Alessandro Michele estreia como diretor criativo da Valentino

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Um dos movimentos mais importantes da moda atual é o reencontro com a individualidade. Com o aumento do acesso à informação, impulsionado na última década pelas mídias sociais, o conteúdo de moda das passarelas passou a ser mais acessível ao público em geral. Houve uma massificação de imagens e propostas, que passaram a ser repetidas e replicadas à exaustão, levando a uma falta de singularidade e a uma padronização de figuras.

A priori, a informação sem a intermediação da imprensa - que, antes das mídias sociais, era a única que tinha o poder de apresentar as tendências ao público final - mostrou um novo potencial de conhecimento por finalmente promover acesso sem restrições. No entanto, mais de uma década depois da entrada das mídias sociais nas coberturas de desfiles, fica clara a urgência da formação de uma identidade própria, individual, para que a moda siga cumprindo um papel identitário.

Nesse contexto, o desfile mais esperado da semana de moda de Paris, o da italiana Valentino, trouxe a resposta esperada através do trabalho de seu novo diretor criativo, Alessandro Michele. Michele pauta seu trabalho pelas singularidades do mundo e consagrou-se na moda como mestre na arte de criar imagens e histórias únicas, de caráter complexo e detalhado, mesclando referências diversas e trazendo um olhar constante para os significados que cada peça de roupa carrega. Em sua moda maximalista e exuberante, nada é trivial: cada peça - e as suas múltiplas combinações dentro de uma coleção - permite que quem as veste tenha a oportunidade real de contar também sua própria história, usando a moda como meio de comunicação. Esse é o fator determinante para explicar o "efeito Michele", que levou uma multidão de fãs à porta do desfile da Valentino no último dia 29.

Michele chega à Valentino após uma muito bem-sucedida empreitada à frente da italiana Gucci. Na marca de raízes florentinas, foi o responsável por coleções e ações de comunicação que elevaram a marca a níveis de desejo absoluto. Sua série de êxitos inclui recordes de vendas e uma expansão significativa da presença digital da grife.

Na passarela da Valentino desta temporada, a história e a identidade da marca, criada na década de 1960 por Valentino Garavani e Giancarlo Giammetti, em Roma, estão no centro da experiência. Em uma sala com iluminação dramática, decorada por móveis cobertos por tecidos brancos e sobre um chão de espelhos que pareciam estilhaçados ao se pisar sobre eles - obra do artista Alfredo Pirri -, 85 looks foram desfilados. Cada uma das propostas trouxe, em média, combinações com mais de seis peças diferentes - entre roupas e acessórios -, em uma profusão de cores, laços, bordados, transparências, rendas, pedrarias, tricôs, alfaiataria, franjas, plumas, babados - e a lista continua. Ao mesmo tempo que a imagem da moda da grife é coesa, as possibilidades de estilo se expandem.

Os arquivos das criações do próprio Valentino, de um recorte de tempo específico, foram o ponto de partida. "São três décadas muito presentes. Vamos da metade ao final dos anos 1960, aos 70 e ao início dos 80, que acredito terem sido muito importantes para a definição estética da marca Valentino", contou Alessandro em conversa com jornalistas logo após o desfile, que foi apresentado ao público sob o nome "Pavillon des Folies", ou "Pavilhão dos Espetáculos", em tradução livre. Dessa análise de Alessandro surgem peças em um vermelho vibrante - a cor icônica de Valentino -, estampas de poá em preto e branco, babados e uma série de outras referências. Todos elementos que fazem parte de uma época em que, segundo o diretor criativo, Valentino Garavani "mudou a moda na Itália, com referências francesas muito fortes, mas tudo com muita leveza e delicadeza".

Ao mix de referências agregam-se os acessórios, elementos muito importantes no léxico fashion de Michele, que nesta temporada transitam entre diferentes estilos e eras. Os chapéus vieram maximizados, com abas mais longas na parte de trás, como os de Valentino na década de 1970. Dos arquivos da marca surgiram também os turbantes e os colares de pérola, em um arsenal de acessórios que inclui meias de renda, bolsas - usadas em dupla -, uma série de óculos de sol com pingentes, broches surrealistas, acessórios de rosto e gorros de tricô ornamentados.

Outro grande pilar da nova coleção está nos tecidos vaporosos e transparentes que cobrem o corpo com camadas diáfanas de cores e padronagens. "No meu primeiro dia na marca, passei a tarde toda no arquivo", conta Michele, "e fiquei encantado ao ver como suas criações, principalmente seus vestidos, eram impalpáveis. É uma ideia muito fascinante; até mesmo as peças com mais presença física são muito leves em suas formas."

