STF vai discutir poder de investigação do Ministério Público e presidência da CBF nesta semana

Política
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O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quarta-feira, 24, o julgamento de um conjunto de ações sobre o poder de investigação criminal do Ministério Público. As ações pautadas na Corte debatem os limites da atuação de integrantes do órgão para compreender se eles podem produzir provas e atuar diretamente na apuração de delitos, bem como os policiais.

A Corte ainda debaterá ações sobre a permanência do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, no cargo, a constitucionalidade de uma norma sobre as apurações de acidentes aéreos no País e a atuação supostamente omissa do Congresso em relação à lei de proteção ambiental do Pantanal.

Poder do Ministério Público em investigações

Os processos que serão analisados pelo STF dizem respeito às leis federal e estaduais sobre a regulamentação da atuação de promotores e procuradores em investigações criminais. Até então, o entendimento firmado na Corte, de 2015, reconhece a competência do órgão de promover investigações criminais e ressalta que tais apurações podem ser analisadas pela Justiça.

Em 2022, o julgamento sobre o assunto foi interrompido após o relator do caso, ministro Edson Fachin, defender a validação da norma que permite a atuação investigativa do órgão. Divergindo do relator, os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, atualmente aposentado, defendem que o Poder Judiciário regule o poder do Ministério Público, analisando os procedimentos dos promotores e procuradores a fim de evitar irregularidades na apuração e garantir os direitos dos cidadãos.

O julgamento é retomado em um contexto em que a atuação do Ministério Público Federal durante a Operação Lava Jato é questionada por suposto abuso de poder. O decano da Corte, quando votou em 2022, alegou que é necessário coibir excessos em investigações que, muitas vezes, possuem "tonalidades políticas".

Sobre o tema, a Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que o julgamento sobre o papel dos juízes de garantias, magistrados responsáveis por garantir o controle da legalidade de investigações criminais e preservar os direitos dos investigados, em 2023, já abarca muitos dos questionamentos presentes nas ações. A PGR se posicionou a favor do poder do Ministério Público de atuar nas apurações e ressaltou que é possível questionar supostas irregularidades no decorrer das investigações.

Permanência do presidente da CBF

O plenário também deve discutir ação do PCdoB contra a retirada de Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF. Ele havia sido afastado do cargo por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), que alegou irregularidades no processo de eleição da entidade.

No entanto, o presidente foi restituído, em janeiro deste ano, a partir de liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, depois dos pareceres da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Advocacia-Geral da União (AGU), que foram favoráveis à suspensão da decisão judicial que havia afastado Ednaldo do cargo.

Neste caso, os ministros vão decidir se mantém ou não a decisão do decano. Caso o afastamento estabelecido pelo TJRJ seja considerado válido, uma nova eleição para a escolha do presidente será marcada. Já se os magistrados optarem pela permanência de Ednaldo no cargo, ele cumpre o mandato até 2026.

Para um resultado favorável ao presidente da CBF, são necessários seis votos ao todo, o que representa a maioria simples dos ministros. Ou seja, mais cinco magistrados precisam seguir o voto de Gilmar Mendes que justificou que a retirada do dirigente poderia acarretar na seleção brasileira fora dos Jogos Olímpicos de Paris, o que classificou como risco de prejuízo "iminente".

Apuração de acidentes aéreos

A ação apresentada pela PGR em 2017 sobre as normas para acesso e uso de apurações de acidentes aéreos em processos judiciais também está na pauta do STF. O processo questiona a constitucionalidade de uma lei de 2014 que alterou o Código Brasileiro de Aeronáutica para estabelecer que os materiais obtidos pelo Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos não sejam utilizados como provas em processos judiciais.

A norma ainda determina que informações sobre as causas dos acidentes, obtidas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, que verifica os destroços de aeronaves, sejam fornecidas apenas mediante ordem da Justiça.

Para a PGR, a regra é inconstitucional pois viola o "exercício das atribuições do Ministério Público no processo penal" que, pela Constituição, tem função de "requisitar diligências investigatórias". Ainda, o órgão alega que "não há necessidade de impedir que peritos criminais igualmente acompanhem" o trabalho da investigação aeronáutica e procurem "preservar a integridade de provas relevantes para processos judiciais, como ocorre em diversos países".

O julgamento, iniciado em 2021, foi interrompido após pedido de vista (mais tempo para análise) do ministro Alexandre de Moraes. À época, o relator do caso, ministro Kassio Nunes Marques, entendeu que as regras são constitucionais.

Proteção ambiental do Pantanal

Ainda é prevista a discussão sobre a suposta omissão do Congresso Nacional em relação à lei que prevê a proteção ambiental do Pantanal. A ação, protocolada pela PGR em 2021, alega que a Constituição assegura a "proteção especial a algumas regiões e biomas do País", impondo condições legais para a "utilização de recursos naturais da Floresta Amazônica, da Mata Atlântica, da Serra do Mar, do Pantanal mato-grossense e da Zona Costeira".

No entanto, segundo o processo, desde a promulgação da lei, "inúmeras proposições legislativas foram apresentadas em ambas as Casas do Congresso" em relação à proteção do Pantanal, mas "até o momento, a maioria delas não obteve êxito no respectivo processo legislativo" porque foram arquivadas.

Com base nesses argumentos, a Procuradoria afirma que a falta de regulamentação "há mais de 30 anos" acerca da utilização de recursos do bioma, "acarreta insegurança jurídica" e frustra a efetivação do direito "ao meio ambiente ecologicamente equilibrado". Assim, o órgão solicita que o STF declare a omissão do Congresso inconstitucional e que fixe um prazo "razoável" para que os parlamentares cumpram a lei.

