Na última live de Bolsonaro, apoiadores se decepcionam: 'Nada vai fazer!'

Política
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Os dois meses de pausa nas lives semanais do presidente Jair Bolsonaro elevaram a expectativa de seus apoiadores sobre o que seria dito por ele nesta sexta-feira, 30. Antes do início do pronunciamento - o primeiro desde o segundo turno das eleições -, internautas manifestaram sentimentos de "nervoso" e de "socorro" e pediram a Bolsonaro: "não frustre o povo" e "não nos decepcione".

Uma apoiadora disse que estava acordada desde a quinta-feira, 29. "Haja ansiedade!!! Nem dormi de ontem pra hoje esperando essa live!!!".

Diversos apoiadores esperavam que o presidente apresentasse uma alternativa à derrota sofrida no segundo turno das eleições, em outubro. No domingo, 1º de janeiro, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva tomará posse e assumirá o Palácio do Planalto.

Dezenas de apoiadores pediram, nos comentários da live, a aplicação do artigo 142 da Constituição. O dispositivo tem sido citado desde as eleições como uma suposta forma de manutenção do poder de Jair Bolsonaro.

"Já comprei fogos para o 142, mas...", disse um seguidor.

Outra apoiadora recorreu a uma expressão que viralizou em setembro para pedir que Bolsonaro usasse o dispositivo. "Bora, Bill!! 142", disse.

No vídeo que circulou nas redes sociais e virou meme, um homem repete a frase "Bora, Bill", durante um jogo de futebol. Bill é morador de Croatá, no Ceará, e nas imagens, o narrador grita ainda "Bora 'Fi' do Bill" e "Ali a mulher do Bill", em referência a pessoas ligadas a ele.

O artigo 142 versa sobre a função das Forças Armadas no País, mas é entendido pela extrema-direita como uma autorização constitucional para que Exército, Marinha e Aeronáutica atuem como um "poder moderador", se convocados a uma "intervenção militar". Esta interpretação é rechaçada por juristas.

O dispositivo, na verdade, é responsável pela regulamentação dos fins e da estrutura das Forças Armadas em sua atuação em solo brasileiro. O artigo 142 afirma que as Forças Armadas - Marinha, Exército e Aeronáutica - são instituições "permanentes e regulares" que respondem à "autoridade suprema do Presidente da República" e se destinam "à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem".

Entretanto, para bolsonaristas, o fato de o dispositivo constitucional dizer que os militares respondem à autoridade presidencial significa que o Bolsonaro teria a prerrogativa de convocar as Forças Armadas para destituírem outros Poderes, caso considere tal ato necessário para a manutenção da lei e da ordem no País.

Em outro momento da live, uma seguidora deixou a cargo de Bolsonaro escolher o dispositivo da Constituição que preferisse. "O artigo que achar melhor, eu confio", escreveu.

Decepção

Conforme o pronunciamento foi sendo feito e Bolsonaro não agiu conforme alguns apoiadores esperavam, os comentários mostraram a decepção dos bolsonaristas. "Se nada for feito, acabou", afirmou uma seguidora.

"Nada vai fazer", questionou outro.

"Queremos ação", escreveu mais um.

"Eu vou ter ir pro hospital, estou mal!!! Meu Deus!!!", afirmou uma internauta.

Em meio aos decepcionados, houve quem agradecesse a Bolsonaro e quem visse uma suposta mensagem dele nas entrelinhas. O presidente disse aos apoiadores que "o Brasil não vai se acabar no dia 1º", data da posse de Lula.

"Olha a fala subliminar, o Brasil não vai acabar em janeiro", escreveu um apoiador, sem se aprofundar.

Próximo ao fim da transmissão, Bolsonaro quis saber como estavam os comentários nas redes sociais. "Não precisa me falar, não. Dá um positivo ou negativo", pediu. As imagens não mostraram a resposta do assessor do presidente, que emendou outro assunto em seguida.

