Bolsonaristas se reúnem nos EUA com deputada conspiracionista e deputado suspeito de fraude

Política
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Deputados e senadores brasileiros bolsonaristas estão em comitiva em Washington, capital dos Estados Unidos, para, segundo eles, denunciar arbitrariedades do sistema judiciário brasileiro e supostas violações de liberdade de expressão no Brasil. Liderados pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), os parlamentares foram recebidos por George Santos, deputado do Partido Republicano que é acusado de roubo de identidade de pessoas e de fazer pagamentos com cartões de crédito de seus doadores sem sua autorização, e por Marjorie Taylor Greene, deputada americana apontada como representante do grupo QAnon, que propaga desinformação no país.

George Santos é um congressista republicano de origem brasileira e se declarou inocente em tribunal americano, no fim de outubro deste ano, das acusações adicionais apresentadas pela justiça americana por roubo de identidade e dar falso testemunho à Comissão Federal de Eleições (FEC), segundo fontes judiciais ouvidas pela agência de notícias AFP.

Em maio, ele havia se declarado inocente de sete acusações de fraude eletrônica, três de lavagem de dinheiro, uma de roubo de fundos públicos e duas por declarações materialmente falsas à Câmara de Representantes.

A comitiva de parlamentares brasileiros é formada pelos senadores Magno Malta (PL-ES), Jorge Seif (PL-SC) e Eduardo Girão (Novo-CE) e os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), Altineu Côrtes (PL-RJ), Delegado Ramagem (PL-RJ), Júlia Zanatta (PL-SC), Capitão Alberto Neto (PL-AM) e Gustavo Gayer (PL-GO).

Um vídeo publicado pela deputada Júlia Zanatta, ao lado de Eduardo Bolsonaro, mostra o registro do encontro entre os parlamentares e George Santos e Marjorie Taylor Greene, congressista americana apoiadora do ex-presidente Donaldo Trump.

"Hoje nós nos encontramos com dois congressistas aqui dos Estados Unidos, a Marjorie Greene e o George Santos", confirma Júlia na publicação.

A deputada, da Geórgia, chegou a ser alvo de um processo de afastamento na Câmara dos Estados Unidos, em 2021, por endossar pedidos de execuções de democratas e espalhar desinformação perigosa e preconceituosa. A congressista foi criticada no passado por publicar vídeos em que parecia argumentar que muçulmanos não deveriam poder trabalhar em órgãos do governo americano, e por comparar o movimento Black Lives Matter ao grupo supremacista branco Ku Klux Klan.

Na ação sem precedentes no Congresso moderno, a Câmara votou 230 a 199 - contra a oposição republicana quase unânime - para remover Greene das comissões de Educação e de Orçamento. A ação retirou efetivamente Greene de sua influência no Congresso, banindo-a de comissões essenciais para o avanço da legislação e supervisão sobre os temas.

Símbolo do extremismo crescente entre a base pró-Trump do Partido Republicano, a conservadora é empresária do ramo da construção civil e novata na política. Marjorie Taylor Greene conquistou a cadeira do 14º distrito de seu Estado nas eleições de novembro de 2020. A vitória era esperada - ela estava concorrendo sem oposição em um dos distritos mais conservadores do país -, assim como as derrotas da maioria dos outros candidatos não vinculados ao QAnon.

Antes de chegar ao Congresso, Greene curtiu postagens no Facebook que defendiam a execução de democratas, incluindo a ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e uma vez postou um vídeo dela assediando um adolescente sobrevivente de um ataque a tiros em uma escola em Parkland, Flórida.

Em um vídeo postado nas redes sociais nesta quinta-feira, 16, Girão diz que o grupo se reuniu com integrantes da Organização dos Estados Americanos (OEA) para denunciar "violações aos direitos humanos dos brasileiros". No vídeo, ele diz que o grupo entregou uma carta assinada por cerca de 100 parlamentares.