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A França está enviando reforços de segurança para o seu território ultramarino da Nova Caledônia, um ponto de apoio crucial para Paris no Indo-Pacífico, depois de dias de tumultos violentos que levaram à morte de pelo menos cinco pessoas e levantaram questões difíceis sobre o futuro do arquipélago e a situação da França na região.

As autoridades francesas anunciaram na quinta-feira, 16, que mil policiais estavam a caminho do território, enquanto o exército era destacado para proteger os portos e o aeroporto principal. Cerca de 1.700 policiais já estão presentes na Nova Caledônia, onde manifestantes incendiaram edifícios, saquearam lojas e montaram barricadas nas estradas, acrescentaram.

Tudo começou no início desta semana com um projeto de lei proposto por Paris que estenderia os direitos de voto nas eleições locais a todos os cidadãos que residem na Nova Caledônia há 10 anos, algo que os oponentes dizem que correria o risco de diluir a influência dos indígenas Kanak, que constituem cerca de 40% da população do território de quase 300.000 habitantes. Cerca de um quarto são descendentes de europeus e as ilhas estão sob controle francês desde que foram anexadas em 1853.

A iniciativa para alargar a votação seguiu-se a vários anos de negociações fracassadas entre Paris e grupos anti e pró-independência. De acordo com a lei atual, apenas as pessoas que vivem na Nova Caledônia desde pelo menos 1998 e os seus filhos com 18 anos ou mais podem votar nas eleições locais. Os neocaledônios - incluindo aqueles que atualmente não são elegíveis para votar nas eleições locais - são automaticamente cidadãos franceses e têm direito a votar nas eleições nacionais, tal como se vivessem na França continental.

"Tudo o que resta para a França ter alguma influência internacional são os confetes do seu antigo império", disse Laurent Chalard, geógrafo e membro do Centro Europeu para Assuntos Internacionais.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou o envio de mais tropas para Rafah, no sul da Faixa de Gaza, o mais recente alvo da operação militar contra o Hamas. A decisão é um sinal de que os israelenses pretendem seguir com a invasão da cidade, onde mais de 1 milhão de palestinos se refugiaram - 600 mil já fugiram da área, segundo a ONU.

"Centenas de alvos foram atingidos e nossas forças estão realizando manobras na área", disse Gallant, que não deu prazos para o envio e para o início da invasão total - até o momento, as ações foram localizadas, segundo o governo de Israel.

O primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, vem desafiando a pressão internacional para suspender a operação em Rafah. Ele garante que a invasão é necessária para desmantelar os últimos batalhões do Hamas em Gaza.

Mas, enquanto o Exército israelense não recebe a ordem de atacar, o Hamas parece ter se reagrupado e ressurgido em áreas no centro e no norte de Gaza, obrigando Israel e travar novamente combates violentos contra militantes em partes do enclave que já haviam sido dominadas. Nesta quinta-feira, cinco soldados morreram em Jabaliya.

O renascimento do Hamas vem deixando a cúpula do Exército irritada com a falta de um plano de segurança para Gaza no pós-guerra. No fim de semana, o chefe do Estado-Maior, o general Herzi Halevi, criticou o premiê pela falta de um plano. Na quarta-feira, Gallant cobrou publicamente uma estratégia de Netanyahu. "Desde outubro eu venho levantando esse tema no gabinete de guerra", disse o ministro. "Mas, até agora, não obtive nenhuma resposta."

Outro membro do gabinete de guerra, Benny Gantz - que cada vez mais se consolida como o maior opositor de Netanyahu - concordou com o ministro da Defesa. "Gallant fala a verdade. É responsabilidade do líder fazer a coisa certa para o país a qualquer custo", disse.

O primeiro-ministro respondeu que enquanto o Hamas não for completamente destruído, nenhum outro grupo poderá controlar a Faixa de Gaza, incluindo a Autoridade Palestina. "Não pretendo substituir o Hamastão por um Fatahstão", afirmou o premiê, em referência ao Fatah, facção rival do Hamas, que constitui a Autoridade Palestina que exerce algum poder na Cisjordânia.

Acusação de genocídio

A África do Sul acusou Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), com sede em Haia, de provocar "uma nova e horrenda fase do genocídio" em Gaza. A diplomacia sul-africana pediu ao tribunal que ordenasse a interrupção da ofensiva em Rafah.

Foi o quarto pedido protocolado pela África do Sul, que pede uma decisão provisória da CIJ para evitar o ataque. Entre as alegações apresentadas pelos sul-africanos estão o registro de valas comuns, de tortura e a retenção deliberada de ajuda humanitária.

O chanceler israelense, Israel Katz, acusou a África do Sul de apresentar à CIJ "alegações falsas" que "dependem de fontes não confiáveis do Hamas". "Israel age de acordo com a lei internacional e suas obrigações humanitárias, e implementa medidas para minimizar os danos a civis", afirmou. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A Rússia alertou nesta sexta-feira, 17, que os Estados Unidos e aliados ocidentais estão "brincando com fogo" ao apoiar ataques da Ucrânia no país. "Não deixaremos essas invasões em nosso território sem resposta", afirmou o Ministério das Relações Exteriores russo, em nota.

O comunicado refere-se ao ataque massivo da Ucrânia na região da Crimeia, entre os dias 16 e 17 de maio.

Segundo o ministério, mais de 100 veículos aéreos não tripulados (drones) foram interceptados em diferentes regiões da Rússia, 51 deles apenas na Crimeia, e outros seis barcos não tripulados foram eliminados no Mar Negro.

A nota classifica os ataques como "bárbaros" e aponta que as armas de origem ocidental com alcance de longa distância "dão passe livre para o seu uso contra a Rússia e, portanto, contribuem para maior escalada do conflito".