'Corrupto', 'ladrão' e 'comunista': relembre o que Milei já falou sobre Lula

Política
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O presidente da Argentina, Javier Milei, esteve no Brasil no fim de semana dos dias 6 e 7, mas não encontrou-se com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem coleciona embates. A viagem do líder de direita é sua primeira visita ao Brasil desde a posse no final de 2023, e teve como objetivo a participação da versão brasileira da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC Brasil), em Balneário Camboriú (SC). Em seu discurso no evento, Milei disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é perseguido pela Justiça e criticou governos socialistas, mas desta vez não mencionou o nome Lula.

O confronto entre as duas lideranças, contudo, está aquecido. Na última semana, Milei chegou a dizer que Lula é "corrupto" e "comunista", em acusações que não são inéditas. A relação entre os líderes vizinhos e rivais políticos é marcada por ofensas desde o período eleitoral argentino, em que Milei se lançava como o candidato da direita e afirmava que o petista atuava contra sua candidatura. Em uma ocasião, Milei chamou Lula de "comunista furioso".

No episódio mais recente, Lula exigiu que Milei se retratasse por já ter dito "muita bobagem" sobre ele e o Brasil, como condição para que uma reunião de trabalho entre os dois pudesse ocorrer. Em resposta, o argentino afirmou só ter dito "a verdade" e que petista tem "ego inflamado".

"As coisas que eu disse, ainda por cima, são corretas. Qual o problema de chamá-lo de corrupto? E por acaso não foi preso por ser corrupto? Eu o chamei de comunista. E por acaso não é comunista? Desde quando tenho que pedir perdão por dizer a verdade?", rebateu Milei, durante entrevista à TV La Nación+.

As provocações já vêm dos primeiros dias do governo petista, em 2023, quando Milei afirmou que o presidente brasileiro faz parte de um grupo de "políticos ladrões", que é um "socialista de bons modos" e que trabalha para o Foro de São Paulo. O Estadão Verifica explicou os mitos e verdades sobre essa organização. Embora convidado, Lula não compareceu à posse do argentino.

O mesmo teor de insultos ocorreu durante a campanha presidencial da Argentina, quando Milei disse que Lula esteve preso porque era corrupto, acusou o petista de ser "comunista" e "totalitário" e de interferir na disputa eleitoral de 2023 para beneficiar o ex-ministro da Economia Sergio Massa, rival político de Milei e que teve o apoio do presidente brasileiro.

Na terça-feira, 2, Milei citou Lula em seu perfil no X (antigo Twitter), em um texto intitulado "o perfeito dinossauro idiota". Na publicação, ele afirma mais uma vez que o brasileiro é "corrupto" e "comunista", e que o presidente interferiu nas eleições argentinas.

O argentino avisou oficialmente ao Itamaraty sobre sua vinda para o Brasil somente na última quinta-feira, 4, e, na esteira do confronto com o petista, cancelou sua participação na Cúpula do Mercosul - embora, oficialmente, o porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni tenha negado que a desistência de comparecer à reunião de chefes de Estado tenha relação com algum incômodo com Lula.

O Estadão mostrou que as chancelarias dos dois países trabalham nos bastidores por uma aproximação e a construção de uma relação pragmática entre os líderes. Os ministros de Relações Exteriores atuaram para amenizar as divergências ideológicas e abrir canais de diálogo, mas a nova rodada de insultos e acusações, além da visita de Milei sem visitar o "dono da casa", pode colocar em risco os eventuais avanços na relação.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, fez o anúncio em uma publicação na plataforma social X. "Por razões logísticas, estamos remarcando a reunião EUA-Irã, provisoriamente planejada para sábado, 3 de maio", escreveu ele. "Novas datas serão anunciadas quando mutuamente acordadas."

Al-Busaidi, que mediou as negociações em três rodadas até o momento, não deu mais detalhes.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, emitiu um comunicado descrevendo as negociações como "adiadas a pedido do ministro das Relações Exteriores de Omã". Ele disse que o Irã continua comprometido em chegar a "um acordo justo e duradouro".

Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

O acordo nuclear do Irã com potências mundiais, firmado em 2015, limitou o programa iraniano. No entanto, Trump retirou-se unilateralmente do acordo em 2018, desencadeando um maior enriquecimento de urânio por parte do Irã./Com Associated Press

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou nesta quinta-feira que o então conselheiro de Segurança Nacional americano, Mike Waltz, não foi demitido, mas sim realocado para ser o próximo embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

Segundo o vice, a saída de Waltz do cargo não teve a ver com escândalo do Signal. Em março, o conselheiro passou a ser investigado pela criação de um grupo de mensagens no software e incluir, por engano, o jornalista Jeffrey Goldberg. "Waltz tem minha completa confiança", acrescentou Vance.

Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

Vance ainda comentou que a Índia tirou proveito do país por muito tempo, mas que o governo Trump irá rebalancear o comércio e que

a Rússia e a Ucrânia têm que dar o último passo para acordo de paz. "Chega um momento que não depende mais dos EUA".

Itália, Croácia, Espanha, França, Ucrânia e Romênia enviaram, nesta quinta-feira, aviões para ajudar a combater um incêndio florestal que fechou uma importante rodovia que liga Tel-Aviv a Jerusalém, em Israel. As chamas, iniciadas por volta do meio-dia (horário local) da quarta-feira, são alimentadas pelo calor, seca e ventos fortes no local e já queimaram cerca de 20 quilômetros quadrados.

A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.