Morre Nana Caymmi, uma das mais importantes cantoras brasileiras, aos 84 anos

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A cantora Nana Caymmi morreu nesta quinta-feira, aos 84 anos, em decorrência de problemas cardíacos. Ela estava internada há nove meses na Clínica São José, no Rio de Janeiro. A morte da cantora foi confirmada por seu irmão, o músico e compositor Danilo Caymmi, no início da noite.

Além dos problemas cardíacos que abalaram sua saúde em 2024, que obrigaram os médicos implantar um marcapasso para contornar uma arritmia cardíaca, Nana enfrentou um câncer de estômago em 2015.

Filha do compositor baiano Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana nasceu no Rio de Janeiro, com o nome de Dinahir Tostes Caymmi, o mesmo de uma tia, irmã do pai. Incentivada pelos pais, começou a estudar piano clássico ainda criança. Em 1960, entrou no estúdio com Caymmi para fazer sua primeira gravação, Acalanto, a canção de ninar feita para ela pelo pai. No mesmo ano, gravou um compacto simples com as músicas Adeus e Nossos Beijos.

Ao mesmo tempo que dava seus primeiros passos na carreira como cantora, Nana decide deixar o Brasil e se casar com o médico venezuelano Gilberto José Aponte Paoli, com quem teve seus três filhos, Stella, Denise e João Gilberto.

De volta ao País, separada, enfrenta o preconceito de Caymmi, que decide não falar mais com a filha. Nana é então socorrida pelo irmão, Dori, que faz a canção Saveiros para ela cantar no I Festival Internacional da Canção (TV Globo). Foi vaiada ao ser anunciada a vencedora da competição.

Casada agora com Gilberto Gil, apresenta-se no III Festival de Música Popular Brasileira na TV Record, em 1967, com a canção Bom Dia, assinada em parceria com Gil. Grava com o grupo Os Mutantes a canção Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, além de um álbum de carreira.

Em 1973, faz uma exitosa temporada em Buenos Aires, na Argentina, onde lança um disco pela gravadora Trova. No repertório, músicas de compositores que seriam presença constantes em seus discos, como Tom Jobim, João Donato, Chico Buarque, além de Caymmi. Nesse mesmo ano, Caymmi se reaproxima da filha, em um programa de televisão.

Ao longo dos anos 1970 e 1980, grava regularmente. Seus álbuns reuniam não somente um repertório sofisticado, mas também grandes músicos, como João Donato, Helio Delmiro, Toninho Horta, Novelli, além dos irmãos Dori e Danilo. Em 1980, participa da faixa Sentinela, no disco de Milton Nascimento. No início dos anos 1990, grava Bolero, disco inteiramente dedicado ao gênero.

Com o prestígio de uma das principais cantoras do País, Nana, embora tenha alcançado relativo sucesso com músicas como Mãos de Afeto, Beijo Partido, Contrato de Separação e De Volta ao Começo, além de ser voz presente em trilhas sonoras de novelas da TV Globo, não tinha, no entanto, a mesma popularidade de nomes como Maria Bethânia, Gal Costa e Elis Regina.

Sucesso popular

O reconhecimento popular só chegou em 1998, quando o bolero Resposta ao Tempo, de Cristovão Bastos e Aldir Blanc, foi escolhido para ser tema de abertura da minissérie Hilda Furacão, de Glória Perez. A história da moça de uma família tradicional mineira que larga o noivo no altar e se torna uma das mais famosos prostitutas da zona boêmia de Belo Horizonte conquistou a audiência e ampliou o público de Nana.

Anos antes, Nana havia batido na trave. Sua gravação de Vem Morena havia sido escolhida para a abertura da novela Tieta, um dos maiores sucessos da TV Globo. Porém, dias antes da estreia da trama, em agosto de 1989, o então diretor geral da emissora, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, pediu uma música "mais animada". Ele mesmo fez a letra da canção gravada por Luiz Caldas. "Fiquei esperando minha música tocar e aparece o Luiz Caldas dizendo que a lua estava cheia de tesão", reclamou, tempos depois, Nana nos jornais.

