Mauro Beting mostra biblioteca com centenas de livros de futebol

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A biblioteca de Mauro Beting é um enorme estádio. Nas cadeiras superiores, estão as biografias sobre grandes nomes do futebol brasileiro e internacional. Nas numeradas, um espaço para obras que misturam o esporte à sociologia, política e cultura. Na geral, seus xodós: livros para os quais Mauro escreveu o prefácio ou a quarta capa. "São meu maior orgulho", diz o jornalista esportivo, que já publicou 25 títulos e segue escrevendo sem parar. "Toda semana chegam projetos novos, só nesta foram três convites."

Mauro recebeu a reportagem do Estadão em dois locais onde guarda seu acervo. Na própria casa, no bairro do Morumbi, em São Paulo, e em uma das lojas Retrô Gol, marca da qual é sócio, no Itaim Bibi. Ao longo da conversa, falou das memórias com o pai (e também jornalista), Joelmir Beting, da música como segunda paixão ao lado do futebol, de seu processo de escrita e dos livros preferidos.

Na ficção, a genialidade

Mauro não lê só sobre futebol, ainda que seja seu grande filão de livros. "Machado de Assis é meu autor brasileiro favorito e John Steinbeck talvez o preferido fora do Brasil", afirma. No entanto, por falta de espaço e desapego, o comentarista do SBT, TNT Sports e Rádio Bandeirantes se desfez de muitos exemplares da coleção, para montar uma biblioteca dedicada ao esporte.

Nas prateleiras de Mauro, quase tudo é não-ficção. Partidas, estatísticas, curiosidades, clubes, carreira de atletas: são livros calcados na história da bola. Mas o melhor deles - pelo menos em língua portuguesa, segundo o jornalista - é uma obra inventada. O Drible, de Sérgio Rodrigues, lançado em 2014.

"Esse aqui é o quinto ou sexto que eu tenho, porque fui comprando e dei pra duas amigas que não gostam de futebol e falei: agora vocês vão começar a gostar ou pelo menos respeitar quem gosta", diz Mauro, mostrando um exemplar da obra lançada pela Companhia das Letras. A cena inicial, que descreve o espetacular drible de Pelé no goleiro uruguaio Mazurkiewicz, o 'Mazurka', na Copa do Mundo 1970, é um dos pontos altos da obra.

"Um dos livros mais disruptivos do futebol brasileiro" nas palavras de Mauro. A autoria é de Francisco Sarno, ex-jogador e treinador de futebol, que relata os bastidores do futebol nos anos 1950 e 1960. "Esse livro conta tantas coisas, de forma implícita e explícita, que encerrou a carreira dele. Sarno nunca mais trabalhou em nenhum clube."

O Negro no Futebol Brasileiro (1947)

Obra maior de Mário Filho, jornalista que dá nome ao estádio do Maracanã, e fundamental para compreender o racismo no país do futebol. Mauro guarda na estante a 5ª edição, uma das mais vendidas do livro, publicada em 2010 pela MAUAD Editora.

Klopp (2019)

É a biografia de Jürgen Klopp, treinador recém-aposentado, com o enorme subtítulo o técnico heavy metal que transformou Borussia Dortmund e Liverpool - e está mudando o panorama do futebol na Europa, escrito pelo jornalista alemão Raphael Honigstein e publicado no Brasil pela editora Grande Área.

Estrela Solitária (1995)

Do "cracaço das biografias" Ruy Castro, a história de vida de Mané Garrincha, o craque brasileiro dos anos 1960.

Futebol ao Sol e à Sombra (1995)

"Tenho uns três ou quatro do [Eduardo] Galeano perdidos por aqui. É um gênio até quando fala besteira sobre futebol", brinca Mauro. O escritor uruguaio que morreu em 2015 é reconhecidamente um dos autores de literatura latino-americana mais apaixonados pelo esporte.

Veneno remédio (2008)

"José Miguel Wisnik é absolutamente genial em tudo o que se propõe", elogia Mauro. Neste livro, aprofunda as conexões entre o futebol e a realidade social do Brasil ao longo do último século.

O livro de Wisnik está em um pedaço da estante que Mauro dedica aos livros sobre história, cultura, sociologia e política. Sempre com o futebol como pano de fundo. "Futebol e política se misturam completamente. Não precisam se misturar o tempo todo, mas de vez em quando é importante".

