Boulos diz não ter 'sangue de barata' e que Marçal não deve ser 'normalizado'

Política
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O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) disse nesta terça-feira, 14, que "ninguém tem sangue de barata" ao ser questionado pela tentativa de tirar uma carteira de trabalho das mãos de Pablo Marçal (PRTB) durante o debate promovido pelo Estadão, Portal Terra e Fundação Armando Alvares Penteado (Faap).

Boulos afirmou que o Brasil "pagou um preço" por ter naturalizado o "absurdo" se referindo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e defendeu que o mesmo erro não pode ser repetido com Marçal. Porém, relativizou a própria atitude ao afirmar que é necessário mostrar indignação com quem tenta "tumultuar".

"Quando uma pessoa vem na tua frente, mente de maneira descarada, te ataca e te provoca, ninguém tem sangue de barata, meu amigo. É disso que se trata. Você precisa ter um mínimo de indignação. O que me espanta é que essa indignação não seja de todos que assistiram ao debate. É isso que leva à normalização desse tipo de absurdo", declarou Boulos após o evento.

O embate entre Boulos e Marçal rendeu a principal cena do debate. O candidato do PSOL disse que o adversário nem deveria estar presente porque prometeu na semana passada que desistiria da candidatura se fosse comprovada sua condenação por estelionato - ele foi condenado em 2010, mas a decisão foi revertida pela Justiça que considerou que o caso prescreveu.

Marçal, então, disse que Boulos foi preso três vezes e poderia pedir música no Fantástico, programa da TV Globo. O deputado rebateu e o chamou de "Padre Kelmon" da eleição municipal. "Se eu sou o Padre Kelmon, eu te exorcizo", respondeu Marçal, sacando uma carteira de trabalho e a estendendo diante de Boulos.

Os dois continuaram discutindo enquanto se dirigiam às suas respectivas cadeiras no palco. Neste momento, Boulos tentou pegar o objeto das mãos de Marçal, mas não conseguiu.

"Isso aqui não é um debate. Isso aqui é um embate. Não sei se vocês perceberam mas não tem como pra colocar proposta em um ambiente que está armado para destruir as pessoas", disse Marçal em entrevista à imprensa.

Apesar da fala, o candidato do PRTB inflamou o clima entre os candidatos mesmo antes dos debates começarem. Marçal disse em sua convenção partidária, realizada no último dia 4, que revelaria ao longo dos debates do ciclo eleitoral os nomes de dois adversários que fariam uso de cocaína. O empresário afirmou, sem provas ou qualquer tipo de evidência, que um deles seria Boulos. Na última sexta-feira, 9, a Justiça Eleitoral determinou que Marçal removesse postagens nas redes sociais onde reproduziu as insinuações.

"Os vídeos veiculados pelo requerido (Marçal) possuem conteúdo unicamente difamatório à pessoa do autor (Boulos), sem qualquer relevância político-eleitoral. As afirmações estão lançadas nas redes sociais do requerido sem qualquer comprovação", declarou o juiz eleitoral Rodrigo Marzola Colombini, do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP).

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) criticou o nível da discussão entre os candidatos e pediu que nos próximos encontros girem em torno de propostas para a cidade. "As pessoas não estão vindo para o debate, estão vindo para agredir as pessoas e para fazer recorte para a internet", declarou.

A candidata do PSB, Tabata Amaral, afirmou ao Estadão que "infelizmente tivemos que debater assuntos que não têm a ver com a cidade. Mas consegui expor minhas propostas e mostrar que sou a candidata mais preparada para gerir São Paulo."

O candidato José Luiz Datena, do PSDB, não falou com a imprensa ao final do debate.

Marina pede impeachment de Alexandre de Moraes

Ao final do encontro entre os candidatos, em conversa com jornalistas, Marina pediu o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, depois da revelação do esquema dos pedidos de ordens de forma não oficial para a produção de relatórios pelo gabinete do magistrado.

"Tem, de fato, acontecido no nosso País um autoritarismo gigantesco do ministro Alexandre de Moraes, que manda prender qualquer um. Vai ter muita coisa que vai ser divulgada, e eu acho que vai mostrar a sua percepção dos políticos da direita. A censura que ele está praticando contra as pessoas na internet. Explica bastante porque eles querem tanto censurar as redes sociais. Eu espero que nós mantenhamos a nossa democracia e conseguimos fazer o impeachment do juiz", disse a candidata do Novo enquanto segurava uma camiseta com os dizeres 'Impeachment de Alexandre de Moraes já!'

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O número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos subiu 18 mil na semana encerrada em 26 de abril, para 241 mil, segundo pesquisa divulgada pelo Departamento do Trabalho do país nesta quinta-feira. O resultado ficou bem acima da expectativa de analistas da FactSet, que previam 225 mil solicitações no período.

