Influenciadora Mirela Janis chora ao relatar assalto à mão armada em SP

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A influenciadora digital Mirela Janis e o marido, Yugnir Ângelo, foram vítimas de um assalto à mão armada na região da Faria Lima, na zona oeste de São Paulo, na noite da última terça-feira, 28. No Instagram, muito abalada, ela relatou o caso e não conteve o choro.

"A gente saiu de casa aqui em São Paulo, de carro, e o homem colocou uma arma na cabeça do Boyzinho (apelido de Yugnir) e levou o celular, os ouros, levou tudo. Só que isso não é o problema. O problema é o nervoso, que pensei que a gente fosse morrer", relatou em publicação nos Stories.

Mirela também alertou: "Se alguém receber alguma mensagem no WhatsApp pelo celular do Yugnir, é porque foi isso. Mas a gente está bem".

Momentos depois, diante da preocupação dos seguidores, ela voltou mais calma para reforçar que, apesar do susto, ambos estão bem, e classificou o episódio como um "livramento de Deus".

Segundo a influenciadora, ela havia sonhado que o marido levava um tiro, mas os dois oraram juntos pedindo proteção. Pela manhã, antes de saírem de casa, Yugnir disse que estava com uma "sensação estranha" e preferiu não usar o carro. O casal decidiu sair com o veículo apenas à noite, quando acabou surpreendido pelos assaltantes.

"A gente estava na Faria Lima, a rua estava bem movimentada. Aí ele só chegou, apontou, falou: 'abaixa o vidro', apontou pra cabeça dele e começou a falar: 'quer morrer? Passa tudo, passa tudo'", detalhou Mirela. "Ele começou a tirar a pulseira, passar o celular. Aí foi, passou, só que ele perguntava qual era a senha, mas o Yugnir não lembrava. Com um negócio na cabeça, como é que vai lembrar?", completou.

A influenciadora disse que se sentiu muito vulnerável com a situação. "Graças a Deus estamos bem. Bens materiais depois recupera", finalizou.

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Os corpos encontrados em uma área de mata na Serra da Misericórdia pela comunidade do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, estavam amarrados e com marcas de facadas. O Estadão presenciou ainda ao menos um corpo decapitado.

Segundo a Associação de moradores da Penha, 72 corpos foram levados à Praça São Lucas. A associação conta com o apoio da OAB para fazer a contagem oficial. Ao menos dez carros deixaram a Praça para levar os corpos ao IML.

De acordo a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, 132 pessoas morreram após a megaoperação contra o Comando Vermelho de terça-feira, 28.

O balanço do governo do Rio, até a tarde de terça, contabilizava 64 mortes. Entretanto, nesta quarta, Cláudio Castro afirmou que oficialmente, foram contabilizados 58 mortes, sendo 4 policiais. Ele admitiu que o número irá mudar e só será definitivo após o término do trabalho da perícia.

'Corpos com marcas de faca'

Uma parente de um dos mortos, que preferiu não ser identificada, afirmou ao Estadão que havia corpos com "sinais de tortura", como cortes de faca e decapitados.

"Tinha corpos sem cabeça, com marcas de faca", disse a moradora. A reportagem presenciou ao menos um corpo sem cabeça. "Não tinha necessidade de fazerem isso. Muita gente morreu. Eles só vêm para matar", afirmou outra moradora.

Um grupo de moradores subiu para a mata, onde, segundo eles, haveria mais corpos. O objetivo seria identificar e retirar os que ainda se encontram na mata que divide o Complexo da Penha do Complexo do Alemão.

Ao Estadão, em frente à fila de corpos, moradores relataram o desespero e a dor de encontrar parentes entre as vítimas. "Ninguém nunca viu no Brasil o que está acontecendo aqui", afirmou a moradora que se identificou apenas pelo nome de Jéssica.

"Vou falar o quê? Vou falar o que eu estou perguntando para todos. Governador, me responde o que é certo para você? Isso aqui não é certo. Você mandou para fazer essa chacina. Isso aqui não foi operação, isso foi chacina."

"Você não aguentaria um dia do que o favelado vive. Aqui tem trabalhador, aqui tem guerreiro. Tem bandido, tem? Mas tem bandido melhor do que os de terno e gravata. Vocês matam com a caneta."

O depoimento de Jéssica foi aplaudido por demais moradores da comunidade. Durante a entrevista, diversos moradores gritaram: "Toda vida importa".

O que diz o governo do Rio

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, disse nesta quarta-feira, 29, que as únicas vítimas da megaoperação são os 4 policiais mortos. A declaração foi dada em entrevista coletiva, logo após a Defensoria Pública do Rio de Janeiro afirmar que há ao menos 132 mortos na ação contra o Comando Vermelho (CV).

