Conduzida pelo humor, 'Toc Toc' não teme o 'politicamente correto'

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Uma gargalhada bastante familiar começou a chamar a atenção do elenco da comédia Toc Toc nos primeiros minutos de uma sessão no Teatro Cultura Artística em 2008. A peça do francês Laurent Baffie, sob a direção de Alexandre Reinecke, movimentava as bilheterias e arrancava risadas que ecoavam na sala sempre lotada desde a estreia, em maio. Mas nenhuma era igual àquela e, em seguida, o público reagia freneticamente às manifestações do entusiasmado espectador que o elenco do palco - formado por Flávia Garrafa, Márcia Cabrita (1964-2017), Rosane Gofman, Carolina Parra, Marat Descartes, Riba Carlovich e Sergio Guizé - mal enxergava.

Era o apresentador Silvio Santos (1930-2024), que ocupava uma poltrona na terceira fileira e chegou ao teatro com as luzes se apagando sem avisar a produção. "À medida que as pessoas perceberam que era o Silvio, elas riam fora de hora, a gente perdeu o ritmo das piadas e foi uma loucura", lembra Carlovich, que, no fim da sessão, juntos dos colegas, recebeu os comprimentos do apresentador no camarim.

Grande sucesso, Toc Toc percorreu vários teatros da cidade, cumpriu temporada do Rio de Janeiro e ficou em cartaz até 2014, aplaudida por uma legião de fãs que superou 1 milhão de pagantes. Mais de uma década depois, a peça sobre um grupo de pacientes que sofre de transtorno obsessivo compulsivo (TOC) volta à cena em uma nova montagem, dirigida pelo mesmo Reinecke, que fica em cartaz até dezembro no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo.

Riba Carlovich é o único intérprete da ficha técnica original e, ao seu lado, estão os atores André Gonçalves e Miguel Menezzes e as atrizes Claudia Ohana, Danielle Winits, Carolina Stofella e Maria Helena Chira, que substituiu Flávia Garrafa entre 2011 e 2012. "Naquela época, não era tão forte a patrulha do politicamente correto, mas esta é uma questão que não me preocupa porque sempre fomos cuidadosos com a abordagem e os personagens", diz Carlovich. "É o tipo de comédia que diverte por causa das situações e não explora a caricatura."

Toc Toc é ambientada na sala de espera de um consultório. Por lá, seis pacientes são obrigados a estreitar uma convivência indesejada devido ao inexplicável atraso do médico e encontram formas inusitadas para passar o tempo.

Branca (papel de Winits) tem obsessão por limpeza, Maria (vivida por Ohana) é uma fanática religiosa preocupada se esqueceu do gás aberto ou trancou a porta de casa e Lili (interpretada por Chira) irrita a todos com a mania de repetir tudo que ouve. Vicente (representado por Gonçalves) não consegue parar de fazer contar, enquanto Bob (defendido por Menezzes) é um fanático por simetria e Fred (Carlovich) sofre da síndrome de Tourette e dispara palavrões quando fica tenso. Carolina Stofella é a secretária que tenta controlar o nervosismo do grupo diante do imprevisto.

Claudia Ohana, que não viu a montagem original e conhecia o texto da versão cinematográfica, dirigida em 2017 pelo espanhol Vicente Villanueva, confessa que há muito tempo não se sentia tão desafiada. "Eu nunca participei de uma grande comédia, mesmo no cinema ou na televisão, e faço uma personagem totalmente diferente de mim e das pessoas com quem convivo, o que é bem arriscado", confessa a atriz, divertindo-se.

Para a composição da beata Maria, Ohana pesquisou detalhes da personalidade de quem sofre com a mania de verificação e encontrou um dado que a surpreendeu. "Pessoas assim costumam ter recorrentes pensamentos obscenos e, na minha cabeça, é por isso que a Maria se entregou a essa cegueira religiosa."

PROVOCAÇÃO

Como diretor, Alexandre Reinecke reconhece que os tempos são outros e o comportamento mudou muito nos últimos 15 anos, principalmente devido ao avanço da tecnologia e à traumática pandemia, que pode ter agravado transtornos e distúrbios mentais. Para ele, entretanto, a função do teatro é servir de estímulo para cutucar as questões da sociedade. "Com todo o cuidado, a gente levanta um alerta: 'será que essa sua mania não pode virar um TOC?'", provoca o encenador. "Temos a consciência de que mexemos em um tema sério e chegamos a fazer uma apresentação para a Astoc (Associação Solidária do TOC), conversando com médicos, psicólogos e pacientes."

Reinecke acredita que os anos podem ter feito muito bem e ressignificado Toc Toc. "A comédia passou por uma evolução e é mais valorizada pelos espectadores", diz.

O diretor justifica essa mudança de mentalidade à consagração de novos talentos como Fabio Porchat e Gregorio Duvivier, da turma do Porta dos Fundos, das séries e espetáculos criados por Bruno Mazzeo e até a leva de humoristas que formou uma nova plateia de teatro com o stand up comedy.