O total de pedidos da semana anterior foi levemente revisado para cima, de 222 mil a 223 mil.

Já o número de pedidos contínuos teve alta de 83 mil na semana até 19 de abril, a 1,916 milhão, atingindo o maior nível desde 13 de novembro de 2021. Esse indicador é divulgado com defasagem de uma semana.

Lilian Moreno Cuéllar, juíza distrital de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, anulou nesta quarta, 30, a ordem de captura contra o ex-presidente Evo Morales por estupro e tráfico de pessoas, em um caso relacionado ao abuso de uma menor durante seu mandato. "Fica sem efeito qualquer mandado de rebeldia e ordem judicial de apreensão", diz a decisão judicial.

Lilian também determinou a suspensão de qualquer investigação sobre o caso, que corre em Tarija, no sul da Bolívia, e ordenou que o processo seja enviado para Cochabamba - onde Evo tem forte respaldo político e social.

Em outubro, o Ministério Público havia pedido a prisão do ex-presidente boliviano, de 65 anos, que desde então se refugiou em seu bastião político na região cocaleira do Chapare. De acordo com o MP, Evo começou um relacionamento com uma jovem de 15 anos em 2015, quando ele era presidente, e os pais dela consentiram com a união em troca de benefícios. A relação resultou no nascimento de uma filha, um ano depois. A jovem foi posteriormente identificada como Noemí Meneses, que hoje estaria com 25 anos.

Reação

A ordem judicial provocou reação dos críticos de Evo, em razão do histórico de Lilian, que entre 2012 e 2016 trabalhou no Serviço Nacional de Impostos e depois na Companhia Ferroviária Nacional (Enfe).

Lilian foi nomeada juíza pouco antes de Evo deixar o poder, em 2019, o que acabou levantando questionamentos sobre um conflito de interesses e acusações de proteção política ao ex-presidente boliviano.

Evo está inelegível desde 2023, quando a Justiça eleitoral vetou a reeleição indefinida - Evo foi presidente por quatro mandatos. Em fevereiro, no entanto, ele desafiou a sentença e anunciou sua candidatura presidencial nas eleições de 17 de agosto.

Ele se tornou opositor do atual presidente Luis Arce, transformado em desafeto e chamado de "traidor", depois que ambos desataram uma guerra pelo controle do partido Movimento ao Socialismo (MAS). Em março, o ex-presidente fundou seu próprio partido, o Evo Povo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O jornalista sueco Joakim Medin, preso em março após sua chegada à Turquia, foi condenado ontem a 11 meses de prisão por "insultar o presidente" turco, Recep Tayyip Erdogan, durante um protesto ocorrido em Estocolmo. A condenação foi suspensa logo em seguida, mas ele continuará detido por outra acusação, a de "pertencer a uma organização terrorista".

O repórter do jornal sueco Dagens ETC participou da audiência por videoconferência de sua cela na prisão de Silivri, oeste de Istambul. A Justiça turca o acusa de ter participado, em janeiro de 2023, de uma manifestação do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em Estocolmo, capital sueca, durante a qual foi pendurado um boneco de Erdogan de cabeça para baixo, algo que o jornalista nega desde o início.

Medin reafirmou nesta quarta, 30, "não ter participado desse evento". "Eu estava na Alemanha a trabalho. Nem sabia dessa manifestação", declarou. Durante a audiência, o tribunal exibiu fotos tiradas em outra reunião, em agosto de 2023, em Estocolmo, quando a Turquia ainda bloqueava a entrada da Suécia na Otan.

"Nunca tive a intenção de insultar o presidente. Eu tinha a tarefa de escrever os artigos, e foram meus editores que escolheram as fotos", disse o repórter, destacando que Erdogan é "uma figura central" exibida nesses protestos.

Medin, de 40 anos, foi preso em 27 de março ao chegar à Turquia, onde iria cobrir as manifestações desencadeadas pela prisão, em 19 de março, do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, principal adversário político do presidente.

Violações

O jornalista relatou múltiplas violações de seus direitos básicos durante os estágios iniciais de sua detenção, incluindo o direito de acesso a um tradutor, a um advogado e a serviços consulares. Medin foi acusado de pertencer a uma organização terrorista, crime que poderia lhe render até nove anos de prisão e será julgado posteriormente, em data a ser definida.

Essa acusação baseia-se em publicações nas redes sociais, artigos e livros escritos "unicamente no âmbito de seu trabalho jornalístico", disse Baris Altintas, diretora da ONG turca de direitos humanos MLSA, que o representa. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.