Após o fim do pronunciamento, a deputada estadual eleita em Santa Catarina, Ana Campagnolo (PL), deixou uma reclamação escrita no perfil de Bolsonaro. A aliada do presidente foi a parlamentar mais votada do Estado, com 196.571 votos. "Faltou ser claro num ponto. Tinha que dizer com todas as letras que o Exército está contra o povo", escreveu a deputada.

Desde a derrota de Bolsonaro, apoiadores do atual governo tem acampado no quartel general do Exército, em Brasília, e em outros prédios vinculados aos militares em diversas cidades do País. Sem aceitar a vitória de Lula, alguns insistem em pedir um golpe das Forças Armadas para impedir que o petista assuma o governo.

'Oposição', 'cara', 'capenga'

Bolsonaro se referiu ao seu sucessor como "oposição" e "cara" e ao futuro governo como "capenga". Em uma hora e meia, Bolsonaro não pronunciou o nome de Luiz Inácio Lula da Silva a quem se recusa a passar a faixa no dia primeiro. Nas suas últimas horas de mandato, Bolsonaro também não tratou a posse como algo certo. Só se referiu ao ato como algo "previsto" para ocorrer.

O presidente embarca nas próximas horas para Orlando, destino conhecido pelos parques da Disney. Dados oficiais mostram que os brasileiros ficaram em quinto lugar entre os que mais visitaram Orlando em 2021, quando 59,3 milhões de pessoas de todo mundo estiveram por lá. O governador da Flórida, Ron DeSantis, é apadrinhado de Donald Trump, parceiro ideológico de Bolsonaro.

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A Índia anunciou nesta terça-feira, 6, o lançamento de mísseis contra nove alvos no Paquistão e na região da Caxemira após dias de tensões entre os dois países. As autoridades paquistanesas informaram que duas pessoas ficaram feridas e uma criança morreu.

O ataque escala as tensões entre os países vizinhos, que possuem armas nucleares.

As autoridades indianas informaram que os ataques foram direcionados contra "infraestruturas terroristas", em resposta ao ataque no território da Caxemira controlado pela Índia, que deixou 26 turistas hindus mortos no mês passado. O Paquistão prometeu retaliar.

A Índia culpa o Paquistão por apoiar grupos separatistas da Caxemira, uma região que é ocupada por Índia, Paquistão e China. Islamabad nega apoiar esses grupos.

Segundo o Ministério da Defesa da Índia, o ataque não teve nenhuma instalação militar do Paquistão como alvo. "Nossas ações foram focadas, comedidas e de natureza não escalonada", diz um comunicado. "A Índia demonstrou considerável contenção na seleção de alvos e no método de execução."

Os mísseis atingiram locais na Caxemira paquistanesa e na província de Punjab, no leste do país, de acordo com três autoridades de segurança paquistanesas. Um deles atingiu uma mesquita na cidade de Bahawalpur, em Punjab, e matou uma criança, além de deixar dois feridos.

Entenda as tensões atuais

No dia 22 de abril, um grupo armado atacou turistas na cidade de Pahalgam, na parte indiana da região, matando 25 indianos e 1 nepalês. O Paquistão negou envolvimento com o ataque, reivindicado por um grupo terrorista islâmico pouco conhecido chamado Frente de Resistência - que tinha hindus como alvo. A Índia acusa Islamabad de armar e abrigar o grupo. O Ministério da Defesa do Paquistão sugeriu que o ataque foi uma "operação de false flag".

No dia seguinte ao atentado, Nova Délhi expulsou diplomatas, suspendeu vistos e fechou fronteiras terrestres com o Paquistão. Islamabad respondeu suspendendo acordos bilaterais, fechando fronteira e espaço aéreo a companhias indianas, e impondo sanções comerciais.

Desde 24 de abril há registros de trocas diárias de tiros na Caxemira e ambos os exércitos estão em alerta máximo. Apesar dos arsenais nucleares, a tendência é que nenhum lado acione armas atômicas a menos que esteja encurralado. Mas mesmo confrontos convencionais poderiam ser devastadores.

