É Tudo Verdade completa 30 anos com edição festiva e olho no futuro: 'Uma montanha-russa'

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Crença reafirmada. É com essas palavras que Amir Labaki define, em entrevista ao Estadão, a sensação de ver o É Tudo Verdade chegar à sua 30ª edição. O diretor e fundador do festival, no entanto, não se deixa levar pelo encantamento com o que chama de autocelebração. Para ele, a maior comemoração é poder mostrar o vigor estético e a variedade de formatos que o gênero documental tem hoje.

Ao longo das últimas três décadas, o É Tudo Verdade se estabeleceu como um dos festivais mais importantes do mundo quando o assunto é documentário, sendo palco para filmes premiados internacionalmente e para discussões que ajudam no avanço do debate sobre as transformações do audiovisual.

Na nova edição, que ocorre até domingo, 13, em São Paulo e no Rio de Janeiro, há espaço para novos filmes nas mostras competitivas e para celebrar os clássicos nas retrospectivas. Neste ano, serão reexibidos os vencedores das primeiras mostras competitivas do festival, na edição de 1997. São eles O Velho - A História de Luiz Carlos Prestes, de Toni Venturi, e Noel Field - A Lenda de um Espião, do suíço Werner Schweizer. Além disso, Labaki considera incontornável celebrar as trajetórias de Eduardo Coutinho e Vladimir Carvalho, que ganham uma retrospectiva especial.

"O É Tudo Verdade sai daqui", afirma, mostrando um fotograma de Cabra Marcado para Morrer, de Coutinho, que estampa a capa do catálogo da nova edição do evento. "O É Tudo Verdade sai daqui porque existe essa tradição, porque existiam esses dois imensos cineastas documentaristas, o Coutinho e o Vladimir, fazendo documentários no Brasil com muita dificuldade, e enfrentando desafios ainda maiores para exibi-los. O convívio com eles foi inspirador para comprar essa batalha."

A decisão de assumir a tarefa veio também da observação estratégica de um nicho que faltava ser ocupado na América Latina dos anos 1990. "Quando, em 1995, a gente imaginou estabelecer um festival de documentários no Brasil, e o primeiro da história da América Latina, para mim era óbvio que isso era realmente necessário. Mas, no mercado, não havia certeza de que a proposta fosse vingar. Nós tínhamos uma tradição de produção de documentários muito forte, o gargalo era conseguir distribuir esses filmes."

Mesmo com a trajetória de sucesso e edições ininterruptas, Labaki admite que são raros os anos em que o É Tudo Verdade acontece com tranquilidade financeira. "É uma montanha-russa. As pessoas imaginam que fazer festival ou evento de cinema, ou manter uma instituição cultural no Brasil, é algo sem muita preocupação com financiamento. Mas elas estão enganadas. Isso é uma batalha constante."

COMPETIÇÃO

O evento exibe neste ano um total de 85 produções vindas de 30 países, entre filmes inéditos e clássicos. Na competição brasileira de longas e médias-metragens há filmes de Eryk Rocha, Bárbara Paz e da dupla Liliane Maia e Jorge Bodanzky. Já a competição internacional de longas engloba países como Ucrânia, França, México, Cuba, Suíça, Estados Unidos e Quênia. Há também as mostras não competitivas Foco Latino-americano, O Estado das Coisas e Clássicos É Tudo Verdade.

A versatilidade que sempre foi a cara dos filmes selecionados, portanto, se mantém. Quanto a isso, Labaki compreende que há uma espécie de responsabilidade social em jogo quando se fala do poder sociopolítico inerente aos filmes documentais, além da importância de permitir que obras de diferentes temas dialoguem com públicos diversos.

"O universo das fake news, por definição, é baseado em coisas que não são verdadeiras e que são ditas de forma anônima. É por isso que digo que o documentário é um antídoto: você sabe quem está trazendo aquela visão ao mundo. E há um compromisso ético de que aquela visão de mundo está enraizada no real."

É Tudo Verdade

Cinesesc, Cinemateca Brasileira,

IMS Paulista e Centro Cultural

São Paulo. Gratuito. Até 13/4

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Um juiz aposentado foi preso na manhã desta quinta-feira, 24, depois de atropelar uma ciclista na cidade de Araçatuba, interior do Estado de São Paulo.

O acidente aconteceu na Avenida Waldemar Alves, no bairro Jardim Presidente, quando o homem dirigia uma caminhonete Ford Ranger e parou o veículo próximo a um supermercado.

