PT e Centrão se unem para quebrar acordo e retirar PL da presidência da CCJ

Política
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O PT e o Centrão articulam para quebrar um acordo firmado no começo do ano passado e tirar o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, da presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara neste ano.

Se o plano se consolidar, a CCJ, o colegiado mais importante de todos da Casa, ficará com o União Brasil, enquanto o PT abriria mão de assumir a o controle da Comissão Mista de Orçamento (CMO), que ficará entre o PP e o União Brasil.

A possibilidade começou a já ser levantada por Altineu Côrtes (RJ), líder do PL na Câmara. Ele falou sobre isso em reunião do PL nesta terça-feira, 20, o que causou revolta na bancada bolsonarista. Altineu é o parlamentar da sigla com mais proximidade a Lira.

Ele explicou a parlamentares mais novatos que, ainda que o PL tenha a prioridade na escolha da comissão, isso pode passar por votação dos demais integrantes (entenda melhor abaixo) e que, se o Centrão quisesse, poderia indicar um nome e levar a presidência da CCJ, quebrando o acordo.

Consternados, parlamentares bolsonaristas da bancada sugeriram que a articulação para tirar o PL da Câmara seria da vontade de Lira. A sugestão passa por revidar a quebra de acordo na votação da presidência da Câmara, em 2025. A sigla, que tem 96 deputados, então, votaria em um candidato que não fosse apoiado por Lira.

Publicamente, Altineu nega que haja alguma chance de o PL ficar sem a comissão. "Essa possibilidade não existe", disse, ao Estadão. Mas isso conflita diretamente com posicionamentos dentro do PP e do União Brasil.

Lira chegou a dizer a interlocutores, em dezembro de 2023, que não existia nenhum acordo que desse a CCJ para o PL. Deputados do União ouvidos pela reportagem também disseram desconhecer a existência de qualquer acordo e afirmam que o partido pedirá a CCJ.

Nesta semana, o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), falou a aliados próximos do "blocão", bancada que reúne União, PP, PSDB, Cidadania, PDT, Avante, Solidariedade e PRD que o PL, que tem a prioridade em escolher a primeira comissão, ao invés de pedir a CCJ, poderia pedir outra comissão de interesse, como a de Relações Exteriores.

Ter o controle da CCJ interessa tanto a Elmar como a Lira. O gesto dará mais poder ao líder do União Brasil, que, neste momento, é um dos principais favoritos para suceder Lira na presidência da Câmara.

Os partidos primeiramente fazem indicações dos integrantes de cada comissão, que são definidos num cálculo de proporcionalidade baseado no número de integrantes de cada legenda. Os partidos com o maior número de deputados têm prioridade em fazer indicação.

O critério de prioridades é definido no início da legislatura. Neste cenário, o "blocão", mesmo agora tendo o maior número de deputados, 162, não seria o primeiro da lista. Isso ficaria novamente com o PL, que pode pedir a CCJ. Mas as definições são geralmente definidas por acordo. Isso porque, segundo o regramento, a escolha do presidente é definida por votação dos integrantes do colegiado. Isto é, os deputados dos partido que compõem o blocão podem simplesmente votar em outro nome para presidente, tirando a preferência do PL.

O Centrão e o governo já mostraram que essa articulação pode funcionar. Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), uma articulação do governo com o Centrão tirou a maioria da oposição, que não conseguiu mais aprovar requerimentos.

Como resultado, o relatório sequer foi votado. O caminho foi seguido para impedir uma ainda mais simbólica derrota dos bolsonaristas na CPI.

No começo do ano passado, um acordo costurado entre PT e PL garantiria o revezamento das siglas na CCJ e na CMO. Nesse compromisso, o PT, que tinha o segundo pedido na prioridade de escolhas de comissão, teria caminho aberto para assumir a CCJ em 2023, enquanto o PL tomaria conta do Orçamento da União.

Isso aconteceu. Rui Falcão (PT-SP) foi para a CCJ e Luiz Carlos Motta (PL-SP), deputado próximo ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, assumiu a relatoria CMO. Em troca, em 2024, a CCJ iria para o PL e a presidência da CMO para o PT.

Tanto o governo como Lira são contrários à indicação que o PL quer fazer para a CCJ: Caroline de Toni (PL-SC), uma das deputadas mais bolsonaristas na Câmara e foi uma das principais vozes na CPI do MST.