O gene de Joelmir

Mauro é filho de Joelmir Beting. Uma conexão hereditária que ajuda a explicar muitas de suas paixões: o Palmeiras, o jornalismo, a leitura. "Meu pai tinha um olhar muito técnico. Ele falava que não conseguia ler um Steinbeck, por exemplo, uma obra de ficção, porque ele parava às vezes no primeiro parágrafo e ficava analisando o estilo. 'Olha como ele construiu essa frase, olha essa pontuação'. Ele ia se perdendo..."

Formado em sociologia, Joelmir foi jornalista de canais como Globo, Record e Band, e se especializou na cobertura econômica. Tornou-se colunista do Estadão nos anos 1990 e escreveu dois livros: Na prática a teoria é outra: os fatos e as versões da Economia e Varig: eterna pioneira. "Chupa, pai. Você só escreveu dois e eu escrevi 25", debocha Mauro.

A família é recheada de nomes na área da comunicação. O irmão de Mauro, Gianfranco, é publicitário e cofundador da companhia aérea Azul. O primo, Erich, também é jornalista especializado em negócios do esporte. E o filho, Gabriel Beting, se formou recentemente em jornalismo. Mauro não esconde o orgulho do caçula. "Ele escreve muito bem e fez um puta livro-reportagem como trabalho de conclusão de curso sobre o trabalho dos engraxates. Nem consigo falar muito, porque começo a chorar."

Um livro para cada gigante paulista

Quer começar a ler sobre futebol e não sabe por onde? Talvez o clubismo ajude. Pedimos a Mauro que indicasse um livro relacionado a cada um dos grandes clubes do Estado de São Paulo.

CORINTHIANS: Centenário de gols: 100 gols que marcaram a história do Timão, de Denis Tassitano e Thiago de Rose

"São cem gols por cem pessoas, então não é só o título, pode ser gol de derrota, pode ser gol de vitória. Tem várias histórias e é um livro é muito divertido. Uma baita ideia que poderia até ser copiada por outros clubes. Eu fico muito honrado que são 99 corintianos e eu, falando de um gol do Corinthians."

PALMEIRAS: Coadjuvantes, de Gustavo Piqueira (2006)

"É um livro que trata da infância dele, como ele vira palmeirense, e ele passa todo o período sem títulos de 1976 até 1993. E é fantástico, é o melhor livro sobre a fila, é o melhor livro sobre o 'palmeirismo'."

SÃO PAULO: Maioridade penal, 18 anos de histórias inéditas, de André Plihal (2009)

"Foi publicado quando o Rogério Ceni completou 18 anos de São Paulo e eu nunca vou esquecer o evento de lançamento ali na Livraria Saraiva, do Morumbi. Foram mais de 2 mil pessoas aqui, autógrafo de livros até uma da manhã, e eu era um dos poucos, talvez o único que não era são-paulino ali. O Rogério é um dos melhores amigos que eu tenho no futebol, um craque absoluto, um mito."

SANTOS: Zito, o líder essencial, de Odir Cunha (2023)

"É sobre o capitão do Santos, bicampeão mundial pelo clube, e com quem eu tive a honra de trabalhar na Band durante a Copa de 1998, na França."

Paixão pela música

Antes de ser comentarista esportivo, Mauro chegou a trabalhar como crítico musical. "Eu diria que eu sei mais de música do que de futebol. E eu faço tudo ouvindo música, escrevo ouvindo música, faço transmissão de jogo ouvindo música." É de autoria do jornalista a biografia de Nasi, vocalista do Ira, e de Luiz Thunderbird, músico e ex-VJ da MTV.

O convite para escrever a história de Nasi, em 2012, veio enquanto Mauro produzia outra biografia, a do goleiro Marcos. "O Nasi ficou meu amigo e foi engraçado porque ele só queria falar comigo de São Paulo e eu só queria falar de rock com ele. Um dia, ele me liga às três da manhã e eu não atendo. Achei que ele tinha sido preso, sei lá. Depois, ele liga de novo às oito e eu resolvo atender. 'Mauro, quero que você escreva minha bio...' e eu completei: 'grafia'. Topei na hora."

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Uma criança de 7 anos que desapareceu em um lago do Rio Solimões quando dormia em uma rede pode ter sido atacada por um jacaré, em Anamã, no interior do Amazonas.

O corpo foi encontrado no fim da tarde desta quinta-feira, 2, com fratura do pescoço. O laudo médico aponta que o ferimento que levou à morte pode ter sido causada pelo ataque do animal. As circunstâncias da morte são investigadas pelas autoridades.

