Posse de Lula é capa do 'New York Times'; veja a repercussão internacional

Política
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Os principais veículos da imprensa internacional repercutiram a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ocorreu neste domingo, 1º, em Brasília. O retorno do petista ao Palácio do Planalto estampou as capas de dois dos maiores jornais do mundo: The New York Times, dos Estados Unidos, e The Guardian, do Reino Unido.

A capa do principal jornal norte-americano deu destaque à imagem de Lula subindo a rampa do Planalto acompanhado de representantes da sociedade civil, com militantes de vermelho ao fundo, "Brasil instala Lula como líder; o perdedor está ausente", diz o The New York Times, referindo-se ao fato de o ex-presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições, ter viajado para a Flórida dias antes da posse de seu sucessor.

Na matéria, o jornal diz ainda que "a ascensão de Sr. Lula à presidência marca um impressionante retorno político". Recentemente, o veículo abriu uma exceção em seu padrão editorial e deixou de se referir ao petista como "Mr. Da Silva", como é tradição do jornal.

O The Washington Post também ressaltou a ausência de Jair Bolsonaro na cerimônia e o comparou a Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos. "Conforme Lula tomou posse, um personagem-chave estava ausente. Bolsonaro voou para a Florida na sexta-feira e evitou a tradicional entrega da faixa presidencial para seu sucessor, uma reafirmação simbólica da jovem democracia brasileira. O ex-presidente mais uma vez pareceu seguir o roteiro de seu aliado próximo, Donald Trump, que também não compareceu à posse de Joe Biden em 2020", diz a notícia.

O The Guardian deu destaque ao momento em que Lula chorou durante seu discurso no Parlatório. O jornal deu o título "Emocionado, Lula diz ao Brasil que 'é hora de reatar laços'" à matéria sobre a posse. Na capa, a manchete escolhida foi "Lula promete dar fim à era de 'devastação' no Brasil". "Luiz Inácio Lula da Silva chorou ao falar após receber a faixa presidencial brasileira. Lula fez um apelo para 'se reconectar com amigos e familiares' após discursar de forma contundente contra Jair Bolsonaro e prometer uma mudança drástica de rumo para resgatar um país atormentado pela pobreza", diz o texto.

O francês Le Monde classificou a volta do petista à Presidência como uma "exepcional volta por cima'". O jornal relembrou a condenação de Lula em decorrência da Operação Lava Jato. "Lula conheceu a prisão há somente quatro anos após ser acusado de corrupção", contextualizou o veículo.

O Clarín, da Argentina, destacou o "extraordinário" esquema de segurança montado para impedir ataques contra o presidente. "O ato se realizou com um extraordinário escudo de segurança devido à atividade de grupos ultradireitistas", disse o jornal, lembrando os acampamentos de bolsonaristas em Brasília. Ainda segundo o veículo argentino, a posse "foi marcada pelo tom dos discursos de Lula no Congresso e na sede presidencial".

O jornal também colocou Lula na capa, ressaltando a ausência de Nicolás Maduro, que havia recebido permissão para ir à posse em Brasília, mas desistiu de comparecer.

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A Índia anunciou nesta terça-feira, 6, o lançamento de mísseis contra nove alvos no Paquistão e na região da Caxemira após dias de tensões entre os dois países. As autoridades paquistanesas informaram que duas pessoas ficaram feridas e uma criança morreu.

O ataque escala as tensões entre os países vizinhos, que possuem armas nucleares.

As autoridades indianas informaram que os ataques foram direcionados contra "infraestruturas terroristas", em resposta ao ataque no território da Caxemira controlado pela Índia, que deixou 26 turistas hindus mortos no mês passado. O Paquistão prometeu retaliar.

A Índia culpa o Paquistão por apoiar grupos separatistas da Caxemira, uma região que é ocupada por Índia, Paquistão e China. Islamabad nega apoiar esses grupos.

Segundo o Ministério da Defesa da Índia, o ataque não teve nenhuma instalação militar do Paquistão como alvo. "Nossas ações foram focadas, comedidas e de natureza não escalonada", diz um comunicado. "A Índia demonstrou considerável contenção na seleção de alvos e no método de execução."

Os mísseis atingiram locais na Caxemira paquistanesa e na província de Punjab, no leste do país, de acordo com três autoridades de segurança paquistanesas. Um deles atingiu uma mesquita na cidade de Bahawalpur, em Punjab, e matou uma criança, além de deixar dois feridos.