O receio é que ela poderia trazer pautas polêmicas tanto no campo da Segurança Pública como no campo dos costumes. Algumas pautas que avançaram em comissões presididas pelo PL, como um projeto de lei que proíbe o casamento entre pessoas do mesmo gênero, não avançaram em outros colegiado por barrarem em presidências mais alinhadas ao governo.

Deputados petistas ouvidos pela reportagem afirmam, reservadamente, que o partido não tem problema em ceder a CMO para o PP ou o União Brasil. Isso asseguraria que o PL não teria força para prosperar com matérias ideologicamente alinhadas a Jair Bolsonaro (PL).

Uma das contrapartidas que o PL teria, segundo o que Elmar falou a parlamentares do "blocão", é a presidência da Comissão de Relações Exteriores, que ficou nas mãos do PSDB no ano passado.

A avaliação, neste momento é que seria uma comissão ideal para a oposição ampliar ainda mais a pressão sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou a ofensiva contra a Palestina na Faixa de Gaza com o Holocausto.

Há ainda duas semanas para a resolução do impasse. Na próxima, partidos indicarão todos os integrantes das 30 comissões na Câmara para este ano. Daqui a duas semanas, esses membros elegerão seu presidente.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ofereceu palavras de incentivo e conselhos para os graduandos da Universidade do Alabama, na noite desta quinta-feira, 1º, em um exaltado discurso que ainda teve a imitação de uma levantadora de peso transgênero, acusações de que juízes interferem na agenda da Casa Branca e ataques ao ex-presidente Joe Biden.

A fala foi bem recebida pela plateia do Alabama, Estado em que Trump saiu vitorioso nas três vezes que concorreu à presidência. "Vocês são a primeira turma de formandos da era de ouro da América", disse o presidente aos estudantes, antes de ingressar em um típico comício eleitoral.

Trump voltou a afirmar que os Estados Unidos eram "explorados" antes de voltar ao poder e que os quatro anos do governo de Joe Biden "não foram bons para o nosso país". "Mas não deixem isso assustar vocês", afirmou, aos estudantes. "Foi uma aberração."

Ao criticar a participação de mulheres transgênero nos esportes, o presidente americano imitou uma levantadora de peso. Já quando se referiu aos magnatas da tecnologia, disse que todos o odiavam no primeiro mandato (2017-2021), mas o bajulam agora.

Trump disse mais uma vez, sem provas, que a eleição de 2020, que perdeu para Biden, foi "manipulada".

O presidente americano ainda exaltou a aplicação de tarifas de importação contra parceiros comerciais, o endurecimento da política migratória e outras medidas adotadas nos primeiros cem dias de governo. Trump também criticou a imprensa e deu conselhos de carreira para os formandos. "Nunca, jamais desista", afirmou.

Trump voltou a atacar juízes que barram iniciativas da Casa Branca. "Juízes estão interferindo, supostamente baseados no devido processo legal", disse. "Mas como você pode dar o devido processo legal a pessoas que entraram ilegalmente em nosso país?", questionou. Fonte: Associated Press.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, fez o anúncio em uma publicação na plataforma social X. "Por razões logísticas, estamos remarcando a reunião EUA-Irã, provisoriamente planejada para sábado, 3 de maio", escreveu ele. "Novas datas serão anunciadas quando mutuamente acordadas."

Al-Busaidi, que mediou as negociações em três rodadas até o momento, não deu mais detalhes.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, emitiu um comunicado descrevendo as negociações como "adiadas a pedido do ministro das Relações Exteriores de Omã". Ele disse que o Irã continua comprometido em chegar a "um acordo justo e duradouro".

Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

O acordo nuclear do Irã com potências mundiais, firmado em 2015, limitou o programa iraniano. No entanto, Trump retirou-se unilateralmente do acordo em 2018, desencadeando um maior enriquecimento de urânio por parte do Irã./Com Associated Press

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou nesta quinta-feira que o então conselheiro de Segurança Nacional americano, Mike Waltz, não foi demitido, mas sim realocado para ser o próximo embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

Segundo o vice, a saída de Waltz do cargo não teve a ver com escândalo do Signal. Em março, o conselheiro passou a ser investigado pela criação de um grupo de mensagens no software e incluir, por engano, o jornalista Jeffrey Goldberg. "Waltz tem minha completa confiança", acrescentou Vance.

Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

Vance ainda comentou que a Índia tirou proveito do país por muito tempo, mas que o governo Trump irá rebalancear o comércio e que

a Rússia e a Ucrânia têm que dar o último passo para acordo de paz. "Chega um momento que não depende mais dos EUA".