'A Substância', cru, violento -e superficial

Variedades
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
Coralie Fargeat despreza a sutileza. Parece achá-la uma demonstração de fraqueza. Como tem uma tese a demonstrar, prefere esfregá-la na cara do público, sem ambiguidades, considerações, dúvidas ou outras hesitações do pensamento. Dessa forma, em que pese seu caráter polêmico, A Substância, que teve o roteiro premiado em Cannes, é um filme do seu tempo. Do nosso tempo. Cru, violento, redundante, superficial.

A história é, em parte, imitação da carreira de Demi Moore. Uma deusa de beleza e sensualidade na juventude, badalada a mais não poder e recebendo mais ofertas do que poderia aceitar. Mas o tempo passa. E eis sua personagem, Elizabeth, na maturidade e ganhando a vida com programa na TV de ginástica aeróbica. Vai perder até mesmo esse posto. Descobre quando, escondida no banheiro masculino, ouve seu chefe, Harvey (Dennis Quaid) falar do propósito de demitir "aquela velha". Ela.

Quaid interpreta um canalha completo. Oportunista, cínico, autoritário, um idiota completo dotado de ego descomunal, ele simboliza o conjunto do gênero masculino. Precisa comer como um animal faminto, porque, caso tivesse modos à mesa, poderia comprometer a "mensagem" da obra. Então a câmera entra quase na boca do homem, goela abaixo, para mostrar como é grosseiro, comilão, voraz, asqueroso. Ele tem que se chamar Harvey para que os distraídos não se esqueçam de Harvey Weinstein, o macho alfa da Miramax que acabou em cana pelas agressões sexuais às mulheres.

INVENTIVIDADE

A premissa sci-fi de A Substância tem lá sua inventividade, embora nunca pareça verossímil. Quem for ver o filme verá e julgará por si. Não se trata de um processo de rejuvenescimento convencional, mas da criação de uma espécie de clone. Mas as duas são uma e precisam viver em equilíbrio. Quando este se rompe, abre-se o caminho para uma exploração cada vez maior do grotesco, como se Fargeat não só dialogasse com o chamado cinema de gênero, mas passasse também a testar limites, seus e do público. A cada volta no parafuso, ficamos esperando e nos perguntando: depois disso, o que mais pode vir?

E vem, sempre mais e mais, muito além do suportável. Até desabar num final piegas, mas dotado de certa beleza, é verdade, alusão à inevitável finitude e de como tudo - a glória, a juventude, a beleza - é enfim varrido como lixo, mesmo que concentrado na efígie desbotada da calçada da fama. "Sic transit gloria mundi", dizem os cristãos. Tudo é transitório. Mais ainda filmes feitos para "causar", e nada mais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Um motorista de ônibus é feito de refém nesta quarta-feira, 30, na Avenida José Pinheiro Borges, na região de Itaquera, zona leste da capital.

A Polícia Militar foi acionada e, segundo a secretaria estadual da Segurança Pública, um homem com uma faca abordou um ônibus do transporte público e mantém o motorista refém desde por volta das 17h40.

O veículo, que faz a linha 407L-10 (Barro Branco - Guilhermina Esperança), está sem passageiros nem cobrador - os únicos ocupantes são sequestrador e refém.

O ônibus é da empresa Express Transportes Urbanos. Segundo funcionários da firma, o sequestrador é um ex-funcionário da empresa. O refém é funcionário da empresa há mais de 20 anos, segundo as mesmas fontes, e estava encerrando o expediente quando foi rendido.

O Corpo de Bombeiros e o Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) foram acionados e acompanham a ocorrência, que ainda está em andamento. A via, sentido centro, foi totalmente bloqueada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

Agentes do GATE especializados em negociação tentam convencer o homem a se entregar. Atiradores estão posicionados para disparar contra o homem, caso seja necessário para preservar a vida do motorista.

Um motorista de ônibus é feito de refém nesta quarta-feira, 30, na Avenida José Pinheiro Borges, na região de Itaquera, zona leste da capital.

A Polícia Militar foi acionada e, segundo as informações iniciais, um homem com uma faca abordou um ônibus do transporte público e manteve o motorista como refém. O ônibus faz a linha 407L-10 (Barro Branco - Guilhermina Esperança).

O Corpo de Bombeiros e o Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) foram acionados e acompanham a ocorrência, que ainda está em andamento.

Agentes do GATE especializados em negociação tentam convencer o homem a se entregar.

