'Nossa soberania não está à venda', diz Lula em pronunciamento com recado a Elon Musk

Política
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, indiretamente, o empresário Elon Musk em pronunciamento em rede nacional nesta sexta-feira, 6, por desrespeitar ordens do Supremo Tribunal Federal. Sem citar o nome do bilionário sul africano, Lula disse "nossa soberania não está à venda".

"Nenhum país é de fato independente quando tolera ameaças à sua soberania. Seremos sempre intolerantes com qualquer pessoa, tenha a fortuna que tiver, que desafie a legislação brasileira. Nossa soberania não está à venda", afirmou.

O recado a Musk acontece no momento em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, vem sendo atacado pela decisão de suspender o X (ex-Twitter), rede social comprada recentemente pelo bilionário. Neste sábado, Lula participa do desfile de 7 de setembro organizado pelo governo na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, deve comparecer ao evento, assim como Moraes. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, não confirmou presença, enquanto o presidente da Câmara, Arthur Lira, decidiu não participar.

Na mesma data, bolsonaristas se reunirão na Avenida Paulista, em São Paulo, para uma manifestação cujo principal mote é o pedido de impeachment de Moraes. A campanha para que o ministro seja retirado do cargo ganhou força com a divulgação das reportagens da Folha de S.Paulo de mensagens entre assessores do ministro no Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Superior Eleitoral.

Bolsonaristas usaram o conteúdo para reforçar as críticas de que o ministro age de forma parcial para investigar e punir pessoas e políticos de direita por manifestações antidemocráticas. Na última semana, a decisão que suspendeu a rede social X (ex-Twitter) no Brasil adicionou mais um fator no conjunto de críticas a Moraes.

No discurso, Lula também defendeu que a democracia é a capacidade de conviver com os diferentes. "Democracia é debate entre opiniões divergentes, diálogo e convivência civilizada entre opostos. É o respeito à vontade do povo expressa nas urnas. Não o direito de mentir, espalhar o ódio e atentar contra a vontade do povo", afirmou.

No tradicional pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV em homenagem ao Dia da Independência, comemorado em 7 de setembro, Lula disse que "nenhum País é de fato independente sem o exercício pleno da democracia, que é mais do que votar no dia da eleição".

O presidente disse que a defesa da democracia "é capaz de unir adversários de longa data", uma referência à sua aliança com o vice-presidente Geraldo Alckmin, contra quem disputou a Presidência da República em 2006. "Foi assim na construção da aliança para garantir a governabilidade do País após as eleições de 2022. Foi assim no 8 de janeiro de 2023, quando democratas de quase todos os partidos se uniram para derrotar a tentativa de golpe. Daquele dia em diante deixamos claros ao mundo que o Brasil é um País em que a paz e a liberdade imperam, mas não é um território sem lei e ordem", declarou.

O presidente citou uma série de dados positivos de seu governo. Disse que "a vitória da democracia permitiu que trouxéssemos de volta políticas de inclusão social que retiraram milhares de pessoas da pobreza, que tivéssemos uma política externa ativa e altiva, à altura da grandeza do Brasil, que a saúde e a educação voltassem a ser prioridade, que derrotássemos o negacionismo e que o combate a todas as formas de desigualdade voltasse à ordem do dia".

Lula também ressaltou que o governo federal firmou parcerias com governadores e prefeitos "independentemente do partido político de cada um". "Foi assim na seleção de obras prioritárias do PAC para cada Estado e município. Foi assim no socorro imediato às vítimas de calamidades, a exemplo das enchentes no Rio Grande do Sul e das queimadas no Pantanal e na Amazônia", disse.

Ele reforçou, ainda que pretende fazer uma política nacional de segurança pública, um tema recorrente de críticas a partidos de esquerda, junto aos 27 governadores. Citou a assistência do governo a pessoas que passam fome, a queda no desemprego e o crescimento da economia.

Na quarta-feira, 4, o IBGE divulgou que o PIB aumentou 1,4% no segundo trimestre deste ano, acima do 0,9% projetado para o período por analistas de instituições financeiras. Os setores de serviços (1%) e indústria (1,8%) contribuíram para a melhora. "Temos muitos desafios pela frente, mas estamos no rumo certo. É o começo de uma caminhada por um Brasil melhor para a família brasileira", disse, finalizando seu pronunciamento.

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O ministro federal da Informação do Paquistão, Attaullah Tarar, afirmou nesta quarta-feira (horário local), 7, que o país retaliou os recentes ataques da Índia e que três jatos e um drone indiano foram abatidos.

"A Índia realizou ataques covardes contra civis inocentes e mesquitas no Paquistão, desafiando a honra e o orgulho dessa nação. Agora, estejam preparados. Esta nação responsabilizará o inimigo por cada gota de sangue de seus mártires. As Forças Armadas estão dando uma resposta esmagadora, exatamente de acordo com os sentimentos do povo. A nação inteira está unida em orações e solidariedade aos nossos bravos oficiais e soldados", escreveu Tarar na rede X.