"Trouxemos uma carta de 100 congressistas denunciando o abuso de direitos humanos, denunciando a caçada implacável a liberdade de expressão. Não vamos parar. O mundo precisa saber que a nossa democracia está em frangalhos. Estamos com uma agenda intensa. Detalhe: zero recurso público. Estamos vindo com o próprio bolso", disse Girão.

O deputado Eduardo Gayer afirma que a reunião na OEA tratou ainda sobre uma suposta perseguição aos "membros do 8 de janeiro", condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

"Acabamos de sair de uma reunião com membros da OEA, onde a gente fez os relatos do que está acontecendo com o nosso Brasil, o ataque constante às nossas liberdades, como a liberdade de expressão, o desrespeito ao sistema persecutório que tem acontecido com os membros do 8 de janeiro. As pessoas estão sendo condenadas de forma grotesca", disse Gayer.

Já o deputado mineiro Nikolas Ferreira criticou as recentes decisões dos tribunais superiores. "Pedimos uma posição, já que, infelizmente, os nossos superiores tribunais não tem tomado as devidas decisões corretas no nosso País", afirmou.

O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro diz que o objetivo da comitiva é "mostrar a verdade sobre o que está acontecendo no Brasil".

"Foram encontros muito positivos. A gente leva a nossa percepção de Brasil. Na verdade, a verdade que está acontecendo no Brasil aqui para o exterior. Temos uma oportunidade de falar o que está acontecendo no Brasil, não só em relação à Amazônia, mas, principalmente, ao cerceamento das liberdades. São processos que estão encarcerando gente de maneira injusta, que não cometeram crimes. O Brasil está no caminho da Venezuela", afirmou Eduardo.

De acordo com os parlamentares, os gastos com a viagem estão sendo pagos do próprio bolso. Não há registros de gastos de cota parlamentar ou pedidos de reembolso à Câmara dos Deputados até o momento.

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A Índia anunciou nesta terça-feira, 6, o lançamento de mísseis contra nove alvos no Paquistão e na região da Caxemira após dias de tensões entre os dois países. As autoridades paquistanesas informaram que duas pessoas ficaram feridas e uma criança morreu.

O ataque escala as tensões entre os países vizinhos, que possuem armas nucleares.

As autoridades indianas informaram que os ataques foram direcionados contra "infraestruturas terroristas", em resposta ao ataque no território da Caxemira controlado pela Índia, que deixou 26 turistas hindus mortos no mês passado. O Paquistão prometeu retaliar.

A Índia culpa o Paquistão por apoiar grupos separatistas da Caxemira, uma região que é ocupada por Índia, Paquistão e China. Islamabad nega apoiar esses grupos.

Segundo o Ministério da Defesa da Índia, o ataque não teve nenhuma instalação militar do Paquistão como alvo. "Nossas ações foram focadas, comedidas e de natureza não escalonada", diz um comunicado. "A Índia demonstrou considerável contenção na seleção de alvos e no método de execução."

Os mísseis atingiram locais na Caxemira paquistanesa e na província de Punjab, no leste do país, de acordo com três autoridades de segurança paquistanesas. Um deles atingiu uma mesquita na cidade de Bahawalpur, em Punjab, e matou uma criança, além de deixar dois feridos.

Entenda as tensões atuais

No dia 22 de abril, um grupo armado atacou turistas na cidade de Pahalgam, na parte indiana da região, matando 25 indianos e 1 nepalês. O Paquistão negou envolvimento com o ataque, reivindicado por um grupo terrorista islâmico pouco conhecido chamado Frente de Resistência - que tinha hindus como alvo. A Índia acusa Islamabad de armar e abrigar o grupo. O Ministério da Defesa do Paquistão sugeriu que o ataque foi uma "operação de false flag".

No dia seguinte ao atentado, Nova Délhi expulsou diplomatas, suspendeu vistos e fechou fronteiras terrestres com o Paquistão. Islamabad respondeu suspendendo acordos bilaterais, fechando fronteira e espaço aéreo a companhias indianas, e impondo sanções comerciais.

