Ellen Pompeo estrela 'Uma Família Perfeita', baseada em caso real: 'É a condição humana'

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Se Ellen Pompeo fosse encontrar um novo papel após 20 anos como protagonista na série Grey's Anatomy da ABC, teria que ser algo muito bom. Ela acha que encontrou isso como uma supermãe cujo mundo desaba em Uma Família Perfeita, série do Hulu (disponível no Brasil pelo Disney+).

"Eu estava procurando um verdadeiro desafio criativo. Acho que esta foi uma oportunidade para eu desaparecer completamente em um papel", diz ela. "Personagens assim não aparecem com muita frequência."

Uma Família Perfeita ficcionaliza a verdadeira história de Natalia Grace, uma órfã nascida na Ucrânia com nanismo, adotada por uma família americana que logo a acusa de ser uma adulta problemática se passando por uma criança.

Pompeo interpreta a mãe adotiva, que se tornou uma palestrante e autora renomada após criar um filho com autismo, mas agora se vê em um ponto sem volta com Natalia, com seu casamento abalado, em perigo jurídico e com sua reputação em frangalhos.

"Estávamos pegando toda essa pesquisa que tínhamos e ampliando certos momentos ou ajustando outros para uma espécie de licença dramática", diz a criadora e coprodutora executiva Katie Robbins, que também criou Sunny e escreveu para a série The Affair.

"O importante era contar algo propulsor, compulsivamente assistível. Mas, no final das contas, o mais importante era contar a história de uma maneira autêntica às pessoas envolvidas."

Ao longo dos anos, o caso tem sido o foco de vários programas de TV, podcasts e documentários, incluindo a série documental da Discovery O Curioso Caso de Natalia Grace.

Se os espectadores esperam obter clareza sobre quem são os heróis, eles não a encontrarão em Uma Família Perfeita. A série conta a história de múltiplos pontos de vista, avançando e retrocedendo, para criar um complexo drama familiar que também tem elementos de suspense.

"Você realmente precisa prestar atenção em quem está contando a história", diz Robbins. "Usar a perspectiva parecia uma oportunidade tanto para contar a história de uma maneira nova, mas também para nos permitir, como contadores de histórias, levar os espectadores em uma experiência que os ajudaria a confrontar seus próprios preconceitos de maneiras inesperadas."

A série começa pela perspectiva dos pais adotivos - Mark Duplass interpreta o marido - que se voltam contra o novo membro da família, mas depois muda para o ponto de vista de Natalia (interpretada por Imogen Faith Reid), quebrando lentamente quaisquer julgamentos precipitados que o espectador possa ter tido.

"Todo mundo entra na experiência dessa história com uma maneira diferente de olhar para ela", diz a produtora executiva Sarah Sutherland. "É meio que um teste de Rorschach. Eu apenas pensei que era super fascinante lidar com esse tipo de desconforto."

Os oito episódios mesclam sem esforço as sombras e a luz, mostrando momentos de leveza familiar, mas também cenas de terror, como quando Natalia se aproxima da cama dos pais com uma faca.

"Em termos de tom, eu acredito muito que a vida é uma verdadeira mistura de gêneros", diz Robbins. "Os momentos mais felizes da minha vida muitas vezes foram interrompidos por tragédias, e nos momentos mais tristes, muitas vezes me encontrei achando algo absurdamente hilário. Então, sempre que eu escrevo, tento deixar tudo isso nessa tensão, porque é assim que é ser uma pessoa."

No seu cerne, Uma Família Perfeita é sobre como somos criados e como isso pode ecoar através das gerações. Aprendemos como a personagem de Pompeo foi tratada por sua mãe e como Natalia nem sempre foi criada com amor familiar, preparando-as para um confronto.

"Estamos examinando as maneiras nas quais a forma como se é criado transborda e afeta a maneira como se é um pai", diz Robbins. "Isso muda a maneira como você percebe o mundo. E eu acho que isso é uma coisa fascinante que percorre o arco desta série."

Pompeo vê um ponto ainda maior - como hoje em dia, todos têm sua própria versão definitiva dos eventos e veem as coisas através de suas próprias lentes.

"Mesmo sabendo que está errado, é necessário uma quantidade extraordinária de humildade para admitir que está errado. É muito mais fácil simplesmente seguir em frente, se apegar ao ego e dizer, 'Eu não estava errado'", ela diz.

