Moraes x Musk: entenda como a disputa judicial levou ao fechamento do escritório do X no Brasil

Política
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A disputa pública entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), atingiu o seu ápice neste sábado, 17, com a decisão do empresário de fechar o escritório da rede social no Brasil alegando perseguição e censura. No outro flanco, o magistrado da Suprema Corte argumenta que tomou medidas duras contra a plataforma após sucessivos descumprimentos de decisões judiciais.

A escalada de tensões entre os dois atores foi rápida. Musk nunca tinha feito menção a Moraes antes de abril deste ano. No dia 6 de abril, o empresário respondeu a uma publicação do ministro no X com uma provocação: "Por que você está ordenando tanta censura no Brasil?". O questionamento foi usado pela base de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que antagoniza com Moraes habitualmente, para insuflar o discurso falso de que o Brasil vive uma ditadura do Poder Judiciário, o que passou a ser reverberado por Musk.

Horas após responder à publicação do ministro, Musk voltou a questioná-lo sobre uma decisão que obrigou o X a bloquear perfis de usuários no País identificados pelo STF como desinformadores. Além do bilionário, a própria rede social passou a emitir discursos políticos contra Moraes. "O povo brasileiro, independentemente de suas crenças políticas, tem direito à liberdade de expressão, ao devido processo legal e à transparência por parte de suas próprias autoridades", publicou o perfil de Assuntos Governamentais Globais do X no dia 6.

A tensão aumentou nos dias seguintes à primeira declaração de Musk. No dia 7 de abril, o bilionário escreveu que "em breve" iria postar tudo que foi ordenado por Moraes em relação ao X e como essas decisões violariam a lei brasileira. O dono da rede social chamou o ministro de "vergonhoso" e pediu que ele renunciasse ou sofresse processo de impeachment. "Este juiz traiu descaradamente e repetidamente a constituição e o povo do Brasil", escreveu Musk.

Moraes, que até então havia ficado em silêncio diante das críticas, decidiu ainda no dia 7 de abril incluir Musk como investigado no inquérito das milícias digitais por "dolosa instrumentalização" da rede social X. O ministro ainda ordenou a abertura de um inquérito à parte sobre o empresário por suposta obstrução de Justiça "inclusive em organização criminosa e incitação ao crime".

Após a decisão, Musk fez ataques seguidos a Moraes durante duas semanas e passou a compartilhar publicações de aliados de Bolsonaro, como o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), com alegações de que o ministro seria um ditador.

As provocações de Musk no X se converteram em ação no dia 15 de abril, quando a rede social compartilhou com o Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, controlado por deputados aliados de Donald Trump, todas as ordens de Moraes de remoção de perfis e publicações com ataques às instituições brasileiras.

Dois dias depois, em 17 de abril, a ala republicana do Comitê Judiciário divulgou um relatório sobre a suposta "censura do governo brasileiro" ao X (antigo Twitter) e a outras redes sociais, como Facebook e Instagram. O documento inclui 88 decisões determinando a retirada de perfis das plataformas. As ordens partiram do ministro Alexandre de Moraes em processos que tramitam sob sigilo no STF.

Em resposta, o STF afirmou que os documentos divulgados pelos deputados dos EUA não são as decisões fundamentadas que determinaram a retirada de conteúdos ou perfis, mas sim os ofícios enviados às plataformas para cumprimento da decisão. "Todas as decisões tomadas pelo STF são fundamentadas, como prevê a Constituição, e as partes, as pessoas afetadas, têm acesso à fundamentação", informou o Supremo, em nota.

A divulgação das decisões sigilosas do ministro foi o ponto alto na disputa entre Musk e Moraes. O empresário não faz menções ao ministro em sua conta oficial no X desde o dia 18 de abril, até que neste sábado, 17, a rede social informou o fechamento do seu escritório no Brasil. O bilionário escreveu na plataforma que o ministro do STF é "uma desgraça total para a Justiça".

"Em suas exigências por "Justiça" no Brasil, Alexandre vai nos ordenar (em segredo) para violar as leis, brasileiras, argentinas, americanas e internacionais. O X não tem outra escolha se não fechar as nossas operações no Brasil", concluiu.

Moraes e o STF não se manifestaram até o momento sobre os ataques de Musk.

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O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira, 6, que "está ansioso" para se encontrar com o novo primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, mas criticou duramente a relação econômica entre os dois países. "Não consigo entender uma simples VERDADE - Por que os EUA estão subsidiando o Canadá em US$ 200 bilhões por ano, além de dar a eles PROTEÇÃO MILITAR GRATUITA e muitas outras coisas?", questionou em publicação na Truth Social.

Trump ainda listou uma série de produtos canadenses que, em sua visão, os EUA não precisariam importar: "Não precisamos de seus carros, não precisamos de sua energia, não precisamos de sua madeira, não precisamos de NADA do que eles têm, exceto de sua amizade, que espero que sempre mantenhamos". Em contrapartida, afirmou que o Canadá "precisa de TUDO de nós".

A publicação foi feita na iminência de um encontro entre o republicano e Carney na Casa Branca. A reunião, segundo Trump, deve ser marcada por essa discussão: "O primeiro-ministro chegará em breve, e essa será, muito provavelmente, minha única pergunta de consequência".

O líder conservador do partido CDU da Alemanha, Friedrich Merz, conseguiu ser eleito o 10º chanceler da Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial na segunda rodada de votação realizada no Parlamento alemão nesta terça-feira, 6. Merz perdeu na primeira votação e havia dúvidas sobre a capacidade do líder alemão vencer a nova votação ainda hoje, depois da derrota histórica desta manhã.

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Segundo a Presidente do Bundestag, Julia Klöckner, a cerimônia de nomeação do conservador deve ocorrer ainda nesta tarde, por volta das 17h (horário local).

*Com informações da Associated Press.

Os quatro aeroportos internacionais ao redor de Moscou suspenderam temporariamente os voos nesta terça-feira, 6, após forças da Rússia interceptarem mais de 100 drones da Ucrânia, que foram disparados contra quase 12 regiões russas na segunda noite consecutiva de ofensivas em que a capital russa é supostamente alvo, de acordo com o Ministério da Defesa em Moscou. Outros nove aeroportos regionais do país também interromperam brevemente suas operações.

O ataque de drones ameaçou o cessar-fogo unilateral, anunciado pelo presidente russo, Vladimir Putin, que deve durar 72 horas, para coincidir com as celebrações em Moscou do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da China, Xi Jinping, e outros líderes mundiais se reunirão na capital russa nesta quinta-feira.

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia instou países estrangeiros a não enviarem representantes militares para participar do desfile. Fonte: Associated Press.