De acordo com a Polícia Militar do Amazonas, o menino Felipe Tinoco desapareceu na quarta-feira, 30, quando pescava com o pai em um lago formado pela cheia do Solimões na comunidade rural de Cuia Grande. Seguindo uma tradição local, eles armaram uma rede entre duas árvores, cerca de um metro acima do nível da água, para descansar durante a pesca.

O menino dormia na rede quando o pai saiu do local para verificar se havia peixe na malhadeira (rede de pesca) armada no rio. Logo depois ele ouviu gritos e correu em direção à criança, mas não encontrou o filho. A rede estava rasgada e as águas, no local, que é de remanso, estavam agitadas.

O pai pediu ajuda e as buscas começaram no mesmo dia. O corpo foi encontrado por moradores da comunidade. Felipe apresentava ferimentos no rosto e no pescoço, além de arranhões pelo corpo. A Polícia Militar fez o traslado para Anamã, onde foi realizada a necropsia.

Os peritos verificaram que a criança não tinha água nos pulmões, descartando afogamento, mas apresentava fraturas nas vértebras do pescoço, além de sinais compatíveis com o ataque de um animal.

Há grandes jacarés na área onde pai e filho pescavam. O jacaré-açu, o mais raro, chega a medir 5 metros de comprimento e pesar até 300 quilos.

A prefeitura de Anamã informou que está dando suporte social e psicológico à família da criança. O corpo de Felipe seria sepultado nesta sexta-feira, na comunidade de Santa Maria.

Caso da onça-pintada

Na madrugada do dia 21 de abril, o caseiro Jorge Avalo foi atacado e morto por uma onça-pintada, no pesqueiro em que trabalhava, na região de Touro Morto, em Aquidauana, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Turistas que foram ao local comprar mel viram que o homem estava ausente e notaram manchas de sangue e pegadas da onça no local. A Polícia Militar Ambiental foi acionada.

O corpo do caseiro foi encontrado no dia seguinte, à beira de um rio, parcialmente devorado.

Uma equipe da Ambiental acompanhada por um especialista em onças-pintadas fez a captura do felino. A onça-pintada estava cerca de 30 quilos abaixo do peso. O animal está sob os cuidados de especialistas no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, em Campo Grande, capital do estado.

A prefeitura de Florianópolis decretou, nesta quarta-feira, 1, estado de emergência em saúde pública devido ao avanço da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na cidade.

A medida, válida por 180 dias, foi oficializada por meio do Diário Oficial do Município e prevê ações emergenciais diante do colapso iminente nos serviços de saúde.

Segundo o documento, a decisão foi motivada pelo aumento expressivo nas internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) neonatais, pediátricas e adultas, além da superlotação das unidades de pronto atendimento e hospitais públicos e conveniados. Apenas nos primeiros quatro meses de 2025, o município registrou 459 casos de SRAG e 20 mortes.

O decreto também menciona que a ocupação dos leitos de retaguarda hospitalares atingiu 100%, dificultando o fluxo de atendimento nos serviços de urgência e emergência.

Nas três UPAs da cidade, houve um crescimento de 84,59% nos atendimentos pediátricos e 42,55% nos atendimentos clínicos adultos relacionados a infecções respiratórias, como gripe e infecção aguda das vias aéreas superiores.

Com a formalização do estado de emergência, a Secretaria Municipal de Saúde está autorizada a adotar uma série de medidas, incluindo:

- Dispensa de licitação para compra de insumos e serviços voltados ao enfrentamento da crise;

- Contratação temporária de profissionais de saúde, inclusive renovação imediata de contratos prestes a vencer;

- Ampliação da carga horária de profissionais já contratados.

Essas medidas precisam de autorização prévia do Comitê Gestor de Governo. Além disso, os hospitais vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS) devem priorizar a disponibilização de leitos clínicos com suporte ventilatório e de UTI para pacientes com SRAG.

O decreto também estabelece que os processos administrativos relacionados à emergência tramitarão em regime de urgência, com prioridade em toda a administração pública municipal.

De acordo com a prefeitura, as ações coordenadas pela Secretaria Municipal de Saúde devem priorizar a proteção de grupos vulneráveis, como crianças e idosos, e podem ser prorrogadas caso a situação de emergência persista.

O que é a SRAG?

A SRAG não é exatamente uma doença, mas uma complicação séria de outras infecções que afetam o sistema respiratório. Ela acontece quando uma infecção, geralmente viral, causa inflamação intensa nos pulmões, prejudicando os alvéolos, que são estruturas responsáveis pelas trocas gasosas.

