100 anos de Thomaz Farkas: IMS celebra as facetas do fotógrafo

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O olhar sensitivo de Thomaz Farkas (1924-2011) segue mais impactante do que nunca na nova exposição em homenagem aos 100 anos do emblemático fotógrafo húngaro-brasileiro.

A retrospectiva Thomaz Farkas, todomundo, que será aberta neste sábado, 19, no IMS Paulista, vai ocupar dois andares do centro cultural, reunindo cerca de 500 itens, entre fotos, filmes, documentos e equipamentos. Por um acordo com o próprio fotógrafo, o instituto assumiu a guarda e a preservação da sua obra fotográfica, composta por mais de 34 mil imagens.

Farkas é uma das maiores referências da fotografia moderna e do cinema documental brasileiro. Em 2024, ele também foi homenageado na 29ª edição do festival de cinema É Tudo Verdade com a montagem de uma retrospectiva de sua produção cinematográfica.

Nascido em Budapeste no dia 17 de outubro de 1924, Thomaz imigrou com os pais para São Paulo aos seis anos e logo ganhou sua primeira máquina fotográfica. Após a morte do pai, em 1960, ele herdou a direção da Fotoptica, empresa pioneira na venda de equipamentos do gênero. Ao longo de sua carreira, teve papel crucial na valorização da diversidade social do Brasil.

"O projeto vem de uma consciência clara da importância do Thomaz como um artista de linguagem universal", diz Sergio Burgi, coordenador do IMS, ao Estadão. "O desafio geral foi apresentar sua trajetória múltipla, marcada por uma simultaneidade. Enquanto ele trabalhava na fotografia, produzia filmes, tocava a loja", acrescenta.

A exposição reflete as várias facetas do homenageado, reconhecido pela atenção à riqueza cultural do Brasil. Em uma das seções, é possível ver imagens inéditas - e coloridas - de São Paulo nos anos 1940.

"Thomaz viveu as contradições dessa cidade. As fotos respondem a uma cidade do pós-guerra, numa promessa de estruturação, modernidade", explica Burgi. "Há uma marca nessa exposição toda, que é a marca do trabalho do Thomaz: ele estava sempre interessado no atual, no agora. Em toda a sua trajetória, dos anos 40 até o final dos anos 2000, ele queria saber da transformação", complementa o curador Juliano Gomes.

Farkas, um humanista na essência, enfrentou a censura do governo Vargas e foi perseguido pela ditadura militar. Em 1960, ele registrou a inauguração de Brasília, onde contrastou a euforia em torno do presidente Juscelino Kubitschek com os problemas sociais da Cidade Planejada e as condições precárias dos imigrantes.

"Os censores não sabiam ler as fotografias. Então, os jornais publicavam muito mais imagens, porque os textos eram cortados, censurados. Os fotógrafos começaram a perceber isso, a se organizar em associações, agências", lembra a curadora Rosely Nakagawa, ex-colega de Farkas na Galeria Fotoptica, criada em 1979 para promover conversas sobre a imagem, seminários, entre outras atividades. "Para nós, a fotografia é tratada com essa importância de uma pessoa que pensava a imagem não só no papel, mas com compromisso social", diz.

Em outra ala, é possível testemunhar a influência do artista sobre toda uma geração. Algumas de suas fotografias são apresentadas lado a lado com outros autores presentes na coleção, como Alice Brill e Walter Firmo, numa proposta de conexão entre temas e estilos.

Além da fotografia

A faceta cinematográfica do artista tem grande destaque na exposição, repleta de projeções e alas interativas. Essa linguagem foi consolidada no projeto Brasil Verdade, composto por quatro filmes com cerca de 30 minutos de duração cada um: Memória do Cangaço, Subterrâneos do Futebol, Nossa Escola de Samba e Viramundo - neles, a intenção de Farkas foi retratar aspectos singulares da identidade nacional.