"Essa geração colocou a comédia em outro lugar de questionamento e reflexão da realidade", afirma. "Por muito tempo, a comédia foi vista como um gênero menor e isso era um absurdo, porque é muito mais difícil de fazer rir e o ator cômico, ao contrário do dramático, não tem tempo para as pausas que fazem com que ele pareça mais inteligente."

TOC TOC

Teatro Procópio Ferreira.

Rua Augusta, 2823, Cerqueira César. Sexta e sábado, 21h; domingo, 18h. R$ 120. Até 16/12

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A professora de Matemática Fernanda Reinecke Bonin, de 42 anos, foi encontrada morta, na última segunda-feira, 28, em um terreno baldio ermo e pouco iluminado na Avenida João Paulo da Silva, próximo ao Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo.

O caso é investigado pela Divisão de Homicídios do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). A Polícia Civil diz analisar imagens de câmeras de monitoramento, ouvir familiares e coletar mais materiais para esclarecer o episódio.

"As investigações seguem para apurar se o crime configura latrocínio, conforme registrado inicialmente, ou homicídio", informa Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-SP), em nota. Veja o que se sabe sobre o caso até agora.

O que aconteceu no dia do crime?

Conforme a investigação, Fernanda saiu de casa no último domingo para socorrer a esposa, de 45 anos, que teve um problema mecânico com seu carro, na Avenida Jaguaré, na zona oeste.

As duas estavam casadas havia oito anos, mas moravam em casas separadas desde o ano passado. A mulher levava os dois filhos do casal para a residência da professora, quando seu carro parou. Como estava com os filhos, ela pediu ajuda a Fernanda e enviou sua localização.

Imagens de câmeras de vigilância do prédio mostram a vítima descendo sozinha pelo elevador, portando seu celular. Em seguida, ela deixa o prédio a bordo de uma SUV Hyundai Tucson para socorrer a companheira.

A esposa teria sido a última pessoa com quem a professora de Matemática teve contato.

O que diz a esposa de Fernanda?

Segundo a companheira de Fernanda, a professora não chegou ao local combinado. Em depoimento à polícia, ela disse que o carro voltou a funcionar cerca de meia hora depois e se dirigiu ao prédio da vítima para deixar as crianças, mas ela não estava.

No dia seguinte, a professora não foi trabalhar. Como a esposa não conseguia contato, resolveu comunicar o desaparecimento de Fernanda à polícia.

Quando e onde Fernanda foi encontrada?

Após denúncia anônima, policiais militares encontraram o corpo de Fernanda na última segunda-feira, 28. A vítima foi localizada em um terreno na Avenida João Paulo da Silva, na Vila da Paz. O local é descrito como ermo e pouco iluminado.

Fernanda estava caída de costas, vestida com calça, blusa, meia e sandálias, aparentando um pijama. Conforme a polícia, o corpo apresentava sinais de estrangulamento. Foi encontrado um cadarço amarrado em seu pescoço.

O que aconteceu com os pertences da professora?

O celular e o carro de Fernanda não foram encontrados, o que levou a polícia a suspeitar inicialmente de latrocínio. No mesmo dia, o foco das apurações passou a incluir o homicídio.

"Ressalta-se que a natureza da ocorrência, lançada no registro preliminar, pode ser revista e ajustada durante o curso do inquérito, sem prejuízo à investigação", diz a SSP-SP.

Quem era Fernanda Reinecke Bonin?

Fernanda era graduada em Matemática pela Universidade de São Paulo (USP) e especializada em necessidades especiais na educação pela Universidade MacEwan, do Canadá. Ela lecionava na Beacon School, escola bilíngue de alto padrão, localizada na zona oeste da cidade.

"Fernanda marcou profundamente a vida de muitos estudantes e colegas com sua dedicação, gentileza e compromisso com a educação e deixará muita saudade", informou o colégio, por meio de nota.

O corpo dela foi sepultado nesta quarta-feira, 30, em um cemitério de Santo André, na região do ABC paulista.

Como era a relação da professora com a esposa?

Segundo o boletim de ocorrência, ao qual o Estadão teve acesso, a professora de Matemática era casada havia oito anos com Fernanda Fazio, de 45 anos.

Fazia um ano que as duas não moravam juntas, após idas e vindas no relacionamento. Elas frequentavam sessões de terapia de casal e buscavam a reconciliação. Juntas, elas tiveram dois filhos, que se revezavam nas casas das mães.

Morte foi planejada?

A polícia ainda não informou ter localizado, identificado ou prendido algum suspeito do crime e não deu outros esclarecimentos sobre o caso.

A pasta informou nesta quinta, 1°, que as investigações seguem para apurar se o crime configura latrocínio - roubo seguido de morte -, conforme registrado inicialmente, ou homicídio. Neste segundo caso, a hipótese é de que alguém planejou a morte da educadora, podendo ter simulado um roubo.

