Jean-Paul Sartre recusou o Nobel de Literatura em 1964

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Sessenta anos atrás, em outubro de 1964, Jean-Paul Sartre era anunciado como o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, honra que este ano foi entregue à autora sul-coreana Han Kang. Na época, no entanto, o escritor francês responsável por obras como O Ser e o Nada e A Náusea recusou o prêmio, assim como fez com outras honrarias anteriores, como sua inclusão na Legião de Honra Francesa, em 1945.

Em 1964, Sartre justificou sua posição explicando que o título transformaria seu nome e trabalho e ainda citou motivos políticos por trás da decisão. Em uma declaração feita naquele ano, o autor disse: "Um escritor não pode aceitar um prêmio oficial porque ele estaria adicionando a influência da instituição que lhe premiou ao peso de sua caneta. E isto não é justo ao leitor". Ele continuou: "Um escritor deve recusar a se transformar em uma instituição, mesmo que isso aconteça de uma forma tão honorável".

Para além da justificativa literária, Sartre citou também o posicionamento político do Nobel, mencionando autores comunistas que seriam merecedores do prêmio mas que nunca haviam sido celebrados pela instituição, como Pablo Neruda e Mikhail Sholokhov. O romancista soviético, inclusive, seria o vencedor do Nobel no ano seguinte, em 1965.

Na época, Sartre também citou a nomeação de Boris Pasternak, autor de Doutor Jivago, no Nobel de Literatura de 1958: "É lamentável que o único trabalho soviético honrado foi o que foi publicado no exterior e proibido em seu próprio país", explicou. Pasternak, o primeiro autor que rejeitou o prêmio, expressou gratidão, mas foi pressionado pelo governo soviético a recusar a honra. Sartre também criticou o Nobel por tradicionalmente celebrar autores do Ocidente, "ou rebeldes do Oriente".

Anos mais tarde, em 2015, foi revelado que Sartre já havia enviado uma carta ao comitê suíço pedindo que não fosse nomeado antes do Nobel anunciar a sua decisão. O pedido, no entanto, chegou um mês depois que a instituição anunciou o premiado, em 22 de outubro.

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O Ministério da Saúde recebeu esta semana um lote com 1,3 milhão de vacinas contra a Covid-19. Esta é a primeira remessa das 7,4 milhões de doses previstas.

A previsão da Pasta é que a partir da próxima semana os Estados comecem a receber os imunizantes atualizados. A previsão para este ano é aplicar mais de 15 milhões de doses da vacina a todos os públicos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Ministério da Saúde lançou novo edital do Programa Mais Médicos, com previsão de 3.174 vagas. Os profissionais interessados podem se inscrever até 08 de maio.

Das vagas abertas, 3.066 serão distribuídas em 1.620 municípios brasileiros, e 108 destinadas para 26 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). O objetivo do programa, segundo o Ministério, é fortalecer a assistência médica em regiões remotas e de maior vulnerabilidade social.

Os profissionais selecionados integrarão equipes de Saúde da Família, que oferecem atendimento e acompanhamento mais próximos da população.

A Polícia Civil de São Paulo pediu uma perícia no carro de Fernanda Fazio, esposa de Fernanda Reinecke Bonin, professora de Matemática de 42 anos, que foi encontrada morta na última segunda-feira, 28, na zona sul da capital.

Em depoimento à polícia, Fazio alegou que tivera um problema na caixa de câmbio do seu veículo enquanto se deslocava para a casa da professora no último domingo, 27. Por conta desta falha, que a impedia de continuar dirigindo, ela ligou para Fernanda ajudá-la com o veículo.

Ao sair do prédio para encontrar a companheira, Fernanda Bonin não foi mais vista. Ela foi encontrada já sem vida, no dia seguinte, em um terreno baldio na Avenida João Paulo da Silva, em Vila da Paz, próximo ao Autódromo de Interlagos.

Em depoimento, Fazio alegou que o carro voltou a funcionar 30 minutos depois de pedir socorro à Fernanda. Como a professora não chegou ao local combinado, a esposa se dirigiu ao prédio da vítima, mas ela não estava.

No dia seguinte, a professora não foi trabalhar - ela lecionava na Beacon School, uma escola de alto padrão da zona oeste. Como a esposa não conseguia contato, resolveu comunicar o desaparecimento de Fernanda à polícia.

O Estadão apurou que investigadores da Polícia Civil viram inconsistências no depoimento de Fazio, e que pediram uma perícia no carro da mulher da professora para confirmar que a caixa de câmbio realmente estava com problemas, conforme mencionado em depoimento.

Mesmo com a perícia, Fernanda Fazio não é considerada suspeita, mas apenas averiguada. A defesa dela não foi localizada pela reportagem.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que as as investigações do caso seguem sob sigilo pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e que "a companheira e o pai da vítima já foram ouvidos pela autoridade policial".

"As equipes da unidade seguem empenhadas na análise de imagens que possam contribuir para o esclarecimento dos fatos e para identificação da autoria do crime", informou a secretaria no comunicado.

Segundo o boletim de ocorrência, ao qual o Estadão teve acesso, a professora de Matemática era casada havia oito anos com Fernanda Fazio, de 45 anos.

Fazia um ano que as duas não moravam juntas, após idas e vindas no relacionamento. Elas frequentavam sessões de terapia de casal e buscavam a reconciliação. Juntas, elas tiveram dois filhos, que se revezavam nas casas das mães.