PT é alvo de críticas por declarar Maduro como 'presidente reeleito' da Venezuela

Política
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A nota publicada pelo PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta segunda-feira, 29, chamando o ditador Nicolás Maduro de "presidente, agora reeleito" da Venezuela e defendendo que ele "continue o diálogo com a oposição", repercutiu mal nas redes sociais e provocou reações de opositores do governo federal.

Diante crise pós-eleitoral no país vizinho, o governo brasileiro não reconheceu a vitória de Maduro, que se declarou reeleito no domingo, 28, nem se posicionou enfaticamente sobre as suspeitas de fraude no pleito, diferentemente de outros países.

O senador Sérgio Moro (União-PR) e a esposa, a deputada federal e vice na chapa do pré-candidato a prefeito de Curitiba Ney Leprevost, Rosângela Moro (União Brasil-PR), publicaram no X (antigo Twitter) críticas ao partido do presidente.

Na postagem com a foto de Lula com um microfone em mãos e dedo em riste, Moro classificou a nota como "vergonhosa", se referiu a Maduro como "tirano de Caracas" e disse que o apoio "confirma os piores receios de que o partido de Lula oferece riscos à democracia".

Já Rosângela repostou a publicação da deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), dizendo que, se tratando do Partido dos Trabalhadores, "nada é tão ruim que não possa piorar".

A candidata à Prefeitura de São Paulo pelo Novo, Marina Helena, reagiu após a manifestação do PT, dizendo que Lula e o partido "jamais vão romper" com o Maduro, porque, segundo ela, o venezuelano "sabe coisas demais sobre negociatas com empreiteiras e dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)". A candidata disse que o presidente "morre de medo" que o ditador "jogue verdades no ventilador".

O ex-presidente do Novo João Amoêdo também criticou a nota, afirmando que o partido de Lula "se mostra comprometido com o erro e com a defesa de ditaduras", citando a falta de transparência no processo eleitoral venezuelano e a expulsão de diplomatas de países que contestaram o resultado anunciado por Maduro.

Entre o núcleo duro do bolsonarismo, deputados e senadores também usaram as redes sociais para criticar o PT. O senador Rogério Marinho (PL-RN) disse que o apoio do partido a "ditaduras sanguinárias e repressoras" é "surpresa para zero pessoas". O senador ainda afirmou que aguarda agora "o grande amigo de Maduro" se posicionar, referindo-se ao presidente Lula.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho "01" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), usou ser perfil no X para dizer que "não é possível" que as pessoas ainda acreditem que Lula e o PT defendem a democracia.

Os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Kim Kataguiri (União-SP) compartilharam a nota na íntegra. "Este é o PT", disse Nikolas, citando que o partido afirmou que houve uma jornada "pacífica e soberana" no processo eleitoral do país vizinho e destacando que o ditador foi chamado de presidente.

Já Kim, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, afirmou que o partido é "defensor de ditador" e se referiu à declaração de vitória de Maduro como "fraude".

Outro deputado federal e ex-secretário de Cultura do governo de Bolsonaro, Mário Frias (PL-SP) também publicou a nota, com a frase "cadelinha de ditador". Em outra postagem, o deputado publicou um vídeo em que homens aparecem armados e saúdam o povo da Venezuela, pedindo para que as forças públicas do Estado "escutem e respeitem a vontade do povo". "Até criminosos tiveram mais honra que o PT, que como um bom aliado de terrorista, já parabeniza o ditador Maduro", escreveu o deputado.

Também ex-integrante do governo Bolsonaro, hoje senadora, Damares Alves (Republicanos-DF) citou a expulsão dos diplomatas que questionaram a eleição venezuelana, afirmando que Lula ainda não se posicionou sobre o resultado que coloca o aliado como vencedor, mas o partido dele, sim, reconhecendo o processo como legítimo.

"Todos precisam lembrar muito bem dessa postura da esquerda brasileira e do seu maior líder já nas eleições municipais desse ano", alertou, acrescentando que "esse recado precisa ser dado".

