Com homenagem a Milton Nascimento, grupo de dança Parsons Dance estreia turnê no Brasil

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Prestes a completar 40 anos de estrada, a companhia internacional Parsons Dance volta ao Brasil depois de 16 anos para uma curta temporada que passará por São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro. No espetáculo, que reúne seis diferentes peças criadas pelo grupo encabeçado pelo coreógrafo David Parsons, um dos destaques é uma homenagem a Milton Nascimento, a peça Nascimento, criada por Parsons para celebrar o Brasil e a arte do cantor e compositor.

Mas como esse encontro aconteceu? Em entrevista ao Estadão via chamada de vídeo, o coreógrafo contou que conheceu Milton em uma das passagens de sua companhia aqui pelo Brasil. O encontro foi inusitado. "Eu era um jovem que tinha acabado de criar uma companhia de dança. Não tinha dinheiro e consegui um espetáculo no Brasil", diz Parsons. "Estava tão entusiasmado por fazermos o espetáculo. Então, ele chega aos bastidores e diz que queria fazer uma música para mim. Eu disse que não tinha dinheiro e ele falou: 'Quero que seja o meu presente para ti'", declara.

David fala que a forma com que foi tratado por Milton ainda no início de sua companhia o ajudou a ter um olhar diferenciado para novatos. "Mudou minha vida, desde então tenho estado aberto a jovens coreógrafos, e produzi 35. Um deles foi Robert Battle, que depois passou a dirigir a Alvin Ailey, uma das maiores companhias de dança do mundo, um homem bonito de quem nós encomendamos os seus primeiros 11 trabalhos. Ele esteve na minha companhia durante oito anos", conta. "Está vendo como o Milton começou o meu amor pela humanidade, mudou a minha vida e nem sequer sabe disso?", brinca.

Além de uma história inusitada com Milton, Parsons revela ter uma relação de amor profunda pelo Brasil. O coreógrafo conta que chegou a ter um apartamento no Rio de Janeiro. "Adoro tudo no Brasil, tanto que comprei um apartamento no Rio, e durante dois anos o mantive porque estava passando por uma crise de meia-idade. E o que é melhor do que comprar um apartamento na Avenida Atlântica, em Copacabana? Eu adorava-o, mas não consegui mantê-lo porque é muito longe dos Estados Unidos. Não percebi o quanto isso me esgotaria, a mim e ao grupo. E o meu primeiro amor é meu trabalho. Era muito difícil", explica.

Além disso, ele conta que chegou a descer o rio Amazonas por duas vezes e revela um sonho que ainda pretende realizar: se apresentar no Teatro Amazonas. "Depois da turnê, eu perguntava aos meus bailarinos: 'alguém quer descer o Amazonas comigo?' Eu tinha um amigo que trabalhava na floresta, ele preparava o barco com um capitão e nós arrancávamos. Fiz isso duas vezes, porque era tão incrivelmente bonito", continua. Por suas passagens pelo Brasil, também teve o prazer de ver um show de Milton e, junto com compositor, foi ver um ensaio de uma escola de samba. "Lindas recordações", rememora.

As coreografias

Serão apresentadas seis peças. A primeira delas, Wolfgang, é de 2005, reúne música clássica e movimentos de balé tradicional para o elenco de seis dançarinos, incluindo também recursos de iluminação para dar a ideia de que as dançarinas estão voando.

Balance of Power, coreografada por Parsons em 2020, será apresentada pela primeira vez no Brasil. É uma dança percussiva - não apenas na música criada, mas na execução do bailarino, que permanece dentro de um ponto circular no centro do palco, movendo incessantemente seu corpo ou partes individuais dele.

Já em The Shape of Us, David Parsons explora uma jornada que vai da alienação à conexão com a música da banda experimental Son Lux. A peça de Parsons é uma das mais bem-sucedidas estreias dos últimos anos, tanto coreograficamente quanto em sua execução.

Juke é outra peça que será apresentada pela primeira vez no Brasil, um número vibrante do coreógrafo Jamar Roberts, juntamente com danças de David Parsons e Penny Saunders. Nela, os corpos dos dançarinos se dobram e ziguezagueam com uma rapidez tremulante, enquanto exploram o significado de JUKE, ou "fingir um movimento" como nos esportes.