Desde 24 de abril há registros de trocas diárias de tiros na Caxemira e ambos os exércitos estão em alerta máximo. Apesar dos arsenais nucleares, a tendência é que nenhum lado acione armas atômicas a menos que esteja encurralado. Mas mesmo confrontos convencionais poderiam ser devastadores.

Nos últimos dias, a Índia também suspendeu o Tratado das Águas do Indo, assinado em 1960, que garante o acesso do Paquistão ao rio Indo, responsável por 90% de sua irrigação. Em resposta, Islamabad afirmou que se a Índia reduzir a quantidade de água que lhe é atribuída, isso seria considerado um ato de guerra. (COM INFORMAÇÕES DA AP)

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou ter tido uma "conversa muito construtiva" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após um encontro na Casa Branca nesta terça-feira, 6. Segundo Carney, o diálogo marcou o "começo do fim de um processo de redefinição da relação Canadá-EUA". O dirigente seguiu categórico ao rejeitar qualquer possibilidade de anexação do país ao vizinho.

"Canadá não está e nunca estará à venda", reiterou em entrevista coletiva, repetindo declaração anterior, em resposta a comentários de Trump sobre o país, eventualmente, se tornar o "51º estado americano". O premiê disse ter sido "muito claro" com o americano quanto à sua posição: "Fui muito claro com Trump que negociações serão feitas como dois países soberanos", afirmou. "É preciso separar o desejo da realidade. Pedi que ele parasse de falar sobre o Canadá se tornar o 51º estado dos EUA. É neste ponto que começa uma discussão séria", completou.

Ao comentar as tensões comerciais entre os dois países, Carney avaliou que "estabelecemos uma boa base hoje" para o avanço das conversas, mas reconheceu que "não tivemos decisões sobre tarifas". Ele ressaltou a complexidade do tema: "A discussão tarifária com os EUA é muito complexa. Estamos abordando uma grande quantidade de questões, por isso o progresso não será necessariamente evidente durante as negociações, mesmo que estejamos progredindo".

Ainda assim, o primeiro-ministro demonstrou otimismo. "Queremos seguir adiante com negociações comerciais com os americanos" e "veremos quanto tempo vai levar até os EUA tirarem as tarifas sobre o Canadá". Carney adiantou que ele e Trump concordaram em manter novas rodadas de diálogo nas próximas semanas, inclusive durante o encontro do G7.

Ao fim da reunião, o premiê destacou que "a postura de Trump e o quão concretas foram as discussões me fazem me sentir melhor". Apesar disso, reconheceu que "ainda temos muito trabalho pela frente e estamos totalmente empenhados". Por fim, assegurou ao republicano que "nossas medidas contra a entrada de fentanil nos EUA estão funcionando".

A comitiva de autoridades que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à Rússia contará com a participação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do vice-presidente da Câmara Elmar Nascimento (União-BA). Além disso, também contará com os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o assessor-chefe da Assessoria Especial, embaixador Mauro Vieira, de acordo com lista divulgada pelo Palácio do Planalto.

Esta será a terceira viagem feita por Lula da qual Alcolumbre participará. Os dois já estiveram juntos na comitiva que viajou ao Japão, em março, e à Itália para o velório do papa Francisco, em abril.

O início da viagem está previsto para esta terça-feira, 6, à noite, quando Lula partirá de Brasília às 22h rumo a Casablanca. A chegada do chefe do Executivo brasileiro à Rússia é esperada para quarta-feira, 7.

No país, o petista participará da celebração dos 80 anos do "Dia da Vitória", quando os russos celebram a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na segunda guerra mundial. Ainda, terá encontros bilaterais com o presidente Vladimir Putin e com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico.

Na reunião com Putin, Lula deve fazer uma menção à questão da necessidade de reequilibrar a balança comercial entre Brasil e Rússia. "Nós importamos dois produtos que são fundamentais, fertilizantes são fundamentais até para o nosso setor exportador, e diesel também, mas nós queremos ampliar as nossas exportações para a Rússia", disse o secretário de Ásia e Pacífico, embaixador Eduardo Paes Saboia.