De forma geral, a coleção se alterna entre leveza e materialidade, esta última representada pelos modelos extremamente trabalhados com bordados, adornos e cores fortes, uma referência aos anos 80 da marca e "seus códigos para exaltar o poder feminino", nas palavras de Alessandro. Tudo embalado por um olhar muito próprio do diretor, que agregou ao mix pensamentos sobre a essência da beleza e sobre a nossa atual relação com o tempo. A própria ambientação do desfile sugeria uma suspensão no fluxo temporal. Para o diretor, existe no mundo atual uma "falta de tempo para pensar e criar com qualidade". "Não temos como seguir nesse movimento."

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Um motorista de ônibus foi feito de refém nesta quarta-feira, 30, na Avenida José Pinheiro Borges, na região de Itaquera, zona leste da capital. A ação acabou por volta das 20h, com o motorista resgatado e o sequestrador, preso.

A Polícia Militar foi acionada após um homem, com uma faca, abordar um ônibus do transporte público e manter o motorista refém desde por volta das 17h40. Os únicos ocupantes do ônibus eram o sequestrador e o refém. O ônibus faz a linha 407L-10 (Barro Branco - Guilhermina Esperança).

O ônibus é da empresa Express Transportes Urbanos. Segundo funcionários da firma, o sequestrador é um ex-funcionário da empresa. O refém é funcionário da empresa há mais de 20 anos, segundo as mesmas fontes, e estava encerrando o expediente quando foi rendido.

O Corpo de Bombeiros e o Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) foram acionados e acompanham a ocorrência. A via, sentido centro, foi totalmente bloqueada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

Agentes do GATE especializados em negociação participaram da ação para convencer o homem a se entregar. Atiradores chegaram a ser posicionados para disparar contra o homem, caso fosse necessário, o que não ocorreu.

A Polícia Civil de São Paulo prendeu 675 pessoas nas últimas 24 horas, em operação realizada por todo Estado para capturar foragidos da Justiça. Batizada de Rastreio, a operação contou com mais de 2.500 policiais civis e 1.055 viaturas, informou o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite.

A maioria dos criminosos, segundo o chefe da pasta, foi detida por tráfico de entorpecentes (28%). Roubo (18%), homicídios (14%), furto (9%) e estupro (5%) foram outros crimes mais recorrentes cometidos pelos procurados.

Segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, parte dos foragidos detidos integra facções criminosas. "Isso vai ser usado para a continuidade de outras investigações."

As buscas foram feitas com base em 1.080 mandados em aberto. Com a prisão de 675 foragidos, o trabalho de captura dos demais segue para localizar os demais, informou Guilherme Derrite.

"Ainda há um porcentual que a gente não conseguiu localizar nesse momento", disse. "Vamos deflagrar outras fases desta operação Rastreio", disse o secretário.

Ainda segundo o chefe da pasta, 47% dos presos na Operação Rastreio são reincidentes, ou seja, já tinham sido presos por outros crimes. "Certamente, essas pessoas cometeriam outros crimes e fariam novas vítimas", disse o secretário.

A freira gaúcha Inah Canabarro Lucas, considerada a pessoa mais velha do mundo, morreu nesta quarta-feira, 30, em Porto Alegre, aos 116 anos. Nascida em 27 de maio de 1908, em São Francisco de Assis (RS), Inah era bisneta do general David Canabarro, figura proeminente da Revolução Farroupilha. Desde 1927, integrava a Congregação das Irmãs Teresianas, tendo dedicado sua vida ao magistério e à espiritualidade.

Durante sua longa trajetória, Irmã Inah testemunhou transformações significativas no mundo e na Igreja, atravessando duas guerras mundiais e convivendo com dez papas.

Como educadora, lecionou disciplinas como português, matemática, ciências, história, arte e religião em colégios teresianos no Rio de Janeiro, Itaqui e Santana do Livramento, cidade onde passou a maior parte de sua vida e é especialmente lembrada por ter fundado a banda marcial do Colégio Santa Teresa, composta por 115 instrumentos e que se apresentou em diversos locais do Brasil, Uruguai e Argentina. Além disso, colaborou na criação da banda marcial do Liceu Pomoli, em Rivera, no Uruguai.

Torcedora do Sport Club Internacional, fundado em 1909, Irmã Inah acompanhou de perto a história do clube desde seu início. Com sua morte, o título de pessoa mais velha do mundo passa a ser da inglesa Ethel Caterham, nascida em 21 de agosto de 1909, atualmente com 115 anos.