Com isso, os sintomas envolvem falta de ar, sensação de peso no peito, coloração arroxeada dos lábios ou das extremidades e, em muitos casos, febre e perda de apetite. Esses sinais indicam que o organismo está enfrentando um quadro respiratório grave, com risco de comprometimento das funções vitais.

Na maior parte das vezes, a SRAG é uma consequência da gripe ou covid-19, mas também pode ser desencadeada por agentes bacterianos ou até mesmo fungos. Por isso, a abordagem médica varia de acordo com a causa.

O aumento repentino de casos pode acontecer por vários motivos combinados, como circulação de vírus sazonais (no outono e inverno, o ar fica mais seco e as pessoas passam mais tempo em ambientes fechados), circulação paralela de diferentes vírus e até baixa cobertura vacinal.

Como prevenir e tratar?

O tratamento costuma incluir o uso de oxigênio - seja por cateter, máscara ou ventilação mecânica, nos casos mais críticos - e fisioterapia respiratória para ajudar o paciente a recuperar a capacidade pulmonar.

Medicamentos antivirais, antibióticos ou antifúngicos também podem ser usados, dependendo do agente causador.

A melhor forma de prevenir a SRAG é evitar as infecções que levam a esse quadro. A vacinação contra gripe e covid-19 é uma das estratégias mais eficazes.

Além disso, manter hábitos simples, como lavar as mãos com frequência, cobrir a boca ao tossir e evitar contato próximo com pessoas doentes, ajuda a reduzir o risco de contaminação.

Supostos criminosos montaram um bloqueio em um trecho da Rodovia dos Imigrantes, em Cubatão, para simular uma blitz e assaltar viajantes. O trecho foi bloqueado com cones para que os veículos reduzissem a velocidade, facilitando a abordagem.

O motorista de um carro de aplicativo que passava pelo local relatou ter visto o suspeito empunhando uma arma, mas conseguiu escapar. A câmera instalada no carro filmou a abordagem.

O caso aconteceu na madrugada desta quarta-feira, 30, no trecho conhecido como Pedra Cortada, da pista sentido Baixada, logo após a saída de um túnel.

O motorista reduziu a velocidade ao se aproximar dos cones, mas viu que alguns homens saíam do acostamento, um deles com a arma. Como não havia sinalização, ele percebeu que seria assaltado e acelerou.

Vídeo

As imagens de um vídeo que circula em redes sociais mostram o motorista trafegando pela Imigrantes e se aproximando da blitz. Ele estranha ao ver os cones. "Está fechado aqui?". Em seguida, ele desvia o carro para a outra pista, acelera e avisa a passageira. "Abaixe, assalto."

Logo depois, desabafa: "Escapamos". A passageira pergunta o que foi. "Você não viu o monte de gente? É doido, os caras fecharam a pista para roubar. Liga pra polícia. Está com o celular? Avisa aí."

A Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes, disse em nota que lamenta o ocorrido e reforça que presta apoio à Polícia Militar Rodoviária nas ocorrências de segurança pública, oferecendo suporte às autoridades para a preservação da segurança viária.

No caso da falsa blitz, segundo a empresa, a parceria entre Ecovias e Polícia Rodoviária foi decisiva para a conclusão da ocorrência sem sucesso por parte dos bandidos. "A movimentação suspeita foi identificada por um policial de plantão no CCO (Centro de Controle Operacional) da concessionária, por meio de câmera instalada na rodovia. Ele imediatamente acionou a equipe da Tática Ostensiva Rodoviária (TOR), que foi até o local, mas os indivíduos envolvidos fugiram ao avistar a chegada da polícia."

A Ecovias diz ainda que tem investido em tecnologias de monitoramento e inteligência operacional e, em 2024, foram instaladas novas câmeras, totalizando mais de 300 equipamentos em operação. A estrutura permite o acompanhamento em tempo real das rodovias do Sistema Anchieta-Imigrantes, a partir do CCO. Nesse local, os profissionais da concessionária atuam de forma integrada com policiais militares, com acesso simultâneo às imagens.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP), no entanto, informou que não localizou o registro dessa ocorrência. A Polícia Civil analisa as imagens divulgadas em redes sociais para a identificação dos suspeitos.

A pasta disse que as forças de segurança intensificaram o policiamento na região e, desde a última quarta-feira, a Polícia Militar Rodoviária iniciou a Operação Feriado, que vai até este domingo, 4, com objetivo de prevenir e combater práticas criminosas, especialmente em áreas litorâneas e de grande fluxo turístico.

As ações contam com reforço do efetivo, ampliação do policiamento nas praças de pedágio, aumento da circulação de viaturas e uso de tecnologias de fiscalização, afirma.