Em Caught, o uso de luzes estroboscópicas dá a impressão de que um dançarino solo está voando pelo a. Criada por Parsons em 1982, a coreografia captura simplesmente um dançarino solitário isolado dentro de cúpulas sequenciais de luz.

Nascimento é uma peça fluida e divertida, com sabor brasileiro, criada sobre a música composta por Milton Nascimento - um presente dele para a Parsons Dance - e uma celebração dos ritmos e cores da música e do povo brasileiro, segundo o coreógrafo.

Futuro

Prestes a completar 40 anos, a companhia segue fazendo o que sempre se propôs, incluindo pagar bem a seus bailarinos. "Temos de lhes dar assistência médica nos Estados Unidos, onde os seguros de saúde custam 30 mil dólares por ano", comenta.

"Não estamos preparando nada a não ser nos concentrar no próximo trabalho que vou começar quando voltar do Brasil, o próximo aumento de salário para os bailarinos, algo para a organização para torná-la mais forte, é tudo o que fazemos", diz Parsons. "E temos vindo assim desde a última vez que estive no Brasil, a empresa está mais forte, nossa marca está cada vez melhor, os bailarinos são melhores porque podemos pagar mais a eles", pontua.

Serviço

Parsons Dance

Onde: Teatro Bradesco (R. Palestra Itália, 500 - 3° Piso)

Quando: 14 de agosto, quarta-feira, às 21h, e 15 de agosto, quinta-feira, às 21h

Quanto: a partir de R$ 100, disponíveis no Uhuu

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O Ministério da Saúde lançou novo edital do Programa Mais Médicos, com previsão de 3.174 vagas. Os profissionais interessados podem se inscrever até 08 de maio.

Das vagas abertas, 3.066 serão distribuídas em 1.620 municípios brasileiros, e 108 destinadas para 26 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). O objetivo do programa, segundo o Ministério, é fortalecer a assistência médica em regiões remotas e de maior vulnerabilidade social.

Os profissionais selecionados integrarão equipes de Saúde da Família, que oferecem atendimento e acompanhamento mais próximos da população.

A Polícia Civil de São Paulo pediu uma perícia no carro de Fernanda Fazio, esposa de Fernanda Reinecke Bonin, professora de Matemática de 42 anos, que foi encontrada morta na última segunda-feira, 28, na zona sul da capital.

Em depoimento à polícia, Fazio alegou que tivera um problema na caixa de câmbio do seu veículo enquanto se deslocava para a casa da professora no último domingo, 27. Por conta desta falha, que a impedia de continuar dirigindo, ela ligou para Fernanda ajudá-la com o veículo.

Ao sair do prédio para encontrar a companheira, Fernanda Bonin não foi mais vista. Ela foi encontrada já sem vida, no dia seguinte, em um terreno baldio na Avenida João Paulo da Silva, em Vila da Paz, próximo ao Autódromo de Interlagos.

Em depoimento, Fazio alegou que o carro voltou a funcionar 30 minutos depois de pedir socorro à Fernanda. Como a professora não chegou ao local combinado, a esposa se dirigiu ao prédio da vítima, mas ela não estava.

No dia seguinte, a professora não foi trabalhar - ela lecionava na Beacon School, uma escola de alto padrão da zona oeste. Como a esposa não conseguia contato, resolveu comunicar o desaparecimento de Fernanda à polícia.

O Estadão apurou que investigadores da Polícia Civil viram inconsistências no depoimento de Fazio, e que pediram uma perícia no carro da mulher da professora para confirmar que a caixa de câmbio realmente estava com problemas, conforme mencionado em depoimento.

Mesmo com a perícia, Fernanda Fazio não é considerada suspeita, mas apenas averiguada. A defesa dela não foi localizada pela reportagem.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que as as investigações do caso seguem sob sigilo pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e que "a companheira e o pai da vítima já foram ouvidos pela autoridade policial".