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, condenou os ataques aéreos da Índia e disse o país "tem todo o direito de dar uma resposta firme" ao "ato de guerra imposto pela Índia".

*Com informações da Associated Press

A Índia anunciou nesta terça-feira, 6, o lançamento de mísseis contra nove alvos no Paquistão e na região da Caxemira após dias de tensões entre os dois países. As autoridades paquistanesas informaram que duas pessoas ficaram feridas e uma criança morreu.

O ataque escala as tensões entre os países vizinhos, que possuem armas nucleares.

As autoridades indianas informaram que os ataques foram direcionados contra "infraestruturas terroristas", em resposta ao ataque no território da Caxemira controlado pela Índia, que deixou 26 turistas hindus mortos no mês passado. O Paquistão prometeu retaliar.

A Índia culpa o Paquistão por apoiar grupos separatistas da Caxemira, uma região que é ocupada por Índia, Paquistão e China. Islamabad nega apoiar esses grupos.

Segundo o Ministério da Defesa da Índia, o ataque não teve nenhuma instalação militar do Paquistão como alvo. "Nossas ações foram focadas, comedidas e de natureza não escalonada", diz um comunicado. "A Índia demonstrou considerável contenção na seleção de alvos e no método de execução."

Os mísseis atingiram locais na Caxemira paquistanesa e na província de Punjab, no leste do país, de acordo com três autoridades de segurança paquistanesas. Um deles atingiu uma mesquita na cidade de Bahawalpur, em Punjab, e matou uma criança, além de deixar dois feridos.

Entenda as tensões atuais

No dia 22 de abril, um grupo armado atacou turistas na cidade de Pahalgam, na parte indiana da região, matando 25 indianos e 1 nepalês. O Paquistão negou envolvimento com o ataque, reivindicado por um grupo terrorista islâmico pouco conhecido chamado Frente de Resistência - que tinha hindus como alvo. A Índia acusa Islamabad de armar e abrigar o grupo. O Ministério da Defesa do Paquistão sugeriu que o ataque foi uma "operação de false flag".

No dia seguinte ao atentado, Nova Délhi expulsou diplomatas, suspendeu vistos e fechou fronteiras terrestres com o Paquistão. Islamabad respondeu suspendendo acordos bilaterais, fechando fronteira e espaço aéreo a companhias indianas, e impondo sanções comerciais.

Desde 24 de abril há registros de trocas diárias de tiros na Caxemira e ambos os exércitos estão em alerta máximo. Apesar dos arsenais nucleares, a tendência é que nenhum lado acione armas atômicas a menos que esteja encurralado. Mas mesmo confrontos convencionais poderiam ser devastadores.

Nos últimos dias, a Índia também suspendeu o Tratado das Águas do Indo, assinado em 1960, que garante o acesso do Paquistão ao rio Indo, responsável por 90% de sua irrigação. Em resposta, Islamabad afirmou que se a Índia reduzir a quantidade de água que lhe é atribuída, isso seria considerado um ato de guerra. (COM INFORMAÇÕES DA AP)

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou ter tido uma "conversa muito construtiva" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após um encontro na Casa Branca nesta terça-feira, 6. Segundo Carney, o diálogo marcou o "começo do fim de um processo de redefinição da relação Canadá-EUA". O dirigente seguiu categórico ao rejeitar qualquer possibilidade de anexação do país ao vizinho.

"Canadá não está e nunca estará à venda", reiterou em entrevista coletiva, repetindo declaração anterior, em resposta a comentários de Trump sobre o país, eventualmente, se tornar o "51º estado americano". O premiê disse ter sido "muito claro" com o americano quanto à sua posição: "Fui muito claro com Trump que negociações serão feitas como dois países soberanos", afirmou. "É preciso separar o desejo da realidade. Pedi que ele parasse de falar sobre o Canadá se tornar o 51º estado dos EUA. É neste ponto que começa uma discussão séria", completou.

Ao comentar as tensões comerciais entre os dois países, Carney avaliou que "estabelecemos uma boa base hoje" para o avanço das conversas, mas reconheceu que "não tivemos decisões sobre tarifas". Ele ressaltou a complexidade do tema: "A discussão tarifária com os EUA é muito complexa. Estamos abordando uma grande quantidade de questões, por isso o progresso não será necessariamente evidente durante as negociações, mesmo que estejamos progredindo".

Ainda assim, o primeiro-ministro demonstrou otimismo. "Queremos seguir adiante com negociações comerciais com os americanos" e "veremos quanto tempo vai levar até os EUA tirarem as tarifas sobre o Canadá". Carney adiantou que ele e Trump concordaram em manter novas rodadas de diálogo nas próximas semanas, inclusive durante o encontro do G7.

Ao fim da reunião, o premiê destacou que "a postura de Trump e o quão concretas foram as discussões me fazem me sentir melhor". Apesar disso, reconheceu que "ainda temos muito trabalho pela frente e estamos totalmente empenhados". Por fim, assegurou ao republicano que "nossas medidas contra a entrada de fentanil nos EUA estão funcionando".