Com a carreira em alta, arrisca e coloca em prática um antigo desejo: fazer uma segundo volume de um álbum dedicado apenas a boleros. Sangra de Mi Alma foi lançado em 2000, com clássicos do gênero como Amor de Mi Amores e Solamente Una Vez, essa última escolhida para trilha da novela Laços de Família.

Nos anos 2000, Nana se dedica a regravar as canções de Caymmi em álbuns temáticos. O Mar e o Tempo (2002), Para Caymmi: de Nana, Dori e Danilo (2004), Quem Inventou o Amor (2007) e Caymmi (2013) compreenderam boa parte da obra do compositor.

Seus últimos dois álbuns foram Nana Caymmi Canta Tito Madi, de 2019, sobre a obra do compositor pré-bossanovista, e Nana, Tom, Vinicius, de 2020, com canções de seus dois grandes amigos, Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

Nana, porém, a essa altura, já estava afastada dos palcos. Sua última apresentação foi em 2015, em São Paulo. A cantora havia prometido voltar a cantar ao vivo se o empresário Danilo Santos de Miranda, seu grande amigo, diretor do Sesc São Paulo, se recuperasse de uma internação. Miranda morreu em outubro de 2023. O Selo Sesc, projeto criado por Miranda, guarda um registro inédito do show Resposta ao Tempo, gerado a partir de uma apresentação de Nana no Sesc Pompeia.

A última imagem conhecida de Nana é a que aparece no documentário Dorival Caymmi - Um Homem de Afetos, de Daniela Broitman. Nele, Nana dá um forte depoimento sobre o pai e canta, à capela, o samba canção Não Tem Solução, em um dos melhores momentos do filme.

Em agosto de 2024, o cantor Renato Brás lançou a faixa A Lua e Eu, sucesso de Cassiano, com a participação de Nana nos vocais. A voz de Nana foi capturada em sua casa, no Rio de Janeiro.

Em sua última entrevista ao Estadão, quando completou 80 anos, Nana manifestou o desejo de gravar as parcerias do irmão Dori com Nelson Motta. Também desejava cantar Milton Nascimento - um de seus grandes amigos - e Beto Guedes. "Se eu não gravei, são inéditas para mim", disse, reforçando uma insatisfação constante dos últimos anos, a de que não havia bons novos compositores para lhe fornecerem repertório.

Como uma metáfora da vida, Nana, também nessa entrevista, falou sobre seu sentimento ao gravar uma canção. "Ela acontece, assim como o amor. É como uma nascente, ela corre. Para quem consegue molhar o rosto nessa água límpida, como eu faço quando estou gravando, é um delírio", disse.

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Centenas de milhares de jovens católicos se reúnem em um vasto campo nos arredores de Roma neste sábado, 2, para o ponto alto do fim de semana do Jubileu, o Ano Santo de 2025 do Vaticano: uma vigília noturna, acampamento ao ar livre e missa na manhã de domingo celebrada pelo papa Leão XIV. O evento marca o primeiro grande encontro do pontífice com a nova geração de católicos.

Caminhões com vaporizadores e canhões de água refrescam os jovens para tentar amenizar o calor, com temperaturas perto dos 30 °C, enquanto os fiéis aguardam por horas a chegada de Leão para a vigília. Mas o clima é festivo, com jovens dançando ao som de uma programação com cerca de doze bandas diferentes, enquanto montam acampamento para passar a noite.

Leão certamente gostará do que verá: durante toda a semana, esses grupos de jovens católicos de todo o mundo tomaram conta da área ao redor da Praça de São Pedro para a celebração especial do Jubileu, neste Ano Santo em que a expectativa é que 32 milhões de pessoas venham a Roma em peregrinação à sede do catolicismo.

Os jovens percorreram as ruas de paralelepípedo vestindo camisetas coloridas coordenadas, rezando o terço e cantando hinos com violões, bongôs e pandeiros. Usando suas bandeiras como lonas para se proteger do sol, eles tomaram praças inteiras para shows de rock cristão e palestras. Os fiéis esperaram por horas no Circo Máximo, uma grande arena próxima ao Coliseu, para confessar seus pecados a mil padres que ofereciam o sacramento em uma dúzia de línguas diferentes.

