Quem é Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais do novo governo

Política
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Com a escolha de Alexandre Padilha como ministro das Relações Institucionais, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva projeta um formar triunvirato para comandar sua articulação política com o Congresso. Esse grupo deve ser formado por três petistas pragmáticos da velha guarda: o senador Jaques Wagner (BA), que fica na liderança do governo no Senado, o deputado José Guimarães (CE), na liderança do governo na Câmara, e Padilha, que já ocupou o cargo no segundo mandato de Lula, na operação das demandas da base no Palácio do Planalto.

No início da transição, o senador eleito Wellington Dias (PI) assumiu o protagonismo da articulação com o Congresso ao ser escalado por Lula para negociar a PEC da Transição e o orçamento. Jaques Wagner, porém, discretamente acabou se destacando no processo devido ao bom trânsito no Senado, onde já exerce o cargo de senador.

A opção de Lula por Padilha, que também foi ministro da Saúde, teve a "bênção" dos principais dirigentes partidários, da esquerda ao Centrão, e de líderes do Congresso. "Padilha é no PT o deputado que mais tem entradas suprapartidárias. É um excelente nome e terá como uma das principais missões ampliar a base de sustentação do governo na Câmara para matérias que exigem quórum qualificado", disse ao Estadão o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL).

Deputados do PSD e União Brasil fazem reservadamente a mesma leitura e ressaltam o perfil pragmático e conciliador de Padilha.

Com o mapa da máquina federal em mãos, Padilha terá a tarefa de criar pontos com a centro-direita, que conquistou 273 das 513 cadeiras na Câmara, e atrair parte do PL do presidente Jair Bolsonaro, que elegeu 99 deputados federais e 13 senadores, tornando-se a maior legenda do Congresso.

Petista da velha guarda, o deputado também vai administrar a complexa e nem sempre pacífica relação da máquina partidária com o governo federal, além de organizar a mesa de trabalho de Lula com os governadores.

"Padilha se saiu bem nesse cargo no último governo Lula. Ele tem bom trânsito no Congresso e é respeitado pelos governadores. Seu nome também está pacificado no PT", avalia o deputado federal Paulo Teixeira (SP), que integra a direção nacional petista.

Quase na Fazenda

Quando o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) percorria São Paulo na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes durante as eleições, o nome de Padilha era um dos mais cotados no partido para assumir o Ministério da Fazenda.

Sempre que a sua formação como médico especialista em doenças infecciosas era citada como um empecilho, petistas e aliados próximos a Lula lembravam que Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, também era médico e que, ao contrário de Jair Bolsonaro, o petista não teria um "posto Ipiranga" como Paulo Guedes à frente da economia.

Foi na condição de favorito para a pasta que Padilha cumpriu na campanha o papel de interlocutor de Lula com empresários.

Em várias ocasiões, o deputado agiu como bombeiro para acalmar investidores depois de declarações polêmicas do candidato petista, como no caso da promessa de revogar a reforma trabalhista. Padilha esteve na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), em um jantar do grupo Esfera Brasil e até em um evento da XP nos Estados Unidos.

Considerado no PT um político pragmático, leal e sem raízes em nenhuma corrente macroeconômica, o deputado parecia à vontade nessa função.

Mas após a derrota de Haddad no segundo turno para o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), o ex-ministro da Educação, ex-prefeito e ex-presidenciável descartou voltar para a antiga pasta e se colocou no páreo para a Fazenda.

Caberá também a Padilha reforçar, junto à Secretaria Geral da Presidência, os mecanismos de escuta com entidades sindicais, movimentos como Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, estudantes e o mosaico de organizações que compõem a base de Lula e são sua conexão com as ruas.

Filho de militantes da Igreja que foram perseguidos pela ditadura militar, Padilha foi formado politicamente no movimento estudantil do PT do fim dos anos 80 e começo dos 90, quando foi dirigente do DCE da Unicamp, onde estudou Medicina.

Em sua trajetória no PT, atuou intensamente na campanha de Lula em 1989, sempre esteve ao lado das correntes mais pragmáticas e sem se envolver diretamente nas disputas internas. No governo de Haddad na capital paulista, Padilha foi secretário da Saúde e se cacifou como um dos principais quadros na área.

No segundo governo Lula, o petista sucedeu José Múcio como ministro chefe da secretaria de Relações Institucionais quando ele foi para o Tribunal de Contas da União (TCU). Os dois agora vão se reencontrar nas reuniões ministeriais, com Múcio no Ministério da Defesa.

Em 2014, quando Dilma disputou um segundo turno acirrado contra Aécio Neves, Padilha, seu ex-ministro da Saúde, foi escolhido o "poste" de Lula para disputar o governo paulista, mas acabou em terceiro lugar.

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O ministro federal da Informação do Paquistão, Attaullah Tarar, afirmou nesta quarta-feira (horário local), 7, que o país retaliou os recentes ataques da Índia e que três jatos e um drone indiano foram abatidos.

"A Índia realizou ataques covardes contra civis inocentes e mesquitas no Paquistão, desafiando a honra e o orgulho dessa nação. Agora, estejam preparados. Esta nação responsabilizará o inimigo por cada gota de sangue de seus mártires. As Forças Armadas estão dando uma resposta esmagadora, exatamente de acordo com os sentimentos do povo. A nação inteira está unida em orações e solidariedade aos nossos bravos oficiais e soldados", escreveu Tarar na rede X.