Procuradas, a Polícia Militar e a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro não responderam a tentativa de contato do Estadão. A Defensoria Pública do Rio apura possíveis violações na operação.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta quarta-feira, 29, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou "estarrecido" e "surpreso" com o número de mortes na operação que deixou ao menos 119 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. A declaração do ministro foi feita em declaração à imprensa após reunião de emergência convocada por Lula, no Palácio da Alvorada.

"O presidente ficou estarrecido com o número de ocorrências fatais que se registraram no Rio de Janeiro. Também, de certa maneira, se mostrou surpreso que uma operação dessa envergadura fosse desencadeada sem o conhecimento do governo federal, sem nenhuma possibilidade do governo federal poder, de alguma forma, participar com os recursos que têm, sobretudo com informações e apoio logístico", declarou Lewandowski, que disse não haver "bala de prata" para a extinção do crime organizado.

Segundo Lewandowski, Lula determinou que os auxiliares fizessem um apanhado das informações sobre a operação no Rio. O presidente também determinou que Lewandowski e o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, se encontrem com o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), ainda na tarde desta quarta.

"Vamos ouvir o governador e saber do que é que ele precisa, podemos eventualmente aumentar os contingentes da Força Nacional, que já está lá desde 2023. Nós já tivemos 11 renovações, a pedido do governador, da permanência da Força Nacional no Rio", disse Lewandowski.

Lewandowski disse também à imprensa que o governo federal colocou à disposição do Rio vagas em presídios federais para a alocação de lideranças de facções criminosas. O ministro também disse que o Planalto vai colaborar com peritos criminais para a identificação dos corpos.

GLO

Segundo Lewandowski, não foi discutida na reunião no Alvorada a adoção da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), dispositivo constitucional privativo ao presidente que dá poder de polícia às Forças Armadas, porque não houve um pedido do governo do Rio sobre o tema.

Segundo o ministro, a GLO é uma operação "complexa" e precisa ter, segundo a legislação, um reconhecimento do Estado do Rio de que as forças locais são incapazes de enfrentar o crime organizado.

"A GLO tem que ser requerida formalmente pelo governador, não é uma ação espontânea do governo federal e do presidente da República. Também, segundo a lei, o governador precisa reconhecer a incapacidade das forças locais de enfrentarem essa ameaça à segurança pública", declarou Lewandowski.

Até às 13h, o governo do Rio contabilizava 119 mortos na operação, sendo 4 policiais. Já segundo a Defensoria Pública do Estado, o saldo de fatalidades é de 132 pessoas.

O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, afirmou nesta quarta-feira, 29, que a Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro foi questionada sobre a participação na operação das polícias locais que deixaram ao menos 119 mortos na terça-feira, 28. Porém, segundo Andrei, a corporação não tinha conhecimento de que a ação seria deflagrada por agora.

"Não fomos comunicados de que seria deflagrada neste momento. Houve um contato anterior, do pessoal da inteligência da Polícia Militar com a nossa unidade no Rio para ver se haveria alguma possibilidade de atuarmos em algum ponto neste contexto. A partir da análise do planejamento operacional, a nossa equipe entendeu que não era uma operação razoável para que a gente participasse", disse Andrei Rodrigues em declaração à imprensa, após participar de reunião de emergência convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio da Alvorada.

De acordo com Andrei, o representante da Superintendência Regional do Rio disse que a Polícia Federal não poderia colaborar por não realizar trabalho ostensivo nas comunidades cariocas e que iria continuar fazendo ações de inteligência.

"A equipe do Rio de Janeiro entendeu, a partir da análise geral do planejamento, que não era o modo que a Polícia Federal atua. O colega do RJ informou ao seu contato operacional que a Polícia Federal segue o seu trabalho de investigação, de polícia judiciária, fazendo o seu trabalho de inteligência", disse Andrei.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandoswki, disse à imprensa que a PF foi comunicada de "alguns detalhes" da operação no âmbito local, mas o governo ainda não possui todos os dados da megaoperação realizada nos complexos da Penha e do Alemão.

Segundo o ministro, caso a operação exigisse a participação do governo federal, o presidente Lula deveria ter sido avisado. Lewandowski declarou ainda que as tratativas não poderiam se resumir ao "segundo ou terceiro escalão", e sim com conversas entre o governador do Rio, Cláudio Castro, e a Presidência da República.

"A comunicação entre governadores tem que se dar ao nível das autoridades de hierarquia mais elevada. Uma operação deste porte não pode ser acordada num segundo ou terceiro escalão. Se fosse uma operação que exigisse a interferência do governo federal, o presidente da República deveria ter sido avisado, ou o vice-presidente que estava respondendo pela Presidência, ou o ministro da Justiça e Segurança Pública ou o diretor-geral da Polícia Federal", afirmou.

Até as 13h, o governo do Rio contabilizava 119 mortos na operação, sendo 4 policiais. Já segundo a Defensoria Pública do Estado, o saldo de fatalidades é de 132 pessoas.