Neste sábado, os jovens começaram a chegar ao campo de Tor Vergata, no lado leste de Roma, para o clímax da celebração jubilar - o encontro com Leão.

O primeiro papa americano da história deve chegar de helicóptero no sábado à noite para presidir a vigília. Ele volta ao Vaticano para passar a noite e retorna no domingo pela manhã, em um passeio de papamóvel seguido pela missa.

Clima de Jornada Mundial da Juventude, 25 anos depois

O clima lembra uma Jornada Mundial da Juventude, o "Woodstock católico" que São João Paulo II inaugurou e tornou famoso no ano 2000, também no campo de Tor Vergata. Naquela ocasião, diante de cerca de 2 milhões de pessoas, João Paulo disse aos jovens peregrinos que eles eram as "sentinelas da manhã" no alvorecer do terceiro milênio.

Inicialmente, os organizadores esperavam 500 mil jovens neste fim de semana, mas Leão sugeriu que o número poderia chegar a 1 milhão.

"Está meio bagunçado, mas é isso que torna o Jubileu especial," disse Chloe Jobbour, uma católica libanesa de 19 anos que está em Roma com um grupo de mais de 200 jovens da Comunidade das Beatitudes, um movimento carismático com sede na França.

Ela contou, por exemplo, que levou duas horas para conseguir jantar na sexta-feira à noite, pois o restaurante de fast-food KFC foi sobrecarregado de pedidos. A escola salesiana que ofereceu hospedagem ao grupo dela fica a uma hora de ônibus. Mas Chloe, como muitos ali, não se incomoda com os perrengues: tudo faz parte da experiência.

"Não esperava que fosse diferente. Esperava que fosse assim," disse ela, enquanto membros de seu grupo se reuniam nos degraus de uma igreja perto do Vaticano para cantar e rezar antes de seguir para Tor Vergata.

Houve uma tragédia antes do início da vigília: o Vaticano confirmou que uma jovem egípcia de 18 anos, identificada como Pascale Rafic, morreu durante a peregrinação. Leão se encontrou no sábado com o grupo com o qual ela viajava e enviou suas condolências à família.

O clima colaborou na maior parte do tempo: embora os serviços de proteção civil da Itália estivessem preparados para temperaturas de até 34 °C, os termômetros não passaram dos 30 °C e não devem subir além disso.

Romanos incomodados, mas tolerantes

Os romanos que não fugiram da multidão foram impactados pelo aumento da demanda no já precário sistema de transporte público da cidade. Moradores compartilharam nas redes sociais vídeos de passageiros irritados com as plataformas do metrô lotadas de jovens e os pontos de ônibus congestionados, dificultando a ida e volta ao trabalho.

Mas outros moradores acolheram o entusiasmo dos jovens. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, gravou um vídeo de boas-vindas, exaltando o que chamou de "festa extraordinária de fé, alegria e esperança" trazida pelos jovens à Cidade Eterna.

"Acho maravilhoso," disse a cabeleireira romana Rina Verdone, que vive perto do campo de Tor Vergata e acordou no sábado com um aglomerado de policiais em frente à sua casa, parte da operação de segurança com 4 mil agentes montada para manter a ordem. "Você pensa que a fé, a religião estão em crise, mas isso prova que não é bem assim."

Verdone já havia feito planos para mudar seu trajeto de volta para casa naquele sábado à tarde, o que exigiria uma caminhada adicional de 1 quilômetro, porque temia que a "invasão" de jovens em seu bairro atrapalhasse sua linha de ônibus habitual. Mas disse estar mais do que disposta a fazer o sacrifício.

"A gente costuma pensar em invasão como algo negativo. Mas essa é uma invasão positiva," disse ela.

A SpaceX levou uma nova tripulação à Estação Espacial Internacional neste sábado, 2, fazendo a viagem em apenas 15 horas.

Os quatro astronautas americanos, russos e japoneses chegaram em sua cápsula da SpaceX após o lançamento do Centro Espacial Kennedy da Nasa, a agência espacial americana. Eles passarão pelo menos seis meses no laboratório orbital, trocando de lugar com os colegas que estão lá desde março.

A SpaceX trará esses quatro de volta já na quarta-feira. Chegando estão Zena Cardman e Mike Fincke, da Nasa, Kimiya Yui, do Japão, e Oleg Platonov, da Rússia - cada um deles originalmente designado para outras missões.

