Itaú Cultural tem novo espaço para exposições e exibe obras de Tarsila, Portinari e Lygia Clark

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Uma exposição que foge da linearidade para apresentar a multiplicidade da arte brasileira moderna e contemporânea. Essa é a ideia da mostra Brasil das Múltiplas Faces, que abre nesta quarta-feira, 22, para inaugurar o Espaço Milú Villela - Brasiliana: Arte Moderna e Contemporânea, novo andar inteiramente voltado a exposições do Itaú Cultural (IC).

O sétimo andar do prédio na Av. Paulista dedicado ao mapeamento e incentivo das manifestações artísticas foi reformado e batizado em homenagem a Milú Villela, uma das maiores acionistas da Itaúsa, que presidiu o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) por 18 anos.

O ambiente antes pertencente à equipe institucional agora abriga parte do Acervo Itaú Unibanco. O novo espaço busca justamente valorizar este acervo e permitir que o público tenha contato com obras de alguns dos nomes mais importantes da arte brasileira, como Di Cavalcanti, Candido Portinari, Beatriz Milhazes, Lygia Clark, Oscar Niemeyer, Tarsila do Amaral e Tomie Ohtake.

Pela amplitude do acervo, um dos maiores desafios ao fazer a curadoria da exposição que inaugura o Espaço Milú Villela era selecionar as obras. Para a tarefa, o IC convidou o professor, curador e crítico de arte Agnaldo Farias, que optou por um excesso coordenado: são 185 obras de 150 artistas espalhados por 280 metros quadrados.

"Achei que seria mais rico e fértil se a lógica de apresentação se pautasse pelo excesso, entendendo que, nessa grande quantidade, existem colisões, encontros inesperados e relações passíveis de serem feitas que não estariam apenas dentro de uma lógica de autoria do curador", explica ele ao Estadão.

A mostra faz um panorama da arte brasileira do século 20 e início do século 21, mas, nas palavras de Farias, isso é feito como um "mosaico". Ele não queria apresentar algo linear ou que "sugerisse uma virada evolucionista" um "equívoco no campo da produção artística."

Os trabalhos estão divididos em dez núcleos de diferentes gêneros, correntes, tendências ou escolas: Retratos, Dessemelhança!, Paisagem, Modernos, As Abstrações (geométrica e informal), Sonhos e distorções, Nova Figuração, Década de 1970, A Geração 80 e Produção recente.

A variedade é proposital. "Frequentemente, mudei a maneira de abordar justamente para mostrar que é mutável mesmo, que não há nada fixo, que não existe uma História da Arte no Brasil. Existem histórias, e essas histórias passam pelo afeto também. Tem os artistas que você gosta mais, tem os que não te dizem tanto. As pessoas precisam ficar à vontade para isso. E para que isso aconteça, elas têm de ter muita oferta", argumenta Farias.

O curador explica que o projeto expográfico da mostra, assinado pelo arquiteto Daniel Winnik, também foi pensado para evitar grandes divisões. "Discutimos muito que, por exemplo, não deveria haver paredes perpendiculares, porque elas são barreiras. Optamos por uma solução com diagonais, porque elas criam um fluxo, como se fosse um estuário, alguma coisa escoando."

As pinturas das paredes refletem essa ideia: começam em um tom azul claro e vão escurecendo, formando um degradê que passa a ideia de movimento e continuidade. Farias também destaca o uso de painéis aramados na exposição, uma técnica que é mais usada para a reserva de obras de arte.

A ideia, segundo ele, é "fazer com que o público tenha acesso à experiência que se tem quando se entra em uma reserva, quando se entra no âmago, no interior de uma grande coleção."

A escolha de abrir a mostra com os retratos foi deliberada: "Ele é mais carismático, toca as pessoas de perto. Não é por outro motivo que a exposição tem o nome de Brasil das Múltiplas Faces. Não há um rosto brasileiro, são múltiplas as faces. São, inclusive, as faces que nós não conhecemos. O País é infinito", afirma o curador.

