que o período de treinos e jogos durante a temporada é constante. Outro fator considerado extremamente importante é com relação à prevenção de lesões.

André Cunha, CEO e Head de Performance da Volt Sports Science, plataforma de saúde e serviços para atletas de futebol de elite, explica que o período de uma Data Fifa pode ser um momento de elevado risco para os atletas convocados por suas respectivas seleções.

"Para os jogadores que estarão junto de suas seleções, talvez a pausa sempre seja um dos momentos mais delicados e desafiadores. Porque nesse cenário há diversos tipos de estressores ao mesmo tempo: normalmente juntam-se viagens grandes, fuso horário, sistemas de treinamentos diferentes e cargas de treino completamente diferentes, além da pressão de representar a sua seleção. Entendemos que é um momento de grande risco, então a ideia é fazer tudo o que podemos para minimizá-lo. O momento não é de reinventar a roda e, na maioria das vezes, o importante é fazer o 'básico': recuperar, dormir bem e se alimentar da melhor maneira", pontua.

Já com relação aos atletas não convocados, o especialista destaca uma "janela de oportunidades", cujo plano de ação dependerá, também, do cenário de cada atleta - se vem tendo muita ou pouca minutagem, se está 100% saudável ou sofrendo com dores, entre outros fatores.

"Abre-se, em primeira análise, a possibilidade de que o atleta tenha tempo de qualidade fora do futebol, com sua família. Isso também é uma necessidade, pois estamos falando de um 'refresh psicológico', para suportar desafios inerentes à rotina. E também é uma oportunidade para dar descanso ao corpo dos jogadores que vêm somando muita minutagem. Já com relação aos que estão em um cenário de dor ou desconforto, é a chance de que a gente possa trazer um pouco mais de intervenções para a gestão da dor", complementa.

Para Natanael Sousa, fisioterapeuta e especialista pela Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física (Sonafe Brasil), "há uma grande possibilidade de prevenção de lesões, porque o período ajuda a reduzir a sobrecarga de jogos e treinamentos consecutivos, permitindo que os atletas cheguem mais perto da melhor capacidade física".

"A pausa durante a Data Fifa é uma questão complexa, porque depende muito da periodização e do programa de controle de cargas de cada time. Do ponto de vista físico, pode ser bem aproveitada; já a parte mental deveria ter uma abordagem mais individualizada. Tem atleta voltando de lesão, outros com volume muito grande de jogos e sobrecarga. Esses realmente precisam usar o período para recuperar e diminuir a carga. O ideal é ter atenção individualizada, entender em que momento cada atleta está e montar uma jornada específica para otimizar esse tempo sem jogos", analisa o profissional, que acrescenta.

"Se o controle de carga for bem feito, se diminuir a sobrecarga dos que vêm de sequência intensa e, ao mesmo tempo, aumentar a carga dos que estão com valência física abaixo, se montar uma estratégia para desenvolver capacidades individuais e coletivas, tudo isso impacta positivamente no desempenho da equipe."

Segundo Dr. Rodrigo Zogaib, Coordenador Médico e de Saúde do Santos, a Data Fifa, proporciona intervalo que fogem do tradicional, o que facilita os processos necessários para a recuperação. "A recuperação passiva dos atletas deve ser encarada como uma fase essencial do ciclo de alta performance. No caso da Data Fifa, temos uma vantagem de poder organizar um interciclo menor dentro de um ciclo maior, já que temos duas semanas de intervalo entre jogos. Isso nos permite organizar a carga de treinamentos e descansos de forma diferente dos períodos em que temos jogos e intervalos menores", destaca o profissional.

Claudio Fiorito, presidente da P&P Sport Management Brasil, especializada no gerenciamento da carreira de atletas, corrobora com as opiniões dos especialistas em saúde. "Muitas vezes, a pausa é vista apenas como um momento de descanso, mas para os clubes e para a gestão da carreira dos atletas, ela representa uma etapa estratégica dentro da temporada. É quando se pode alinhar questões físicas, mentais e até contratuais, garantindo que o jogador retorne mais equilibrado e o clube tenha uma equipe mais preparada para o restante do calendário."

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Ministério da Saúde atualiza, nesta quarta (15), o número de notificações de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica. Até o momento, 148 notificações foram registradas, sendo 41 casos confirmados e 107 em investigação. Outras 469 notificações foram descartadas. 

O estado de São Paulo concentra 60,81% das notificações, com 33 casos confirmados e 57 ainda em investigação.  

Até a última atualização, apenas os estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul haviam registrado casos confirmados. Agora, o estado de Pernambuco também confirmou casos por esse tipo de intoxicação. Com isso, os números de casos confirmados são: 33 em SP, 4 no PR, 3 em PE e 1 no Rio Grande do Sul. 

Em relação aos casos em investigação, São Paulo investiga 57, Pernambuco (31), Rio de Janeiro (6), Mato Grosso do Sul (4), Piauí (3), Rio Grande do Sul (3), Alagoas (1), Goiás (1) e Paraná (1). 

Em relação aos óbitos, 6 foram confirmados no estado de São Paulo e 2 em Pernambuco. Outros 10 seguem em investigação, sendo 4 em SP, 3 em PE, 1 no MS, 1 na PB e 1 no PR. 

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Os dados mostram ainda diferenças importantes entre grupos. Enquanto 60% das mulheres dizem se preocupar com saúde mental, entre os homens esse índice é de 44%. A preocupação também é mais forte entre os jovens da Geração Z (60%) do que entre os Boomers (40%), indicando uma mudança geracional na forma como o tema é percebido.

A pesquisa também revela desafios estruturais. Oito em cada dez brasileiros afirmam não conseguir arcar com os custos de uma boa assistência à saúde, e 57% acreditam que a qualidade dos serviços de saúde ainda pode melhorar nos próximos anos. Além disso, 70% apoiam a vacinação obrigatória e 55% temem que a obesidade aumente no país.

O levantamento reforça a necessidade de políticas públicas que priorizem a saúde mental, ao mesmo tempo em que garantam acesso mais amplo e equitativo aos serviços de saúde para a população.

A mamografia é considerada um dos métodos mais eficazes para o diagnóstico precoce do câncer de mama, o tipo de câncer mais letal entre as mulheres no Brasil. Trata-se de um exame de imagem que permite identificar alterações suspeitas antes mesmo de sintomas surgirem, aumentando as chances de um tratamento bem-sucedido.

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A importância do exame é reforçada pelo dado alarmante: somente em 2025, o Brasil deve registrar cerca de 73,6 mil novos casos da doença. A prevenção e o diagnóstico precoce continuam sendo as principais armas para reduzir a mortalidade e ampliar as chances de cura.