"A Divisão de Homicídios do DHPP investiga a morte de uma mulher de 42 anos, cujo corpo foi localizado na manhã de segunda-feira (28), em um terreno na Avenida João Paulo da Silva, na zona sul da capital. A autoridade policial analisa imagens de câmeras de monitoramento, realiza a oitiva de familiares e atua na coleta de elementos que auxiliem no esclarecimento dos fatos", disse a pasta, em nota.

O cenário de praias cobertas com lonas e barracas que chegam a impedir o banho de sol na areia pode estar com os dias contados, em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Um projeto de lei legislativo proíbe a instalação de tendas, barracas, gazebos e estruturas similares em todas as 102 praias do município. Quem descumprir terá o apetrecho apreendido pela fiscalização e pagará R$ 1 mil para reavê-lo. Recebe também uma multa de R$ 1 mil pela infração à lei.

Mas o projeto ainda depende de sanção da prefeita Flávia Pascoal (PL). Caso a norma seja sancionada, haverá um prazo de 60 dias para a regulamentação. A reportagem procurou a prefeitura de Ubatuba para se manifestar sobre a iniciativa da Câmara e aguarda retorno.

A nova regra permite o uso de guarda-sóis com até três metros de diâmetro e abre exceções para eventos previamente autorizados e estruturas de apoio a órgãos públicos ou prestadores de serviços licenciados. Também são permitidas as tendas de ambulantes em pontos fixados pela prefeitura, geralmente na borda da faixa de areia.

A medida foca principalmente nas praias mais movimentadas da cidade, como Praia Grande, Itamambuca, Praia do Tenório e Toninhas. Nestas, as tendas e barracas ocupam grandes espaços. O problema é menor nas praias mais afastadas do centro e de ilhas, como a Anchieta.

O projeto, que foi aprovado por unanimidade, na sessão desta terça-feira, 29, prevê que os valores arrecadados com as multas e apreensões serão destinados ao Fundo Municipal de Turismo e ao Fundo Social.

De acordo com o autor da proposta, vereador Gady Gonzalez (MDB), o objetivo é dar ao turista mais acessibilidade às áreas comuns da orla e evitar riscos à segurança. "Está havendo uma ocupação desordenada das praias, o que tem dificultado o trabalho de guarda-vidas, pois atrapalha a visibilidade para salvamentos, e causa um aumento nos casos de crianças perdidas", diz o vereador, que também é presidente da Câmara.

Segundo ele, a beleza das praias desaparece sob a profusão de tendas e barracas, que dificultam inclusive o trânsito dos banhistas pela faixa de areia. A situação se agrava na alta temporada, quando a cidade recebe um grande número de turistas. "Não dá para caminhar, nem tomar sol. A praia toda fica coberta pelas tendas e barracas. É uma regulamentação para mudar a cara da nossa cidade", diz.

A Associação Comercial de Ubatuba declarou apoio à proposta. De acordo com o presidente Adriano Klopfer, o ordenamento urbano é importante para atrair o turismo sustentável e para o desenvolvimento da cidade com preservação e atenção, não só ao turista, mas também à população local.

Ubatuba já cobra uma taxa do turista que busca suas praias. A Taxa de Preservação Ambiental é cobrada de cada veículo de fora que fica mais de quatro horas na cidade e varia conforme o tipo de veículo. Os valores em vigor este ano são de R$ 3,69 por dia para motos, R$ 13,73 para carros de passeio e R$ 20,59 para utilitários. Vans de excursão pagam R$ 41,18, micro-ônibus e caminhões R$ 62,30, e dos ônibus são cobrados R$ 97,14.

Uma policial militar que atua na Baixada Santista foi assaltada e agredida por criminosos, na noite desta quarta-feira, 30, no Sistema Anchieta-Imigrantes, em Cubatão.

Ela foi abordada por dois homens que levaram seus pertences, inclusive sua arma, uma pistola calibre 40. A ocorrência foi confirmada nesta quinta-feira, 1, pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).

A policial, de 33 anos, atua no 29º Batalhão da Polícia Militar do Interior, sediado em Itanhaém, mas que atende também as cidades de Mongaguá, Peruíbe, Pedro de Toledo e Itariri.

Ela tinha saído do trabalho e seguia de carro para São Paulo. No km 59 da Interligação Anchieta-Imigrantes, na altura do Jardim Nova República, a PM percebeu que o carro estava trepidando e parou no acostamento para verificar se algum pneu havia furado.

Foi quando dois homens a abordaram e, agindo com violência, exigiram que entregasse seus pertences. Além da pistola da policial com quatro munições e um carregador, os suspeitos roubaram documentos, cartões de crédito e um celular. Eles fugiram em seguida.

Segundo a SSP, a PM foi agredida durante a ação e precisou ser socorrida ao Pronto-Socorro Central de Cubatão. Ela foi medicada e liberada. O caso foi registrado como roubo pela delegacia da Polícia Civil, que investiga o assalto e tenta identificar os suspeitos. A PM acompanha o andamento das investigações.