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, condenou os ataques aéreos da Índia e disse o país "tem todo o direito de dar uma resposta firme" ao "ato de guerra imposto pela Índia".

*Com informações da Associated Press

A Índia anunciou nesta terça-feira, 6, o lançamento de mísseis contra nove alvos no Paquistão e na região da Caxemira após dias de tensões entre os dois países. As autoridades paquistanesas informaram que duas pessoas ficaram feridas e uma criança morreu.

O ataque escala as tensões entre os países vizinhos, que possuem armas nucleares.

As autoridades indianas informaram que os ataques foram direcionados contra "infraestruturas terroristas", em resposta ao ataque no território da Caxemira controlado pela Índia, que deixou 26 turistas hindus mortos no mês passado. O Paquistão prometeu retaliar.

A Índia culpa o Paquistão por apoiar grupos separatistas da Caxemira, uma região que é ocupada por Índia, Paquistão e China. Islamabad nega apoiar esses grupos.

Segundo o Ministério da Defesa da Índia, o ataque não teve nenhuma instalação militar do Paquistão como alvo. "Nossas ações foram focadas, comedidas e de natureza não escalonada", diz um comunicado. "A Índia demonstrou considerável contenção na seleção de alvos e no método de execução."

Os mísseis atingiram locais na Caxemira paquistanesa e na província de Punjab, no leste do país, de acordo com três autoridades de segurança paquistanesas. Um deles atingiu uma mesquita na cidade de Bahawalpur, em Punjab, e matou uma criança, além de deixar dois feridos.

Entenda as tensões atuais

No dia 22 de abril, um grupo armado atacou turistas na cidade de Pahalgam, na parte indiana da região, matando 25 indianos e 1 nepalês. O Paquistão negou envolvimento com o ataque, reivindicado por um grupo terrorista islâmico pouco conhecido chamado Frente de Resistência - que tinha hindus como alvo. A Índia acusa Islamabad de armar e abrigar o grupo. O Ministério da Defesa do Paquistão sugeriu que o ataque foi uma "operação de false flag".

No dia seguinte ao atentado, Nova Délhi expulsou diplomatas, suspendeu vistos e fechou fronteiras terrestres com o Paquistão. Islamabad respondeu suspendendo acordos bilaterais, fechando fronteira e espaço aéreo a companhias indianas, e impondo sanções comerciais.

Desde 24 de abril há registros de trocas diárias de tiros na Caxemira e ambos os exércitos estão em alerta máximo. Apesar dos arsenais nucleares, a tendência é que nenhum lado acione armas atômicas a menos que esteja encurralado. Mas mesmo confrontos convencionais poderiam ser devastadores.

Nos últimos dias, a Índia também suspendeu o Tratado das Águas do Indo, assinado em 1960, que garante o acesso do Paquistão ao rio Indo, responsável por 90% de sua irrigação. Em resposta, Islamabad afirmou que se a Índia reduzir a quantidade de água que lhe é atribuída, isso seria considerado um ato de guerra. (COM INFORMAÇÕES DA AP)

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou ter tido uma "conversa muito construtiva" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após um encontro na Casa Branca nesta terça-feira, 6. Segundo Carney, o diálogo marcou o "começo do fim de um processo de redefinição da relação Canadá-EUA". O dirigente seguiu categórico ao rejeitar qualquer possibilidade de anexação do país ao vizinho.

"Canadá não está e nunca estará à venda", reiterou em entrevista coletiva, repetindo declaração anterior, em resposta a comentários de Trump sobre o país, eventualmente, se tornar o "51º estado americano". O premiê disse ter sido "muito claro" com o americano quanto à sua posição: "Fui muito claro com Trump que negociações serão feitas como dois países soberanos", afirmou. "É preciso separar o desejo da realidade. Pedi que ele parasse de falar sobre o Canadá se tornar o 51º estado dos EUA. É neste ponto que começa uma discussão séria", completou.

Ao comentar as tensões comerciais entre os dois países, Carney avaliou que "estabelecemos uma boa base hoje" para o avanço das conversas, mas reconheceu que "não tivemos decisões sobre tarifas". Ele ressaltou a complexidade do tema: "A discussão tarifária com os EUA é muito complexa. Estamos abordando uma grande quantidade de questões, por isso o progresso não será necessariamente evidente durante as negociações, mesmo que estejamos progredindo".

Ainda assim, o primeiro-ministro demonstrou otimismo. "Queremos seguir adiante com negociações comerciais com os americanos" e "veremos quanto tempo vai levar até os EUA tirarem as tarifas sobre o Canadá". Carney adiantou que ele e Trump concordaram em manter novas rodadas de diálogo nas próximas semanas, inclusive durante o encontro do G7.

Ao fim da reunião, o premiê destacou que "a postura de Trump e o quão concretas foram as discussões me fazem me sentir melhor". Apesar disso, reconheceu que "ainda temos muito trabalho pela frente e estamos totalmente empenhados". Por fim, assegurou ao republicano que "nossas medidas contra a entrada de fentanil nos EUA estão funcionando".