"As equipes da unidade seguem empenhadas na análise de imagens que possam contribuir para o esclarecimento dos fatos e para identificação da autoria do crime", informou a secretaria no comunicado.

Segundo o boletim de ocorrência, ao qual o Estadão teve acesso, a professora de Matemática era casada havia oito anos com Fernanda Fazio, de 45 anos.

Fazia um ano que as duas não moravam juntas, após idas e vindas no relacionamento. Elas frequentavam sessões de terapia de casal e buscavam a reconciliação. Juntas, elas tiveram dois filhos, que se revezavam nas casas das mães.

Uma pesquisadora brasileira, de 30 anos, foi encontrada morta no Japão, na noite de quinta-feira, 1°, do horário local - no período da manhã, no Brasil -, com marcas de queimaduras e dentro de um apartamento próximo ao Aeroporto Internacional de Narita, em Tóquio.

Nascida em Caldazinha, em Goiás, Amanda Borges da Silva era formada em Letras e tinha acabado de concluir o mestrado na área de Linguística.

Ela estava a passeio pela Ásia e foi ao Japão em abril para a acompanhar o Grande Prêmio de Suzuka, de Fórmula 1, realizado no dia 6. Também teria visitado parentes do namorado, na Coréia do Sul.

O governo de Goiás confirmou a morte e já providencia auxílio funerário. O Itamaraty afirma que "tem ciência do caso e está em contato com os familiares da brasileira, a quem presta assistência consular, e com as autoridades locais japonesas".

Nas redes, onde soma mais de 11 mil seguidores, ela postou os passeios que fez pelos países asiáticos, como na DisneySea.

As circunstâncias da morte ainda estão sendo esclarecidas. De acordo com um amigo próximo da pesquisadora, que não quis que seu nome fosse publicado, Amanda foi encontrada dentro de um apartamento próximo ao aeroporto de Tóquio com marcas de queimaduras e sem parte dos seus pertences.

Este amigo, que obteve as informações pelos familiares, explicou à reportagem que uma bolsa foi deixada para trás com os documentos, o que ajudou na identificação do corpo pelos parentes, que foram contatados pela polícia japonesa.

Ainda conforme relato do colega de Amanda, a brasileira visitou o Japão sozinha, mas mantinha contato frequente com o namorado, que estaria no Brasil.

Segundo ele, a pesquisadora teria parado de enviar mensagens ao companheiro cerca duas horas antes de embarcar no avião, cujo voo estava marcado para 22h da última quinta, no horário de Tóquio.

Desconfiado, o namorado avisou a família. Os parentes passaram a entrar em contato com o consulado brasileiro no Japão e também com a companhia aérea do voo que Amanda deveria pegar. A empresa, segundo este colega, chegou a confirmar que Amanda não tinha embarcado.

"Ele (namorado) tinha a última localização da Amanda e foi a partir disso que localizaram o corpo em um apartamento bem próximo ao aeroporto", explicou o amigo da brasileira ao Estadão.

Ainda segundo este colega, o companheiro da vítima sabia que ela tinha conhecido um homem indiano durante a viagem, e que Amanda já tinha demonstrado receio com relação ao indivíduo - inclusive, teria passado o contato dele ao namorado. "Porém, o número deste indiano não está mais cadastrado no WhatsApp", disse o amigo.

O Gabinete de Assuntos Internacionais do Governo de Goiás disse, em nota, que já está em contato com familiares e "providenciando a abertura e andamento do processo que solicita o auxílio funerário para goianos vitimados no exterior".

Em nota, a Prefeitura de Caldazinha lamentou a morte da pesquisadora. "Amanda era uma jovem cheia de sonhos, querida por todos, e sua partida repentina deixa um vazio profundo em nossa comunidade", disse a administração municipal da cidade onde a brasileira nasceu.

"Neste momento de dor, nos solidarizamos com seus familiares e amigos, oferecendo todo o apoio necessário diante dessa irreparável perda. Rogamos a Deus que conforte o coração de todos que amavam Amanda e que sua memória permaneça viva entre nós, como exemplo de luz, alegria e esperança", acrescentou a nota.