"Nesse conjunto de filmes feitos em 1964 e 65, há um desenvolvimento tecnológico muito importante, com câmeras menores, nas quais era possível gravar o som das pessoas falando em sincronia com a câmera. Havia a possibilidade mais móvel e mais moderna de ouvir a voz do brasileiro, os sotaques. Essa técnica mudou o cinema no mundo", analisa Juliano Gomes.

A exibição também traz diversos títulos da série A Condição Brasileira, com 19 filmes produzidos entre 1967 e 1972 no interior do Nordeste, onde Farkas coordenava equipes que viajavam pelo País para documentar manifestações coletivas da região.

"O nordeste é de uma riqueza infinita, mas só hoje conhecemos a potência cultural do Cariri, por exemplo, de Juazeiro", ressalta Rosely. "E esse acompanhamento da cultura brasileira que Thomaz fazia foi muito importante, porque o Sudeste tem essa visão egocentrista de que tudo de bom acontece no Rio e São Paulo, mas isso tudo é construído por gente do Nordeste", reforça.

O projeto ainda aborda outras frentes de atuação de Thomaz Farkas no campo institucional e empresarial, com destaque para o apoio à primeira edição do Festival Videobrasil, em 1983, precursor na difusão do vídeo como linguagem artística e que vem sendo realizado ao longo das últimas quatro décadas.

Outro ponto alto da mostra tem a música como protagonista em dois documentários históricos. O público pode assistir a um raríssimo registro de Pixinguinha captado em 1954, no Parque Ibirapuera, durante as comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo.

A filmagem, que ficou perdida por 50 anos e foi lançada em Pixinguinha e a Velha Guarda do Samba (2006), é exibida de maneira contraposta à película Hermeto Campeão (1981), responsável por apresentar Hermeto Pascoal em meio aos mais variados e improvisados instrumentos que ele toca no estúdio de sua casa.

"Há um diálogo entre os dois em tempos diferentes, décadas diferentes. Às vezes parece que Pixinguinha está tocando a música do Hermeto e às vezes que o Hermeto está tocando o Pixinguinha. É uma brincadeira que gostamos muito de fazer e dá um tom alegre característico do Thomaz", diz Gomes, empolgado com o "dueto" de gênios projetado em telas enormes.

Thomaz Farkas, todomundo acentua, acima de tudo, a curiosidade de um homem que imprimiu em suas fotos o amor pelo Brasil. "Quem vier vai se identificar e sentir esse olhar afetuoso dele", afirma Rosely. "É a importância da fotografia como memória, como construção de uma vida. Todos somos feitos de memórias".

Thomaz Farkas, todomundo

Abertura: 19 de outubro de 2024

Visitação: até 9 de março de 2025, 3ª a domingo e feriados (exceto segundas), das 10h às 20h

Onde: IMS Paulista (Av. Paulista, 2.424) | 8º e 7º andares

Entrada: gratuita

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A professora de Matemática Fernanda Reinecke Bonin, de 42 anos, foi encontrada morta, na última segunda-feira, 28, em um terreno baldio ermo e pouco iluminado na Avenida João Paulo da Silva, próximo ao Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo.

O caso é investigado pela Divisão de Homicídios do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). A Polícia Civil diz analisar imagens de câmeras de monitoramento, ouvir familiares e coletar mais materiais para esclarecer o episódio.

"As investigações seguem para apurar se o crime configura latrocínio, conforme registrado inicialmente, ou homicídio", informa Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-SP), em nota. Veja o que se sabe sobre o caso até agora.

O que aconteceu no dia do crime?

Conforme a investigação, Fernanda saiu de casa no último domingo para socorrer a esposa, de 45 anos, que teve um problema mecânico com seu carro, na Avenida Jaguaré, na zona oeste.

As duas estavam casadas havia oito anos, mas moravam em casas separadas desde o ano passado. A mulher levava os dois filhos do casal para a residência da professora, quando seu carro parou. Como estava com os filhos, ela pediu ajuda a Fernanda e enviou sua localização.

Imagens de câmeras de vigilância do prédio mostram a vítima descendo sozinha pelo elevador, portando seu celular. Em seguida, ela deixa o prédio a bordo de uma SUV Hyundai Tucson para socorrer a companheira.