Em todas os núcleos, foram escolhidos trabalhos de alta qualidade, técnica e, em muitos casos, que romperam paradigmas em determinados momentos. Farias diz que buscou destacar "a força da mulher artista", citando Tarsila do Amaral, Amelia Toledo, Beatriz Milhazes, Carmela Gross, Leda Catunda, Adriana Varejão, Regina Silveira e Ana Elisa Egreja.

Ele também destaca, porém, alguns artistas cujo reconhecimento merece ser mais amplo, como Luise Weiss ("Ela precisa ser mais conhecida. Fico indignado com isso"), Luiz Paulo Baravelli ("É difícil de você encontrar por aí"), Wesley Duke Lee ("Excepcional"), Manfredo de Souzanetto ("Incrível) e a própria Carmela Gross ("Uma artista muito original").

Vale reservar ao menos uma hora para a visita. Embora a oferta de obras para se contemplar seja grande, Farias aconselha que o visitante vá sem medo e se deixe levar pelos trabalhos apresentados. "Não se iniba. Leve um caderninho e selecione os artistas que te chamam mais atenção. Demanda tempo e atenção, mas acredito que uma exposição é uma máquina de fazer uma pessoa prestar atenção. Vai exigir mais trabalho, mas é isso mesmo que a gente quer", diz.

Brasil das Múltiplas Faces

- Abertura para o público: 22 de outubro de 2025

- Exposição de longa duração

- Terça-feira a sábado, das 11h às 20h. ?Domingos e feriados das 11h às 19h

- Avenida Paulista, 149 - 7º andar

- Entrada gratuita

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Um homem foi preso na quarta-feira, 22, suspeito de ter participado de um roubo milionário de botox no Aeroporto Internacional de Guarulhos, que ocorreu em junho deste ano. A carga, avaliada em R$ 7 milhões, foi recuperada após uma operação do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), mas o rapaz estava foragido. Ele foi localizado em uma borracharia em Itaquaquecetuba (SP) após uma denúncia anônima.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), equipes da Polícia Militar realizavam patrulhamento quando receberam informações sobre o suspeito. Os agentes o abordaram no local e identificaram o mandado de prisão em aberto. O suspeito foi inicialmente levado à Central de Polícia Judiciária de Itaquaquecetuba, que acionou o Deic. O caso foi registrado como captura de procurado.

O roubo da carga de botox ocorreu no início de junho. A carga vinda da Holanda teria como destino final uma empresa em Barueri, mas foi roubada enquanto o motorista do caminhão aguardava a liberação do local para seguir até a cidade. Os criminosos transferiram a carga para outro caminhão e fugiram com o veículo.

A Polícia Civil de São Paulo recuperou parte da carga cinco dias depois do roubo, em um galpão em Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo, a 55 quilômetros do local onde ocorreu o assalto. Os agentes da 2ª Delegacia da Divisão de Investigações sobre Roubo e Furto de Cargas (Divecar) encontraram 87 caixas de toxina botulínica (botox) da marca AbbVie. O medicamento, da mesma marca e lotes da carga roubada, estava em uma câmara frigorífica.

Um homem foi preso no local sob acusação de receptação qualificada. Ele alegou que havia sido contratado para cuidar do local e que pessoas desconhecidas deixaram a carga lá.

Em julho, a Polícia Civil prendeu outros quatro envolvidos no crime. Foram apreendidos celulares e o veículo utilizado durante o crime no aeroporto.

Os casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) associados ao vírus influenza A, um dos quatro tipos causadores da gripe (A, B, C e D), seguem aumentando na cidade de São Paulo, de acordo com o novo Boletim InfoGripe, publicado nesta quinta-feira, 23, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A cidade e outras cinco capitais estão em nível de alerta, risco ou alto risco de SRAG, com tendência de crescimento nas últimas seis semanas: Aracaju, Belém, Cuiabá, Palmas e Rio Branco. O avanço da condição tem sido mais evidente entre crianças e adolescentes de até 14 anos, embora também haja aumento entre idosos em São Paulo e Palmas.