"Olá, estação espacial!", disse Fincke pelo rádio assim que a cápsula atracou no alto do Pacífico Sul. Cardman e outro astronauta foram retirados de um voo da SpaceX no ano passado para dar lugar aos dois astronautas da Nasa que ficaram presos, os pilotos de teste da Boeing Starliner Butch Wilmore e Suni Williams, cuja estadia na estação espacial passou de uma semana para mais de nove meses.

Fincke e Yui estavam treinando para a próxima missão Starliner. Mas com o Starliner parado devido a problemas com o propulsor e outros até 2026, os dois mudaram para a SpaceX. Platonov foi retirado da lista de lançamento da Soyuz há alguns anos devido a uma doença não revelada.

A chegada deles eleva temporariamente a população da estação espacial para 11 pessoas. "Foi uma visão incrivelmente bela ver a estação espacial aparecer pela primeira vez", disse Cardman, uma vez a bordo.

A prefeitura de Campo Bom, no Rio Grande do Sul, causou polêmica na última quinta-feira, 31, ao anunciar que não vai trocar mais as luminárias quebradas de um parque da cidade. De acordo com a administração do município, que fica cerca de 60 quilômetros de Porto Alegre, já foram mais de 50 reposições da peça desde o início do ano e a reincidência de casos é sinal de "desperdício de recursos" e "descaso de uma minoria" com o espaço público.

"Repetidos atos de vandalismo têm destruído esses postes, gerando altos custos de manutenção. Desde o início do ano, mais de 50 luminárias já precisaram ser substituídas - um número que não só representa desperdício de recursos, mas também o descaso de uma minoria com um espaço pensado para o bem de todos", disse a administração, em nota.

"Diante disso, a Prefeitura instalou placas de orientação e alerta, informando que os equipamentos não serão mais trocados", acrescentou o executivo no comunicado. As sinalizações foram instaladas com a frase: "Consertamos inúmeras vezes, mas vândalos continuam estragando... Não consertaremos mais".

A Prefeitura de Campo Bom foi questionada pela reportagem sobre os valores gastos com os reparos e se a administração pensa em rever a medida. O Estadão perguntou também se alguma pessoa chegou a ser identificada e punida pelos atos de vandalismo, mas não houve retorno até a publicação deste texto.

O caso aconteceu no Parcão Sady Arnildo Schmidt, inaugurado em abril do ano passado. O espaço, segundo o Executivo, possui 2 mil metros de área verde, quadras esportivas, fonte luminosa, chimarródromo e outras instalações. A cidade possui cerca de 63 mil habitantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As luminárias que vêm sendo danificadas são postes instalados em sequência de um trilho, colocados no parque para delimitar o espaço e dar mais segurança aos frequentadores.

Por conta da situação, o prefeito Giovani Feltes (MDB) diz ser frustrante ver um espaço novo sofrer com a falta de consciência de um pequeno grupo de pessoas. "A cidade é de todos nós, e cada bem público precisa ser valorizado. Manter, cuidar e preservar é um dever coletivo, porque quem perde com o vandalismo é toda a comunidade", disse por meio do comunicado.

A medida foi criticada pelos usuários nas redes sociais, que pedem por punições aos culpados e maior vigilância por parte da Prefeitura e dos guardas civis municipais.

"Não entendi. É a população que vandaliza ou os marginais? Seria mais prudente uma placa dizendo que haverá punição para os responsáveis pela depredação, e não culpar a população. Cabe à prefeitura fiscalizar e punir", disse uma usuária.

"Está errada essa placa, devemos descobrir quem são os vândalos, puní-los e sim, manter as luminárias em ordem. São esses pensamentos que fazem a sociedade sucumbir à criminalidade. Temos uma boa guarda municipal, tenho certeza que eles conseguem nos ajudar", disse outro seguidor.

A Prefeitura de Campo Bom diz que segue investindo em áreas de lazer, esporte, saúde e infraestrutura. "Mas esse esforço só tem sentido se houver, por parte da população, o mesmo compromisso em respeitar e preservar", acrescentou o Executivo.