A esposa teria sido a última pessoa com quem a professora de Matemática teve contato.

O que diz a esposa de Fernanda?

Segundo a companheira de Fernanda, a professora não chegou ao local combinado. Em depoimento à polícia, ela disse que o carro voltou a funcionar cerca de meia hora depois e se dirigiu ao prédio da vítima para deixar as crianças, mas ela não estava.

No dia seguinte, a professora não foi trabalhar. Como a esposa não conseguia contato, resolveu comunicar o desaparecimento de Fernanda à polícia.

Quando e onde Fernanda foi encontrada?

Após denúncia anônima, policiais militares encontraram o corpo de Fernanda na última segunda-feira, 28. A vítima foi localizada em um terreno na Avenida João Paulo da Silva, na Vila da Paz. O local é descrito como ermo e pouco iluminado.

Fernanda estava caída de costas, vestida com calça, blusa, meia e sandálias, aparentando um pijama. Conforme a polícia, o corpo apresentava sinais de estrangulamento. Foi encontrado um cadarço amarrado em seu pescoço.

O que aconteceu com os pertences da professora?

O celular e o carro de Fernanda não foram encontrados, o que levou a polícia a suspeitar inicialmente de latrocínio. No mesmo dia, o foco das apurações passou a incluir o homicídio.

"Ressalta-se que a natureza da ocorrência, lançada no registro preliminar, pode ser revista e ajustada durante o curso do inquérito, sem prejuízo à investigação", diz a SSP-SP.

Quem era Fernanda Reinecke Bonin?

Fernanda era graduada em Matemática pela Universidade de São Paulo (USP) e especializada em necessidades especiais na educação pela Universidade MacEwan, do Canadá. Ela lecionava na Beacon School, escola bilíngue de alto padrão, localizada na zona oeste da cidade.

"Fernanda marcou profundamente a vida de muitos estudantes e colegas com sua dedicação, gentileza e compromisso com a educação e deixará muita saudade", informou o colégio, por meio de nota.

O corpo dela foi sepultado nesta quarta-feira, 30, em um cemitério de Santo André, na região do ABC paulista.

Como era a relação da professora com a esposa?

Segundo o boletim de ocorrência, ao qual o Estadão teve acesso, a professora de Matemática era casada havia oito anos com Fernanda Fazio, de 45 anos.

Fazia um ano que as duas não moravam juntas, após idas e vindas no relacionamento. Elas frequentavam sessões de terapia de casal e buscavam a reconciliação. Juntas, elas tiveram dois filhos, que se revezavam nas casas das mães.

Morte foi planejada?

A polícia ainda não informou ter localizado, identificado ou prendido algum suspeito do crime e não deu outros esclarecimentos sobre o caso.

A pasta informou nesta quinta, 1°, que as investigações seguem para apurar se o crime configura latrocínio - roubo seguido de morte -, conforme registrado inicialmente, ou homicídio. Neste segundo caso, a hipótese é de que alguém planejou a morte da educadora, podendo ter simulado um roubo.

"A Divisão de Homicídios do DHPP investiga a morte de uma mulher de 42 anos, cujo corpo foi localizado na manhã de segunda-feira (28), em um terreno na Avenida João Paulo da Silva, na zona sul da capital. A autoridade policial analisa imagens de câmeras de monitoramento, realiza a oitiva de familiares e atua na coleta de elementos que auxiliem no esclarecimento dos fatos", disse a pasta, em nota.

O cenário de praias cobertas com lonas e barracas que chegam a impedir o banho de sol na areia pode estar com os dias contados, em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Um projeto de lei legislativo proíbe a instalação de tendas, barracas, gazebos e estruturas similares em todas as 102 praias do município. Quem descumprir terá o apetrecho apreendido pela fiscalização e pagará R$ 1 mil para reavê-lo. Recebe também uma multa de R$ 1 mil pela infração à lei.

