Crivella vira réu no processo do 'QG da Propina'

Política
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A Justiça do Rio aceitou denúncia contra o ex-prefeito da capital, Marcelo Crivella (Republicanos), que agora virou réu no processo aberto a partir das investigações do "QG da Propina". Ele vai responder pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Crivella, que foi derrotado nas eleições municipais de 2020 e deixou a prefeitura no fim do ano, é acusado pelo Ministério Público do Estado de comandar um esquema de liberação de pagamentos a credores do Executivo municipal e direcionamento de licitações em troca de propina.

Além do ex-prefeito, outras 25 pessoas também foram denunciadas e agora são réus no mesmo processo. Entre elas, o empresário Rafael Alves, apontado como o principal operador financeiro da organização; seu irmão Marcelo Alves, ex-presidente da Riotur; o ex-senador Eduardo Lopes (Republicanos); o empresário Arthur Soares, o "Rei Arthur", empresário de transportes no Rio; Mauro Macedo, primo e ex-tesoureiro das campanhas de Crivella; e o marqueteiro Marcelo Faulhaber.

A decisão é da juíza Juliana Benevides, da 1ª Vara Criminal Especializada de Combate ao Crime Organizado. O despacho foi publicado na quarta-feira, 3. "A denúncia vem lastreada de elementos informativos que configuram justa causa, consubstanciando indícios de autoria a respaldar o seu recebimento, ressaltando-se que não há análise de mérito nesta fase processual", escreveu a juíza.

A denúncia foi subsidiada por mensagens extraídas dos celulares dos investigados, apreendidos no curso do inquérito, planilhas, cheques, fotografias e "prints" de telas de computadores, além dos relatos prestados pelo doleiro Sérgio Mizrahy em sua colaboração premiada.

A delação foi o ponto de partida das investigações. O doleiro, que foi preso preventivamente no âmbito da Operação "Câmbio, desligo", desdobramento da Lava Jato do Rio de Janeiro em 2018, detalhou o funcionamento do suposto esquema criminoso envolvendo membros da prefeitura, empresários e pessoas físicas e jurídicas usadas como "laranjas".

Crivella foi preso preventivamente na Operação Hades, da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio em dezembro, nove dias antes de encerrar o mandato único, sob suspeita de operar o suposto "QG da Propina" que teria sido instalado na prefeitura do Rio. Após ser encaminhado ao Presídio de Benfica, ele foi beneficiado por uma liminar expedida pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, e colocado em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. Desde então, o ex-prefeito está proibido de manter contato com outros denunciados e impedido de acessar telefones, computadores e tablets apreendidos em seu apartamento.

Defesas

A defesa de Marcelo Crivella disse que vai se manifestar após tomar ciência de decisão.

A defesa de Marcelo Faulhaber diz que a "acusação é de tão simplesmente ter apresentado durante o segundo turno da campanha de Crivella, um empresário a pessoa responsável pelas doações da campanha - a pedido desta última e sem ter recebido qualquer vantagem pessoal ou recurso financeiro por este ato. Marcello, como a própria denúncia do MP descreve, não participou de nenhuma atividade ilícita e não recebeu qualquer benefício ou vantagem pessoal derivada do QG da Propina que supostamente funcionou durante a administração Crivella. Tendo em vista que o único ato descrito foi durante o processo eleitoral e que o valor relatado foi doado a campanha, o Ministério Público e a Justiça Estadual não podem apreciar a matéria. A defesa irá recorrer".

"Rafael Alves é vítima de excessos do Ministério Público, que escreve o que quer, mas não tem argumento de autoridade", diz sua defesa. "Não há comprovação destas acusações, que serão cabalmente afastadas no curso do processo".

A reportagem busca contato com as defesas dos demais citados. O espaço está aberto para manifestações.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ofereceu palavras de incentivo e conselhos para os graduandos da Universidade do Alabama, na noite desta quinta-feira, 1º, em um exaltado discurso que ainda teve a imitação de uma levantadora de peso transgênero, acusações de que juízes interferem na agenda da Casa Branca e ataques ao ex-presidente Joe Biden.

A fala foi bem recebida pela plateia do Alabama, Estado em que Trump saiu vitorioso nas três vezes que concorreu à presidência. "Vocês são a primeira turma de formandos da era de ouro da América", disse o presidente aos estudantes, antes de ingressar em um típico comício eleitoral.

Trump voltou a afirmar que os Estados Unidos eram "explorados" antes de voltar ao poder e que os quatro anos do governo de Joe Biden "não foram bons para o nosso país". "Mas não deixem isso assustar vocês", afirmou, aos estudantes. "Foi uma aberração."

Ao criticar a participação de mulheres transgênero nos esportes, o presidente americano imitou uma levantadora de peso. Já quando se referiu aos magnatas da tecnologia, disse que todos o odiavam no primeiro mandato (2017-2021), mas o bajulam agora.

Trump disse mais uma vez, sem provas, que a eleição de 2020, que perdeu para Biden, foi "manipulada".

O presidente americano ainda exaltou a aplicação de tarifas de importação contra parceiros comerciais, o endurecimento da política migratória e outras medidas adotadas nos primeiros cem dias de governo. Trump também criticou a imprensa e deu conselhos de carreira para os formandos. "Nunca, jamais desista", afirmou.

Trump voltou a atacar juízes que barram iniciativas da Casa Branca. "Juízes estão interferindo, supostamente baseados no devido processo legal", disse. "Mas como você pode dar o devido processo legal a pessoas que entraram ilegalmente em nosso país?", questionou. Fonte: Associated Press.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, fez o anúncio em uma publicação na plataforma social X. "Por razões logísticas, estamos remarcando a reunião EUA-Irã, provisoriamente planejada para sábado, 3 de maio", escreveu ele. "Novas datas serão anunciadas quando mutuamente acordadas."

Al-Busaidi, que mediou as negociações em três rodadas até o momento, não deu mais detalhes.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, emitiu um comunicado descrevendo as negociações como "adiadas a pedido do ministro das Relações Exteriores de Omã". Ele disse que o Irã continua comprometido em chegar a "um acordo justo e duradouro".

Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

O acordo nuclear do Irã com potências mundiais, firmado em 2015, limitou o programa iraniano. No entanto, Trump retirou-se unilateralmente do acordo em 2018, desencadeando um maior enriquecimento de urânio por parte do Irã./Com Associated Press

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou nesta quinta-feira que o então conselheiro de Segurança Nacional americano, Mike Waltz, não foi demitido, mas sim realocado para ser o próximo embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

Segundo o vice, a saída de Waltz do cargo não teve a ver com escândalo do Signal. Em março, o conselheiro passou a ser investigado pela criação de um grupo de mensagens no software e incluir, por engano, o jornalista Jeffrey Goldberg. "Waltz tem minha completa confiança", acrescentou Vance.

Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

Vance ainda comentou que a Índia tirou proveito do país por muito tempo, mas que o governo Trump irá rebalancear o comércio e que

a Rússia e a Ucrânia têm que dar o último passo para acordo de paz. "Chega um momento que não depende mais dos EUA".