Entenda as tensões atuais

No dia 22 de abril, um grupo armado atacou turistas na cidade de Pahalgam, na parte indiana da região, matando 25 indianos e 1 nepalês. O Paquistão negou envolvimento com o ataque, reivindicado por um grupo terrorista islâmico pouco conhecido chamado Frente de Resistência - que tinha hindus como alvo. A Índia acusa Islamabad de armar e abrigar o grupo. O Ministério da Defesa do Paquistão sugeriu que o ataque foi uma "operação de false flag".

No dia seguinte ao atentado, Nova Délhi expulsou diplomatas, suspendeu vistos e fechou fronteiras terrestres com o Paquistão. Islamabad respondeu suspendendo acordos bilaterais, fechando fronteira e espaço aéreo a companhias indianas, e impondo sanções comerciais.

Desde 24 de abril há registros de trocas diárias de tiros na Caxemira e ambos os exércitos estão em alerta máximo. Apesar dos arsenais nucleares, a tendência é que nenhum lado acione armas atômicas a menos que esteja encurralado. Mas mesmo confrontos convencionais poderiam ser devastadores.

Nos últimos dias, a Índia também suspendeu o Tratado das Águas do Indo, assinado em 1960, que garante o acesso do Paquistão ao rio Indo, responsável por 90% de sua irrigação. Em resposta, Islamabad afirmou que se a Índia reduzir a quantidade de água que lhe é atribuída, isso seria considerado um ato de guerra. (COM INFORMAÇÕES DA AP)

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou ter tido uma "conversa muito construtiva" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após um encontro na Casa Branca nesta terça-feira, 6. Segundo Carney, o diálogo marcou o "começo do fim de um processo de redefinição da relação Canadá-EUA". O dirigente seguiu categórico ao rejeitar qualquer possibilidade de anexação do país ao vizinho.

"Canadá não está e nunca estará à venda", reiterou em entrevista coletiva, repetindo declaração anterior, em resposta a comentários de Trump sobre o país, eventualmente, se tornar o "51º estado americano". O premiê disse ter sido "muito claro" com o americano quanto à sua posição: "Fui muito claro com Trump que negociações serão feitas como dois países soberanos", afirmou. "É preciso separar o desejo da realidade. Pedi que ele parasse de falar sobre o Canadá se tornar o 51º estado dos EUA. É neste ponto que começa uma discussão séria", completou.

Ao comentar as tensões comerciais entre os dois países, Carney avaliou que "estabelecemos uma boa base hoje" para o avanço das conversas, mas reconheceu que "não tivemos decisões sobre tarifas". Ele ressaltou a complexidade do tema: "A discussão tarifária com os EUA é muito complexa. Estamos abordando uma grande quantidade de questões, por isso o progresso não será necessariamente evidente durante as negociações, mesmo que estejamos progredindo".

Ainda assim, o primeiro-ministro demonstrou otimismo. "Queremos seguir adiante com negociações comerciais com os americanos" e "veremos quanto tempo vai levar até os EUA tirarem as tarifas sobre o Canadá". Carney adiantou que ele e Trump concordaram em manter novas rodadas de diálogo nas próximas semanas, inclusive durante o encontro do G7.

Ao fim da reunião, o premiê destacou que "a postura de Trump e o quão concretas foram as discussões me fazem me sentir melhor". Apesar disso, reconheceu que "ainda temos muito trabalho pela frente e estamos totalmente empenhados". Por fim, assegurou ao republicano que "nossas medidas contra a entrada de fentanil nos EUA estão funcionando".

A comitiva de autoridades que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à Rússia contará com a participação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do vice-presidente da Câmara Elmar Nascimento (União-BA). Além disso, também contará com os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o assessor-chefe da Assessoria Especial, embaixador Mauro Vieira, de acordo com lista divulgada pelo Palácio do Planalto.

Esta será a terceira viagem feita por Lula da qual Alcolumbre participará. Os dois já estiveram juntos na comitiva que viajou ao Japão, em março, e à Itália para o velório do papa Francisco, em abril.

O início da viagem está previsto para esta terça-feira, 6, à noite, quando Lula partirá de Brasília às 22h rumo a Casablanca. A chegada do chefe do Executivo brasileiro à Rússia é esperada para quarta-feira, 7.

No país, o petista participará da celebração dos 80 anos do "Dia da Vitória", quando os russos celebram a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na segunda guerra mundial. Ainda, terá encontros bilaterais com o presidente Vladimir Putin e com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico.

Na reunião com Putin, Lula deve fazer uma menção à questão da necessidade de reequilibrar a balança comercial entre Brasil e Rússia. "Nós importamos dois produtos que são fundamentais, fertilizantes são fundamentais até para o nosso setor exportador, e diesel também, mas nós queremos ampliar as nossas exportações para a Rússia", disse o secretário de Ásia e Pacífico, embaixador Eduardo Paes Saboia.