'A vida é muito curta para ser triste', diz Cara Bastone, que lança 'Quando Menos se Espera'

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Quando encontrou uma bolsa cheia de livros de romance que pertenceram à sua avó, Cara Bastone não imaginava que a descoberta iria influenciar em sua escrita. Foi naquele momento que ela percebeu que o que sempre chamou sua atenção em livros foi a forma como os personagens se sentem em relação uns aos outros.

A partir desse momento, ela passou a reparar mais nas interações entre pessoas ao seu redor. "Eu vejo a maneira como dois estranhos interagem e aí um novo mundo aparece na minha mente - sobre o que poderia ser, quem é cada pessoa, qual a história deles, como eles estão interagindo juntos. Sabe, todas essas coisas surgem. Então, essas são as inspirações diárias", disse em entrevista ao Estadão.

Com seis livros publicados, a autora chegou ao Brasil com Quando Menos se Espera, publicado pela Intrínseca em 1° de outubro, um romance que conta a história de Eve, uma mulher que mora no Brooklyn, em Nova York, nos Estados Unidos, e tem uma surpresa quando engravida de um homem que acabou de conhecer.

Assim como a personagem, a escritora mora no bairro com seu marido e os dois filhos e tentou refletir sua experiência com o local no livro. "Existem pequenos pedaços que estão no livro que refletem muito a minha vida", afirmou. Na trama, por exemplo, a protagonista passa por uma barbearia ao virar a esquina de sua casa, o que também acontece com ela.

A escritora começou a trabalhar no livro no final de sua primeira gestação, período que descreveu como "muito romântico". Ela passou duas semanas escrevendo, mas deixou o manuscrito de lado quando deu à luz. Em sua segunda gravidez, Cara se planejou para continuar a escrever por cerca de oito semanas e conseguiu terminar a história.

Apesar de ter tido ótimas experiências nas suas duas gestações, ela queria escrever um livro que abordasse a gravidez de todas as formas. "Existem muitas pessoas que querem engravidar e não conseguem. Existem muitas pessoas que estão grávidas e não querem estar. Existem muitas pessoas que têm esses sentimentos realmente grandes e complicados sobre a gravidez. Então eu sabia que eu realmente queria tratar isso com cuidado e honestidade. Eu não queria ignorar as partes da gravidez que são muito difíceis e delicadas", explicou.

Na trama, Willa, melhor amiga da protagonista, tenta engravidar diversas vezes, mas não obtém sucesso, enquanto Eve se vê grávida sem nunca ter se imaginado como mãe. Para que a gravidez inesperada e a amizade não se ofuscassem na história, Cara afirmou que desejou mostrar como as relações e as prioridades podem mudar ao longo da vida. Para ela, apesar do amor entre as personagens não mudar, as prioridades na vida uma da outra se alteram. A escolha em abordar uma relação assim veio da vontade de mostrar que mesmo uma amizade saudável pode ser difícil em alguns momentos.

Além desse conflito, a protagonista se vê em uma espécie de triângulo amoroso com Ethan, o pai de seu bebê, que ainda é uma incógnita em sua vida, e Shep, irmão de Willa, que se mostra cada vez mais carinhoso e prestativo. Apesar de os dois homens representarem estereótipos opostos, a autora não teve a intenção de retratar nenhum dos personagens de maneira negativa.

"Eu não amava a ideia de Eve ter que criar um filho com alguém que fosse um cara mau, era muito triste para mim. Eu não queria isso para ela."

Gravidez inesperada

O primeiro capítulo de Quando Menos se Espera mostra a protagonista descobrindo a gravidez em um consultório médico. Apesar do susto, ela lida com a situação com humor, algo que Cara achou essencial para o livro fisgar os leitores. Do seu ponto de vista, uma boa obra literária, independente do gênero, precisa ter pitadas de comédia para instigar o leitor a passar para a próxima página.

Bastone decidiu, desde o começo do manuscrito, que Eve iria manter o bebê - em Nova York, o aborto é legalizado desde 1970 - apesar de não saber como incluiria uma criança em sua vida e rotina.

"Acho que quando algumas pessoas engravidam, sabem de imediato que isso não é para elas. Então, elas não continuam a gravidez. Eu queria que Eve tivesse esse mesmo tipo de sentimento, que ela não soubesse como ia fazer e não conseguisse olhar diretamente para isso. Ela não podia fazer planos, mas pensou em continuar com a gravidez. Estar grávida, saber que você vai ter um bebê e depois ser mãe é uma das decisões mais intensas e difíceis. Toda a sua vida chega até você de uma só vez e eu só queria mostrar essa possível opção para as pessoas: você não precisa ter um plano necessariamente. Você não precisa saber como vai acabar. E mesmo se você planejar tudo, é um bebê, então existem coisas que vão dar errado. Eu realmente queria mostrar isso desde o início", detalhou.

A primeira versão da obra contava com dois capítulos antes da protagonista descobrir sua gravidez. Nessas páginas, a autora havia explorado mais o fato de Eve também ter sido fruto de uma gestação inesperada para seus pais, que a tiveram com 52 anos de idade, o que fez com que a protagonista nunca quisesse que seu bebê se sentisse como "um acidente."

Apesar dessa parte da história não estar tão presente na versão final, foi algo que inspirou Cara ao construir Eve. "Ela quer que seu bebê se sinta desejado e ela quer que seu bebê sinta que tem um lugar real na família dela. E eu acho que isso também é parte do motivo pelo qual ela tem o bebê, porque ela quer criar algo muito sólido e forte."

Expectativas com o leitor brasileiro

Cara Bastone nunca veio ao Brasil, mas disse que conhecer o país é um de seus maiores sonhos. Ela morou por alguns meses na Argentina e se lembra de ficar fascinada com a vista do Brasil durante o voo para o local.

Agora, estreando no mercado editorial brasileiro, ela deseja que os leitores encontrem felicidade em seu livro. "A vida é muito curta para ser triste, encontre um livro que te faça feliz", finalizou.

Quando Menos se Espera

Autor: Cara Bastone

Tradução: Lígia Azevedo

Editora: Intrínseca (352 págs.; R$59,90)

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

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Orientações

A OMS orienta que profissionais de saúde comuniquem sempre que encontrarem produtos contaminados ou perceberem efeitos inesperados ou falta de efeito dos medicamentos. Essas informações devem ser enviadas às autoridades nacionais reguladoras ou ao Centro Nacional de Farmacovigilância.

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A OMS também recomenda maior atenção às cadeias de distribuição, especialmente em regiões que possam ser afetadas, e cuidado extra com o mercado informal ou sem regulamentação.

As autoridades reguladoras nacionais, tanto de saúde quanto de segurança pública, devem notificar imediatamente a OMS caso os produtos sejam detectados no País.

Para o público, a OMS recomenda que os produtos não sejam utilizados. Em caso de ingestão ou apresentação de efeitos adversos, a orientação é procurar atendimento médico imediatamente ou entrar em contato com um centro de controle de intoxicações.

No Brasil, os canais são:

O Disque-Intoxicação da Anvisa, que pode ser acionado pelo número 0800 722 6001;

O CIATox de cada região, que oferece orientação especializada e pode ser encontrado na lista disponível no site do Ministério da Saúde;

O Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI), pelos telefones (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733, com atendimento disponível para qualquer região do País.

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