Outras dez capitais apresentam níveis elevados de incidência, mas sem crescimento recente: Boa Vista, Brasília, Florianópolis, João Pessoa, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e Vitória.

Em relação aos estados, seis têm incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco com sinal de crescimento na tendência de longo prazo. São eles: Acre, Pará, Rio de Janeiro, Roraima, Santa Catarina e Tocantins.

Além disso, outros 11 estados apresentam incidência em níveis de alerta, risco ou alto risco, mas sem sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Rio Grande do Sul e Sergipe.

Vírus em circulação

No Acre, Amazonas, Roraima, Rio de Janeiro e Santa Catarina, o rinovírus se mantém como um dos principais responsáveis pelo aumento de casos de SRAG, especialmente em crianças e adolescentes.

Em Santa Catarina, para além do rinovírus, o aumento dos casos de SRAG nas crianças de até dois anos também tem sido impulsionado pelo metapneumovírus.

No Espírito Santo, os casos associados à covid-19 em idosos são considerados altos para a região, mas permanecem estáveis.

Ainda em relação à covid-19, as notificações de quadros graves continuam em crescimento no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.

"A vacinação é a principal forma de prevenção contra as formas mais graves e óbitos causados por esses vírus", reforça Tatiana Portella, pesquisadora da Fiocruz.

Balanço

Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, os testes realizados em pacientes com SRAG apontaram 38,8% de positividade para rinovírus, 21,1% para influenza A, 15,7% para Sars-CoV-2 (vírus responsável pela covid-19), 7,8% para vírus sincicial respiratório (VSR) e 1,5% para influenza B.

Entre os pacientes que vieram a óbito, 49,5% dos exames indicaram a presença do Sars-CoV-2; 22,3%, rinovírus; 18,5%, influenza A; 5,4%, VSR; e 3,3%, influenza B.

Desde janeiro, foram notificados 197.033 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no Brasil. Desse total, 52,7% (103.885) tiveram resultado positivo para algum vírus respiratório, 36,1% (71.215) foram negativos e 4,6% (9.040) ainda aguardam o resultado laboratorial.

Entre os casos confirmados, 41,1% foram causados por VSR; 27,8% por rinovírus; 23,3% por influenza A; 8,1% por Sars-CoV-2 (covid-19) e 1,2% por influenza B.

No mesmo período, foram registrados 11.777 óbitos por SRAG no Brasil. Desses, 51,3% (6.043) tiveram confirmação para algum vírus respiratório. Entre esses casos, 50% foram atribuídos à influenza A; 23,2% ao Sars-CoV-2; 14,1% ao rinovírus; 11,7% ao VSR e 1,8% à influenza B.

Um motociclista de 35 anos morreu ao ser arremessado por um carro e bater contra um poste durante uma briga de trânsito na manhã de quarta-feira, 22, em Sorocaba (SP). O caso aconteceu na Avenida Ipanema, no bairro Vila Nova Sorocaba, e foi registrado por câmeras de segurança.

As imagens mostram o motorista de um T-Cross preto jogando o carro para fechar o motociclista próximo ao canteiro da avenida. Na sequência, a vítima é arremessada contra um poste. A morte de João Paulo Dantas foi constatada ainda no local pela equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o motorista do carro, de 31 anos, discutiu com o motociclista antes de atropelá-lo. O homem fugiu do local do acidente e se apresentou à polícia posteriormente.

Na delegacia, o motorista confessou ter arremessado o carro contra o motociclista, mas alegou que não teve a intenção de matá-lo. Ele contou também que, antes do atropelamento, foi agredido pela vítima e por outros motociclistas.

Segundo a secretaria, o homem tinha escoriações no rosto e foi encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Oeste para receber atendimento. O caso foi registrado pela Polícia Civil como homicídio.

Na manhã desta quinta-feira, 23, motociclistas e familiares da vítima fizeram um protesto durante o velório de João Paulo Dantas. Eles gritavam e empunhavam uma faixa pedindo por justiça.