O Ministério da Saúde quer direcionar recursos financeiros para vagas de pós-graduação médica em áreas com poucos médicos no Sistema Único de Saúde (SUS), como patologia clínica e oncologia. A proposta foi anunciada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante a divulgação do estudo Demografia Médica da Faculdade Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) nesta quarta-feira, 30.

"Queremos fazer uma parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB) para que essas pós-graduações aconteçam nas vagas prioritárias que o SUS mais precisa e onde precisa. O Ministério da Saúde está disposto, inclusive, a ter um acordo financeiro, colocar recursos para direcionar essas vagas", disse o ministro.

Essas pós-graduações em Medicina têm características bastante heterogêneas, conforme mostra o estudo Demografia Médica. Podem ser presenciais ou EAD, com ou sem prática, com pelo menos 360 horas e não possuem uma fiscalização ou regulamentação. Por outro lado, as residências médicas, consideradas o padrão-ouro para especialização na Medicina, têm uma carga horária de cerca de 3.000 horas anuais, são majoritariamente práticas e realizadas com supervisão médica em hospitais ou unidades de saúde.

As pós-graduações latu sensu em Medicina têm crescido exponencialmente no Brasil, ocupando uma lacuna deixada pelo déficit de vagas em residências médicas no País em comparação com a alta de médicos graduados. A expectativa é de que neste ano quase 35 mil médicos recém-formados saiam das faculdades, concorrendo a menos de 20 mil vagas de acesso direto ao primeiro ano de residência.

Para obter o título de especialista, o médico pode fazer a residência (que confere o título automaticamente) ou então prestar a prova da sociedade que representa cada especialidade (o que pode ser feito após uma pós-graduação, mas não há essa obrigação). Nem todas as especialidades médicas, porém, têm provas de título - o que, na prática, faz com que só seja possível se tornar especialista por meio da residência.

'Mais Médicos' para residências

Padilha falou sobre a criação de um grupo de instituições de excelência para apoiar a formação de residentes em áreas remotas, onde há uma baixa relação de médicos por habitante. Disse ainda que está estudando um conjunto de ações voltadas para as residências médicas que ainda será anunciado.

"O principal desafio é como a residência vai chegar nessas regiões com menor número de médicos", disse o ministro. "O estudo (Demografia Médica) dá todos os elementos de onde nós precisamos jogar esforços para expandir com qualidade programas de residência médica", completou.

A criação de especializações médicas nesses locais é uma estratégia pensada pelo Ministério da Saúde, pois os estudos mostram que as residências são as principais responsáveis pela fixação futura de profissionais nas cidades (muito mais do que as graduações).

"Seria uma espécie de Mais Médicos para as especialidades que precisam em determinadas regiões do País e faz um condutor financeiro para que o especialista vá para essa região e permaneça no SUS depois", explicou o ministro.

Para cumprir esse objetivo de incentivar a formação de especialistas em áreas e regiões prioritárias para o SUS, o Ministério da Saúde criou, em 2009, o programa federal Pró-Residências, que financia bolsas de residência médica em instituições públicas e privadas sem fins lucrativos. Em 2019, o programa foi interrompido e foi retomado em 2023.

Exame de progressão

Outra medida que o Ministério da Saúde estuda voltada aos cursos de Medicina é a criação de uma avaliação de progressão dos estudantes, com provas feitas ao longo de toda a graduação para medir a evolução dos alunos e corrigir possíveis deficiências durante o percurso da graduação. O objetivo é impedir que os alunos cheguem ao final da graduação com lacunas de conhecimento, além de também avaliar os cursos de forma contínua.

O primeiro passo desse projeto foi dado na última semana, quando, junto com o Ministério da Educação (MEC), a pasta anunciou o Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed), para avaliar o desempenho de estudantes e os cursos de formação médica, em substituição ao Enade, servindo também como via de acesso a residências médicas.

O Enamed deve começar a ser aplicado em outubro deste ano. Já as provas de progresso ainda não foram instituídas e não têm data prevista.

Esse formato de avaliação aplicada ao longo da formação é "o que existe de melhor no mundo hoje", segundo Padilha, usado mesmo em países como os Estados onde há também um exame obrigatório que habilita os médicos a exercerem a profissão (como propõe um projeto de lei e já ocorre com os advogados no Brasil).

Alguns especialistas defendem, inclusive, que as avaliações de ensino tenham consequências para os cursos - aqueles que tiverem uma média geral ruim seriam impedidos de abrir novas turmas.

Junto ao Conselho Nacional de Educação (CNE), o Ministério da Saúde também está estudando uma atualização das diretrizes curriculares de Medicina, que definem regras gerais do que os cursos de todo o País devem ensinar.