Nos últimos dias, a Índia também suspendeu o Tratado das Águas do Indo, assinado em 1960, que garante o acesso do Paquistão ao rio Indo, responsável por 90% de sua irrigação. Em resposta, Islamabad afirmou que se a Índia reduzir a quantidade de água que lhe é atribuída, isso seria considerado um ato de guerra. (COM INFORMAÇÕES DA AP)

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou ter tido uma "conversa muito construtiva" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após um encontro na Casa Branca nesta terça-feira, 6. Segundo Carney, o diálogo marcou o "começo do fim de um processo de redefinição da relação Canadá-EUA". O dirigente seguiu categórico ao rejeitar qualquer possibilidade de anexação do país ao vizinho.

"Canadá não está e nunca estará à venda", reiterou em entrevista coletiva, repetindo declaração anterior, em resposta a comentários de Trump sobre o país, eventualmente, se tornar o "51º estado americano". O premiê disse ter sido "muito claro" com o americano quanto à sua posição: "Fui muito claro com Trump que negociações serão feitas como dois países soberanos", afirmou. "É preciso separar o desejo da realidade. Pedi que ele parasse de falar sobre o Canadá se tornar o 51º estado dos EUA. É neste ponto que começa uma discussão séria", completou.

Ao comentar as tensões comerciais entre os dois países, Carney avaliou que "estabelecemos uma boa base hoje" para o avanço das conversas, mas reconheceu que "não tivemos decisões sobre tarifas". Ele ressaltou a complexidade do tema: "A discussão tarifária com os EUA é muito complexa. Estamos abordando uma grande quantidade de questões, por isso o progresso não será necessariamente evidente durante as negociações, mesmo que estejamos progredindo".

Ainda assim, o primeiro-ministro demonstrou otimismo. "Queremos seguir adiante com negociações comerciais com os americanos" e "veremos quanto tempo vai levar até os EUA tirarem as tarifas sobre o Canadá". Carney adiantou que ele e Trump concordaram em manter novas rodadas de diálogo nas próximas semanas, inclusive durante o encontro do G7.

Ao fim da reunião, o premiê destacou que "a postura de Trump e o quão concretas foram as discussões me fazem me sentir melhor". Apesar disso, reconheceu que "ainda temos muito trabalho pela frente e estamos totalmente empenhados". Por fim, assegurou ao republicano que "nossas medidas contra a entrada de fentanil nos EUA estão funcionando".

A comitiva de autoridades que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à Rússia contará com a participação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do vice-presidente da Câmara Elmar Nascimento (União-BA). Além disso, também contará com os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o assessor-chefe da Assessoria Especial, embaixador Mauro Vieira, de acordo com lista divulgada pelo Palácio do Planalto.

Esta será a terceira viagem feita por Lula da qual Alcolumbre participará. Os dois já estiveram juntos na comitiva que viajou ao Japão, em março, e à Itália para o velório do papa Francisco, em abril.

O início da viagem está previsto para esta terça-feira, 6, à noite, quando Lula partirá de Brasília às 22h rumo a Casablanca. A chegada do chefe do Executivo brasileiro à Rússia é esperada para quarta-feira, 7.

No país, o petista participará da celebração dos 80 anos do "Dia da Vitória", quando os russos celebram a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na segunda guerra mundial. Ainda, terá encontros bilaterais com o presidente Vladimir Putin e com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico.

Na reunião com Putin, Lula deve fazer uma menção à questão da necessidade de reequilibrar a balança comercial entre Brasil e Rússia. "Nós importamos dois produtos que são fundamentais, fertilizantes são fundamentais até para o nosso setor exportador, e diesel também, mas nós queremos ampliar as nossas exportações para a Rússia", disse o secretário de Ásia e Pacífico, embaixador Eduardo Paes Saboia.