Horas antes da nota ser publicada, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) fez um posicionamento no X (antigo Twitter) contrário ao partido. O petista afirmou que a "atuação de Maduro na Venezuela é a postura de um ditador". O parlamentar foi o único da legenda a se posicionar contra o regime ditatorial publicamente.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), também criticou o processo eleitoral da Venezuela pouco antes da nota oficial do PT ser publicada, dizendo que a reeleição de Maduro, ao qual se referiu como ditador, levanta dúvidas ao "contrariar a vontade popular demonstrada nas pesquisas".

Sem citar a nota do PT, Helder Barbalho (MDB), governador do Pará, afirmou que o momento pede "a busca de informações precisas e imparciais" e que a prioridade agora não é "fazer julgamentos políticos antecipados".

"A eleição na Venezuela não pode ser usada nem para apoiar qualquer manipulação eleitoral e muito menos como pretexto para derrubar um governo eleito legitimamente. Os fatos é que tem de falar, sem qualquer viés político. A transparência, o rigor e não as ideologias é que deve conduzir o processo", escreveu o governador nesta terça-feira, 30.

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O governo Donald Trump informou que a Universidade de Harvard não poderá receber novos subsídios federais para a pesquisa até cumprir com as exigências, que colocaram a universidade mais rica e prestigiada o país em rota de colisão com a Casa Branca.

O bloqueio foi comunicado em carta enviada pelo Departamento de Educação ao reitor da universidade e confirmado em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 5. O representante do departamento disse à imprensa que Harvard não receberá novos subsídios federais até que "demonstre uma gestão responsável da universidade" e atenda às exigências do governo.

A Casa Branca já havia congelado US$ 2,2 bilhões em subsídios federais destinados à universidade. Em outra frente, Trump pressiona para que Harvard perca o seu status de isenção fiscal enquanto tenta forçar a instituição de ensino a atender suas demandas.

A carta foi a primeira resposta significativa do governo desde que Harvard entrou com ação judicial na tentativa de impedir o corte bilionário de verbas. "Esta carta é para informá-lo de que Harvard não deve mais buscar subsídios do governo federal, pois nenhum será fornecido", escreveu a secretária da Educação Linda McMahon ao reitor Alan Garber.

O documento estipula que Harvard deve abordar preocupações relacionadas ao antissemitismo no campus; revisar políticas raciais; e responder a queixas de que teria abandonado a busca pela "excelência acadêmica" ao empregar relativamente poucos professores conservadores, segundo a visão do governo.

Representantes de Harvard não responderam imediatamente ao pedido de comentário.

A ameaça sugere que o governo pode estar alterando ou reforçando suas táticas contra as universidades. Inicialmente, a Casa Branca havia retirado subsídios existentes - medida drástica, mas que deixa margem para contestações na Justiça, como no caso de Harvard.

Representantes do setor em todo país tem expressado de forma reservada preocupações com uma campanha mais ordenada de pressão sobre as universidades, que seria mais difícil de reverter nos tribunais.

O embate com Harvard começou quando o governo Donald Trump enviou, no mês passado, um série de exigências à universidade. A lista incluía a obrigatoriedade de relatar ao governo federal quaisquer estudantes internacionais acusados de má conduta e a nomeação de um supervisor externo para garantir que os departamentos acadêmicos fossem "diversos em termos de pontos de vista".

A universidade se negou a cumprir as demandas da Casa Branca e denunciou uma tentativa de interferir na liberdade acadêmica. Na ação judicial, Harvard acusou o governo Donald Trump de tentar exercer um "controle inédito e indevido".

No ano fiscal de 2024, os recursos federais para pesquisa representaram cerca de 11% do orçamento de Harvard - aproximadamente US$ 687 milhões. Embora o fundo patrimonial da universidade ultrapasse os US$ 53 bilhões, grande parte desse valor é restrito, o que limita como a instituição pode utilizá-lo.

O congelamento duradouro dos novos subsídios poderia causar um caos financeiro para Harvard, que já está elaborando planos de contingência e buscando captar recursos no mercado de títulos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A primeira-ministra da província canadense de Alberta, Danielle Smith, disse que realizará um referendo no próximo ano que poderá incluir uma votação sobre a separação do Canadá.