Mas o projeto ainda depende de sanção da prefeita Flávia Pascoal (PL). Caso a norma seja sancionada, haverá um prazo de 60 dias para a regulamentação. A reportagem procurou a prefeitura de Ubatuba para se manifestar sobre a iniciativa da Câmara e aguarda retorno.

A nova regra permite o uso de guarda-sóis com até três metros de diâmetro e abre exceções para eventos previamente autorizados e estruturas de apoio a órgãos públicos ou prestadores de serviços licenciados. Também são permitidas as tendas de ambulantes em pontos fixados pela prefeitura, geralmente na borda da faixa de areia.

A medida foca principalmente nas praias mais movimentadas da cidade, como Praia Grande, Itamambuca, Praia do Tenório e Toninhas. Nestas, as tendas e barracas ocupam grandes espaços. O problema é menor nas praias mais afastadas do centro e de ilhas, como a Anchieta.

O projeto, que foi aprovado por unanimidade, na sessão desta terça-feira, 29, prevê que os valores arrecadados com as multas e apreensões serão destinados ao Fundo Municipal de Turismo e ao Fundo Social.

De acordo com o autor da proposta, vereador Gady Gonzalez (MDB), o objetivo é dar ao turista mais acessibilidade às áreas comuns da orla e evitar riscos à segurança. "Está havendo uma ocupação desordenada das praias, o que tem dificultado o trabalho de guarda-vidas, pois atrapalha a visibilidade para salvamentos, e causa um aumento nos casos de crianças perdidas", diz o vereador, que também é presidente da Câmara.

Segundo ele, a beleza das praias desaparece sob a profusão de tendas e barracas, que dificultam inclusive o trânsito dos banhistas pela faixa de areia. A situação se agrava na alta temporada, quando a cidade recebe um grande número de turistas. "Não dá para caminhar, nem tomar sol. A praia toda fica coberta pelas tendas e barracas. É uma regulamentação para mudar a cara da nossa cidade", diz.

A Associação Comercial de Ubatuba declarou apoio à proposta. De acordo com o presidente Adriano Klopfer, o ordenamento urbano é importante para atrair o turismo sustentável e para o desenvolvimento da cidade com preservação e atenção, não só ao turista, mas também à população local.

Ubatuba já cobra uma taxa do turista que busca suas praias. A Taxa de Preservação Ambiental é cobrada de cada veículo de fora que fica mais de quatro horas na cidade e varia conforme o tipo de veículo. Os valores em vigor este ano são de R$ 3,69 por dia para motos, R$ 13,73 para carros de passeio e R$ 20,59 para utilitários. Vans de excursão pagam R$ 41,18, micro-ônibus e caminhões R$ 62,30, e dos ônibus são cobrados R$ 97,14.

Uma policial militar que atua na Baixada Santista foi assaltada e agredida por criminosos, na noite desta quarta-feira, 30, no Sistema Anchieta-Imigrantes, em Cubatão.

Ela foi abordada por dois homens que levaram seus pertences, inclusive sua arma, uma pistola calibre 40. A ocorrência foi confirmada nesta quinta-feira, 1, pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).

A policial, de 33 anos, atua no 29º Batalhão da Polícia Militar do Interior, sediado em Itanhaém, mas que atende também as cidades de Mongaguá, Peruíbe, Pedro de Toledo e Itariri.

Ela tinha saído do trabalho e seguia de carro para São Paulo. No km 59 da Interligação Anchieta-Imigrantes, na altura do Jardim Nova República, a PM percebeu que o carro estava trepidando e parou no acostamento para verificar se algum pneu havia furado.

Foi quando dois homens a abordaram e, agindo com violência, exigiram que entregasse seus pertences. Além da pistola da policial com quatro munições e um carregador, os suspeitos roubaram documentos, cartões de crédito e um celular. Eles fugiram em seguida.

Segundo a SSP, a PM foi agredida durante a ação e precisou ser socorrida ao Pronto-Socorro Central de Cubatão. Ela foi medicada e liberada. O caso foi registrado como roubo pela delegacia da Polícia Civil, que investiga o assalto e tenta identificar os suspeitos. A PM acompanha o andamento das investigações.