A maioria da população brasileira é favorável à megaoperação policial contra o Comando Vermelho (CV) que deixou 121 mortos, deflagrada no Rio de Janeiro na terça-feira, 28, aponta pesquisa AtlasIntel. O levantamento divulgado nesta sexta-feira, 31, mostra que 55,2% aprovam a ação, enquanto 42,3% desaprovam.
A chamada Operação Contenção superou o número de mortes de Jacarezinho (2021) e Vila Cruzeiro (2022) - todas na gestão atual -, tornando-se a ação mais letal já registrada na história do Estado. Em coletiva de imprensa após os confrontos, o governador Cláudio Castro (PL) afirmou que as únicas vítimas foram os quatro policiais mortos na ação.
Na cidade do Rio, o apoio é ainda maior: 62,2% aprovam a megaoperação, e 62,3% dizem que a força policial agiu de forma adequada. Entre moradores de favelas, o respaldo chega a 80%, contra 51% entre os que vivem fora dessas áreas.
Entre os entrevistados em todo o território nacional, 52,5% consideram adequado o nível de violência empregado pelas polícias, ante 45,8% que o avaliam como excessivo. A pesquisa indica também que 56% dos brasileiros defendem novas megaoperações, enquanto 35% são contra. No Rio, o índice de apoio sobe para 62%, ante 32% contrários.
O levantamento avaliou ainda a percepção sobre o desempenho de autoridades na Segurança Pública. Metade dos brasileiros (50%) desaprova a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto 31% aprovam e 19% consideram regular. Entre os governadores, a desaprovação é de 35%, com 28% de aprovação e 36% de avaliação regular.
Na cidade do Rio de Janeiro, 59% desaprovam a atuação de Lula na segurança e 27% aprovam. Já o governador Cláudio Castro tem 45% de desaprovação e 36% de aprovação.
Os governadores de direita se reuniram na quinta-feira, 30, e anunciaram a criação do "Consórcio da Paz", que consistirá na troca de experiências, ações e equipamentos para o combate ao crime organizado. Eles também rechaçaram a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública.
Estiveram no encontro os governadores Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ronaldo Caiado (União), de Goiás, e Eduardo Riedel (PP), do Mato Grosso do Sul, além da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP). O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou das discussões remotamente.
O chefe do Executivo paulista disse que a ação foi "necessária" e que conta com o entendimento e respaldo dos demais gestores estaduais. "Acho que é uma operação, primeiro, necessária. Você tem uma questão de domínio de território por facções criminosas, e isso configura perda de soberania", disse Tarcísio, fazendo contraponto ao discurso de soberania nacional do presidente Lula.
A pesquisa AtlasIntel também testou o apoio a medidas federais no contexto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO): 64% dos brasileiros defendem o envio de veículos blindados ao Rio, e 19% são contra. Ao solicitar ajuda federal, Castro não pediu GLO. "O governador não tem que pedir GLO. O governador pede ajuda, pede gente, infraestrutura, recurso, inteligência. O instrumento jurídico quem define é o governo federal", afirmou Castro, em coletiva.
Minuto de silêncio de Boulos
Ao avaliar a reação política à operação, 50,1% dos entrevistados consideraram inapropriado o minuto de silêncio feito pelo novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, durante sua cerimônia de posse em memória das vítimas da ação. Já 43,8% viram o gesto como apropriado. Boulos não apenas fez a homenagem a "policiais, moradores" como também disse que "a cabeça do crime organizado está na lavagem de dinheiro na Faria Lima", e não "em um barraco de favela".
Já 44,3% dos brasileiros associam o campo político da direita às melhores propostas para o combate ao crime, enquanto 33,9% citam a esquerda e 10,4% dizem que nenhum campo político oferece soluções eficazes. O fato novo provocou uma nova onda de embates entre os governadores de direita que desejam ser candidatos à presidente em 2026 e o PT.
A pesquisa AtlasIntel ouviu 1.089 brasileiros adultos entre os dias 29 e 30 de outubro de 2025, por meio de recrutamento digital aleatório via Atlas RDR. A margem de erro é de três pontos porcentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.