A Polícia aponta que uma mulher que acompanhava o magistrado estava nua e tentou sentar em seu colo. Neste momento, ele acelerou o carro e acabou atingindo a ciclista.

O Estadão não conseguiu contato com a defesa do juiz aposentado Fernando Augusto Fontes Rodrigues Junior. O espaço está aberto.

Quem é o juiz?

Fernando Augusto Fontes Rodrigues Júnior, de 61 anos, fez sua carreira como juiz da 1.ª Vara Cível de Araçatuba, a 530 quilômetros da capital São Paulo, até se aposentar em 15 de agosto de 2019.

Segundo dados do Tribunal de Justiça de São Paulo, disponíveis no Portal da Transparência da Corte, entre janeiro e junho, ele teve rendimento bruto somado de R$ 917 mil. Com os descontos, seu contracheque líquido bateu em R$ 781 mil acumulados no período, média de R$ 130 mil/mensais.

Júnior foi levado à Delegacia Seccional e submetido a exame clínico de embriaguez. O médico legista atestou que o juiz estava alcoolizado. A polícia deu voz de prisão ao magistrado. Júnior foi indiciado por lesão corporal culposa.

Quem é a vítima e qual seu estado de saúde?

A ciclista Thais Bonatti, de 30 anos, está hospitalizada em estado grave. Quando a Polícia Militar chegou ao local da ocorrência, Thais já tinha sido socorrida ao pronto-socorro.

Um funcionário sofreu mal súbito no topo de uma torre de celular com aproximadamente 20 metros de altura, precisando ser resgatado pelo Corpo de Bombeiros na manhã desta sexta-feira, 25, na Rua São João da Boa Vista, 45, no bairro de Americanópolis, zona sul da cidade de São Paulo. Não há detalhes sobre o atual estado de saúde da vítima.

Conforme a corporação, a ocorrência foi registrada por volta das 10 horas da manhã, sendo o homem retirado da torre, aos cuidados da Unidade de Suporte Avançado (USA), em parada cardiorrespiratória. Ele foi encaminhado ao Hospital Pedreira.

Segundo os bombeiros, o funcionário estava inconsciente. Ele ficou preso pelo cinto de segurança. Ao menos cinco viaturas colaboraram para o atendimento da ocorrência.

Um saco contendo partes de um corpo humano foi encontrado na tarde desta quinta-feira, 24, à margem de uma lagoa onde a adolescente Nicolly Fernanda Pogere foi encontrada esquartejada.

A localização da vítima, de 15 anos, ocorreu no dia 18, em Hortolândia, interior de São Paulo. De acordo com a prefeitura, o material foi avistado por uma equipe da Secretaria de Serviços Urbanos durante um serviço de roçagem no local. A Polícia Civil foi acionada.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), a equipe do Instituto de Criminalística (IC) constatou serem partes de um corpo humano, compatíveis com os da adolescente que estava desaparecida. Além disso, foram localizados objetos que podem ter sido utilizados no crime.

A lagoa fica no Jardim Amanda I, onde o corpo mutilado da adolescente foi encontrado. De acordo com a investigação, Nicolly foi morta e esquartejada pelo namorado, um jovem de 17 anos, com a ajuda de uma adolescente de 14 anos, com quem ele também tinha um relacionamento.

Conforme a polícia, os dois mataram Nicolly com uma faca, após ela ter surpreendido o casal. A menina morava em Mococa e, quando visitava o avô em Hortolândia, teria procurado o namorado. Encontrou o rapaz, porém, na companhia de outra adolescente.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos adolescentes.

Após matar Nicolly, segundo a polícia, eles usaram um carrinho de mão para transportar o corpo até lagoa e colocaram pedras para fazer o cadáver submergir.

Nas costas da vítima foram inscritas as iniciais PCC, mas a polícia descartou ligação do caso com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital. A inscrição teria o objetivo de confundir a polícia.

O casal suspeito do crime foi apreendido nodia 20, no Paraná. Os dois alegaram que agiram em legítima defesa: ao encontrá-los juntos, em um acesso de ciúmes, Nicolly teria se munido de uma faca para atacá-los. Já a polícia acredita que o casal de jovens planejou o crime.

O corpo esquartejado de Nicolly foi encontrado dentro da água, próximo à margem da lagoa, enrolado em uma lona. O reconhecimento foi feito por familuares da vítima.

Segundo a SSP, o material recolhido nesta quinta foi encaminhado para exame pericial. As diligências para o esclarecimento total do crime prosseguem no 2º Distrito Policial de Hortolândia.