"Vemos isso com o que está acontecendo em nosso país agora. As pessoas vão lutar até a morte antes de admitir que estavam erradas. Não importa o que vemos, certo?" ela acrescenta.

"Estamos vendo coisas diante dos nossos olhos, e as pessoas estão dizendo algo diferente, e estamos escolhendo acreditar no que foi dito em vez do que estamos vendo. E essa é a condição humana."

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Um motorista de carro de aplicativo e dois passageiros foram alvos de um assalto na noite de sábado, 26, no bairro Campo Grande, zona sul de São Paulo. O caso aconteceu na Rua Zike Tuma, pouco depois de os passageiros embarcarem no carro.

O crime foi flagrado por câmeras de monitoramento e as imagens circulam pelas redes sociais. Pelas imagens, é possível ver um dos passageiros entrando no carro, segurando uma mochila.

Segundos depois, com o veículo, ainda estacionado, dois rapazes passam pelo lado direito do carro, na calçada, enquanto outro se aproxima partindo do outro lado da rua.

Os três cercam o veículo e anunciam o assalto, com um deles portando uma arma. Assustados, o motorista e o casal de passageiros são arrancados do carro às pressas.

Os bandidos ainda roubaram a mochila que estava na mão de uma das vítimas antes de entrarem no carro e fugirem do local do crime.

A Polícia Militar foi acionada, mas os suspeitos conseguiram escapar. Eles deixaram o carro e abandonaram o celular do motorista, de 62 anos, além das chaves do automóvel e um simulacro de arma de fogo.

A ocorrência foi registrada como roubo de veículo no 98° DP (Jardim Miriam) e a Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-SP) informou que a Polícia Civil investiga o caso.

Em mais uma ação do Agora Tem Especialistas, programa federal que tenta diminuir as longas filas de espera do SUS, o governo federal anunciou nesta segunda-feira, 28, que pacientes que aguardam algum procedimento especializado no sistema público poderão ser atendidos por planos de saúde de forma gratuita.

A ideia é que as operadoras ofereçam aos pacientes do SUS cirurgias, exames e consultas com especialistas em troca de abatimento de suas dívidas com o Ministério da Saúde.

A portaria que regulamenta a ação foi assinada na tarde desta segunda pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e pelo ministro da Advocacia Geral da União (AGU), Jorge Messias.

De acordo com a pasta, a meta para este ano é que R$ 750 milhões devidos pelas operadoras sejam convertidos em mais atendimentos. Isso representa cerca de 58% do valor de R$ 1,3 bilhão que os planos de saúde devem atualmente de ressarcimento ao governo federal por terem tido clientes seus atendidos na rede pública.

De acordo com Padilha, embora esse ressarcimento seja obrigatório, o recebimento desses valores é demorado e nem sempre pode ser usado para custear ações prioritárias do ministério.

"As dívidas, pela lei, têm que ser ressarcidas ao Fundo Nacional de Saúde. A gente tem muita dificuldade de recuperar essas dívidas e, mesmo quando elas voltam, não significam mais atendimento porque você tem regras de limitação da expansão dos investimentos na área da saúde. Estamos transformando essas dívidas em mais cirurgias, mais exames, mais consultas especializadas e menos tempo de espera pra quem está aguardando", disse o ministro, durante entrevista coletiva a jornalistas.

Segundo o ministério, três dias após a publicação da portaria, será aberto um edital para adesão voluntária das operadoras que queiram participar do programa.

Elas terão de comprovar capacidade técnica e operacional e ofertar procedimentos do rol do programa Agora Tem Especialistas, que prioriza seis especialidades médicas com maior demanda: oncologia, oftalmologia, ortopedia, otorrinolaringologia, cardiologia e ginecologia. "Também será considerada a demanda dos Estados e municípios, que vão apresentar as suas necessidades", destacou o órgão federal, em nota.

O ministério promete que os pacientes do SUS poderão ser atendidos nas redes dos planos de saúde já em agosto, mas algumas etapas ainda serão necessárias antes de a iniciativa se concretizar. De acordo com a pasta, após a publicação do edital, as operadoras terão que solicitar a adesão via plataforma InvestSUS e preencher uma matriz de oferta, com o número e tipos de procedimentos que podem oferecer.