Smith afirmou que não apoia a separação no site do governo da província e em sua página no Facebook, mas acrescentou que, caso os cidadãos de Alberta reúnam as assinaturas necessárias, uma pergunta sobre a separação poderá fazer parte da votação de 2026. "Nosso governo respeitará o processo democrático", enfatizou ela.

Seus comentários são a mais recente investida da província produtora de petróleo e gás depois que os liberais federais conquistaram um quarto mandato na eleição de 28 de abril. Smith, os líderes empresariais e os cidadãos de Alberta estão profundamente frustrados com a política ambiental da última década, que, segundo eles, prejudicou as perspectivas econômicas da província. As medidas incluem a proibição de navios-tanque que transportam petróleo bruto para o noroeste da Colúmbia Britânica, um limite para as emissões de carbono do setor de energia e um processo de avaliação ambiental mais rigoroso.

Ela disse que teve uma conversa telefônica construtiva nos últimos dias com o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, mas "até que eu veja provas tangíveis de mudanças reais, Alberta tomará medidas para se proteger melhor de Ottawa".

Uma porta-voz de Carney não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo, 4, que instruiu seu governo a reabrir e expandir a notória prisão de Alcatraz, que foi fechada em 1963 e se tornou um ponto turístico na Califórnia.

"Por muito tempo, os Estados Unidos foram atormentados por criminosos cruéis, violentos e reincidentes, a escória da sociedade, que nunca contribuirão com nada além de miséria e sofrimento. Quando éramos uma nação mais séria, no passado, não hesitávamos em prender os criminosos mais perigosos e mantê-los longe de qualquer pessoa que pudessem prejudicar. É assim que deve ser", disse Trump, em uma publicação na plataforma Truth Social.

"É por isso que, hoje, estou instruindo o Departamento de Prisões, juntamente com o Departamento de Justiça, o FBI e a Segurança Interna, a reabrir uma prisão de Alcatraz substancialmente ampliada e reconstruída, para abrigar os criminosos mais cruéis e violentos dos Estados Unidos", escreveu o presidente americano, acrescentando: "A reabertura de Alcatraz servirá como um símbolo de Lei, Ordem e justiça."

A ordem foi emitida em um momento em que Trump vem enfrentando conflitos com os tribunais ao tentar enviar membros de gangues acusados ??para uma prisão notória em El Salvador, sem o devido processo legal. Trump também já sinalizou que poderia enviar cidadãos americanos para El Salvador.

Trump também ordenou a abertura de um centro de detenção na Baía de Guantánamo, em Cuba, para abrigar até 30 mil detentos que ele rotulou como os "piores criminosos estrangeiros".

Prisão

Alcatraz, hoje uma atração turística, fechou em 1963 devido aos altos custos operacionais após apenas 29 anos de operação, de acordo com o Departamento de Prisões dos EUA, porque tudo, de combustível à comida, tinha que ser trazido de barco.

Localizada a dois quilômetros da costa de São Francisco e com apenas 336 prisioneiros, a prisão abrigou vários criminosos notórios, incluindo o chefe da máfia da época da Lei Seca, Al Capone, e foi palco de muitas tentativas de fuga incríveis dos presos.

36 homens tentaram 14 fugas diferentes da prisão, segundo o FBI. Quase todos foram capturados ou não sobreviveram à tentativa.

O local ficou conhecido pelo filme "Alcatraz: Fuga Impossível", longa de 1979 que é protagonizado por Clint Eastwood. O filme conta a história de três prisioneiros que conseguiram fugir de Alcatraz.

Um porta-voz do Departamento de Prisões dos EUA disse em um comunicado que a agência "cumprirá todas as ordens presidenciais".

Atualmente, o Departamento de Prisões tem 16 penitenciárias que desempenham as mesmas funções de alta segurança de Alcatraz, incluindo sua unidade de segurança máxima em Florence, no Colorado, e a penitenciária dos EUA em Terre Haute, em Indiana. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)