Em seguida, essa matriz é analisada pelo ministério, enviada aos Estados e municípios, analisada e aprovada pela Comissão de Intergestores Bipartite (CIB) e, só depois disso, é publicada a distribuição territorial dos serviços prestados e formalizada a contratualização com as operadoras.

De acordo com Padilha, os procedimentos ofertados pelos convênios médicos ficarão à disposição das secretarias municipais e estaduais da Saúde para que os gestores locais encaminhem seus pacientes.

Dessa forma, os usuários do SUS não precisam fazer nenhuma inscrição nem devem procurar um plano de saúde diretamente. São as unidades do SUS de referência que informarão o paciente onde ele será atendido.

O ministério informou ainda que o serviço a ser prestado pelas operadoras deverá ser distribuído de forma a não ficar concentrado nos grandes centros ou em apenas algumas regiões do País.

Disse ainda que, para evitar a pulverização exagerada dos serviços prestados, as operadoras participantes deverão oferecer atendimentos que representem um gasto/abatimento da dívida de R$ 100 mil por mês, valor que pode ser flexibilizado para R$ 50 mil por mês no caso de regiões que têm menos estabelecimentos de saúde e grande demanda.

Para o ministério, além de regularizar a situação fiscal ao ter as dívidas abatidas, as operadoras se beneficiam ao usar a capacidade ociosa de atendimentos nos hospitais conveniados e ao "diminuir litígios administrativos e judiciais".

Procurada pelo Estadão, a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) disse que "vê com grande entusiasmo a portaria" e declarou que "tal medida representa um passo importante na construção de soluções conjuntas entre os setores público e privado da saúde, promovendo maior integração, cooperação e, sobretudo, agilidade no acesso da população a consultas, exames e procedimentos de média e alta complexidade".

"Essa decisão mostra uma evolução significativa na integração entre os sistemas público e privado de saúde no Brasil. É uma medida que fortalece o nosso sistema e que, acima de tudo, beneficia milhões de brasileiros que aguardam atendimento na rede pública", afirmou, em nota, Gustavo Ribeiro, presidente da Abramge.

A entidade disse ainda que "o caminho para um sistema mais sustentável e resolutivo passa, necessariamente, por parcerias colaborativas e por uma visão integrada do cuidado com o cidadão".

A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) também foi procurada, mas não se posicionou até a conclusão desta reportagem.

O Ministério da Educação (MEC) anunciou nesta segunda-feira, 28, as condições para a renegociação de dívidas dos contratos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) formalizados a partir de 2018.

A resolução com as novas regras (Resolução nº 64/2025), que incluem o pagamento da dívida em até 180 parcelas, foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), na sexta-feira, 25.

A medida é voltada para os estudantes que se encontram inadimplentes há mais de 90 dias, contados até o dia 31 de julho de 2025. O objetivo, conforme a pasta, é ajudar os alunos que enfrentam dificuldades financeiras.

Com a nova resolução, os beneficiários do programa poderão solicitar a renegociação com o agente financeiro do contrato, entre 1º de novembro de 2025 até 31 de dezembro de 2026.

Além disso, as novas regras também preveem o parcelamento do saldo devedor em até 180 parcelas mensais, com valor mínimo de R$ 200 por parcela, e ainda garante desconto de 100% nos juros e nas multas por atraso.

O MEC destaca que a renegociação se aplica "apenas ao saldo devedor do financiamento", isto é, não inclui os valores de coparticipação com as universidades, seguros prestamistas ou tarifas bancárias.

"Os débitos com as instituições deverão ser negociados diretamente com cada instituição de ensino superior", diz o ministério.

A renegociação também poderá ser aplicada sobre os contratos cuja dívida tenha sido coberta pelo Fundo Garantidor do Fies (FG-Fies).

A resolução também determina que, caso os estudantes não sigam as regras do contrato, seus nomes e o de seus fiadores serão incluídos nos cadastros restritivos de crédito.

Além disso, ficam suspensas até o fim de 2026 as solicitações para que o FG-Fies honre dívidas inadimplidas.

O Fies é um programa de financiamento estudantil do governo federal que concede recursos para estudantes custearem a graduação em instituições privadas.

O pagamento deve ser feito após a conclusão do curso e a dívida é negociada conforme a situação econômica do beneficiário.